domingo, 23 de agosto de 2020

Tens de pensar na tua vida e pedir perdão

Com serenidade, sem escrúpulos, tens de pensar na tua vida e pedir perdão e fazer o propósito firme, concreto e bem determinado, de melhorar neste aspecto e naquele outro: nesse pormenor que te custa e naquele que habitualmente não cumpres como deves, e bem o sabes. (Forja, 115)

Enche-te de bons desejos, que são uma coisa santa e que Deus louva. Mas não fiques apenas nisso! Tens que ser uma alma – homem, mulher – de realidades. Para levar a cabo esses bons desejos, precisas de formular propósitos claros, precisos.

– E, depois, meu filho, luta para pô-los em prática, com a ajuda de Deus! (Forja, 116)

Repara na tua conduta com vagar. Verás que estás cheio de erros, que te prejudicam a ti e talvez também aos que te rodeiam.

– Lembra-te, filho, que não são menos importantes os micróbios do que as feras. E tu cultivas esses erros, esses enganos – como se cultivam os micróbios no laboratório –, com a tua falta de humildade, com a tua falta de oração, com a tua falta de cumprimento do dever, com a tua falta de conhecimento próprio... E, depois, esses focos infectam o ambiente.

Precisas de um bom exame diário de consciência, que te conduza a propósitos concretos de melhora, por sentires verdadeira dor das tuas faltas, das tuas omissões e pecados. (Forja, 481)

São Josemaría Escrivá

Bom Domingo do Senhor!

Bem-aventurados que somos porque o Senhor nos deu conhecer a resposta de Pedro que nos narra o Evangelho de hoje (Mt 16, 13-20) e assim com amor e fé também o reconhecemos como o Filho de Deus que habitou entre nós.

Louvado seja o Pai pelo Filho que nos enviou e que é Deus com Ele na unidade do Espírito Santo!

O elixir da vida eterna

É mesmo simples: «Quem come a minha Carne e bebe o meu Sangue tem a vida eterna, e Eu ressuscitá-lo-ei no último dia» (Jo 6, 54).

Graças a um Papa improvável, esta frase de Jesus marcou profundamente a história da Igreja a partir do início do século XX. Comemora-se a sua festa no dia 21 de Agosto e portanto vem a propósito revisitar os antecedentes.

Para fugir à invasão prussiana, Jan Krawiec e a mulher Margherita była Włoszką abandonaram a sua Polónia (Wielkopolska) e instalaram-se em Itália, perto de Veneza, numa vila chamada Riese. Jan passou a chamar-se Giovanni e traduziu o apelido Krawiec para Sarto (que significa alfaiate em italiano); a tradução fazia todo o sentido, porque Jan Krawiec era mesmo alfaiate de profissão. A família era muito pobre, mas muito feliz e muito unida. Tiveram 10 filhos, um dos quais o pequeno Giuseppe (José). As aventuras dele são as mesmas de tantas crianças pobres: percorria descalço os 7 kms até à escola, mesmo quando nevava e chovia. Quando os seus conterrâneos lhe ergueram uma estátua, não o representaram como Papa, mas como se lembravam dele: um rapaz descalço a caminhar na estrada. Quando a história veio a público, depois de Giuseppe ser eleito Papa, o Vaticano desdramatizou as proezas atléticas da juventude do Papa, explicando que, naquela época, muita rapaziada fazia assim e era divertido. Felizmente, a fibra polaca de Giuseppe aguentou a intempérie e o pequeno cresceu feliz, cheio de saúde e de bom humor, alto e louro como os polacos.

Os resultados académicos foram sempre excelentes, em todas as matérias. Já na primária, quando os negócios agrícolas obrigavam o mestre a faltar, o pequeno Giuseppe tomava conta de toda a escola, com muita autoridade, segundo se diz.

Sentiu-se chamado ao sacerdócio e foi para o seminário. Entretanto, o pai morreu – Giuseppe chegou a tempo de o acompanhar no último momento – e, com a morte do chefe de família, os Sarto ficaram numa situação delicada. Apesar disso, a mãe teve ânimo para aguentar a casa e Giuseppe continuou no seminário.

As etapas seguintes resumem-se brevemente: ordenado padre, enviado para diversos encargos paroquiais, nomeado bispo de Mântua, nomeado Patriarca de Veneza e Cardeal e, de repente, eleito Papa, com o nome de Pio X. É surpreendente que um filho de estrangeiros, de origem tão simples, tenha chegado a Papa no início do século XX e mais surpreendente a revolução que ele desencadeou.

A Eucaristia merece uma reverência tão grande que, durante séculos, os fiéis só se atreviam a comungar em ocasiões especiais e as crianças não se consideravam dignas de receber a Comunhão. De facto, S. Paulo tinha avisado os de Corinto: «Quem comer o Pão ou beber o Cálice do Senhor indignamente será réu do Corpo e do Sangue do Senhor. Examine-se, pois, cada qual a si mesmo e assim coma desse Pão e beba desse Cálice. Pois quem come e bebe sem distinguir o Corpo do Senhor, come e bebe a própria condenação» (I Cor 11, 27-29). A advertência não podia ser mais severa: «Por isso é que entre vós há muitos enfermos e adoentados, e bastantes faleceram» – diz-lhes S. Paulo (I Cor 11, 30).

Pio X, uma personalidade encantadora, de uma generosidade enorme com os pobres, desafiou a tradição de séculos. Certamente, quem comunga deve estar na graça de Deus, mas a Eucaristia é um alimento imprescindível, porque Jesus disse: «Se não comerdes a Carne do Filho do Homem e não beberdes o seu Sangue, não tereis a vida em vós» (Jo, 6, 53). Portanto, a solução não é atrasar a Comunhão, o que é preciso é adiantar a Confissão, sem perder mais tempo.

O povo percebeu que se fomentava a Comunhão para robustecer a Igreja, não para tratar a Eucaristia como uma coisa banal. O Santíssimo Sacramento era tão importante para este Papa que só alguns se escandalizaram. A Igreja compreendeu o seu amor pela Eucaristia e canonizou-o, celebrando a sua festa todos os anos no dia 21 de Agosto.

José Maria C.S. André

Formação na fé

«Antes de mais é necessário que cada um entre em si mesmo, procurando com vigilância delicada conservar profundamente arraigada no seu coração a fé, precavendo-se dos perigos e, de modo especial, bem armado sempre contra vários sofismas enganadores. Para melhor pôr a salvo esta virtude, julgamos de sobremaneira útil e extremamente conforme com as circunstâncias dos tempos o esmerado estudo da doutrina cristã, segundo a possibilidade e capacidade de cada qual; empapando a sua inteligência com o maior conhecimento possível daquelas verdades que dizem respeito à religião e pela razão se podem alcançar»

(Leão XIII - Sapientiae christianae, nº 17)