terça-feira, 18 de agosto de 2020

Devemos também contar com quedas e derrotas

Se fores fiel, poderás chamar-te vencedor. Na tua vida, mesmo que percas alguns combates, não conhecerás derrotas. Não existem fracassos – convence-te –, se actuares com rectidão de intenção e com desejo de cumprir a Vontade de Deus. Nesse caso, com êxito ou sem ele, triunfarás sempre, porque terás feito o trabalho com Amor. (Forja, 199) 

Somos criaturas e estamos repletos de defeitos. Eu diria até que tem de os haver sempre, pois são a sombra que faz com que se destaquem mais, por contraste, na nossa alma, a graça de Deus e o esforço por correspondermos ao favor divino. E esse claro-escuro tornar-nos-á humanos, humildes, compreensivos, generosos.

Não nos enganemos: na nossa vida, se contamos com brio e com vitórias, devemos também contar com quedas e derrotas. Essa foi sempre a peregrinação terrena do cristão, incluindo a daqueles que veneramos nos altares. Recordais-vos de Pedro, de Agostinho, de Francisco? Nunca me agradaram as biografias dos santos em que, com ingenuidade, mas também com falta de doutrina, nos apresentam as façanhas desses homens, como se estivessem confirmados na graça desde o seio materno. Não. As verdadeiras biografias dos heróis cristãos são como as nossas vidas: lutavam e ganhavam, lutavam e perdiam. E então, contritos, voltavam à luta.

Não nos cause estranheza o facto de sermos derrotados com relativa frequência, habitualmente ou até talvez sempre, em matérias de pouca importância ,que nos ferem como se tivessem muita. Se há amor de Deus, se há humildade, se há perseverança e tenacidade na nossa milícia, essas derrotas não terão demasiada importância, porque virão as vitórias a seu tempo, que serão glórias aos olhos de Deus. Não existem os fracassos, se agimos com rectidão de intenção e queremos cumprir a vontade de Deus, contando sempre com a sua graça e com o nosso nada. (Cristo que passa, 76) 

Sao Josemaría Escrivá

Bioética

Venda de órgãos, manipulação genética, clonagem: será que não é preciso pôr limites à pesquisa médica e científica?

A ideia de pôr limites à pesquisa científica soa como uma blasfémia aos ouvidos do homem moderno. Existe, no entanto, um limite extrínseco: a dignidade do homem. É inaceitável qualquer forma de progresso cujo preço seja a violação da dignidade humana. Se a pesquisa ameaça o homem, torna-se uma deformação da ciência. Embora se argumente que uma ou outra linha de pesquisa pode abrir possibilidades para o futuro, é preciso dizer "não" quando é o homem que está em jogo. Apesar de ser uma comparação um pouco forte, gostaria de lembrar que já houve um período em que se levaram a cabo experimentações médicas com pessoas que eram consideradas inferiores. Para onde nos levará essa lógica que consiste em tratar um feto ou um embrião como uma coisa?

(Cardeal Joseph Ratzinger in ‘L’abolition de l’homme’)

A fé na família

Em família, a fé acompanha todas as idades da vida, a começar pela infância: as crianças aprendem a confiar no amor de seus pais. Por isso, é importante que os pais cultivem práticas de fé comuns na família, que acompanhem o amadurecimento da fé dos filhos. Sobretudo os jovens, que atravessam uma idade da vida tão complexa, rica e importante para a fé, devem sentir a proximidade e a atenção da família e da comunidade eclesial no seu caminho de crescimento da fé. Todos vimos como, nas Jornadas Mundiais da Juventude, os jovens mostram a alegria da fé, o compromisso de viver uma fé cada vez mais sólida e generosa. Os jovens têm o desejo de uma vida grande; o encontro com Cristo, o deixar-se conquistar e guiar pelo seu amor alarga o horizonte da existência, dá-lhe uma esperança firme que não desilude. A fé não é um refúgio para gente sem coragem, mas a dilatação da vida: faz descobrir uma grande chamada — a vocação ao amor — e assegura que este amor é fiável, que vale a pena entregar-se a ele, porque o seu fundamento se encontra na fidelidade de Deus, que é mais forte do que toda a nossa fragilidade.

Lumen Fidei, 53

As minhas armas

«Também Deus me fabricou uma couraça que não é de metal, mas de justiça: me preparou um escudo não de bronze, mas de fé. Tenho na mão uma espada aguda, a palavra do Espírito (…). É necessário que a tua vitória seja a de um homem que transborda contentamento».

(
São João Crisóstomo - Catequeses Baptismais, III, 12)