segunda-feira, 10 de agosto de 2020

A única liberdade que salva é cristã

Não é verdade que haja oposição entre ser bom católico e servir fielmente a sociedade civil. Como não há razão para que a Igreja e o Estado choquem no exercício legítimo das respectivas autoridades, em cumprimento da missão que Deus lhes confiou. Mentem (isso mesmo: mentem!) os que afirmam o contrário. São os mesmos que, em aras de uma falsa liberdade, quereriam "amavelmente" que os católicos voltassem às catacumbas. (Sulco, 301)

Escravidão por escravidão  já que de qualquer modo temos de servir, pois, quer queiramos quer não, essa é a condição humana  não há nada melhor do que saber que somos, por Amor, escravos de Deus. Porque nesse momento perdemos a situação de escravos para nos tornarmos, amigos, filhos. E aqui surge a diferença: enfrentamos as ocupações honestas do mundo com a mesma paixão, com o mesmo empenho que os outros, mas com paz no íntimo da alma; com alegria e serenidade, mesmo nas contradições: pois não depositamos a nossa confiança naquilo que é passageiro, mas no que permanece para sempre, não somos filhos da escrava, mas da mulher livre.

Donde nos vem esta liberdade? De Cristo, Nosso Senhor. Esta é a liberdade com que Ele nos redimiu. Por isso ensina: se o Filho vos libertar, sereis verdadeiramente livres . Nós, cristãos, não temos de pedir emprestado a ninguém o verdadeiro sentido deste dom, porque a única liberdade que salva o homem é cristã.

Gosto de falar da aventura da liberdade, porque é essa realmente a aventura da vossa vida e da minha. Livremente – como filhos, insisto, não como escravos  seguimos o caminho que Nosso Senhor assinalou para cada um de nós. E saboreamos esta facilidade de movimentos como um presente de Deus.

(…) Somos responsáveis perante Deus por todas as acções que realizamos livremente. Não há anonimatos; o homem encontra-se perante o seu Senhor e está na sua vontade decidir-se a viver como amigo ou como inimigo. Assim começa o caminho da luta interior, que é empresa para toda a vida, porque enquanto dura a nossa passagem pela terra ninguém alcança a plenitude da sua liberdade. (Amigos de Deus, 35–36)

São Josemaría Escrivá

Oração

Sabes, Senhor, eu tento!

Eu oro, (é verdade, Senhor, às vezes mais com a boca do que com o coração), eu medito, eu entrego-me nas tuas mãos, mas eu caio!

Sim, Senhor, eu sei que me levanto porque Tu me dás forças para me levantar, mas caio, Senhor, tantas vezes!


Eu sei, Senhor, que sou fraco, mas julgava eu que aproximando-me cada vez mais de Ti, menos cairia, menos fraco seria, mais perfeito seria.


Mas a verdade, Senhor, é que todos os dias descubro “novos” defeitos em mim, todos os dias encontro ocasiões de cair, todos os dias me sinto, apesar da luta, mais fraco, perante a minha fraqueza.


Sim, Senhor, eu quero acreditar que és Tu que vais moldando o barro duro e quebradiço que eu sou, e que por causa do meu modo de ser, tantas vezes não consegues fazer a obra que queres fazer em mim, porque endureço e me quebro nas Tuas mãos.


Quero pensar, acreditar, que quanto mais fraco me sinto, mais deixo que Tu estejas em mim, porque se assim não fosse, já tinha soçobrado.


Mas o orgulho, Senhor!


O orgulho de querer mostrar aos outros que já sou um discípulo “perfeito”!
Não é esse, Senhor, pois não, o testemunho que queres de mim?

Queres-me fraco, humilde, entregue, para que reflicta muito mais o Teu querer, do que o meu ser.


E olhas para mim, com esse Teu olhar tão doce, que me sinto um pobre Pedro, (mas eu, empedernido), que nunca deixo de Te negar em tantos momentos da vida.


Pois, Senhor, eu sei que o Teu amor é infinitamente maior do que as minhas negações, do que a minha dureza, do que a minha fraqueza, mas como encontro eu essa entrega incondicional, de me saber fraco, para que Tu sejas a força em mim?


Encontro-te no degrau que subo, e encontro-te nos degraus que desço, 

desço degraus, és Tu que me dás a mão, para voltar a subir.

E no entanto, Senhor, tanto caminho que já fizemos juntos!


Desta rocha dura e seca que eu sou, quanta água já tiraste Tu?Nem me deixas perceber quanta, para que não me orgulhe, para que não me julgue 

Foi bom falar contigo, Senhor!

Não me sinto mais forte, mas ainda mais fraco do que quando comecei esta 

conversa.Mas isso é bom, não é, Senhor?

É que se estou mais fraco no que me julgo, Tu estás mais forte no meu ser, e 
Tu assim estás em mim, o que hei-de eu temer, Senhor?

Amen, seja feita a Tua vontade, Senhor.


Joaquim Mexia Alves
 
http://queeaverdade.blogspot.com/2011/08/oracao.html