quinta-feira, 2 de julho de 2020

Antiguidade Clássica

Está na moda uma certa nostalgia pela Antiguidade Clássica pagã, hipoteticamente “livre de dogmas e preconceitos” que foram trazidos pela mensagem cristã. E tem-se uma certa dificuldade em admitir que o Cristianismo representou um papel positivo e radical na criação de um mundo muito mais amável, gentil e caritativo.

Pese a todo este ambiente, o historiador britânico Tom Holland – um ateu convicto – não tem nenhum prurido em defender que o Cristianismo representou um benefício profundo para a nossa civilização Ocidental. É isto que defende no seu recente livro “Dominion: The Making of the Western Mind”.

Numa recente resenha deste livro publicada em Position Papers (1-12-2019), o crítico James Bradshaw comenta que Holland, depois de um exaustivo estudo da sociedade pagã greco-latina, chega a uma conclusão deveras interessante:

«Quanto mais anos estudo a Antiguidade Clássica, mais intensamente estranha ela me parece. Os valores de Leónidas, cujo povo praticava uma forma particularmente brutal de eugenesia, não são nada que possa reconhecer como meu. Nem os valores de César, de quem se diz que matou um milhão de gauleses e escravizou outro milhão. Não é somente a extrema crueldade que me causa aversão, mas sim a completa ausência do sentido de que os pobres e os débeis possam possuir um mínimo de valor intrínseco».

De acordo com isto, enumera as execuções públicas de escravos, os combates de gladiadores para divertir o público e o muito difundido “costume” de abandonar crianças recém-nascidas nas lixeiras.

Como explica Holland, não havia nada no politeísmo greco-romano que fizesse um nobre romano pensar que não podia violar a sua escrava, ou impedisse um general de mandar os seus legionários aniquilarem uma tribo derrotada.

Neste livro, Holland recorda o papel vital que teve o povo judeu na compreensão de um Deus diferente, cujas acções – na sua maior parte – podiam ser compreendidas, e descreve como a evolução histórica do pensamento ocidental parte, inevitavelmente, da figura de Jesus Cristo.

Uma realidade que muitos ateus modernos têm dificuldade em aceitar, como se os conceitos de “dignidade humana” e “direitos humanos” tivessem vindo do nada, por geração espontânea.
Pe. Rodrigo Lynce de Faria

Como queres que te ouçam?

Corres o grande perigo de te conformares com viver (ou pensar que deves viver...) como um "bom rapaz", que se hospeda numa casa arrumada, sem problemas, e que não conhece senão a felicidade. Isso é uma caricatura do lar de Nazaré. Cristo, justamente porque trazia a felicidade e a ordem ao mundo, saiu a propagar esses tesouros entre os homens e mulheres de todos os tempos. (Sulco, 952)

Parecem-me muito lógicas as tuas ânsias de que a humanidade inteira conheça a Cristo. Mas começa pela responsabilidade de salvar as almas dos que convivem contigo, de santificar cada um dos teus companheiros de trabalho ou de estudo... Esta é a principal missão de que o Senhor te encarregou. (Sulco, 953)

Comporta-te como se de ti, exclusivamente de ti, dependesse o ambiente do lugar onde trabalhas: ambiente de laboriosidade, de alegria, de presença de Deus e de visão sobrenatural.

Não entendo a tua debilidade. Se tropeças com um grupo de colegas um pouco difícil (que talvez tenha chegado a ser difícil por desleixo teu...), esqueces-te deles, pões-te de parte, e pensas que são um peso morto, um lastro que se opõe aos teus ideais apostólicos; que nunca te entenderão...

Como queres que te ouçam, se (dando por descontado que os ames e sirvas com a tua oração e a tua mortificação) não falas com eles?...

Quantas surpresas apanharás no dia em que te decidas a criar amizade com um, com outro e com outro! Além disso, se não mudas, poderão exclamar com razão, apontando-te a dedo: "Hominem non habeo!", não tenho quem me ajude! (Sulco, 954)

São Josemaría Escrivá