quarta-feira, 17 de junho de 2020

Constância, que nada te desoriente

O desalento é inimigo da tua perseverança. – Se não lutares contra o desalento, chegarás ao pessimismo, primeiro, e à tibieza, depois. – Sê optimista. (Caminho, 988)

Constância, que nada desoriente. – Faz-te falta. Pede-a ao Senhor e faz o que puderes para a obter; porque é um grande meio para te não separares do fecundo caminho que empreendeste. (Caminho, 990)

Não podes "subir". – Não é de estranhar: aquela queda!...

Persevera e "subirás". – Recorda o que diz um autor espiritual: a tua pobre alma é um pássaro que ainda tem as asas empastadas de lama.

É preciso muito calor do céu e esforços pessoais, pequenos e constantes, para arrancar essas inclinações, essas imaginações, esse abatimento, essa lama pegajosa das tuas asas.

E ver-te-ás livre. – Se perseverares, "subirás". (Caminho, 991)

Dá graças a Deus, que te ajudou, e rejubila com a tua vitória. - Que alegria tão profunda, a que sente a tua alma depois de ter correspondido! (Caminho, 992)

São Josemaría Escrivá

Igreja da Cruz

Jesus fracassou? Com certeza, não teve sucesso no sentido em que o tiveram César ou Alexandre Magno. De um ponto de vista puramente terreno, inicialmente pareceu que tinha fracassado: morreu, foi abandonado por quase todos e condenado pelas suas palavras. A resposta do povo à sua mensagem não foi adesão, mas crucifixão. Diante de um final assim, teremos de reconhecer que "sucesso" não é um dos nomes de Deus e que não é cristão basear-se em sucessos externos ou em números. Os caminhos de Deus são diferentes dos nossos: o seu sucesso vem pela Cruz e está sempre sob esse sinal.

Se dirigirmos o olhar para trás e observarmos a História, teremos de dizer que o que nos impressiona não é a Igreja daqueles que tiveram sucesso: a Igreja dos Papas senhores do mundo [com poder temporal] ou a Igreja daqueles que tiveram de enfrentar o mundo. A Igreja que nos impressiona e que nos leva a crer é a Igreja dos sofredores, a Igreja que perseverou com fortaleza e nos dá esperança. Ainda hoje essa Igreja é o sinal de que Deus existe e de que o homem não é só um fracasso, mas pode ser salvo.

(Cardeal Joseph Ratzinger in ‘Il Dio vicino’ pag.36)

«Resgatar o tempo, …

… é sacrificar, quando chegue o caso, os interesses presentes aos interesses eternos, que assim se compra a eternidade com a moeda do tempo»

(Santo Agostinho - Sermo 16,2)

Quão difícil é este resgate no mundo de hoje com os seus constantes apelos ao imediatismo. Ter a noção da efemeridade dos “bens” e “prazeres” que nos propõem se comparados com o verdadeiro bem, que é Deus Nosso Senhor e o Reino dos Céus, que Jesus Cristo Seu Filho nos anunciou, e com o real e verdadeiro prazer que é estarmos seguros do Seu amor eterno, é por si só uma enorme alegria.

Dirão os não crentes, jamais, trocar o certo pelo incerto, nunca! Realmente sem o elemento essencial da fé e o racionalismo que ela nos assegura, sim, porque ter-se fé é ser-se racional, diria mesmo arriscando-me a que me apelidem de arrogante, ter fé é um acto superior de inteligência e muitos que categoricamente afirmam não a ter, fazem-no por absoluta ignorância dos textos Sagrados e por incapacidade total de os compreender ou por pura mandriice de os ler, mas ler não chega, há que estudá-los, lendo em paralelo o que ao longo dos séculos, Padres, Doutores da Igreja, Santos e grandes teólogos sobre eles comentaram.

Ah! Para o fazer é necessário tempo, pois, mas esse tempo é já um resgate.

JPR