segunda-feira, 25 de maio de 2020

Que saibamos abrir a alma

"Tota pulchra es Maria, et macula originalis non est in te!" – És toda formosa, Maria, e em Ti não há mancha original!, canta a liturgia com entusiasmo. Não há n'Ela a menor sombra de duplicidade. Peço diariamente à nossa Mãe que saibamos abrir a alma na direcção espiritual, para que a luz da graça ilumine toda a nossa conduta! Maria obter-nos-á a coragem da sinceridade, para que nos unamos mais à Santíssima Trindade, se assim lho suplicarmos. (Sulco, 339)

– Não me abandones, meu Senhor: não vês a que abismo sem fundo iria parar este teu pobre filho?
– Minha Mãe: sou também teu filho. (Forja, 314)

Assoma muitas vezes a cabeça ao oratório, para dizeres a Jesus: –... abandono-me nos teus braços.
Deixa a seus pés o que tens: as tuas misérias!
Desta maneira, apesar da turbamulta de coisas que levas dentro de ti, nunca perderás a paz. (Forja, 306)

"Nunc coepi!" – agora começo! É o grito da alma apaixonada que, a cada instante, tanto se foi fiel como se lhe faltou generosidade, renova o seu desejo de servir – de amar! – com inteira lealdade o nosso Deus. (Sulco, 161)

São Josemaría Escrivá

MISTÉRIOS DO EVANGELHO Décimo Mistério

Jesus e a Lei

«Não penseis que vim revogar a Lei ou os Profetas. Não vim revogá-los, mas levá-los à perfeição
Esta afirmação “categórica” de Jesus, faz, poderíamos dizer, todo o sentido. Ele nunca poderia revogar um Lei dada por Seu Pai, directamente, a Moisés no monte Sinai.
Só que, com o passar dos séculos, esta mesma Lei - que deveria ser intocável na sua essência – foi sendo alterada pelos escribas e chefes do povo de Israel, que foram acrescentando regras e obrigações da sua lavra, num autêntico amontoado legislativo que constituia um pesado fardo para o povo.
Compreendemos que, este povo era rude e iletrado e, naqueles recuados tempos, quase bárbaro, o que, de certa forma, pode levar os chefes a “apertarem” o jugo que, na sua opinião, era fundamental para a unidade da nação.
Ao longo do Capítulo V do Evangelho escrito por São Mateus, Jesus Cristo vai explicando, com meridiana clareza, o verdadeiro sentido do enunciado na Lei Divina.
Podemos – claramente – perceber que a Sua intenção é centrar definitivamente a Lei dada a Moisés nos dois primeiros Mandamentos: Amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo.
De certa forma, colocar a “intenção” de Deus Pai centrada no AMOR, AMOR, este que tinha sido esquecido, posto de lado.
Por isso mesmo acaba o Seu “discurso”  com a declaração do MANDAMENTO DO AMOR: «sede perfeitos como é perfeito o vosso Pai celeste» que, na verdade quer dizer: Amai como Vosso Pai e Eu vos amo.
Mandamento impossível de cumprir?
Podemos pensar que, talvez, sim… dadas as nossas limitações e fragilidades, mas, Cristo não pode – nunca o fará – pedir algo impossível de cumprir porque sabe e conhece muito melhor que nós, essa limitações e fragilidades, e, portanto, o que na verdade nos diz é que nos esforcemos com ânimo e confiança em consegui-lo.
Ânimo para perseverar, confiança n’Ele que nuncanos faltará com o que nos possa faltar.
Daí que, nos será muito conveniente pedir com insistência humilde mas confiada:
“Senhor, ajuda-me a ser perfeito, a ser santo, a fazer quanto posso para Te seguir e levar a cabo os Teus desejos e Amabílissima Vontade.” (AMA, Orações pessoais)
(AMA, 2020)

Preparar a festa do Pentecostes (Decenário do Espírito Santo)

Hoje começa o decenário do Espírito Santo. Apresentamos alguns textos de S. Josemaria que poderão ajudar a viver estes dias.

Caminho certo de humildade é meditar como, mesmo carecendo de talento, de renome e de fortuna, podemos ser instrumentos eficazes, se recorremos ao Espírito Santo para que nos conceda os Seus dons.

Os Apóstolos, apesar de terem sido instruídos por Jesus durante três anos, fugiram espavoridos diante dos inimigos de Cristo. Todavia, depois do Pentecostes, deixaram-se vergastar e encarcerar, e acabaram dando a vida em testemunho da sua fé. (Sulco, 283)

Frequenta o convívio do Espírito Santo - o Grande Desconhecido - que é Quem te há-de santificar.

Não esqueças de que és templo de Deus. - O Paráclito está no centro da tua alma: ouve-O e segue docilmente as Suas inspirações. (Caminho, 57)

Só! - Não estás só. Fazemos-te muita companhia de longe. - Além disso..., morando na tua alma em graça, o Espírito Santo - Deus contigo - vai dando tom sobrenatural a todos os teus pensamentos, desejos e obras. (Caminho, 273)

Invoca o Espírito Santo no exame de consciência, para conheceres mais a Deus, para te conheceres a ti próprio e, deste modo, poderes converter-te em cada dia. (Forja, 326)

Três pontos importantíssimos para arrastar as almas para o Senhor: que te esqueças de ti, e penses só na glória do teu Pai, Deus; que submetas fielmente a tua vontade à Vontade do Céu, como te ensinou Jesus Cristo; que secundes docilmente as luzes do Espírito Santo. (Sulco, 793)

Jesus, Nosso Senhor, o quer: é preciso segui-Lo de perto. Não há outro caminho. Essa é a obra do Espírito Santo em cada alma: na tua. Sê dócil, não levantes obstáculos a Deus, até fazer da tua pobre carne um Crucifixo. (Sulco, 978)

Ensinar a palavra de Deus

«(…) deve fazer quanto estiver ao seu alcance para que seja escutado inteligentemente, com gosto e docilidade. Mas não duvide que se consegue algo e na medida em que o consegue, é mais pela piedade das suas orações que pelos seus dotes oratórios. Portanto, orando por aqueles aos quais há-de falar, seja antes varão de oração que de peroração. E quando se aproxime a hora de falar, antes de começar a falar, eleve a Deus a sua alma sedenta para derramar do que bebeu e exaltar do que se encheu»

(Santo Agostinho - De doctrina christiana, IV, cap. 15,32)

São Paulo é um extraordinário exemplo do exposto por Santo Agostinho, não era possuidor do dom da oratória nem de uma vistosa presença física, mas era possuidor de uma fé sem limites, que lhe permitiu ultrapassar enormes dificuldades e ser o grande Apóstolo que hoje conhecemos através dos Atos dos Apóstolos e sobretudo das suas Epístolas.

JPR

S. Beda, o Venerável, Doutor da Igreja, †735

Todas as informações que temos sobre o extraordinário Beda, foram escritas por ele mesmo no livro "História da Inglaterra", um dos raros e mais completos registos da formação do povo inglês antes do século VIII, narradas assim:

"Eu, Beda, servo de Cristo e sacerdote, e monge do mosteiro de São Pedro e São Paulo, da Inglaterra, nasci neste país. Aos sete anos fui levado ao mosteiro para ser educado pelos monges. Desde então passei toda a minha vida no mosteiro, e me dediquei sobretudo ao estudo da Sagrada Escritura. Além de cantar e rezar na Igreja, a minha maior alegria foi poder dedicar-me a aprender, a ensinar e a escrever. Aos dezenove anos fui ordenado diácono e aos trinta sacerdote. Todos os momentos livres dediquei-os à busca de explicações da Sagrada Escritura, especialmente extraídas dos escritos dos Santos Padres".

Além desses dados podemos acrescentar ainda, com segurança, que Beda nasceu no ano 672, tendo sido educado e orientado espiritualmente pelo próprio São Bento Biscop, abade do mosteiro, que impressionado com os seus dons e inteligência tratava-o como se fosse seu filho na cidade de Wearmouth.

Cedo, Beda percebeu que um sermão podia ser ouvido por apenas algumas pessoas, mas podia ser lido por milhares delas e por muitos séculos. Por isso ele desejou escrever, e escreveu muito, sem se cansar, com cuidado no seu conteúdo e estilo, resultando em livros agradáveis à leitura, verdadeiras obras literárias, sobre os mais variados temas desde o teológico ao intelectual.

Ao todo foram sessenta obras sobre: teologia, filosofia, cronologia, aritmética, gramática, astronomia, música e até medicina. Mas Beda gostava de aprender, por isso pesquisava e estudava; e gostava também de ensinar, por isso escrevia e dava aulas. Atraídos pela linguagem simples, encantadora e acessível, ajudou a formar várias gerações de monges que eram dirigidos nos ensinamentos de Deus, por meio dessas matérias.

O Papa Gregório II chamou-o a Roma, para tê-lo como seu auxiliar, mas Beda implorou permanecer na solidão do mosteiro, onde ficou até aos últimos momentos da sua vida. Só saiu por poucos dias para estabelecer as bases da Escola de York, na qual depois estudou e se formou o famoso mestre Alcuíno, fundador da primeira universidade de Paris.

Ainda em vida era chamado de "Venerável Beda", ou "Beda o Venerável". Morreu com sessenta e três anos, na paz do seu mosteiro, no dia 25 de maio de 735 em Jarrow, Inglaterra. Muitos séculos depois, pelo imensurável serviço prestado à Igreja, o Papa Leão XIII, em 1899, proclamou-o Santo e Doutor da Igreja. São Beda, único Santo inglês que possui o título de Doutor da Igreja, é celebrado no dia 25 de maio.

(Fonte: Evangelho Quotidiano)