terça-feira, 5 de maio de 2020

Mãe! – Chama-a bem alto

Mãe! – Chama-a bem alto. – Ela, a tua Mãe Santa Maria, escuta-te, vê-te em perigo talvez, e oferece-te, com a graça do seu Filho, o consolo do seu regaço, a ternura das suas carícias. E encontrar-te-ás reconfortado para a nova luta. (Caminho, 516)

Intimidade com Maria

De uma maneira espontânea, natural, surge em nós o desejo de conviver com a Mãe de Deus, que é também nossa mãe; de conviver com Ela como se convive com uma pessoa viva, porque sobre Ela não triunfou a morte; está em corpo e alma junto a Deus Pai, junto a seu Filho, junto ao Espírito Santo.

Para compreendermos o papel que Maria desempenha na vida cristã, para nos sentirmos atraídos por Ela, para desejar a sua amável companhia com filial afecto, não são precisas grandes especulações, embora o mistério da Maternidade divina tenha uma riqueza de conteúdo sobre a qual nunca reflectiremos bastante.

Temos de amar a Deus com o mesmo coração com que amamos os nossos pais, os nossos irmãos, os outros membros da nossa família, os nossos amigos ou amigas. Não temos outro coração. E com esse mesmo coração havemos de querer a Maria.

Como se comporta um filho ou uma filha normal com a sua Mãe? De mil maneiras, mas sempre com carinho e confiança. Com um carinho que se manifestará em cada caso de determinadas formas, nascidas da própria vida, e que nunca são algo de frio, mas costumes muito íntimos de família, pequenos pormenores diários que o filho precisa de ter com a sua mãe e de que a mãe sente falta, se o filho alguma vez os esquece: um beijo ou uma carícia ao sair ou ao voltar a casa, uma pequena delicadeza, umas palavras expressivas... (Cristo que passa, 142)

São Josemaría Escrivá

Santo Rosário - Segundo Mistério Doloroso

Flagelação de Jesus

Amarrado a uma coluna, o meu Senhor está para ali, estremecendo a cada golpe dos algozes que se revezam.

Cada vergastada é um suplício. Os pedaços de osso que pendem das extremidades das finas tiras de couro enegrecidas de sangue antigo, causam dores indescritíveis, vergões e ferimentos profundos, arrancam a pele e pedaços de carne e rasgam os músculos. A experiência dos algozes atinge os locais mais sensíveis e, talvez mais acicatados pelo silêncio deste Homem a quem o suplício não arranca um queixume, redobram de energia e os golpes caiem, rápidos, fortíssimos, procurando com maquiavélica destreza provocar o maior sofrimento possível.

Mas é em vão. Apenas um som abafado sai da garganta ressequida de Jesus. É um estertor involuntário que a violência do castigo provoca.

Eu, escondido num vão, não intervenho. Estou atónito e assustado com o que vejo. É uma cena de uma brutal ferocidade inaudita.

Não me julgo capaz de Te provocar tal suplício... quem? Eu? Oh Senhor!  Eu não..., eu amo-Te com todas as minhas forças, nunca seria capaz de tal coisa.

E, no entanto, as minhas frequentes faltas e pecados o que são, senão chicotadas na Tua carne santa.

Acabou o terrível suplício. Solto da coluna imunda à qual Te ataram caies por terra, desfalecido, meio morto. Eu, caio também de joelhos e peço-Te perdão.

Perdão pela minha cobardia, pela minha pouca de fé, pela minha tibieza, pela minha falta de carácter.

E tu, minha Mãe, que no exterior, com o coração angustiado, aguardas o fim do suplício que infligem ao teu Filho, tu Senhora de Dores, acolhe-me junto de ti e sossega o meu espírito.

Diz-me que jamais, jamais consentirás que eu me converta em carrasco, algoz, do teu Divino Filho.

Afiança-me que a tua confiança de filha de Deus Pai, ajudará a minha pouca fé.
Persuade-me que a tua certeza de Mãe de Deus Filho aumentará a minha esperança.

Garante-me que o teu amor de Esposa do Espírito Santo, suprirá a minha falta de caridade.

Incute no meu espírito o desejo de estar com Jesus, nesta hora solene, em que o rei do Reis, o Senhor dos Senhores, está amarrado como um malfeitor, recebendo um castigo duríssimo que não mereceu.

A interpor-me entre os carrascos e o teu Filho, aparando os golpes.

A limpar os vergões e as feridas da Sua carne.

Por um bálsamo, lavar o sangue, limpar as feridas.

Permite-me querer ficar com Ele, ofegante de emoção, amarrado também a essa coluna, partilhando o possível da Sua Flagelação.

http://amexiaalves-nunccoepi.blogspot.pt/2016/05/maio-santo-rosario-segundo-misterio_8.html

Amigos dos nossos amigos

Para ajudar os outros com eficácia, através do conselho mais adequado às suas necessidades, é essencial falar primeiro sobre essas questões com o Senhor, na meditação. Precisamente aí, em conversa filial com Deus, receberemos luzes para as comunicar aos nossos amigos e colegas. É aí que o Espírito nos faz crescer interiormente (...) e nos ajuda a não cair na armadilha do egoísmo e do próprio modo de ver as coisas (...). A condição essencial para conservar este dom é a oração [9].

[9]. Papa Francisco, Discurso na Audiência geral, 17-IV-2013.

(D. Javier Echevarría excerto da carta do mês de maio de 2016)
© Prælatura Sanctæ Crucis et Operis Dei

Educar o coração

«Um homem vale o que vale o seu coração». Esta afirmação é muito conhecida. Significa que a capacidade de amar que temos não é um talento mais que possuímos: é o mais importante, o mais radical e aquele que configura toda a nossa existência e o nosso “valor” como pessoas.

Estamos criados para amar, como as aves para voar. E, como alguém dizia, possuímos um coração inquieto que não encontra descanso em nada que seja efémero, fugaz, passageiro.

Encontraremos a felicidade nesta vida se soubermos amar bem. Perderemos o bom caminho se nos deixarmos arrastar por amores não genuínos. No entanto, tanto num caso como no outro, sempre actuaremos “por amor”. Não conseguiremos nunca deixar de buscar a felicidade naquilo que fazemos, mesmo que a procuremos onde ela não está.

Logo, como conclusão lógica de tudo o que foi dito, o coração necessita de ser educado, protegido e guardado. Ele é como um motor de grande potência que precisa de cuidados e afinação, para que todos os seus cavalos nos façam avançar pelo bom caminho.

Se não pomos o coração nos nossos deveres quotidianos, eles ficam amorfos, sem alma e fazem-nos sentir pouco livres. Actuaremos como tantas pessoas que vivem em função do fim-de-semana e contemplam os restantes dias como um verdadeiro calvário que os asfixia.

Cada um de nós tende para aquilo de que gosta e aprecia. Educar o nosso coração é procurar que aquilo de que gostamos coincida com o nosso verdadeiro bem e com o que devemos fazer. Para isso, devemos formar o nosso coração e impedir que ele fique hipotecado por um prato de lentilhas, como aconteceu com Esaú.

Educar o coração também é saber guardá-lo a sete chaves, uma para cada defeito capital. Não podemos levar o coração na mão como se fosse uma mercadoria de baixo preço, que não receamos perder. Quem actua assim desconhece a sua grandeza, ignora o seu destino e, por tudo isso, não é consciente do valor inestimável que possui a sua capacidade de amar.

Pe. Rodrigo Lynce de Faria