Uma proposta diária de oração pessoal e familiar.
20º Dia. Terça-feira da Semana Santa, 7 de Abril de 2020.
Meditação da Palavra de Deus (Jo 13, 21-33. 36-38)
Um bocado de pão
A cena não podia se mais íntima: Jesus partilha com os seus principais amigos, os doze Apóstolos, imediatamente antes da sua paixão e morte na cruz, a sua última refeição. É nesse contexto que surge uma revelação perturbadora: “Em verdade, em verdade vos digo: Um de vós Me entregará”.
Como João estava sentado mesmo ao lado do Mestre, Pedro fez-lhe sinal para que perguntasse, em segredo, a Jesus, quem seria o traidor. Talvez Jesus lhe pudesse ter dito que ele próprio, pois por três vezes O negaria nessa mesma noite, mas não o fez, mas indicou que era aquele a quem ia dar um bocado de pão, “e deu-o a Judas Iscariotes, filho de Simão. Naquele momento, depois de engolir o pão, Satanás entrou nele”.
Antes de iniciarem aquele tão singular refeição, Jesus tinha lavado aos apóstolos, Judas incluído. Que estranho, seria para ele, ver ali, a sues pés, como se fosse seu escravo, o próprio Senhor! Pedro não o permitiu, senão quando o Senhor lhe disse que, se não se deixasse lavar por Ele, não teria parte no seu reino. Mas Judas consentiu que Jessu lhe lavasse os pés, mas não alma, está suja pela sua premeditada traição e pelo seu endurecido coração.
É também significativo o modo como o evangelista refere como e quando entrou Satanás no seu coração: depois de ter recebido de Jesus “um bocado de pão”.
Não seria excessivo comparar este gesto de amor de Nosso Senhor com a Eucaristia, em que também Ele, através do sacerdote ou do ministro extraordinário da Comunhão, se nos dá escondido em “um bocado de pão”. E, porque esse pão já o não é, mas o Corpo, Sangue, Alma e divindade de Jesus Cristo, real, verdadeira e substancialmente presente, São Paulo, na sua primeira carta aos cristãos de Corinto, diz que “todo aquele que comer este pão ou beber o cálice do Senhor indignamente, será culpado quanto ao corpo e sangue do Senhor. (…) come e bebe a sua própria condenação” (1Cor 11, 27.29).
Não há, talvez, pior pecado do que o sacrilégio de uma Comunhão indigna, ou seja, em pecado mortal. Seria, na realidade, como o beijo de Judas: um acto de aparente amor que, na realidade, é uma traição.
Peçamos a Maria, que foi concebida sem pecado original, precisamente para poder receber dignamente, no seu seio virginal, o Filho de Deus Pai, que nos conceda a graça de comungar sempre com a sua pureza, humildade e devoção, e com o espírito e fervor dos santos.
Intenções para os mistérios dolorosos do Santo Rosário de Nossa Senhora:
1º - A oração de Jesus no horto. Na iminência da sua paixão, Jesus por várias vezes pediu aos seus apóstolos que O acompanhassem na oração. Porque o não fizeram, todos acabaram, de uma forma ou outra, por O trair. Senhor, fazei de nós almas de oração!
2º - A flagelação de Jesus. Sem sacrifício, não há salvação. Todos os santos imitaram Jesus não apenas na oração mas também na mortificação, que até aos pastorinhos de Fátima, embora crianças, Nossa Senhora pediu. Senhor, faz-nos almas sacrificadas!
3º - A coroação de espinhos. Para além das mortificações voluntárias, Jesus aceitou, sem protestar, as lesões e a troça dos soldados. Senhor, fazei de nós almas pacientes na provação!
4º - Jesus com a cruz às costas. Quantos sonham com grandes sacrifícios, ou gestas heróicas, mas descuidam o cumprimento dos seus deveres familiares e profissionais. Senhor, ensina-nos a fazer o que devemos e estar no que fazemos!
5º - Jesus morre na Cruz. Do alto da Cruz, o Senhor deu por terminada a sua missão: Tudo está consumado! Começar é fácil, difícil é terminar. Senhor, faz-nos perseverantes no trabalho e na oração!
Para ler, meditar e partilhar! Obrigado e até amanhã, se Deus quiser!
Com amizade,
P. Gonçalo Portocarrero de Almada