domingo, 22 de março de 2020

Tempo

Este tempo que corre a uma velocidade tal
Que é impossível de agarrar
Porque demora muito a chegar
E, quando chega já partiu
Numa loucura por explicar.

O tempo!
Que é o tempo de hoje
O de ontem ou amanhã?

Sim, sabemos, o de hoje é agora,
O de ontem já passou
E o de amanhã… não sabemos.

Andamos atrás do tempo
Sem tempo nenhum para gastar
Com tempo mais que que baste
Para pensar…

Em quê?

No tempo que falta para acabar
O tempo que nos foi dado
E que não soubemos aproveitar.

Agora, neste momento preciso,
Já é tarde, passou o tempo conciso
Que nos fazia falta usar
Para receber e dar…

Tempo fora de tempo
Tempo que ainda não é
Tempo que já foi
Tempo que nos dói
Nos angustia e faz mal
Porque foi mal usado
E gasto.

Tempo nefasto,
Tempo glorioso
Tempo ansioso
Por mais tempo.

Queremos mais tempo
E não temos tempo
Para o gastar
Com mais tempo
O que iria mudar?

Para ti estudar é uma obrigação grave

Oras, mortificas-te, trabalhas em mil coisas de apostolado..., mas não estudas. – Então, não serves, se não mudas. O estudo, a formação profissional, seja qual for, entre nós é obrigação grave. (Caminho, 335)

Se tens de servir a Deus com a tua inteligência, para ti estudar é uma obrigação grave. (Caminho, 336)

Frequentas os Sacramentos, fazes oração, és casto... e não estudas... – Não me digas que és bom; és apenas bonzinho. (Caminho, 337)

São Josemaría Escrivá 

ESTADO DE EMERGÊNCIA CRISTÃ

Uma proposta de oração, pessoal e familiar, para cada dia.

4º Dia: IV Domingo da Quaresma, 22 de Março.

Meditação:
Eu era cego e agora vejo!

A cura do cego de nascença foi um milagre tão extraordinário que os contemporâneos de Jesus não queriam acreditar que tivesse acontecido. Por isso, não satisfeitos com interrogar o miraculado, também questionaram os seus pais, na esperança de que estes negassem que tinha nascido invisual. Mas, ante a confirmação destes, não tiveram mais remédio do que negar a evidência daquele milagre.

Não há pior cego do que aquele que não quer ver. Há, com efeito, quem não consiga ver, mas também há quem não queira ver. Os primeiros, são inocentes da sua cegueira, mas não os segundos. Não é preciso ter fé para acreditar na existência de Deus: a própria realidade manifesta o Criador, como o livro fala do autor, a música do compositor e o quadro do pintor.

Mas, para conhecer Jesus, como perfeito Deus e perfeito homem, é precisa uma luz interior, que se chama fé. Essa luz é um dom de Deus, que o pecado debilita e a virtude fortalece. Quando o Senhor concede essa graça, o lodo transforma-se em luz, movimento e cor, como aconteceu com o cego de nascença.

Para todos os que ainda não crêem peçamos o dom da fé e para nós, que graças a Deus já cremos, a imensa felicidade que foi dada ao cego de nascimento: ver Jesus, no Pão e na Palavra, mas também no nosso próximo.

Santo Rosário:

Intenções para os mistérios gloriosos do Rosário de Nossa Senhora:

1º - A Ressurreição de Nosso Senhor. A vitória de Cristo sobre o pecado e a morte é promessa de vida eterna. Peçamos ao Senhor, por intermédio de Maria, a graça de uma fé viva e operativa.

2º - A Ascensão de Jesus aos Céus. Não temos aqui morada permanente, porque a nossa pátria é o Reino dos Céus. Que esta esperança ilumine todos os cristãos, sobretudo os mais necessitados.

3º - A vinda do Espírito Santo. Deus é amor e a efusão do Paráclito sobre a Igreja nascente confirmou-a na graça da caridade. Rezemos para que a caridade seja o sinal visível de todas as comunidades cristãs.

4º - A Assunção de Nossa Senhora. Enquanto Jesus ascendeu para junto do Pai pelo seu próprio mérito, Maria foi elevada ao Céu por Deus. Que Deus nos conceda a graça da docilidade às inspirações divinas, pela voz da Igreja e dos seus pastores.

5º - A coroação de Maria Santíssima. A realeza de Maria é uma continuação do seu serviço porque, para um cristão, servir é reinar e reinar é servir.

Para ler, meditar e partilhar! Obrigado e até amanhã, se Deus quiser!

Com amizade,
P. Gonçalo Portocarrero de Almada

Bom Domingo do Senhor!

Imitemos o cego curado pelo Senhor de que nos fala o Evangelho de hoje (Jo 9, 1-41) e ajoelhemo-nos diante do Sacrário manifestando-lhe o nosso amor e reconhecimento em oração.

Graças e louvores se dêem a todo o momento ao Santíssimo Sacramento!

Sermos simples e humildes

Uma palavra de Santa Joana d'Arc aos seus juízes resume a fé dos santos Doutores e exprime o bom senso do crente: «De Jesus Cristo e da Igreja eu penso que são um só, e não há que levantar dificuldades a esse respeito»

(Santa Joana D’Arc - Dictum: Procès de condamnation) 

VERDADES MENTIROSAS

As entidades eclesiais e a comunicação social

Reza a história que um oficial de marinha estava zangado com o comandante do navio em que ambos andavam embarcados. Tendo a seu cargo o diário de bordo, ocorreu-lhe nele escrever: «Hoje, o capitão não se embebedou». Era verdade, porque de facto o dito não se tinha embriagado, mas uma verdade mentirosa, porque qualquer leitor concluiria que o comandante andava habitualmente alcoolizado, o que mais não era do que uma rematada mentira.
Há muitas formas de mentir. Uma delas é dizendo a verdade, mas de forma a insinuar uma falsidade. Por exemplo, se se disser de alguém que não é nenhum anjinho, está-se formalmente afirmar a realidade, porque os seres humanos não são anjos, mas é óbvio que se está, sobretudo, a sugerir que a pessoa em causa é um grande malandro.
O mesmo se diga das instituições eclesiais, principalmente quando têm a desgraça de merecer algum protagonismo mediático. Se, para cúmulo, também forem alvo de uma rigorosa investigação jornalística, é certo e sabido que os resultados não poderão ser menos do que escandalosos, até porque, em caso contrário, o investimento de meios económicos e humanos não teria retorno.
Uma entidade da Igreja tem alguns bens, para assim poder realizar o seu apostolado? É podre de rica. Tem gente? Claro, é porque lhes arranja tachos e conhecimentos que lhes são úteis para trepar na vida. Os seus membros rezam? São fanáticos. Mortificam-se? São masoquistas. O fundador é santo? Compraram a canonização. Tem gente influente? São lóbi. E assim por diante, … mas sempre presos, por ter cão ou o não ter.
Já com Jesus foi assim. Ele comia e bebia? Era um glutão e um beberolas. Dava-se com publicanos e pecadores? É porque era como eles. Expulsava os demónios? Pois bem, era com o poder do próprio Belzebu que o fazia. Curava no dia de sábado? Então é evidente que transgredia a Lei. Perdoou a adúltera? Um cúmplice não teria feito de outro modo! Censurava os escribas e os fariseus? Era porque estes, sendo cultos, não se deixavam enganar, ao contrário da arraia-miúda.
É certo que nem todos crêem nestas caluniosas insinuações, mas geralmente fica a ideia de que a entidade em causa é, pelo menos, «polémica», «controversa» ou «duvidosa», até porque onde há fumo, há fogo. «Se Ele não fosse um malfeitor» – disseram os fariseus a Pilatos, quando lhe entregaram Jesus – «não O entregaríamos nas tuas mãos» (Jo 18, 30).
Não é possível que o mundo aplauda os discípulos do Crucificado, mas seria lamentável que, com as suas verdades mentirosas, lograsse dividir a Igreja, ou confundir os fiéis. Os critérios mundanos não são aptos para julgar as instituições eclesiais e qualquer cristão coerente sabe que a contradição é um dos critérios para aferir a autenticidade evangélica de um carisma. A Beata Teresa de Calcutá sabia-o e, por isso, quando João Paulo II lhe fez notar, com bom humor, que toda a gente falava bem dela, mas mal dele e de uma obra de Deus, a santa fundadora das Missionárias da Caridade reagiu com santa inveja, pedindo orações. Com razão, porque bem-aventurados serão os que forem insultados e perseguidos e deles disserem falsamente toda a espécie de mal, porque será grande a sua recompensa nos Céus (cfr. Mt 5, 11-12).

P. Gonçalo Portocarrero de Almada         

«Nós somos argila e Tu és o oleiro. Todos nós fomos modelados pelas tuas mãos» (Is 64,7)

Homilia escrita no norte de África no séc. V ou VI, erradamente atribuída a São Fulgêncio (467-532) 
PL 65, 880


Aquele que «ao vir ao mundo, todo o homem ilumina» (Jo 1,9) é o verdadeiro espelho do Pai. Cristo vem ao mundo como imagem fiel do Pai (Heb 1,3) e anula a cegueira dos que não vêem. Cristo, vindo dos céus, vem ao mundo para que toda a carne O veja […]; mas o cego não podia ver a Cristo, espelho do Pai […]. Cristo abriu essa prisão; descerrou as pálpebras do cego, que viu em Cristo o espelho do Pai […].

O primeiro homem havia sido criado como um ser luminoso; mas achou-se cego, depois que se afastou da serpente. Cego que veio a renascer quando passou a crer. […] O cego de nascença estava sentado […] sem pedir a nenhum médico uma pomada que lhe curasse os olhos. […] Chega o artesão do universo e reflecte a imagem no espelho. Vê a miséria do cego ali sentado, a pedir esmola. Que milagre é a força de Deus! Ela cura o que vê, ilumina quem visita […].

Ele, que criou o globo terrestre, abriu agora estes globos cegos […]. O oleiro que nos modelou (Gn 2,6; Is 67,7) viu estes olhos vazios […]; tocou neles, misturando a sua saliva com um pouco de terra, e, ao aplicar essa lama, formou os olhos do cego […]. O homem é feito de argila; a pomada, de lama […]; a matéria que primeiro servira para formar os olhos, veio depois a curá-los. Que prodígio é maior: criar o globo do sol ou recriar os olhos do cego de nascença? No seu trono, o Senhor fez brilhar o sol; ao percorrer as praças públicas da Terra, permitiu ao cego a visão. A luz veio sem ter sido pedida, e sem quaisquer súplicas o cego foi libertado da sua enfermidade de nascença.