domingo, 15 de março de 2020

O espírito de mortificação

O espírito de mortificação, mais do que manifestação de Amor, brota como uma das suas consequências. Se falhas nessas pequenas provas, reconhece-o, fraqueja o teu amor ao Amor. (Sulco, 981)

Penitência, para os pais e, em geral, para os que têm uma missão de dirigir ou de educar é corrigir quando é necessário fazê-lo, de acordo com a natureza do erro e com as condições de quem necessita dessa ajuda, superando subjectivismos néscios e sentimentais.

O espírito de penitência leva a não nos apegarmos desordenadamente a esse esboço monumental dos projectos futuros, no qual já previmos quais serão os nossos traços e pinceladas mestras. Que alegria damos a Deus quando sabemos renunciar aos nossos gatafunhos e pinceladas, e permitimos que seja Ele a acrescentar os traços e cores que mais lhe agradam! (Amigos de Deus, 138)

São Josemaría Escrivá

Bom Domingo do Senhor!

Imitemos a mulher da Samaria como nos narra o Evangelho de hoje (Jo 4, 5-42) e dialoguemos com o Senhor que nos conhece e escuta. Peçamos-Lhe a humildade de o seguir bebendo a Sua Palavra porque Ele é de facto o Salvador.

Senhor Jesus, Pão da Vida obrigado por nos deixares reter dentro de nós e de morarmos dentro de Ti, sejamos nós merecedores de tal!

A beleza salvará o mundo

Observava a paisagem e pensava no que ele me tinha dito. Era uma descoberta. Estava mais do que provado por muitas experiências realizadas recentemente. As galinhas, quando ouviam música de Mozart, punham mais ovos. Mas será que Mozart não daria voltas na tumba ao saber disto? Ele não tinha composto a sua música com este objectivo. Era para ser apreciada. Era para ser contemplada. Só o ser humano, por ser espiritual, é capaz de verdade de fazer isso.

Vivemos num mundo muitas vezes pragmático. O que importa é fazer coisas e que elas funcionem. Contemplar a beleza? Para quê? O que é que eu ganho com isso? Não será uma perda de tempo?

Vem-me à memória uma frase de Dostoievski: “A beleza salvará o mundo”. Porque nós homens temos necessidade da beleza para não cair no desespero. Para nos darmos conta de que a vida tem um sentido divino. Que não estamos aqui somente para fazer coisas, mas para encontrar Deus nas coisas que fazemos.

O belo fascina. Abre as almas ao sentido do eterno. “É um chamamento do outro mundo para despertar-nos e resgatar-nos da vulgaridade” dizia Platão. Captamos a beleza não somente com os sentidos, mas também com a inteligência e os sentimentos. Ficamos maravilhados com o misterioso poder dos sons, das palavras, das cores e das formas. A beleza é a expressão visível do bem, de que vale a pena viver, por muitas dificuldades que tenhamos de superar.

O homem sempre necessitou da arte porque ela manifesta a beleza. E a arte não se come, não se bebe e parece que não tem nenhuma utilidade. No entanto, aquieta o desejo de felicidade que possui o coração humano. E isso não é pouco. Revela-nos que vale a pena andar para a frente com a certeza de que, Aquele que agora intuímos de modo velado, um dia será contemplado face a face.

Por isso ensinar a contemplar devia ser a cadeira mais importante. Hoje em dia ensinamos inglês, informática e variadas técnicas para ganhar dinheiro. Sem darmo-nos conta, esquecemo-nos de ensinar quem é o homem, qual o sentido último da vida para além do fim-de-semana e que fazer ao sentir a infelicidade de que tudo o que aprendemos não enche o coração.

Contemplar. Olhar atentamente. Admirar com o pensamento. E aperceber-nos-emos que o autor russo tinha razão. A beleza salvará o mundo. Ela grita a existência de Deus. Ela é luz para iluminar o nosso caminho nesta Terra. Ela ilumina também o nosso destino. Porque nós fomos criados para contemplar a Beleza infinita que é Deus. Isso será a vida eterna.

A pergunta 533 do Compêndio do Catecismo da Igreja Católica fala-nos disto. “Qual é o maior desejo do homem? Ver a Deus. Este é o grito de todo o seu ser: quero ver a Deus. O homem realiza a verdadeira e perfeita felicidade na visão d’Aquele que o criou por amor e o atrai a Si no seu infinito amor”. E nos atrai a Si através da beleza das coisas criadas. Elas não saciam completamente o coração e suscitam em nós a nostalgia do Criador.

Pe. Rodrigo Lynce de Faria 

O exemplo

“É preciso que as famílias de hoje imitem o seu estilo de vida e se inspirem para os desafios quotidianos, (…). Uma vez que a essência e as funções da família se definem, em última análise, pelo amor e que à família é confiada a missão de guardar, revelar e comunicar o amor, qual reflexo vivo e participação do amor de Deus pela humanidade e do amor de Cristo pela Igreja sua Esposa, é na Sagrada Família que todas as famílias devem espelhar-se”

(João Paulo II - Exortação Apostólica “Redemptoris Custos”)