sábado, 7 de março de 2020

Vivei uma particular Comunhão dos Santos

Comunhão dos Santos. – Como to hei-de dizer? – Sabes o que são as transfusões de sangue para o corpo? Pois assim vem a ser a Comunhão dos Santos para a alma. (Caminho, 544)

Vivei uma particular Comunhão dos Santos: e cada um sentirá, à hora da luta interior, e à hora do trabalho profissional, a alegria e a força de não estar só. (Caminho, 545)

Aqui estamos, consummati in unum, em unidade de petição e de intenções, dispostos a começar este tempo de conversa com o Senhor com renovado desejo de sermos instrumentos eficazes nas suas mãos. Diante de Jesus Sacramentado – como gosto de fazer um acto de fé explícita na presença real do Senhor na Eucaristia! – fomentai nos vossos corações o desejo de transmitir, pela vossa oração, um impulso fortíssimo que chegue a todos os lugares da terra, até ao último recanto do planeta, onde houver alguém gastando a sua existência ao serviço de Deus e das almas. Com efeito, graças à inefável realidade da Comunhão dos Santos, somos solidários – cooperadores, diz S. João – na tarefa de difundir a verdade e a paz do Senhor. (Amigos de Deus, 154)

São Josemaría Escrivá

O Evangelho de Domingo dia 8 de março de 2020

Seis dias depois, tomou Jesus consigo Pedro, Tiago e João, seu irmão, e levou-os à parte a um monte alto, e transfigurou-Se diante deles. O Seu rosto ficou refulgente como o sol, e as Suas vestes tornaram-se luminosas de brancas que estavam. Eis que lhes apareceram Moisés e Elias falando com Ele. Pedro, tomando a palavra, disse a Jesus: «Senhor, que bom é nós estarmos aqui; se queres, farei aqui três tendas, uma para Ti, uma para Moisés, e outra para Elias». Estando ele ainda a falar, eis que uma nuvem resplandecente os envolveu; e saiu da nuvem uma voz que dizia: «Este é o Meu Filho muito amado em Quem pus toda a Minha complacência; ouvi-O». Ouvindo isto, os discípulos caíram de bruços, e tiveram grande medo. Porém, Jesus aproximou-Se deles, tocou-os e disse-lhes: «Levantai-vos, não temais». Eles, então, levantando os olhos, não viram ninguém, excepto só Jesus. Quando desciam do monte, Jesus fez-lhes a seguinte proibição: «Não digais a ninguém o que vistes, até que o Filho do Homem ressuscite dos mortos».

Mt 17, 1-9

Notre-Dame de Paris

A catedral de Notre-Dame, em Paris, construída há cerca de 850 anos numa ilha no meio do rio Sena é mais do que uma igreja e uma obra de arte, é um monumento da engenharia dedicado a Nossa Senhora.

Cada um é tocado por Deus a seu modo e a seu tempo. Por exemplo, o grande escritor francês Paul Claudel (1868 – 1955) escreve o seu encontro com esta catedral quando tinha 18 anos: «...o meu estado habitual continuava a ser a sensação de asfixia e de desespero. Eu era esse miúdo infeliz que, no dia 25 de Dezembro de 1886, foi a Notre-Dame de Paris ver as cerimónias do Natal. Tinha começado a escrever e pareceu-me que iria encontrar nos ofícios católicos, apreciados com superior diletantismo, a inspiração e o assunto para uns exercícios decadentes. Foi com essas disposições que, acotovelado e empurrado pela multidão, assisti, com um prazer medíocre, à missa solene. Depois, como não tinha nada melhor para fazer, voltei para as vésperas. Os meninos de coro de túnicas brancas e os alunos do seminário menor de Saint-Nicolas-du-Chardonnet cantavam o que, soube mais tarde, era o “Magnificat”. Eu estava em pé, no meio da multidão, perto do segundo pilar na entrada do coro, do lado direito da sacristia. E foi então que o acontecimento que dominou toda a minha vida ocorreu. Num instante, o meu coração foi tocado e ACREDITEI. Acreditei com tanta força de adesão, com tal arrebatamento de todo o meu ser, com uma convicção tão poderosa, com uma tal certeza que não deixava espaço para qualquer espécie de dúvida, que desde então todos os livros, todos os raciocínios, todos os azares de uma vida agitada, não conseguiram abalar a minha fé, nem, sequer, tocá-la. Experimentei, de repente, o sentimento inebriante da inocência, da eterna filiação de Deus, uma revelação inefável» (“Ma Conversion”, Oeuvres en Prose, 1913).

Para um escritor, está bem. Não serei eu a tirar valor a todas as conversões e a todos os acontecimentos históricos que tiveram lugar nesta catedral, mas ela tem igualmente uma faceta tecnológica que merece ser contada.

Até àquela época, os edifícios mais altos tinham 15 ou 20 metros de altura e estavam parcialmente abrigados por árvores ou pelas construções circundantes. Em contrapartida, o telhado de Notre Dame eleva-se a 43 metros de altura, as torres têm 69 metros e a flecha alta chega quase aos 100 metros. A subida de 20 para 43 metros foi a ocasião de os construtores descobrirem os efeitos do que hoje chamamos a camada limite atmosférica, isto é, o progressivo aumento da velocidade do vento com a altura ao solo.

Na Idade Média, o projecto de uma catedral já se baseava em cálculos relativamente sofisticados, mas a grandeza do desafio não dispensava a verificação experimental. Uma das técnicas consistia em pintar as paredes com cal, para detectar o aparecimento de fissuras: onde elas aparecessem, as tensões eram demasiado grandes e devia-se reforçar a estrutura. Em Notre-Dame, verificou-se que se produziam fissuras na base das paredes quando sopravam ventos mais fortes e compreendeu-se que isso era devido a uma força lateral aplicada na parte superior do edifício. Ao mesmo tempo, constatou-se que a catedral era mais escura que o habitual, porque as únicas janelas ficavam a grande altura.

Assim, decidiu-se apoiar lateralmente a parte superior do edifício com arcos botantes e abrir grande janelas mais abaixo. Tinha surgido o estilo gótico na arquitectura!

Os construtores de catedrais da Idade Média mantinham entre si um estreito contacto, de modo que a notícia correu por toda a Europa em poucos meses e as modificações de Notre-Dame começaram a ser aplicadas a todas as grandes igrejas em construção, incluindo algumas menos altas, que não precisariam deste sistema de apoio. Em poucos meses, em toda a Europa se passou a construir no estilo gótico.

Os quase 850 anos da catedral de Notre-Dame presenciaram muitas histórias decisivas da vida da Igreja e do mundo. Durante a Revolução Francesa, em nome da cultura, deitaram abaixo a flecha de quase 100 m de altura, destruíram 28 estátuas do interior e todas as estátuas do exterior à excepção de uma. Ao longo destes séculos, houve tempo para partir muita coisa, mas também houve tempo para reconstruir este triunfo do engenho humano sobre a força da camada limite atmosférica. Em honra de Nossa Senhora.
José Maria C.S. André

O pai é indispensável para que o filho cresça como sujeito

Maria Calvo Charro
A sociedade atual esvaziou o valor da função do pai, não o tem em conta, menosprezou a sua autoridade, as mulheres prescindem deles de forma manifesta, o que leva os filhos perderem-lhes absolutamente o respeito.

Nestas circunstâncias, quando o pai deixa de ser relevante para a mãe, o filho percebe e é ele que toma o seu lugar confirmando a extinção da função paterna.

A desvalorização da paternidade começa a mostrar atualmente os seus efeitos secundários no correto desenvolvimento dos filhos. A relação mãe-filho, digam o que disserem, é mesmo muito diferente da relação paterno-filial.

A função paterna é indispensável para que o filho assuma a sua individualidade, identidade e autonomia psíquica, necessárias para crescer como sujeito.

O pai, se se ausenta, física ou psiquicamente, deixa por cumprir o seu papel de “separador" que é aquilo que, precisamente, permite ao filho diferenciar-se da mãe.