quarta-feira, 19 de fevereiro de 2020

Senhor, não sei rezar!

Se desejas deveras ser alma penitente – penitente e alegre –, deves defender, acima de tudo, os teus tempos diários de oração, de oração íntima, generosa, prolongada, e hás-de procurar que esses tempos não sejam ao acaso, mas a hora fixa, sempre que te for possível. Sê escravo deste culto quotidiano a Deus, e garanto-te que te sentirás constantemente alegre. (Sulco, 994)

Quando vejo como algumas pessoas entendem a vida de piedade, o convívio de um cristão com o seu Senhor, e dela me apresentam uma imagem desagradável, teórica, feita de fórmulas, repleta de lengalengas sem alma, que mais favorecem o anonimato do que a conversa pessoal, de tu a tu, com o nosso Pai Deus – a autêntica oração vocal nunca admite o anonimato – recordo aquele conselho do Senhor: nas vossas orações, não useis muitas palavras, como os gentios, os quais julgam que serão ouvidos à força de palavras. Não os imiteis, porque o Vosso Pai sabe o que vos é necessário antes de que vós lho peçais. E comenta um Padre da Igreja: penso que Cristo manda que evitemos as orações longas; longas, porém, não quanto ao tempo, mas quanto à multiplicidade interminável de palavras... O próprio Senhor nos deu o exemplo da viúva que, à força de súplicas, venceu a renitência do juiz iníquo; e o daquele importuno que chegou a desoras, à noite, e pela sua teimosia, mais do que pela amizade, conseguiu que o amigo se levantasse da cama (cfr. Lc XI, 5–8; XVIII, 1–8). Com esses dois exemplos manda-nos que peçamos constantemente, não compondo orações intermináveis, mas antes contando-lhe com simplicidade as nossas necessidades.

De qualquer modo, se ao iniciar a vossa meditação não conseguis concentrar a atenção para conversar com Deus, se vos sentis secos e a cabeça parece que não é capaz de ter sequer uma ideia ou se os vossos afectos permanecem insensíveis, aconselho-vos o que tenho procurado praticar sempre nessas circunstâncias: ponde-vos na presença do vosso Pai e dizei-Lhe pelo menos: "Senhor, não sei rezar, não me lembro de nada para Te contar!"... e estai certos de que nesse mesmo instante começastes a fazer oração. (Amigos de Deus, 145)

São Josemaría Escrivá

A Igreja é o lugar onde Deus «chega» a nós e donde nós «partimos» para Ele

“A Igreja não existe para si mesma, não é o ponto de chegada, mas deve apontar para além de si, para o alto, acima de nós. A Igreja é verdadeiramente o que deve ser, na medida em que deixa transparecer o Outro – com o “O” grande – do qual provém e para o qual conduz. A Igreja é o lugar onde Deus «chega» a nós e donde nós «partimos» para Ele; a este mundo que tende a fechar-se em si próprio, a Igreja tem a missão de o abrir para além de si mesmo e levar-lhe a luz que vem do Alto e sem a qual se tornaria inabitável.

(Bento XVI na homilia na Basílica de São Pedro de 19.02.2012 por ocasião da criação de 22 novos Cardeais no Consistório da véspera)

Educa tu os teus filhos

«Educa tu os teus filhos! Não deixes tal missão na mão do Estado, da escola, nem mesmo da Igreja. Não te sentes capaz? Aconteça o que acontecer, não desanimes. Deus está contigo. Tu podes e deves educar os teus filhos porque os amas como ninguém. Basta um pouco de boa vontade. E a capacidade de aprender com os inevitáveis “fracassos”». São palavras de um pai de família.

Aos pais ― primeiros, principais e insubstituíveis educadores ― pede-se-lhes duas atitudes fundamentais: boa vontade e saber aprender com os próprios erros. Para fomentar estas disposições devem manter sempre o coração jovem.

Um cristão, se vive de fé, sabe que tem diante de si uma eternidade. Não lhe será difícil manter o coração jovem, desde que não perca de vista o destino de para onde caminha.

Porque é que muitos pais desanimam na tarefa educativa?

Talvez porque olham para esta missão com uma visão excessivamente humana, esquecendo a sua dimensão eterna. Assim, perdem a perspectiva fundamental da educação: ajudar os filhos a serem boas pessoas ― a chegarem ao Céu ― e não simplesmente bons alunos, bons desportistas e bons profissionais.

Quantas pessoas “triunfam” na profissão, no desporto, nos negócios e fracassam rotundamente como pessoas!

Que educação pretendes dar aos teus filhos? Que valores pensas transmitir?

Atenção: há estilos de vida que facilitam o encontro dos filhos com Deus e com o sentido da sua vida. E outros que o dificultam e muito! Não escolhas os segundos, por muito na moda que eles estejam!

Não deixes que a internet eduque os teus filhos. Não deixes que o faça a televisão. Nem deixes que sejam os professores lá na escola a fazê-lo!

Educar, no sentido mais profundo da palavra, só tu ― pai e mãe de família ― o podes fazer.

Pe. Rodrigo Lynce de Faria