sábado, 15 de fevereiro de 2020

Semeadores de paz e de alegria

Ris-te porque te digo que tens "vocação matrimonial"? – Pois é verdade: assim mesmo, vocação. Pede a São Rafael que te conduza castamente ao termo do caminho, como a Tobias. (Caminho, 27)

É muito importante que o sentido vocacional do matrimónio nunca falte, tanto na catequese e na pregação como na consciência daqueles a quem Deus quer levar por esse caminho, porque estão real e verdadeiramente chamados a integrar-se nos desígnios divinos da salvação de todos os homens.

Por isso, talvez não possa apresentar-se aos esposos cristãos melhor modelo que o das famílias dos tempos apostólicos: o centurião Cornélio, que foi dócil à vontade de Deus e em cuja casa se consumou a abertura da Igreja aos gentios; Áquila e Priscila, que difundiram o cristianismo em Corinto e em Éfeso, e que colaboraram no apostolado de S. Paulo; Tabita, que com a sua caridade assistiu aos necessitados de Jope... E tantos outros lares de judeus e de gentios, de gregos e de romanos, nos quais lançou raízes a pregação dos primeiros discípulos do Senhor.

Famílias que viveram de Cristo e que deram a conhecer Cristo. Pequenas comunidades cristãs que foram centros de irradiação da mensagem evangélica. Lares iguais aos outros lares daqueles tempos, mas animados de um espírito novo que contagiava aqueles que os conheciam e com eles conviviam. Assim foram os primeiros cristãos e assim havemos de ser os cristãos de hoje: semeadores de paz e de alegria, da paz e da alegria que Cristo nos trouxe. (Cristo que passa, 30)

São Josemaría Escrivá

O Evangelho de Domingo dia 16 de fevereiro de 2020

«Não julgueis que vim abolir a Lei ou os Profetas; não vim para os abolir, mas sim para cumprir. Porque em verdade vos digo: antes passarão o céu e a terra, que passe uma só letra ou um só traço da Lei, sem que tudo seja cumprido. Aquele, pois, que violar um destes mandamentos mesmo dos mais pequenos, e ensinar assim aos homens, será considerado o mais pequeno no Reino dos Céus. Mas o que os guardar e ensinar, esse será considerado grande no Reino dos Céus. Porque Eu vos digo que, se a vossa justiça não superar a dos escribas e fariseus, não entrareis no Reino dos Céus. «Ouvistes que foi dito aos antigos: “Não matarás”, e quem matar será submetido ao juízo do tribunal. Porém, Eu digo-vos que todo aquele que se irar contra o seu irmão, será submetido ao juízo do tribunal. E quem chamar cretino a seu irmão será condenado pelo sinédrio. E quem lhe chamar louco será condenado ao fogo da Geena. Portanto, se estás para fazer a tua oferta diante do altar, e te lembrares ali que o teu irmão tem alguma coisa contra ti, deixa lá a tua oferta diante do altar, e vai reconciliar-te primeiro com teu irmão, e depois vem fazer a tua oferta. Concilia-te sem demora com o teu adversário, enquanto estás com ele no caminho, para que não suceda que esse adversário te entregue ao juiz, e o juiz te entregue ao guarda, e sejas metido na prisão. Em verdade te digo: Não sairás de lá antes de ter pago o último centavo.2«Ouvistes que foi dito: “Não cometerás adultério”. Eu, porém, digo-vos que todo aquele que olhar para uma mulher, cobiçando-a, já cometeu adultério com ela no seu coração. Por isso se o teu olho direito é para ti causa de pecado, arranca-o e lança-o para longe de ti, porque é melhor para ti que se perca um dos teus membros, do que todo o teu corpo seja lançado na Geena. E se a tua mão direita é para ti causa de pecado, corta-a e lança-a para longe de ti, porque é melhor para ti que se perca um dos teus membros, do que todo o teu corpo seja lançado na Geena. «Também foi dito: “Aquele que repudiar sua mulher, dê-lhe libelo de repúdio”. Eu, porém, digo-vos: todo aquele que repudiar sua mulher, a não ser por causa de união ilegítima, expõe-na a adultério; e o que desposar a mulher repudiada, comete adultério. «Igualmente ouvistes que foi dito aos antigos: “Não perjurarás, mas guardarás para com o Senhor os teus juramentos”. Eu, porém, digo-vos que não jureis de modo algum, nem pelo céu, porque é o trono de Deus; nem pela terra, porque é o escabelo de Seus pés; nem por Jerusalém, porque é a cidade do grande rei. Nem jurarás pela tua cabeça, pois não podes fazer branco ou preto um só dos teus cabelos. Seja o vosso falar: Sim, sim; não, não. Tudo o que passa disto, procede do Maligno.

Mt 5, 17-37

Através da Confissão o Pai recebe-nos enquanto filhos pródigos

Quando dá ao seu filho uma túnica nova, significa as vestimentas brancas com que somos revestidos no Batismo. Quando ordena uma festa de acção de graças, (isto) significa a Eucaristia.

A história do filho pródigo é, em última instância, "a história da condição humana", conforme revelou Cristo e ensina a Igreja. Irmãs e irmãos, a peregrinação do filho pródigo é a história de nossas vidas.

O nosso Pai continua abraçando seus filhos e filhas pródigos no Sacramento da Penitência e da Reconciliação. A misericórdia de Deus sempre está à nossa disposição com a prática da confissão, não importa quão grandes sejam nossos pecados ou quantas vezes podemos repeti-los.

Se chegarmos à confissão com o coração compungido, encontraremos a nosso Pai preparado para nos receber com os braços abertos para dar-nos as boas-vindas à casa da Igreja e da Eucaristia.

(D. José H. Gómez, Arcebispo de Los Angeles em homilia de Março de 2011)

O mais importante da vida

Certo dia, dois jovens tubarões encontraram-se com um tubarão mais velho que se cruzou com eles num dos mares deste mundo. O tubarão mais velho cumprimentou-os: «Bom dia, rapazes. Então, que tal está a água por aqui?». Eles não souberam como responder e ficaram calados. Até que um deles perguntou ao outro: «Mas que raios é isso da água?».

Esta história pode aplicar-se a um grande número de jovens actuais. Estão tão preocupados por serem práticos e produtivos que as realidades mais óbvias e importantes da vida lhes passam completamente ao lado.

Não se preocupam com aquilo que parece não servir para alcançar o êxito num breve espaço de tempo: o sentido da vida, a família, a cultura, as relações interpessoais. Parecem coisas inúteis – pelo menos nos anos da juventude.

São realidades que não se compram nem vendem. Não devem ter tanta importância assim. Pelo menos para já. Talvez no dia em que a conta bancária tiver um saldo seguro, possa ser útil preocupar-se por essas “coisas inúteis”.

Que erro tão funesto e perigoso!

O mais importante da vida recebemo-lo gratuitamente. E estamos chamados a transmiti-lo, de acordo com a nossa natureza, também de um modo gratuito.

Somos seres frágeis – muito mais do que aquilo que imaginamos! Estamos aqui de passagem – e a passagem é mais rápida do que parece! O comboio da vida é um verdadeiro TGV!

Mas a intuição diz-nos (basta saber ler o grande livro da Criação) que somos destinatários de uma generosidade infinita, que nos chama a viver e a viver para sempre.

A vida de cada um de nós não é uma simples luta pelo êxito ou pela sobrevivência – nem sequer nas condições mais adversas. É um espaço, em primeiro lugar, para o agradecimento e para a adoração, no qual cada um de nós encontra o seu descanso mais profundo.

Pe. Rodrigo Lynce de Faria

Quem toma conta das coisas, no Vaticano?

Para quem não saiba, Caroline Pigozzi, vencedora de prémios de literatura e jornalismo, é uma das mulheres mais conhecidas da imprensa francesa. Trabalhou para várias televisões e jornais, onde se notabilizou na cobertura dos acontecimentos no Vaticano. Acompanhou as viagens de João Paulo II, de Bento XVI e agora viaja com o Papa Francisco, enviada pelo «Paris Match». A intimidade que Caroline tinha com os Papas anteriores, continua.

Caroline escreveu muito sobre João Paulo II: dois dos seus livros são «Jean-Paul II intime» (João Paulo II na intimidade) e «Le Pape en privé» (o Papa em privado). Continuou no pontificado de Bento XVI e agora com o Papa Francisco: além de muitos artigos e entrevistas, ela é co-autora do livro «Ainsi fait-il» (É assim que ele faz), que se vai engrossando com mais capítulos a cada nova edição.

A propósito do aniversário do Papa Francisco (o Papa faz anos a 17 de Dezembro), Caroline Pigozzi ofereceu-lhe um medalhão em prata de Nossa Senhora de Luján, padroeira da Argentina. Recentemente, no avião a caminho do Sri Lanka e das Filipinas, Caroline ofereceu-lhe um medalhão de Santa Teresinha de Lisieux, uma peça em bronze, com quase 100 anos, que deixou o Papa muito sensibilizado:

— «Agradeço-lhe muito Caroline, porque quando tenho um problema viro-me para Santa Teresinha e ela, para me indicar que se vai ocupar do assunto, costuma mandar-me uma rosa. Eu tinha posto esta viagem nas mãos dela, mas, em vez de me mandar uma rosa, é ela própria que me vem saudar».

A jornalista Méliné Ristiguian, também do «Paris Match», relata que Caroline ficou de tal maneira comovida que nem se deu verdadeiramente conta do que aconteceu. A própria Caroline disse, aos colegas jornalistas que iam no avião, que só mais tarde consciencializou a alegria do Papa: «Parecia um menino com um brinquedo. Julgo que ele ficou felicíssimo, foi absolutamente incrível. E eu estava contentíssima...». As fotografias e a história aparecem na edição de 29 de Janeiro do «Paris Match».

A notícia podia ser que o Papa Francisco surpreendeu uma jornalista veterana. No entanto, acho que a notícia importante é que Santa Teresinha do Menino Jesus foi encarregada das coisas principais do Vaticano.

No que respeita à viagem ao Sri Lanka e às Filipinas, a prestação de Santa Teresinha foi notável. O Sri Lanka, até há pouco tempo agressivo para com o cristianismo, recebe hoje a Igreja como a grande referência mundial. Nas ilhas Filipinas, a força evangelizadora daqueles dias deixou uma marca inesquecível. A um dos encontros, assistiram 7 ou 8 milhões de peregrinos. Nunca, na história, se juntou uma multidão tão grande, fosse para o que fosse.

Em Portugal, alguns não esperavam, num ponto ou noutro, a pregação deste Papa. Por momentos, pode vir-lhes a dúvida de que o Espírito Santo o assista no magistério ordinário. Depois, recordam as palavras inequívocas de Cristo e confirmam-se com renovada confiança na voz desse magistério. Para esses, pode ser um grande consolo saber que o Papa reza, que o Papa reza muito. Um Papa que reza não se pode enganar.

Além disso, é bom saber que Santa Teresinha, nomeada por João Paulo II Doutora da Igreja, está a tomar conta de muitas coisas. Uma das frases mais conhecidas desta Santa é aquela profecia: «o meu Céu vai ser passar na Terra a fazer o bem». O código postal do seu lugar de trabalho é o Vaticano, ao lado do Papa.

José Maria C.S. André
«Correio dos Açores»,  «Verdadeiro Olhar»,  «ABC Portuguese Canadian Newspaper», 15-II-2015