segunda-feira, 10 de fevereiro de 2020

Jesus está connosco!

No Santo Sacrifício do altar, o sacerdote pega no Corpo do nosso Deus e no Cálice com o seu Sangue, e levanta-os sobre todas as coisas da terra, dizendo: "Per Ipsum, et cum Ipso, et in Ipso", pelo meu Amor!, com o meu Amor!, no meu Amor! Une-te a esse gesto. Mais ainda: incorpora essa realidade na tua vida. (Forja, 541)

Assim se entra no Canon, com a confiança filial que nos leva a chamar clementíssimo ao nosso Pai Deus. Pedimos-Lhe pela Igreja e por todos os que estão na Igreja, pelo Papa, pela nossa família, pelos nossos amigos e companheiros. E o católico, como tem coração universal, pede por todo o mundo, porque o seu zelo entusiasta nada pode excluir. E para que a petição seja acolhida, recordamos a nossa comunhão com a Santíssima Virgem e com um punhado de homens que foram os primeiros a seguir Cristo e por Ele morreram.

Quam oblationem... Aproxima-se o momento da consagração. Agora, na Santa Missa, é outra vez Cristo que actua, através do sacerdote: Isto é o meu Corpo. Este é o cálice do meu Sangue. Jesus está connosco! Com a transubstanciação, renova-se a infinita loucura divina, ditada pelo Amor. Quando hoje se repete esse momento, que saiba cada um de nós dizer ao Senhor, mesmo sem pronunciar quaisquer palavras, que nada nos poderá afastar d'Ele e que a sua disponibilidade de se deixar ficar – totalmente indefeso – nas aparências, tão frágeis, do pão e do vinho, nos converteu voluntariamente em escravos: praesta meae menti de te vivere et te illi semper dulce sapere, faz com que eu viva de Ti e saboreie sempre a doçura do teu amor.

Mais petições. Nós, homens, estamos quase sempre inclinados a pedir. Desta vez, é pelos nossos irmãos defuntos e por nós mesmos. Por isso, aqui aparecem todas as nossas infidelidades e misérias. O peso da sua carga é muito grande, mas Ele quer levá-lo por nós e connosco. O Canon vai terminar com outra invocação à Santíssima Trindade: per Ipsum, et cum Ipso, et in Ipso.... por Cristo, com Cristo e em Cristo, nosso Amor, a Ti, Deus Pai Todo-poderoso, na unidade do Espírito Santo, Te seja dada toda a honra e glória pelos séculos dos séculos. (Cristo que passa, 90)

São Josemaría Escrivá

Não temos mais filhos porque gastamos tudo no primeiro

Acho muito bem que o governo tente implementar políticas de natalidade, horários flexíveis para os pais, menos impostos, menos segurança social, menos prestação de creche, etc. Mas nada pode obrigar uma sociedade livre a ter filhos quando essa sociedade escolhe não ter filhos. E a nossa baixa natalidade resulta de uma escolha, de uma cultura, a cultura do filho único que se entranhou em todos nós há muito tempo. A curva descendente da natalidade é muitíssimo anterior ao início da crise. O problema está na nossa cabeça e não no nosso bolso. Não por acaso, já repararam na economia que existe em redor de bebés, crianças e adolescentes? Ele é brinquedos empilhados numa divisão só para brinquedos, ele é roupas de marcas absurdamente caras, ele é roupas de Carnaval, roupas de Natal (para quando roupas da Páscoa?), ele é actividades extracurriculares, ele é festas temáticas, ele é festas com palhaços, ele é playstation, ipad, computador portátil e telemóvel, ele é viagens de finalistas para quem acaba quarta classe, ciclo e secundário, ele é gastar dinheiro nos três milhões de festivais de verão, ele é o carro aos 18, com turbo, papá, por favor, com turbo e bufadeira. Falta dinheiro?  
Falta dinheiro para o segundo filho? Não gozem. Quem gasta isto com o primeiro filho tem mais do que suficiente para o segundo. O problema é que nós queremos programar o miúdo logo à nascença, queremos transformar o primeiro e único filho num robô, num autómato telecomandado pelo business plan, ora essa, ele tem de ter aulas de viola, natação, explicações de matemática e inglês, e quiçá participar num workshop de filosofia kierkegaardiana ou num boot camp de gestão para empreendedores de três anos e meio, ora essa, há que preparar as skills de networking desde tenra idade, que é como quem diz since tender age. Sim, andamos a aprisionar o miúdo, o único miúdo, em planos que matam antes da concepção qualquer irmão ou irmã. Andamos a poupar dinheiro para os sucessivos luxos do primeiro em vez de gastarmos esse dinheiro no segundo e terceiro. Com dois ou três filhos já não dá para comprar roupinhas nas lojinhas catitas de Campo de Ourique? Azar, compra-se na Zippy ou nos ciganos, que também têm produtos de qualidade, não é verdade, ó dona?
A obsessão em cobrir o primeiro filho com mirra e ouro está a matar-nos, literal e metaforicamente falando. Se não anularmos esta cultura de filho único, se não arrebitarmos a curva da natalidade, o nosso futuro será negro e a falta de dinheiro para reformas até nem será o problema principal. Já pensaram no que é a banda sonora de uma cidade sem criançada? Já pensaram na atmosfera de uma sociedade onde só se ouve o arrastar das muletas? Para evitarmos este apocalipse em câmara lenta, devíamos começar por perguntar o seguinte ao petiz mimado lá de casa: olha, queres a nova playstation ou queres um irmão? Queres viajar todos os anos ou queres uma mana? Queres um ipad, um portátil e roupa de marca ou queres irmãos para brincar? Se ele responder com a segunda premissa, está tudo bem. Se ele responder com a primeira, já falhámos como pais. Mas não é nada que um berro não resolva.
PS: para a Maria, mãe de três.
Henrique Raposo em 2014

Santa Escolástica, virgem, +543

Santa Escolástica era irmã gémea do grande São Bento, pai do monaquismo. Nasceu numa região do centro da Itália em 480; tristemente perdeu sua mãe no parto.

Gémea de Bento, tornou-se também gémea de busca de santidade e missão, já que ambos deram testemunho de santos fundadores. A vida totalmente consagrada a Deus de Escolástica começou até antes do irmão; porém, foi aprofundada quando seguiu o irmão até que ele se instalou em Cassino. Desta forma, Escolástica, fundadora das irmãs beneditinas, sempre esteve ligada a Bento.

Relata-nos o Papa São Gregório Magno que Escolástica e Bento embora morassem pertinho, apenas se encontravam para diálogos santos uma vez ao ano. Daí que, no encontro que seria o último, Santa Escolástica pediu ao irmão que desta vez ficasse, a fim de se enriquecerem em conversas santas até ao amanhecer, mas foi repreendida pelo irmão, pois seria causa de transgressão da Regra.

Diante da resposta negativa do irmão e com o coração pulsando de amor fraterno, Santa Escolástica entrelaçou as mãos, abaixou a cabeça e rapidamente conversou com Deus. De repente, levantou-se um tamanha tempestade que São Bento ficou impedido de sair com seus irmãos.

Vendo o irmão zangado, Santa Escolástica esclareceu: "Pedi-te a ti e tu não me ouviste; pedi ao Senhor e ele me ouviu. Vai-te embora, se puderes, volta para o teu mosteiro". Depois daquela providencial partilha de graça e oração, São Bento regressou ao mosteiro e passados três dias percebeu numa visão a morte de sua irmã que o antecedeu 40 dias no céu.

(Fonte: Evangelho Quotidiano)