sábado, 8 de fevereiro de 2020

Deus está aqui

Humildade de Jesus: em Belém, em Nazaré, no Calvário...Porém, mais humilhação e mais aniquilamento na Hóstia Santíssima: mais que no estábulo, e que em Nazaré e que na Cruz. Por isso, que obrigação tenho de amar a Missa! (A «nossa» Missa, Jesus...). (Caminho, 533)

Por vezes, talvez nos perguntemos como será possível corresponder a tanto amor de Deus e até desejaríamos, para o conseguir, que nos pusessem com toda a clareza diante dos nossos olhos um programa de vida cristã. A solução é fácil e está ao alcance de todos os fiéis: participar amorosamente na Santa Missa, aprender a conviver e a ganhar intimidade com Deus na Missa, porque neste Sacrifício se encerra tudo aquilo que o Senhor quer de nós.

Permiti que aqui vos recorde o desenrolar das cerimónias litúrgicas, que já observámos em tantas e tantas ocasiões. Seguindo-as passo a passo é muito possível que o Senhor nos faça descobrir em que pontos devemos melhorar, que defeitos precisamos de extirpar e como há-de ser o nosso convívio, íntimo e fraterno, com todos os homens.

O sacerdote dirige-se para o altar de Deus, do Deus que alegra a nossa juventude. A Santa Missa inicia-se com um cântico de alegria, porque Deus está presente. É esta alegria que, juntamente com o reconhecimento e o amor, se manifesta no beijo que se dá na mesa do altar, símbolo de Cristo e memória dos santos, um espaço pequeno e santificado, porque nesta ara se confecciona o Sacramento de eficácia infinita.(Cristo que passa, 88)

São Josemaría Escrivá

O Evangelho de Domingo dia 9 de fevereiro de 2020

«Vós sois o sal da terra. Porém, se o sal perder a sua força, com que será ele salgado? Para nada mais serve senão para ser lançado fora e ser calcado pelos homens. Vós sois a luz do mundo. Não pode esconder-se uma cidade situada sobre um monte; nem se acende uma candeia para a colocar debaixo do alqueire, mas no candelabro, a fim de que dê luz a todos os que estão em casa. Assim brilhe a vossa luz diante dos homens para que vejam as vossas boas obras e glorifiquem o vosso Pai que está nos céus.

Mt 5, 13-16

Michael Nnadi: 18 anos

Michael Nnadi é o terceiro a contar da esquerda
No início dos anos 90, conheci dois padres do Ruanda. Um não tinha notícias da família há muito tempo, outro acabava de saber, ao fim de meses, que todas as pessoas da sua família, –avós, pais, irmãos, tios e primos–, tinham sido mortos por pertencerem a uma tribo católica. Aquele que não recebia qualquer contacto há muito tempo, suspeitava de que a razão é que toda a sua família também tinha sido chacinada e provavelmente a aldeia inteira. Os dois padres sobreviveram àquela aluvião de loucura por estarem a estudar na Europa. Recordo-me das conversas, do perdão, da confiança em Deus que transforma as calamidades mais tristes em força de vida e abre caminho à felicidade.

Em momentos de tragédia muito forte, a vida ilumina-se com uma luz que põe em causa muitas perspectivas anteriores. De repente, os pequenos objectivos perdem relevo, diluem-se as pequenas contrariedades, as pequenas curiosidades, as pequenas circunstâncias e avultam os grandes ideais. Estes abalos despojam a pessoa dos apegos não muito pensados, nem muito queridos, que se vão colando insensivelmente à vida. Um pequeno passatempo, sem importância; um pequeno gasto, quase insignificante; muitas pequenas coisinhas que amolecem a alma e a entropecem como um lastro. Jesus falou do efeito devastador destes caprichos minúsculos e da esterilidade que produzem:
– «Ouvi o significado da parábola do semeador. (...) O que recebeu a semente entre espinhos é aquele que ouve a palavra, porém os cuidados deste mundo e a sedução das riquezas sufocam a palavra e ela fica sem fruto» (Mt 13, 18.22).
– «Os que correm no estádio de tudo se abstêm, para alcançar uma coroa», escreveu S. Paulo aos coríntios (I Cor 9, 25), desafiando-os a pensar no troféu incorruptível que os espera.

As sucessivas notícias chegadas nestes últimos dias da Nigéria recordam aquela purificação dolorosa da igreja católica do Ruanda a que me referi acima.

No dia 8 de Janeiro passado, quatro seminaristas nigerianos – Pius Kanwai, 19 anos; Peter Umenukor, 23 anos; Stephen Amos, 23 anos e Michael Nnadi, 18 anos – foram raptados. Dez dias depois, o primeiro foi libertado, com muitas feridas. No dia 1 de Fevereiro foram libertados mais dois seminaristas e, no dia seguinte, chegou a notícia de que o mais novo, Michael Nnadi, tinha sido torturado e morto.

Este tipo de sacudidelas tem o condão de libertar as almas fortes das distracções e revigorar a sua energia. Da Nigéria, continuam a chegar notícias: «Outros se preparam para servir Deus. Mais gente está a chegar ao seminário para serem padres e pregar o Evangelho como Cristo nos mandou».

Um jornalista recolheu as impressões, a quente, de um seminarista africano de nome Lenine Mudzingwa: «Pondo-me na pele deles, eu ficaria muito aflito. Ficaria aterrorizado. Viver numa situação tão ameaçadora tira a esperança, desalenta. Mas, por outro lado, eu rezo e estou convencido de que esta situação dá mais coragem para seguir o caminho deles e dar a vida pelo Evangelho».

Peter Ameh, outro seminarista: «É aterrador e percebo que ser seminarista pode querer dizer que eu tenho de dar a vida, mesmo no seminário, pelo Evangelho. Isto consola-me, porque se os meus irmãos podem ser chacinados, se podem sofrer pelo Evangelho, eu tenho que perceber que tudo pode acontecer na minha vida».

Para todos, a vida é uma luta. Não com armas de violência, mas com um despojamento radical e um amor entregue até ao último suspiro. A quem não percebeu isto, e anda distraído com caprichos que não valem nada, Jesus disse claramente:
– «O reino dos céus é tomado pela violência e são os violentos que o arrebatam» (Mt 11, 12).
José Maria C.S. André

4 lições do burro para você

E não são fáceis...

Em seu livro “Lições do Burro“, Hugo de Azevedo elenca 18 lições que o burro nos dá. Essas lições eram contadas pelo “santo do cotidiano”, São Josemaria Escrivá, de quem o autor do livro foi amigo pessoal. São Josemaria não apenas comparava a si próprio com um burro, mas ainda assinava as suas cartas ao diretor espiritual com um “b.s.” – de “burro sarnento”. Burro e com chagas; burro e pecador. Mas “um pecador que ama Jesus Cristo”, como ele próprio dizia e como Hugo de Azevedo registra.

Das várias lições que o burro nos ensina, aqui vão quatro:

1 – Saber servir e perseverar
São Josemaria repetia todos os dias um versículo do Salmo 72: “Ut iumentum factus sum apud te” (“Eu me tornei como um jumento diante de Ti“). Hugo comenta: “Não se tratava de uma simples expressão de humildade, mas de um ato de absoluta submissão e docilidade a Deus, apesar das suas fraquezas. ‘Pobre burro!’, exclamava, e diria certa vez que desejaria ter a firmeza do jumento no cumprimento dos propósitos de cada dia (…) O jumento é a imagem da humildade, sempre ao nosso serviço, sem esperar elogios nem recompensas, embora agradeça que o alimentem e lhe deem uma palmadinha no lombo”.

2 – Saber ouvir e pôr em prática
“Orelhas grandes, como antenas… Parece burro, mas não perde um som nem um gesto. Todo ele é atenção, vigilância, prontidão. E entende tudo o que lhe dizem: a um estalido, para; a um assobio, trota; a uma “arre”, apressa-se; a um toque, vira; a um puxão, inclina-se… Nem precisa de palavras. Antes fosse a nossa consciência tão sensível assim à voz de Deus!“

3 – Saber ser grato e amoroso
São Josemaria chamava a atenção para os olhos do jumento: belos, grandes, vívidos, exprimindo amor e gratidão sempre, virtudes das quais surgem tantas outras. Diz o livro: “O jumento é grato ao dono que o alimenta e o lava, que ‘fala’ com ele, embora o carregue de fardos. E não havíamos nós de amar Quem nos criou do nada, e nos fez à sua imagem, e fala mesmo conosco, e nos prepara uma vida eterna superior?”.

4 – Saber sentir o afeto e não somente as pancadas
O burro sabe que, mesmo levando algum golpe no lombo para retornar ao caminho, também recebe afagos. Deus nos permite sofrer muitas pancadas da vida, mas Seus carinhos sempre estão presentes – inclusive carinhos físicos, como no sacramento da confissão. Não à toa, São Josemaria o chamava de “sacramento da alegria”. Não há alegria maior para um pai do que ver seu filho limpo de todos os vícios! “Que alegria e paz sente o burro quando, com paulada ou sem paulada, retorna ao bom caminho!”.

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Recordar a nossa Mãe

«A recordação torna-se ainda mais viva quando se pensa nos próprios entes queridos, nos que nos amaram e nos introduziram na vida.»

(João Paulo II - Angelus 1-XI-1998)

Santa Josefina Bakhita

Bakhita nasceu no Sudão, África, em 1869. Este nome, que significa "afortunada", não o recebeu de seus pais ao nascer, foi-lhe imposto pelos seus raptores. Esta flor africana conheceu as humilhações, os sofrimentos físicos e morais da escravidão, sendo vendida e comprada várias vezes. A terrível experiência e o susto, provado naquele dia, causaram profundos danos em sua memória, inclusive o esquecimento do próprio nome.

Na capital do Sudão, Bakhita foi finalmente comprada por um cônsul italiano, que depois a levou consigo para a Itália. Durante a viagem, ele entregou-a para viver com a família de um amigo, que residia em Veneza, e cuja esposa se lhe tinha afeiçoado. Depois, com o nascimento da filha do casal, Bakhita tornou-se sua ama e amiga.

Os negócios desta família, em África, exigiam que retornassem. Mas, aconselhado pelo administrador, o casal confiou as duas às irmãs da congregação de Santa Madalena de Canossa, em Schio, também em Veneza. Alí, Bakhita, conheceu o Evangelho. Era 1890 e ela tinha vinte e um anos quando foi baptizada, recebendo o nome de Josefina.

Após algum tempo, quando vieram buscá-las, Bakhita ficou. Queria tornar-se irmã canossiana, para servir a Deus que lhe havia dado tantas provas do seu amor. Depois de sentir com muita clareza o chamamento para a vida religiosa, em 1896, Josefina Bakhita consagrou-se para sempre a Deus, a quem ela chamava com carinho "o meu Patrão!". Por mais de cinquenta anos, esta humilde Filha da Caridade, dedicou-se às diversas ocupações na congregação, sendo chamada por todos de "Irmã Morena". Foi cozinheira, responsável do guarda-roupa, bordadeira, sacristã e porteira. As irmãs estimavam-na pela generosidade, bondade e pelo seu profundo desejo de tornar Jesus conhecido. "Sedes boas, amem a Deus, rezai por aqueles que não O conhecem. Se soubésseis que grande graça é conhecer a Deus!".

A sua humildade, a sua simplicidade e o seu constante sorriso, conquistaram o coração de toda população. Com a idade, chegou a doença longa e dolorosa. Ela continuou a oferecer o seu testemunho de fé, expressando com estas simples palavras, escondidas detrás de um sorriso, a odisseia da sua vida: "Vou devagar, passo a passo, porque levo duas grandes malas: numa vão os meus pecados, e na outra, muito mais pesada, os méritos infinitos de Jesus. Quando chegar ao céu abrirei as malas e direi a Deus: Pai eterno, agora podes julgar. E a São Pedro: Fecha a porta, porque fico".

Na agonia reviveu os terríveis anos de escravidão e foi a Santa Virgem que a libertou dos sofrimentos. As suas últimas palavras foram: "Nossa Senhora!". Irmã Josefina Bakhita faleceu no dia 8 de Fevereiro de 1947, na congregação em Schio, Itália. Muitos foram os milagres alcançados por sua intercessão. Em 1992, foi beatificada pelo Papa João Paulo II e elevada à honra dos altares em 2000, pelo mesmo Sumo Pontífice. O dia para o culto de "Santa Irmã Morena" foi determinado o mesmo de sua morte.

(Fonte: Evangelho Quotidiano)