terça-feira, 4 de fevereiro de 2020

Orar é falar com Deus. Mas de quê?

Escreveste-me: "Orar é falar com Deus. Mas de quê?". De quê?! D'Ele e de ti; alegrias, tristezas, êxitos e fracassos, ambições nobres, preocupações diárias..., fraquezas; e acções de graças e pedidos; e Amor e desagravo. Em duas palavras: conhecê-Lo e conhecer-te – ganhar intimidade! (Caminho, 91)

Uma oração ao Deus da minha vida. Se Deus é vida para nós, não deve causar-nos estranheza que a nossa existência de cristãos tenha de estar embebida de oração. Mas não penseis que a oração é um acto que se realiza e se abandona logo a seguir. O justo encontra na lei de Iavé a sua complacência e procura acomodar-se a essa lei durante o dia e durante a noite. Pela manhã penso em ti; e, durante a tarde, dirige-se a ti a minha oração como o incenso. Todo o dia pode ser tempo de oração: da noite à manhã e da manhã à noite. Mais ainda: como nos recorda a Escritura Santa, também o sono deve ser oração.

(...) A vida de oração tem de fundamentar-se, além disso, em pequenos espaços de tempo, dedicados exclusivamente a estar com Deus. São momentos de colóquio sem ruído de palavras, junto ao Sacrário sempre que possível, para agradecer ao Senhor essa espera – tão só! – desde há vinte séculos. A oração mental é diálogo com Deus, de coração a coração, em que intervém a alma toda: a inteligência e a imaginação, a memória e a vontade. Uma meditação que contribui a dar valor sobrenatural à nossa pobre vida humana, à nossa vida corrente e diária.

Graças a esses tempos de meditação, às orações vocais, às jaculatórias, saberemos converter a nossa jornada, com naturalidade e sem espectáculo, num contínuo louvor a Deus. Manter-nos-emos na sua presença, como os que estão enamorados dirigem continuamente o seu pensamento à pessoa que amam, e todas as nossas acções – inclusivamente as mais pequenas – encher-se-ão de eficácia espiritual.

Por isso, quando um cristão se lança por este caminho de intimidade ininterrupta com o Senhor – e é um caminho para todos, não uma senda para privilegiados – a vida interior cresce, segura e firme; e o homem empenha-se nessa luta, amável e exigente ao mesmo tempo, por realizar até ao fim a vontade de Deus. (Cristo que passa, 119)

São Josemaría Escrivá

S. José, um homem normal

"José era efectivamente um homem corrente, em quem Deus confiou para fazer coisas grandes", por isso S. Josemaría Escrivá apresentava-o como modelo de pai que soube encontrar a Deus no dia-a-dia. Apresentamos alguns textos a propósito dos 7 Domingos de S. José, que precedem a festa do dia 19 de Março.

Falámos hoje da vida de oração e do afã de apostolado. Queremos porventura melhor mestre nesta matéria do que S. José? Se quereis que vos dê um conselho, dir-vos-ei com palavras que venho a repetir incansavelmente desde há muitos anos: Ite ad Joseph, recorrei a S. José; ele vos mostrará caminhos concretos e meios humanos e divinos para chegar a Jesus. E em breve ousareis, tal como ele, segurar nos braços, beijar, vestir e cuidar deste Menino Deus que nasceu para nós. Em sinal de veneração, os Magos ofereceram a Jesus ouro, incenso e mirra; José deu-lhe plenamente o coração jovem, cheio de amor. Cristo que passa, 38

José era um artesão da Galileia, um homem como tantos outros. E que pode esperar da vida um habitante de uma aldeia perdida, como era Nazaré? Apenas trabalho, todos os dias, sempre com o mesmo esforço. E, no fim da jornada, uma casa pobre e pequena, para recuperar as forças e recomeçar o trabalho no dia seguinte.

José era efectivamente um homem corrente, em quem Deus confiou para realizar coisas grandes. Soube viver exactamente como o Senhor queria todos e cada um dos acontecimentos que compuseram a sua vida. Por isso, a Sagrada Escritura louva José, afirmando que era justo. E, na língua hebreia, justo quer dizer piedoso, servidor irrepreensível de Deus, cumpridor da vontade divina ; outras vezes significa bom e caritativo para com o próximo. Cristo que passa, 40

O nosso Pai e Senhor São José é Mestre da vida interior. Põe-te sob o seu patrocínio e sentirás a eficácia do seu poder. Caminho, 560

De São José diz Santa Teresa, no livro da sua vida: «Quem não achar Mestre que Ihe ensine a orar, tome este glorioso Santo por mestre, e não errará no caminho». O conselho vem de uma alma experimentada. Segue-o. Caminho, 561

A importância das mulheres

Dentro de poucos dias  vamos celebrar os 85 anos (90 em 2020) do momento em que Deus Nosso Senhor fez compreender a S. Josemaria que o Opus Dei era também para as mulheres, tal como era para os homens. Não pensava eu que no Opus Dei houvesse mulheres, escreveu numa carta especialmente dirigida às suas filhas. Mas naquele dia 14 de fevereiro de 1930, o Senhor fez que sentisse o que experimenta um pai que já não espera outro filho quando Deus lho manda. E desde então, parece-me que tenho obrigação de vos amar mais: vejo-vos como uma mãe ao filho mais pequeno [1]. E posso acrescentar que, em cada dia, brotava da sua alma um profundo agradecimento às suas filhas.

Quantas graças a Deus dava o nosso Padre, insisto, por esta luz divina que se acendeu com a presença das mulheres no Opus Dei! Como explicou noutras alturas, realmente, sem essa vontade expressa do Senhor (...), a Obra teria ficado manca[2].

Na sua carta apostólica sobre a dignidade da mulher, S. João Paulo II detinha-se a considerar o sublime momento da Anunciação. «Ao chegar a plenitude dos tempos, enviou Deus o Seu Filho, nascido de uma mulher». Com estas palavras da Carta aos Gálatas (4, 4), o Apóstolo Paulo une entre si os momentos principais que determinam essencialmente o cumprimento do mistério preestabelecido em Deus (cfr. Ef 1, 9). O Filho, Verbo consubstancial ao Pai, nasce como homem, de uma mulher, quando chega a plenitude dos tempos. Este acontecimento conduz ao ponto-chave da História do homem sobre a Terra, entendida como História da Salvação. É significativo que o Apóstolo não chame a Mãe de Cristo com o nome próprio de "Maria", mas a defina como "mulher": isto estabelece uma concordância com as palavras do Proto-Evangelho no Livro do Génesis (cfr. 3, 15). Precisamente aquela "mulher" está presente no evento salvífico central, que decide a plenitude dos tempos e que se realiza nela e por meio dela (…). Assim, a plenitude dos tempos manifesta a extraordinária dignidade da "mulher"» [3].

Minhas filhas, estas reflexões não são amabilidades, mas um profundo convite a considerar a vossa importância na Igreja e, ao mesmo tempo, um estímulo para que cuideis a vossa fidelidade quotidiana.

[1]. S. Josemaria, Carta 29-VII-1965, n. 2.
[2]. S. Josemaria, Notas de uma reunião familiar, ano de 1955.
[3]. S. João Paulo II, Carta Apostólica Mulieris dignitatem, 15-VIII-1988.
(D. Javier Echevarría na carta do mês de fevereiro de 2015)
© Prælatura Sanctæ Crucis et Operis Dei

São João de Brito

"A Linguagem da cruz é loucura para os que perdem, mas para aqueles que se salvam, para nós, é poder de Deus" 1Cor 1,18

O santo de hoje, chamado São João de Brito (1647 - 1693), sempre foi venerado com especial fervor pelo povo português. O Papa Pio XII estendeu seu culto à Igreja Universal, canonizando-o em 1947. Apesar de nobre e algo doente, conseguiu não só entrar na Companhia de Jesus mas transformar-se, a partir de seus vinte e seis anos, em missionário de espantosa actividade. Na Índia, assumiu a língua e costumes locais, para melhor poder espalhar a Boa Nova do Evangelho. Morreu martirizado, durante um trágico levantamento contra os cristãos.

(Fonte: Evangelho Quotidiano)