sábado, 11 de janeiro de 2020

Há-de urgir-te a caridade de Cristo

Tens necessidade de vida interior e de formação doutrinal. Exige-te! – Tu, cavalheiro cristão, mulher cristã, tens de ser sal da terra e luz do mundo, porque estás obrigado a dar exemplo com um santo descaramento. Há-de urgir-te a caridade de Cristo e, ao sentires-te e saberes-te outro Cristo a partir do momento em que lhe disseste que o seguias, não te separarás dos teus semelhantes – os teus parentes, os teus amigos, os teus colegas –, da mesma maneira que o sal não se separa do alimento que condimenta. A tua vida interior e a tua formação abrangem a piedade e o critério que deve ter um filho de Deus, para temperar tudo com a sua presença activa. Pede ao Senhor para seres sempre esse bom condimento na vida dos outros. (Forja, 450)

Um cristão não pode reduzir-se aos seus problemas pessoais, pois tem de viver face à Igreja universal, pensando na salvação de todas as almas.

Deste modo, até aquelas facetas que poderiam considerar-se mais íntimas e privadas – a preocupação pelo progresso interior – não são, na realidade, individuais, visto que a santificação forma uma só coisa com o apostolado. Havemos de esforçar-nos, na nossa vida interior e no desenvolvimento das virtudes cristãs, pensando no bem de toda a Igreja, dado que não poderíamos fazer o bem e dar a conhecer Cristo, se na nossa vida não se desse um esforço sincero por realizar os ensinamentos do Evangelho.

Impregnadas deste espírito, as nossas orações, ainda que comecem por temas e propósitos aparentemente pessoais, acabam sempre por ir ter ao serviço dos outros. E, se caminharmos pela mão da Virgem Santíssima, Ela fará com que nos sintamos irmãos de todos os homens, porque todos somos Filhos desse Deus de que Ela é filha, esposa e mãe.

Os problemas dos outros devem ser os nossos problemas. A fraternidade cristã deve estar bem no fundo da nossa alma, de tal modo que nenhuma pessoa nos seja indiferente. Maria, Mãe de Jesus, que O criou, O educou e O acompanhou durante a sua vida terrena e agora está junto d'Ele nos Céus, ajudar-nos-á a reconhecer Jesus em quem passa ao nosso lado, tornado presente para nós nas necessidades dos nossos irmãos, os homens. (Cristo que passa, 145)

São Josemaría Escrivá

O Evangelho de Domingo dia 12 de janeiro de 2020

Então, foi Jesus da Galileia ao Jordão, e apresentou-Se a João, para ser baptizado por ele. Mas João opunha-se-Lhe, dizendo: «Sou eu quem devo ser baptizado por Ti e Tu vens a mim?» Jesus respondeu-lhe: «Deixa estar por agora, pois convém que cumpramos assim toda a justiça». Ele então concordou. Logo que foi baptizado, Jesus saiu da água. E eis que se Lhe abriram os céus, e viu o Espírito de Deus descer em forma de pomba, e vir sobre Ele. E eis que uma voz vinda do céu dizia: «Este é o Meu Filho amado no qual pus as Minhas complacências».

Mt 3, 13-17

A família fonte de toda a fraternidade

Estas e outras lições da sua vida podem servir-nos para preparar melhor a festa de 9 de janeiro, aniversário do seu nascimento (N. ‘Spe Deus’: São Josemaría Escrivá em 1902). Esta data recorda-nos que o Senhor escolheu S. Josemaria para ser pai e patriarca desta família espiritual, o Opus Dei, uma família sem limites de raça, língua ou nação, que ia nascer no seio da Igreja. Com a sua paternidade, imbuída de carinho e de entrega, o nosso Padre mostrou-nos um reflexo da paternidade divina com todos os seres humanos, ao mesmo tempo que nos ensinava a sermos bons filhos de Deus, vivendo uma delicada fraternidade na Obra e com todas as pessoas.

O Papa Francisco dedica precisamente a este tema a sua Mensagem para o Dia mundial da paz. Logo nas primeiras linhas, afirma uma coisa muito importante, que vos referi ao recordar a vida do nosso Fundador. O Papa concretiza: a fraternidade começa a aprender­‑se habitualmente no seio da família, graças sobretudo às funções responsáveis e complementares de todos os seus membros, especialmente do pai e da mãe. A família é a fonte de toda a fraternidade, sendo por isso mesmo também o fundamento e o caminho primário para a paz [13].

Tudo o que se fizer em favor da família – defendendo a sua natureza fundada no projeto divino, a sua unidade e a sua abertura à vida, a sua natural vocação de serviço – repercute de forma positiva na configuração da sociedade e nas leis que a governam. Rezemos diariamente pelas famílias do mundo e pelos legisladores, esforçando-se, cada uma e cada um dentro das suas possibilidades, na defesa e promoção desta instituição natural tão necessária para o bom funcionamento da vida social. E rezemos especialmente durante os próximos meses, preparando a Assembleia extraordinária do Sínodo dos Bispos que o Papa convocou para outubro, com o objetivo de estudar as formas de empreender a nova evangelização no campo da vida familiar.

[13]. Papa Francisco, Mensagem para o Dia mundial da paz de 2014, 8-XII-2013, n. 1.

(D. Javier Echevarría na carta do mês de janeiro de 2014)
© Prælatura Sanctæ Crucis et Operis Dei

Cristo total

«Eis o Cristo total, Cabeça e Corpo, um só, formado de muitos [...]. Quer seja a Cabeça que fale, quer sejam os membros, é Cristo que fala: fala desempenhando o papel de Cabeça (ex persona capitis), ou, então, desempenhando o papel do Corpo (ex persona corporis). Conforme ao que está escrito: «Serão os dois uma só carne. É esse um grande mistério; digo-o em relação a Cristo e à Igreja» (Ef 5, 31-32). E o próprio Senhor diz no Evangelho: «Já não são dois, mas uma só carne» (Mt 19, 6). Como vedes, temos, de algum modo, duas pessoas diferentes; no entanto, tornam-se uma só na união esponsal [...] «Diz-se "Esposo" enquanto Cabeça e "esposa" enquanto Corpo»

(Santo Agostinho - Enarratio in Psalmum 74, 4)