quinta-feira, 30 de abril de 2020

Senhor, que eu não volte a voar pegado à terra

– Meu Senhor Jesus: faz com que sinta, que secunde de tal modo a tua graça, que esvazie o meu coração..., para que o enchas Tu, meu Amigo, meu Irmão, meu Rei, meu Deus, meu Amor!

(São Josemaría Escrivá - Forja, 913)

Vejo-me como um pobre passarinho que, acostumado a voar apenas de árvore em árvore ou, quando muito, até à varanda de um terceiro andar..., um dia, na sua vida, meteu-se em brios para chegar até ao telhado de certa casa modesta, que não era propriamente um arranha-céus...

Mas eis que o nosso pássaro é arrebatado por uma águia – que o julgou erradamente uma cria da sua raça – e, entre as suas garras poderosas, o passarinho sobe, sobe muito alto, por cima das montanhas da terra e dos cumes nevados, por cima das nuvens brancas e azuis e cor-de-rosa, mais acima ainda, até olhar o sol de frente... E então a águia, soltando o passarinho, diz-lhe: anda, voa!...


– Senhor, que eu não volte a voar pegado à terra, que esteja sempre iluminado pelos raios do divino Sol – Cristo – na Eucaristia, que o meu voo não se interrompa até encontrar o descanso do teu Coração!

(São Josemaría Escrivá - Forja, 39)

ESTADO DE EMERGÊNCIA CRISTÃ

Uma proposta diária de oração pessoal e familiar.

43º Dia. Quinta-feira da terceira semana da Páscoa, 30 de Abril de 2020.

Meditação da Palavra de Deus (Jo 6, 44-51)

Ninguém pode vir a Mim!

Naquele tempo, disse Jesus à multidão: ‘Ninguém pode vir a Mim, se o Pai, que Me enviou não o trouxer; e Eu ressuscitá-lo-ei no último dia.” Como é que Nosso Senhor pode dizer que ninguém pode ir a Ele se, ainda ontem, a todos dizia: “Vinde a Mim”! (cf. Mt 11, 25-30)?!

A resposta é clara: o dom da fé não pode ser alcançado pela razão, nem pela força da vontade, nem sequer pelas boas obras. É uma graça de Deus e, por isso, como explicou Nosso Senhor, ninguém O pode conhecer, se tal não lhe for dado pelo Pai do Céu: “Ninguém pode vir a Mim, se o Pai, que Me enviou, não o trouxer”.

Uma manifestação muito comum da soberba humana é pensar que podemos fazer tudo, ou que basta nos propormos um objectivo, para que o alcancemos. Com certeza que é muito bom que sejamos activos e procuremos pôr todos os meios necessários para alcançar o que de bom pretendemos. Muitas vezes, esses meios materiais e humanos serão suficientes, mas as obras de Deus fazem-se com meio sobrenaturais, que não estão ao alcance da nossa razão e da nossa vontade.

Que posso fazer eu para que aquela pessoa acredite em Cristo?! Que posso eu fazer para que O ame? A que meios posso recorrer para que se converta?! Ou para que não se desvie do bom caminho? Ou, tendo-se extraviado, como o filho pródigo, regresse à casa paterna sem mais demora?!

Em termos humanos, talvez não possa fazer quase nada, porque mesmo o discurso mais persuasivo e as lágrimas mais sinceras e pungentes são insuficientes. Mas todos os cristãos temos uma arma secreta que, essa sim, é sempre eficaz: a oração.

Por isso, quando alguém não corresponde à graça que para ela pedimos a Deus, não é só ela que fracassa, mas nós também, porque a sua não conversão pode ser sinal da insuficiência, ou imperfeição, da nossa fé e da nossa oração.

O Senhor prometeu que a oração, quando verdadeira e perseverante, como justa e insistente foi a súplica da pobre viúva ao juiz iníquo, é sempre eficaz. Devemos rezar sempre, até alcançar o bem pedido e, depois também, em acção de graças. 
  
Intenções para os mistérios luminosos do Santo Rosário de Nossa Senhora:

1º - O Baptismo de Jesus no Jordão. João Baptista considerava-se indigno de baptizar Cristo, mas Jesus disse que ele era o maior, entre os nascidos de mulher. Peçamos a Nossa Senhora que nos conceda a humildade de instrumentos.

2º - A auto-revelação de Jesus nas bodas de Caná. A primeira resposta de Jesus a Maria parecia negativa, mas como sua Mãe insistiu, o milagre aconteceu. Que Nossa Senhora nos ajude a ser perseverantes na oração.

3º - O anúncio do Reino de Deus como convite de Jesus à conversão. A melhor oração pela conversão dos outros é a nossa própria conversão. Que Maria nos alcance essa graça!

4º - A Transfiguração de Jesus. Que o Senhor console os que estão a passar por um deserto espiritual, para que a aridez que sofrem os não afaste da vida de oração. 

5º- A instituição da Eucaristia, expressão sacramental do mistério pascal. Não basta ir à Missa, ou assistir à Missa, ou participar na Missa! É preciso vivê-la, não só no momento da sua celebração, mas durante as 24 horas do dia.    

Para ler, meditar e partilhar! Obrigado e até amanhã, se Deus quiser!

Com amizade,
P. Gonçalo Portocarrero de Almada

Oração pela unidade

“Senhor Jesus Cristo, que quando estavas sofrendo oraste pelos teus discípulos para que fossem um até o final, como és Tu com o Pai e o Pai contigo, derrubai os muros de separação que dividem os cristãos de diversas denominações. Ensina a todos que a Sé de Pedro, a Santa Igreja de Roma, é o fundamento, o centro e o instrumento desta unidade. Abri seus corações à Verdade, por tanto tempo esquecida, de que nosso Santo Padre, o Papa, é Teu Vigário e Representante. E assim como no Céu existe uma só companhia santa, assim sobre esta terra haja uma só comunhão que professe e glorifique o Teu Santo Nome”

Beato John Henry Newman (1801-1890)

SACRÁRIOS VIVOS...

Sacrário Karlskirche (Viena)
Os sacrários são normalmente peças de muita beleza exterior, mesmo aqueles que primam pela simplicidade.

No entanto o seu interior é, normalmente, apenas constituído por paredes nuas, sem qualquer decoração.

Assim poderemos dizer, que os sacrários são muito belos por fora, mas despidos de beleza por dentro.

No entanto tudo se transforma quando no sacrário está Jesus Cristo Sacramentado!

Podemos afirmar então, que a maior beleza do sacrário está no seu interior, e que já não interessa sequer aquilo que ele é por fora.

Aliás os sacrários têm um fim, que é conterem, guardarem dentro de si, Jesus Cristo Sacramentado.

E sabemos que eles estão a cumprir essa missão quando há uma luz, sempre acesa, que nos diz que ali está Jesus Cristo Sacramentado.

Se assim não for, a luz está apagada e os sacrários para nada servem, a não ser para decoração, para museus, e não nos suscitam mais nada, a não ser a apreciação da sua beleza, ou a falta dela.

Enfim não nos detemos neles, e nada acrescentam às nossas vidas!

Nós somos muitas vezes assim, como os sacrários!

Arranjamo-nos exteriormente, não só cuidando do aspecto do corpo e do que vestimos, mas também tantas vezes aparentando uma maneira de ser que nada tem a ver connosco, (com o que nós realmente somos), e no interior somos apenas paredes nuas, sem qualquer beleza, sem luz, porque não nos preocupamos em ser amor para nós e para os outros, porque em nós não mora Jesus Cristo, fonte do Amor.

Podemos conversar com quem quisermos, mas as nossas conversas são apenas palavras, não deixam rasto, nada acrescentam às vidas que por nós passam.

No entanto, quando nos abrimos a Ele, e deixamos que Ele faça em nós morada, o aspecto exterior conta pouco ou nada, porque a expressão que transmitimos é a beleza do amor, há uma luz acesa em nós, e as conversas que possamos ter, o testemunho de vida, deixa sempre uma impressão indelével, que leva muitas vezes os outros a deterem-se e pensarem nas suas próprias vidas.

Tal como os sacrários também nós temos um fim!

Esse fim é sermos sacrários vivos, ou seja, enquanto os sacrários na igreja “apenas” contêm Jesus Cristo Sacramentado, mas estão ali, estáticos, sem nada nos transmitirem de si próprios, nós poderemos ser sacrários vivos, ou seja, levarmos Jesus Cristo aos outros, transmitirmos tudo o que Ele faz em nós, dar testemunho da Sua presença viva em nós e no meio de nós.

Os sacrários na igreja podem “conter” Jesus Cristo Sacramentado, mas não mudam, são sempre do modo como foram feitos.

Nós se formos sacrários vivos vamos sendo moldados, aperfeiçoados, pela presença de Jesus Cristo em nós, e essa mudança reflecte-se em nós e de nós para os outros.

Enquanto nos sacrários na igreja, a luz indica a presença de Jesus Cristo Sacramentado no seu interior, em nós, quando somos sacrários vivos, a luz é o Próprio Jesus Cristo que brilha em nós!

Faz do teu coração um Sacrário vivo, onde more sempre Jesus Cristo!

Joaquim Mexia Alves

21.09.2007

São Pio V

Miguel Guisleri foi uma figura de extrema importância para a vida da Igreja Católica. Nascido em Bosco Marengo na província da Alexandria, em 1504, aos catorze anos ingressou na vida religiosa entrando na ordem dominicana.

A partir daí a sua vida desenvolve-se, pois alcançaria rapidamente todos os degraus de uma excepcional carreira. Foi professor, prior do convento, superior provincial, bispo de Mondovi e finalmente Papa, aos 62 anos, com o nome de Pio V.

Promoveu diversas reformas na Igreja através do Concilio de Trento, como, por exemplo, a obrigação de residências para bispos, a clausura dos religiosos, o celibato e a santidade de vida dos sacerdotes, as visitas pastorais dos Bispos, o incremento das missões, a correção dos livros litúrgicos e a censura das publicações.

A sua autoridade e prestígio pessoal impunham a sua personalidade de pulso firme e de atitudes rigorosas, como a que tomou em relação à invasão dos turcos, pondo fim aos seus avanços a sete de Outubro de 1571, na famosa batalha de Lepanto.

Apesar do seu carácter marcante, apresentava sinais de um homem bondoso e condescendente para com os humildes, paterno, às vezes, e extremamente severo com aqueles que faziam parte do corpo da Igreja.

Mesmo sabendo das consequências que sofreria a Igreja, não pensou duas vezes ao excomungar a rainha Elizabete I. Morreu em 1 de Maio de 1572, na lucidez de seus setenta e oito anos. A sua canonização chegaria em 1712 e a sua memória fixada a 30 de Abril.

(Fonte: Evangelho Quotidiano)

Tu... soberba? – De quê?

Tu... soberba? – De quê? (Caminho, 600)

Quando o orgulho se apodera da alma, não é estranho que atrás dele, como pela arreata, venham todos os vícios: a avareza, as intemperanças, a inveja, a injustiça. O soberbo procura inutilmente arrancar Deus – que é misericordioso com todas as criaturas – do seu trono para se colocar lá ele, que actua com entranhas de crueldade.

Temos de pedir ao Senhor que não nos deixe cair nesta tentação. A soberba é o pior dos pecados e o mais ridículo. Se consegue atormentar alguém com as suas múltiplas alucinações, a pessoa atacada veste-se de aparências, enche-se de vazio, envaidece-se como o sapo da fábula, que inchava o papo, cheio de presunção, até que rebentou. A soberba é desagradável, mesmo humanamente, porque o que se considera superior a todos e a tudo está continuamente a contemplar-se a si mesmo e a desprezar os outros, que lhe pagam na mesma moeda, rindo-se da sua fatuidade. (Amigos de Deus, 100)

São Josemaría Escrivá

ESTADO DE EMERGÊNCIA CRISTÃ

Uma proposta diária de oração pessoal e familiar.

42º Dia. Quarta-feira da terceira semana da Páscoa, 29 de Abril de 2020.

Meditação da Palavra de Deus (Mt 11, 25-30)

Vinde a Mim todos!

Vinde a Mim, todos os que andais cansados e oprimidos, e Eu vos aliviarei. Tomai sobre vós o meu jugo e aprendei de Mim, que sou manso e humilde de coração, e encontrareis descanso para as vossas almas.

A todos chama o Senhor à santidade e ao apostolado na Igreja e, por isso, a todos chama também à oração, porque a santidade e o apostolado não são possíveis sem oração.

Muitas vezes se pensa que a oração é carga, pesada obrigação. Quando, já cansados, descobrimos ao fim do dia que ainda nos falta alguma prática de piedade, quantas vezes deixamos escapar um gesto de contrariedade! Outras vezes, o que é pior, achamos que o nosso cansaço é desculpa suficiente para omitir a oração…

Que pensaríamos de alguém que visse uma conversa connosco como um fardo, um custoso dever?! Decerto, que essa pessoa não era nossa amiga de verdade, porque os que verdadeiramente se amam, procuram ver-se e falar-se. Se não temos a mesma atitude em relação à oração, é decerto porque ainda não amamos suficientemente o Senhor. Também por isso, temos ainda mais necessidade de rezar.

Uma vez, uma rapariga jovem soube que um rapaz estava interessado nela. Confidenciou a uma amiga que o não amava, mas que, se o conhecesse melhor, talvez se apaixonasse por ele. O que era provável em relação àquela incipiente relação humana, é garantido quando se trata do Senhor: não é possível conhecê-Lo e não O amar! Não é possível amá-l’O e não desejar estar com Ele na oração!

Se alguma vez nos passar pela cabeça a ideia – melhor seria dizer, a tentação – de adiar ou omitir a oração, com a desculpa de que estamos cansados, que surja de imediato um acto de contrição, no renovado propósito de não faltar, nem adiar esse encontro com Nosso Senhor, até porque essa infeliz disposição é sinal, precisamente, de que temos mais necessidade da oração. E tenhamos sempre por certo que essa é, também humanamente, a melhor resposta ao nosso cansaço, porque é n’Ele que encontramos descanso para a nossa alma.

Intenções para os mistérios gloriosos do Santo Rosário de Nossa Senhora:

1º - A Ressurreição de Nosso Senhor. Quando Cristo ressuscitado encontra a chorosa Maria Madalena, a tristeza dela converte-se numa imensa alegria. Não é verdade que a nossa tristeza é, muitas vezes, sinal de falta de oração? Peçamos ao Senhor esse dom.

2º - A Ascensão de Jesus aos Céus. Se pedimos e não obtemos, é porque pedimos coisas más, ou pedimos mal. Senhor Jesus, ensina-nos a orar!

3º - A vinda do Espírito Santo. O Paráclito inspira-nos sempre, para que saibamos o que devemos dizer. Ao rezar, peçamos ao Espírito Santo que nos inspire.

4º - A Assunção de Nossa Senhora. Maria rezava com a mente e o coração, mas rezava também com as obras. Senhor, faz com que a nossa oração também seja operativa.

5º - A coroação de Maria Santíssima.  Ante a missão que lhe é confiada pelo Anjo, Maria responde com a humildade do serviço, como à graça da sua coroação, respondeu com gratidão, que é outra manifestação de humildade. Saibamos ser agradecidos, a Deus e aos outros!

Para ler, meditar e partilhar! Obrigado e até amanhã, se Deus quiser!

Com amizade,
P. Gonçalo Portocarrero de Almada

O perdão cristão

… pedi-lo a outras pessoas quando nos apercebemos que as ofendemos. Não é uma humilhação, pelo contrário, é uma manifestação de grandeza de espírito, de coração grande, de alma generosa. Também nisto S. Josemaria nos deu exemplo. Com que facilidade pedia desculpa, com verdadeira humildade, se pensava que alguém tinha sido ferido por uma repreensão dele, mesmo que tivesse sido justa! Numa ocasião, reconhecia que tinha implorado o perdão ao Senhor muitas vezes pelo que pensava terem sido faltas de correspondência. Mas também me atrevo a dizer – acrescentava – que vos entreguei o melhor da minha alma. O que Deus Nosso Senhor me concedeu procurei transmitir-vo-lo com a maior fidelidade. E quando não o soube fazer, reconheci imediatamente os meus erros, pedi perdão a Deus e àqueles que me rodeavam, e voltei imediatamente à luta[16].
[16]. S. Josemaria, Notas de uma meditação, 29-III-1959.
(D. Javier Echevarría excerto da carta do mês de abril de 2016)
© Prælatura Sanctæ Crucis et Operis Dei

São Josemaría sobre a Festa de Santa Catarina de Sena

Festa de Santa Catarina de Sena. “Esta Igreja Católica é romana. Eu saboreio esta palavra: romana! Sinto-me romano porque romano quer dizer universal, católico; porque me leva a querer carinhosamente o Papa, “il dolce Cristo in terra”, como gostava de repetir Santa Catarina de Sena, a quem tenho como amiga amadíssima”.

Santa Catarina de Sena - "Esta é a virgem sábia, uma das virgens prudentes: foi ao encontro de Cristo com a lâmpada acesa"

"Esta é a virgem sábia, uma das virgens prudentes: foi ao encontro de Cristo com a lâmpada acesa". A antífona de ingresso da Missa em honra de Santa Catarina de Sena faz clara referência à parábola das dez virgens, cinco sábias e sensatas e cinco néscias, que São Mateus nos propõe numa página evangélica tão rica de advertências espirituais. O evangelista coloca esta parábola, juntamente com a dos talentos, imediatamente antes da majestosa descrição do juízo universal, quase para nos recordar o que verdadeiramente vale na nossa vida, o que devemos fazer para orientar a nossa existência para o encontro definitivo com o Senhor, meta última e comum dos homens de todos os tempos. O nosso itinerário "cá em baixo" é uma peregrinação para o "alto".

Observava Santo Agostinho: "Nesta vida és um emigrante, a pátria está no alto; aqui és um hóspede, estás de passagem sobre esta terra e, então, canta e caminha". Caminhar cantando significava para Agostinho amar o Senhor reconhecendo o Seu rosto no rosto dos nossos companheiros de viagem. Santa Catarina fez isto e segundo as palavras do Canto ao Evangelho foi a "virgem sábia que o Senhor encontrou diligente: à chegada do Esposo entrou com ele para a sala das núpcias".

Santa Catarina de Sena, virgem, Doutora da Igreja, Padroeira da Europa, †1380

Santa Catarina nasceu em Sena, no dia 25 de Março de 1347. Na Europa, a peste negra e as guerras semeavam o pânico e a morte. A Igreja sofria por suas divisões internas e pela existência de "antipapas" (chegaram a existir três papas, simultaneamente).

Desejando seguir o caminho da perfeição, aos 15 anos Catarina ingressou na Ordem Terceira de São Domingos. Viveu um amor apaixonado e apaixonante por Deus e pelo próximo. Lutou ardorosamente pela restauração da paz política e pela harmonia entre os seus concidadãos. Contribuiu para a solução da crise religiosa provocada pelos antipapas, fazendo com que Gregório XI voltasse a Roma. Embora analfabeta, ditava as suas cartas endereçadas aos papas, aos reis e líderes, como também ao povo humilde. Foi, enfim, uma mulher empenhada social e politicamente e exerceu grande influência religiosa na Igreja de seu tempo. 

As suas atitudes não deixaram de causar perplexidade nos seus contemporâneos. Adiantou-se séculos aos padrões de sua época, quando a participação da mulher na Igreja era quase nula ou inexistente. Deixou-nos o "Diálogo sobre a Divina Providência", uma exposição clara das suas ideias teológicas e da sua mística, o que coloca Santa Catarina de Sena entre os Doutores da Igreja. 

Morreu aos 33 anos de idade, no dia 29 de Abril de 1380.

(Fonte: Evangelho Quotidiano)

terça-feira, 28 de abril de 2020

Pede a verdadeira humildade

A humildade nasce como fruto do conhecimento de Deus e do conhecimento de si próprio. (Forja, 184) 

Essas depressões por veres ou por outros descobrirem os teus defeitos, não têm fundamento...

Pede a verdadeira humildade. (Sulco, 262)

Fujamos dessa falsa humildade que se chama comodismo. (Sulco, 265)

– Senhor, peço-te um presente: Amor..., um Amor que me deixe limpo. E mais outro presente: conhecimento próprio, para me encher de humildade. (Forja, 185)

São santos os que lutam até ao final da sua vida: os que se sabem levantar sempre depois de cada tropeção, de cada queda, para prosseguir valentemente o caminho com humildade, com amor, com esperança. (Forja, 186)

Se os teus erros te fazem mais humilde, se te levam a procurar agarrar com mais força a mão divina, são caminho de santidade: "felix culpa!", bendita culpa!, canta a Igreja. (Forja, 187)

A humildade leva cada alma a não desanimar ante os próprios erros. A verdadeira humildade leva... a pedir perdão! (Forja, 189)

São Josemaría Escrivá

ESTADO DE EMERGÊNCIA CRISTÃ

Uma proposta diária de oração pessoal e familiar.

41º Dia. Terça-feira da terceira semana da Páscoa, 28 de Abril de 2020.

Meditação da Palavra de Deus (Jo 6, 30-35)

Para dar a vida ao mundo!

O pão de Deus é o que desce do Céu para dar a vida ao mundo’. Disseram-Lhe eles: ‘Senhor, dá-nos sempre desse pão’. Jesus respondeu-lhes: ‘Eu sou o pão da vida: quem vem a Mim nunca mais terá fome, quem acredita em Mim, nunca mais terá sede.

No seu longo discurso eucarístico, proferido na sinagoga de Cafarnaum, Jesus deixou absolutamente claro que a sua presença no Santíssimo Sacramento não é simbólica, ou meramente representativa, mas verdadeira, real e substancial. Mas também esclareceu a absoluta necessidade do pão eucarístico, porque é por Ele que se dá “a vida ao mundo”.

Se Deus é o Senhor da vida, não estranha que o inimigo de Deus por antonomásia, seja assassino, ou seja, quem mais promove o que São João Paulo II apelidou ‘cultura da morte’. Quando a sociedade se descristianiza, não apenas o culto esmorece como também a vida e, por isso, se estabelece como um direito a morte dos seres humanos já gerados mas ainda não nascidos, ou a eliminação dos mais velhos e doentes. A solução certamente passa por políticas mais justas e respeitadoras dos direitos humanos, mas também por mais devoção ao Senhor da vida, realmente presente na Sagrada Eucaristia.

Peçamos ao Senhor da vida que ponha termo a este silencioso holocausto que, todos os anos, ceifa a vida de milhões de nascituros! Rezemos também por todos aqueles que cometem um tão horrível crime, para que se convertam a Deus e alcancem a graça do Seu perdão.

Cristo eucarístico não é apenas pão, no sentido de alimento da nossa alma, mas Aquele que é capaz de nos saciar definitivamente: “quem vem a Mim nunca mais terá fome, quem acredita em Mim, nunca mais terá sede.” Que bom seria que, depois deste prolongado jejum eucarístico, ardêssemos em desejos de receber sempre esse pão de Deus! Que benéfica teria sido esta forçosa abstinência, se a todos levasse a ter uma maior fome do pão da vida! Que bênção de Deus se, por esta via, se voltarem a encher as igrejas para a celebração, dominical e ferial, da Santa Missa!

Intenções para os mistérios dolorosos do Santo Rosário de Nossa Senhora:

1º - A oração de Jesus no horto. Na Eucaristia, Jesus está realmente presente, com o seu Corpo glorioso. Mas quanto sofre pelas comunhões em pecado mortal: são outras traições disfarçadas de devoção, como o beijo de Judas. Desagravemos esses sacrilégios!

2º - A flagelação de Jesus. Se a Nosso Senhor Lhe doeram fisicamente as chicotadas, mais Lhe doeu a apatia daqueles que se supunha serem seus amigos. Que Jesus não permita nunca a nossa indiferença!

3º - A coroação de espinhos. As genuflexões apressadas de tantos, mais parecem imitação da burla dos soldados do que actos de devoção. Saibamos viver a urbanidade da piedade, ajoelhando, com piedade, diante do Santíssimo Sacramento. 

4º - Jesus com a cruz às costas. Ao celebrar a Eucaristia, o sacerdote renova o sacrifício da paixão e morte de Jesus. Ajudemo-lo com o nosso decoro e pontualidade, com a nossa participação activa e com a nossa atenção e devoção!   

5º - Jesus morre na Cruz. Saibamos adorar o Senhor Sacramentado depois de O receber na sagrada Comunhão, permanecendo em silenciosa oração. Que Nossa Senhora nos ensine a adorar ‘Jesus escondido’! 

Para ler, meditar e partilhar! Obrigado e até amanhã, se Deus quiser!

Com amizade,
P. Gonçalo Portocarrero de Almada

A IDADE DA REFORMA E A VIDA NOVA

Ao chegar à idade e tempo da reforma, pus-me a pensar no que tal facto me dizia na minha relação com Deus.

Enquanto trabalhamos, (num trabalho fixo, porque os reformados nunca deixam de trabalhar), servimo-nos muitas vezes dessa situação para nos desculparmos interiormente com a falta de tempo para a oração, para um melhor conhecimento das coisa de Deus e da Igreja, para uma relação mais assídua e, portanto, fortalecida, com a família e com os outros.

Ora quem quer viver com Deus, segundo a vontade de Deus, sabe bem que Ele deve estar presente em todos os momentos e situações da vida, pelo que, quando nos desculpamos com a falta de tempo, estamos, mais coisa menos coisa, a dizer que a vida que Deus nos proporciona, é causa, afinal, da nossa falta de tempo para aquilo que verdadeiramente devemos fazer, segundo a sua vontade.

Claro que haveria muito a dizer sobre isto, mas o que me interessa agora é, em que medida, o tempo da reforma pode alterar tudo isto.

Logicamente, dispondo de mais tempo, por falta do trabalho fixo de condições exigentes e obrigatórias, podemos desaproveitar esse tempo nada fazendo, ou podemos aproveitá-lo então, para um maior e melhor tempo de oração, (ou seja de relação e diálogo com Deus), para ler, e quem sabe, frequentar alguma formação em Igreja, sobre Deus, a Doutrina, etc., para dar mais atenção à família, (sem o stress do trabalho diário que provoca, por vezes, incompreensões e discussões), tornando-a mais igreja doméstica, e também no serviço aos outros, que é sem dúvida serviço a Deus.

Então, e já que ainda há tão pouco tempo celebrámos a Páscoa, a Ressurreição, (que continuamos a celebrar durante 50 dias), podemos ver este tempo de reforma, como um tempo novo, na nossa vida.

E é assim curioso pensar, que o tempo de reforma, que aos olhos da sociedade é uma espécie de “fim de vida”, se pode tornar afinal numa vida nova, numa “ressurreição” para a vida, se realmente, mais livres do “mundo do trabalho”, e não só, nos aproximarmos mais de Deus, procurando ainda mais fazer a sua vontade, (em todas as circunstâncias da vida), sendo assim testemunhas do seu amor.

Quisera eu saber entregar-me assim e fazer aquilo que aqui escrevo, (para não ser «Tomás, faz o que ele diz, não faças o que ele faz»), e pela graça de Deus, dar uma vida nova à vida que Ele me deu.

Tudo e sempre para a sua glória!

Marinha Grande, 16 de Abril de 2015

Joaquim Mexia Alves

Nota: 
Texto da minha colaboração no "Grãos de Areia", Boletim Paroquial da Marinha Grande, do mês de Abril.

O Espírito Santo e o perdão dos pecados

Papa Francisco

Homilia no Santuário João Paulo II na Santa Missa com sacerdotes, religiosos e leigos consagrados 28/0402019


A passagem do Evangelho, que ouvimos (cf. Jo 20, 19-31), fala-nos de um lugar, um discípulo e um livro.

O lugar é aquele onde se encontravam os discípulos, na tarde de Páscoa; dele, apenas se diz que as suas portas estavam fechadas (cf. v. 19). Oito dias depois, os discípulos ainda estavam naquela casa, e as portas ainda estavam fechadas (cf. v. 26). Jesus entra lá, coloca-Se no meio e leva a sua paz, o Espírito Santo e o perdão dos pecados: numa palavra, a misericórdia de Deus. Dentro deste lugar fechado, ressoa forte o convite que Jesus dirige aos seus: «Assim como o Pai me enviou, também Eu vos envio a vós» (v. 21).

Jesus envia. Ele, desde o início, deseja que a Igreja esteja em saída, vá pelo mundo. E quer que o faça assim como Ele próprio fez, como Ele foi enviado ao mundo pelo Pai: não como poderoso mas na condição de servo (cf. Flp 2, 7), não «para ser servido mas para servir» (Mc 10, 45) e para levar a Boa-Nova (cf. Lc 4, 18); e assim são enviados os seus, em todos os tempos. Impressiona o contraste: enquanto os discípulos fechavam as portas com medo, Jesus envia-os em missão; quer que abram as portas e saiam para espalhar o perdão e a paz de Deus, com a força do Espírito Santo.

Esta chamada é também para nós. Como não ouvir nela o eco do grande convite de São João Paulo II: «Abri as portas»? Mas, na nossa vida de sacerdotes e pessoas consagradas, pode haver muitas vezes a tentação de permanecer um pouco fechados, por medo ou comodidade, em nós mesmos e nos nossos setores. E, no entanto, a direção indicada por Jesus é de sentido único: sair de nós mesmos. Trata-se de realizar um êxodo do nosso eu, de perder a vida por Ele (cf. Mc 8, 35), seguindo o caminho do dom de si mesmo. Por outro lado, Jesus não gosta das estradas percorridas a metade, das portas entreabertas, das vidas com via dupla. Pede para se meter à estrada leves, para sair renunciando às próprias seguranças, firmes apenas n'Ele.

Por outras palavras, a vida dos seus discípulos mais íntimos, como nós somos chamados a ser, é feita de amor concreto, isto é, de serviço e disponibilidade; é uma vida onde não existem – ou, pelo menos, não deveriam existir – espaços fechados e propriedades privadas para própria comodidade. Quem escolheu configurar com Jesus toda a existência já não escolhe os próprios locais, mas vai para onde é enviado; pronto a responder a quem o chama, já não escolhe sequer os tempos próprios. A casa onde habita não lhe pertence, porque a Igreja e o mundo são os espaços abertos da sua missão. O seu tesouro é colocar o Senhor no meio da vida, sem nada mais procurar para si. Assim foge das situações gratificantes que o colocariam no centro, não se ergue sobre os trémulos pedestais dos poderes do mundo, nem se reclina nas comodidades que enfraquecem a evangelização; não perde tempo a projetar um futuro seguro e bem retribuído, para evitar o risco de ficar à margem e sombrio, fechado nos muros estreitos dum egoísmo sem esperança nem alegria. Feliz no Senhor, não se contenta com uma vida medíocre, mas arde em desejo de dar testemunho e alcançar os outros; gosta de arriscar e sair, não forçado por sendas já traçadas, mas aberto e fiel às rotas indicadas pelo Espírito: contrário a deixar correr a vida, alegra-se por evangelizar.

No Evangelho de hoje, sobressai em segundo lugar a figura do único discípulo nomeado: Tomé. Na sua dúvida e ânsia de querer entender, este discípulo bastante teimoso assemelha-se-nos um pouco e até aparece simpático a nossos olhos. Sem o saber, dá-nos um grande presente: deixa-nos mais perto de Deus, porque Deus não Se esconde de quem O procura. Jesus mostrou-lhe as suas chagas gloriosas, faz-lhe tocar com a mão a ternura infinita de Deus, os sinais vivos de quanto sofreu por amor dos homens.

Para nós, discípulos, é muito importante pôr a nossa humanidade em contacto com a carne do Senhor, isto é, levar a Ele, com confiança e total sinceridade, tudo o que somos. Jesus, como disse a Santa Faustina, fica contente que Lhe falemos de tudo, não Se cansa das nossas vidas que já conhece, espera a nossa partilha, até mesmo a descrição das nossas jornadas (cf. Diário, 6 de setembro de 1937). Assim, buscamos a Deus com uma oração que seja transparente e não esqueça de Lhe confiar e entregar as misérias, as fadigas e as resistências. O coração de Jesus deixa-Se conquistar pela abertura sincera, por corações que sabem reconhecer e chorar as suas fraquezas, confiantes de que precisamente nelas agirá a misericórdia divina. Que nos pede Jesus? Ele deseja corações verdadeiramente consagrados, que vivam do perdão recebido d’Ele para o derramarem com compaixão sobre os irmãos. Jesus procura corações abertos e ternos para com os fracos, nunca duros; corações dóceis e transparentes, que não dissimulam perante quem tem na Igreja a tarefa de orientar o caminho. O discípulo não hesita em questionar-se, tem a coragem de viver a dúvida e levá-la ao Senhor, aos formadores e aos superiores, sem cálculos nem reticências. O discípulo fiel realiza um discernimento atento e constante, sabendo que o coração há de ser educado diariamente, a partir dos afetos, para escapar de toda a duplicidade nas atitudes e na vida.

No termo da sua busca apaixonada, o apóstolo Tomé chegou não apenas a acreditar na ressurreição, mas encontrou em Jesus o tudo da vida, o seu Senhor; disse-Lhe: «Meu Senhor e meu Deus!» (v. 28). Far-nos-á bem rezar, hoje e cada dia, estas palavas esplêndidas, como que a dizer-Lhe: Sois o meu único bem, o caminho da minha viagem, o coração da minha vida, o meu tudo.

Por fim, no último versículo que ouvimos, fala-se de um livro: é o Evangelho, onde não foram escritos muitos outros sinais realizados por Jesus (v. 30). Depois do grande sinal da sua misericórdia – poderíamos supor –, já não foi necessário acrescentar mais. Mas há ainda um desafio, há espaço para sinais feitos por nós, que recebemos o Espírito do amor e somos chamados a difundir a misericórdia. Poder-se-ia dizer que o Evangelho, livro vivo da misericórdia de Deus que devemos ler e reler continuamente, ainda tem páginas em branco no final: permanece um livro aberto, que somos chamados a escrever com o mesmo estilo, isto é, cumprindo obras de misericórdia. Pergunto-vos, queridos irmãos e irmãs: Como são as páginas do livro de cada um de vós? Estão escritas todos os dias? Estão escritas a meias? Estão em branco? Nisto, venha em nossa ajuda a Mãe de Deus: Ela, que acolheu plenamente a Palavra de Deus na vida (cf. Lc 8, 20-21), nos dê a graça de sermos escritores viventes do Evangelho; a nossa Mãe da Misericórdia nos ensine a cuidar concretamente das chagas de Jesus nos nossos irmãos e irmãs que passam necessidade, tanto dos vizinhos como dos distantes, tanto do doente como do migrante, porque, servindo quem sofre honra-se a carne de Cristo. Que a Virgem Maria nos ajude a gastarmo-nos completamente pelo bem dos fiéis que nos estão confiados e a cuidarmos uns dos outros como verdadeiros irmãos e irmãs na comunhão da Igreja, a nossa santa Mãe.

Queridos irmãos e irmãs, cada um de nós guarda no coração uma página muito pessoal do livro da misericórdia de Deus: é a história da nossa chamada, a voz do amor que fascinou e transformou a nossa vida, fazendo com que, à sua Palavra, largássemos tudo para O seguir (cf. Lc 5, 11). Reavivemos hoje, com gratidão, a memória da sua chamada, mais forte do que qualquer resistência e fadiga. Continuando a Celebração Eucarística, centro da nossa vida, agradeçamos ao Senhor, porque entrou nas nossas portas fechadas com a sua misericórdia; porque, como Tomé, nos chamou por nome; porque nos dá a graça de continuar a escrever o seu Evangelho de amor.

Santa Gianna Beretta Molla †1962

Gianna nasceu a 4 de outubro de 1922, em Magenta, na Itália. Pertencia a uma família de 13 irmãos. Escolheu a profissão de médica a qual já era uma tradição na família e casou em 1955 com Pietro Molla, engenheiro industrial também militante da Ação Católica. Estava decidida a formar uma família cristã e a coadonar a sua vida familiar, profissional e apostólica no seu projeto de vida.

Ingressou na Ação Católica desde muito jovem, em 1943 e pôs-se ao serviço dos irmãos através de variados cargos , quer na área estudantil quer paroquial. Aos 39 anos, grávida do seu quarto filho, começou a ter complicações de saúde. Mais tarde, o seu marido, então com 82 anos recorda os pormenores: «Durante a quarta gravidez, em setembro de 1961, apareceu um grande fibroma no útero, por causa do qual, aos dois meses e meio de gestação do bebé, foi necessário fazer uma intervenção cirúrgica».

Este foi o início do holocausto. Fidelíssima aos seus princípios morais e religiosos, ordenou sem hesitações que o cirurgião se ocupasse em primeiro lugar de salvar a vida da sua "criaturinha". Nas vésperas do parto não hesitou reunir à sua cabeceira o marido e os médicos para lhes dizer:_Se tiverem de escolher entre o bebé e eu, não duvidem: escolham, exijo-vos , a criança. Salvem-na!" Com estas convicções profundas e sabendo o que a esperava, (Gianna era pediatra), deu entrada na clínica de Monza no dia 20 de Abril de 1962, sexta feira santa, tendo dado à luz a sua filha Gianna Manuela. Santa Gianna faleceu oito dias depois.

O seu processo para a canonização teve início em 1980.

O Papa João Paulo II declarou-a venerável em julho de 1991.Durante mais de 20 anos a sua vida, os seus escritos, os testemunhos e as virtudes desta jovem mulher, foram cuidadosamente examinados, bem como os milagres atribuidos à sua intercessão e confirmados pela Igreja. Na sua beatificação, a 24 de abril de 1994, o Papa propô-la como modelo para todas as mães.Foi proclamada Santa no dia 16 de maio de 2004.

(Fonte: Evangelho Quotidiano)

segunda-feira, 27 de abril de 2020

Onde há humildade há sabedoria

"Quia respexit humilitatem ancillae suae" – porque olhou para a baixeza da sua escrava... Cada vez me persuado mais de que a humildade autêntica é a base sobrenatural de todas as virtudes. Fala com Nossa Senhora, para que Ela nos ensine a caminhar por esta senda. (Sulco, 289)

Se recorrermos à Sagrada Escritura, veremos como a humildade é um requisito indispensável para nos dispormos a ouvir Deus. Onde há humildade há sabedoria, explica o livro dos Provérbios. A humildade consiste em nos vermos como somos, sem disfarces, com verdade. E ao compreendermos que não valemos quase nada, abrimo-nos à grandeza de Deus. Esta é a nossa grandeza.

Que bem o compreendia Nossa Senhora, a Santa Mãe de Jesus, a criatura mais excelsa de todas as que existiram e hão-de existir sobre a terra! Maria glorifica o poder do Senhor, que depôs do trono os poderosos e elevou os humildes. E canta que n'Ela se realizou uma vez mais esta providência divina:porque olhou para a baixeza da sua escrava; portanto, eis que, de hoje em diante, todas as gerações me chamarão bem-aventurada.

Maria manifesta-se santamente transformada, no seu coração puríssimo, em face da humildade de Deus: o Espírito Santo descerá sobre ti e a virtude do Altíssimo te cobrirá com a sua sombra. E, por isso mesmo, o Santo que há-de nascer de ti será chamado Filho de Deus. A humildade da Virgem é consequência desse abismo insondável de graça, que se opera com a Encarnação da Segunda Pessoa da Santíssima Trindade nas entranhas da sua Mãe sempre Imaculada. (Amigos de Deus, 96)

São Josemaría Escrivá

ESTADO DE EMERGÊNCIA CRISTÃ


Uma proposta diária de oração pessoal e familiar.

40º Dia. Segunda-feira da terceira semana da Páscoa, 27 de Abril de 2020.

Meditação da Palavra de Deus (Jo 6, 22-29)

Trabalhai!

Ao encontrá-l’O no outro lado do mar, disseram-Lhe: ‘Mestre, quando chegaste aqui?’. Jesus respondeu-lhes: ‘Em verdade, em verdade vos digo: vós procurais-Me, não porque vistes milagres, mas porque comestes dos pães e ficastes saciados. Trabalhai, não tanto pela comida que se perde, mas pelo alimento que dura até à vida eterna e que o Filho do homem vos dará.”

O evangelista São João dá conta de uma misteriosa viagem que Nosso Senhor fez, ao “caminhar sobre as águas”. De facto, foi desse modo insólito que cruzou o mar, que os seus discípulos já tinham atravessado na barca. Por isso, quando os que O procuravam, sabendo que não tinha ido na barca, O viram na outra margem, ficaram intrigados. Mas os apóstolos sabiam como a deslocação ocorrera, porque não era a primeira vez que Jesus o fazia. Noutra ocasião, quando os apóstolos, em pleno mar, faziam frente a uma grande tempestade, Jesus, que ficara em terra para orar, foi ter com eles, andando sobre as águas.

O episódio era verdadeiramente extraordinário e invulgar, mas Nosso Senhor aproveita a circunstância para recordar algo muito ‘ordinário’ e comum:  a vocação universal ao trabalho. De facto, já em Adão tinha sido dito que essa é a missão do homem sobre a terra: com o seu trabalho, cuidar do jardim – o universo – que lhe foi confiado. O próprio Jesus não desdenhou essa vocação, pois toda a sua vida terrena foi de trabalho: primeiro, um trabalho manual, como artesão em Nazaré; depois um trabalho intelectual, como Mestre.

Mas não basta que o cristão trabalhe para garantir o seu sustento e o da sua família. Também não é suficiente que, com o seu trabalho bem feito, contribua para o bem comum. É preciso que esse trabalho seja igualmente um meio de santificação e de apostolado, ou seja, tenha relevância sobrenatural. Como? Oferecendo o trabalho a Deus, fazendo dele, pela sua perfeição, uma oração e sacrifício e, sobretudo, um serviço aos irmãos, com rectidão de intenção.

Parte importante do apostolado dos leigos é o que podem e devem realizar com o seu trabalho profissional: são necessários milhares de operários, médicos, advogados, professores, políticos, pescadores, jornalistas, empresários, camponeses, enfermeiros, investigadores, cientistas, etc., que, com o seu trabalho bem feito, ponham a Cristo no cume de todas as actividades humanas.

Alguém disse que as catedrais medievais, que ainda hoje contemplamos com admiração, foram construídas com fé. Sim, fé, geometria e trabalho. Que não falte, ao cristão do século XXI, a fé dos seus antepassados, nem o seu conhecimento e trabalho!

Intenções para os mistérios gozosos do Santo Rosário de Nossa Senhora:

1º - A anunciação do Anjo a Nossa Senhora. Maria, quando recebeu o Anjo, talvez estivesse entregue aos seus trabalhos, que depois terá continuado a realizar, mas com uma nova alegria e dedicação. Que o nosso Anjo da Guarda nos ensine a pôr muito amor de Deus em tudo o que fazemos. 

2º - A visitação de Nossa Senhora a sua prima Santa Isabel. Maria foi a casa da sua prima para a servir. Que Nossa Senhora nos alcance a graça desse mesmo espírito de serviço em todos os nossos trabalhos. 

3º - O nascimento de Jesus em Belém. Ante as evidentes incomodidades e carências daquele estábulo, é certo que Maria, nem José, se queixaram. Saibamos oferecer a Deus, com alegria, as contrariedades profissionais.

4º - A apresentação de Jesus no templo e a purificação de Nossa Senhora. Para cumprir com o que a lei estabelecia, Maria e José fizeram uma oferta ao templo. Procuremos oferecer a Deus todo o nosso dia, logo na nossa primeira oração diária.    

5º - O Menino Jesus perdido e achado no templo. Se trabalharmos sempre com rectidão de intenção, nunca nos pesará a injustiça dos homens, porque será do Céu que esperaremos recompensa. Trabalhemos sempre com visão sobrenatural.

Para ler, meditar e partilhar! Obrigado e até amanhã, se Deus quiser!

Com amizade,
P. Gonçalo Portocarrero de Almada

Cristianofobia: um novo holocausto?

Em 2018, foram mortos 4.305 fiéis e detidos 3.125 cristãos;1.847 igrejas e edifícios cristãos foram destruídos, incendiados ou vandalizados por ódio à fé em Cristo.

Sim, eu sei que os ataques em que morrem centenas de cristãos são apenas ‘explosões’, ou ‘acidentes’, enquanto os actos em que são mortos muçulmanos, africanos ou, sobretudo, jornalistas são, por regra, horrendos atentados à liberdade, à democracia, à liberdade de pensamento e de expressão, ao pluralismo, à cultura, à civilização, à arte e a tudo o que há de mais sagrado e valioso no mundo.

Quando se deu, no passado dia 15 de Março, o massacre da mesquita de Christchurch, na Nova Zelândia, em que morreram cinquenta muçulmanos, não faltaram os protestos mais sentidos dos estadistas internacionais, nem a veemente reprovação dos principais meios de comunicação social. Ainda bem porque, actos desta natureza, venham de onde vierem e sejam quais forem os agressores ou as vítimas, são sempre condenáveis.

Mas, quando acontece um ataque que causou 360 mortos, sete vezes mais do que as vítimas mortais em Christchurch, e 500 feridos, como neste domingo de Páscoa, no Sri Lanka, já não há as mesmas manifestações de pesar, nem se reconhece que esses ataques foram perpetrados por terroristas islâmicos, que agiram por ódio à fé cristã. Um atentado particularmente cobarde, porque teve por alvo uma indefesa e pacífica minoria. Com efeito, a Igreja católica na distante Taprobana é residual: 6,1% de um total de 21,4 milhões de habitantes, na sua grande maioria budistas (72%) e hindus (12,6%). Os muçulmanos, 9,7%, são quase todos sunitas e poucos mais do que a totalidade dos cristãos (7,4%).

A propósito da catástrofe de Christchurch, Hillary Clinton deu os seus pêsames a todos os muçulmanos, ou seja, à “global Muslim community”. Mais ainda, no ‘tweet’ em que reagiu a essa tristíssima notícia, condenou a “islamofobia e todas as outras formas de racismo”. Contudo, quando referiu os ataques em que morreram 360 católicos no Ceilão e 500 ficaram feridos, não apresentou condolências à Igreja católica, a comunidade religiosa a que pertenciam quase todas as vítimas, nem condenou a cristianofobia, que também não equiparou a outras formas de racismo.

Outro tanto se diga de Barack Obama que, por pudores inconfessáveis, em vez de identificar como cristãs as vítimas dos atentados no domingo de Páscoa, no Sri Lanka, preferiu denominá-las como “Easter worshippers”, algo assim como ‘adoradores da Páscoa’.

Se calhar, nas mentes destes preclaros estadistas há o louvável propósito de não alimentar uma guerra de religiões, ou de evitar o vitimismo católico… Com certeza que ninguém quer deitar achas na fogueira das guerras religiosas, atirando os crentes de Cristo contra os seguidores de Maomé, ou vice-versa. Depois dos históricos encontros ecuménicos e inter-religiosos de Assis, promovidos por São João Paulo II, ninguém tem feito mais pela aproximação entre as diversas religiões do que o Papa Francisco, que visitou inúmeros países maioritariamente islâmicos e também o Ceilão, onde canonizou, a 14 de Janeiro de 2015, o indo-português Padre José Vaz (Constâncio Roque Monteiro, A Epopeia do Escravo, Vida e obra de São José Vaz, O Apóstolo do Ceilão, Lucerna, Parede 2018).

Mas o nobre propósito de reconciliação entre todos os credos não pode inviabilizar o reconhecimento, nu e cru, da realidade. Se, por exemplo, um carteirista rouba um africano, possivelmente esse acto não é xenófobo, mas se o ofende por razão da sua origem, ou da cor da sua pele, não se pode ignorar o carácter essencialmente racista desse insulto. Pretender outra coisa seria, valha a expressão, branquear a questão. Também não seria sério ocultar a condição judaica de muitos dos perseguidos pelo regime nazi, para evitar a conotação rácica, ou para impedir o vitimismo dos judeus. É verdade que houve mais mártires do nacional-socialismo germânico, mas é evidente que a maioria dos judeus enviados para os campos de extermínio o foram por razão dessa sua condição, como aliás os próprios nazis confessaram.

Não se trata de inventar uma espécie de vitimismo católico, para assim esquecer ou desvalorizar as culpas da Igreja católica, ou dos seus membros, na penosa questão dos abusos de menores, ou outra. Trata-se apenas da verdade e do rigor na informação: há que tratar como iguais os factos que são idênticos, e como diferentes os que efectivamente o são. O que não se pode fazer é reduzir as agressões contra os cristãos apenas a meras ‘explosões’ ou ‘acidentes’, e considerarem-se atentados contra a humanidade os actos em que as vítimas são de outra religião, ou de qualquer minoria, por razões de raça, crença ou orientação sexual.

Zahran Hashim, um dos bombistas suicidas dos ataques deste domingo de Páscoa no Ceilão, num vídeo que o Youtube não censurou e que a Embaixada da Resistência divulgou, disse: “quem discordar dos muçulmanos deve ser morto”. Contudo, a CBS, em vez de o considerar como um terrorista islâmico, expressão que poderia ser tida por islamofóbica, preferiu identificá-lo como um mero “extremista religioso”, expressão que já não é susceptível de ferir a fina sensibilidade muçulmana. Com certeza que um terrorista islâmico é um extremista religioso, como também um padre católico é um líder religioso. Mas, por que razão, quando um presbítero da Igreja romana é condenado por abusos de menores, é sempre citado como padre católico e nunca como líder religioso?! Pelo contrário, se um crente em Alá e no seu profeta Maomé, mata cristãos pelo facto de o serem, é apenas um extremista religioso e não um terrorista islâmico …

Segundo dados recentes, divulgados pela organização Portas Abertas e referidos pela Rádio Renascença e pelo jornal espanhol ABC, em 2018 foram mortos, por ódio à fé cristã, 4.305 fiéis, à razão de aproximadamente uma dúzia por dia; foram detidos, também por aversão à sua religião, 3.125 cristãos; e 1.847 igrejas e outros edifícios cristãos foram destruídos, incendiados ou vandalizados. Desde 2015, já foram assassinados, por ódio à fé, pelo menos 19 mil cristãos em todo o mundo: só em 2016, foram mortos mais de 7000 crentes em Jesus Cristo. Os cristãos em geral e, em particular, os católicos, sofrem na actualidade uma das piores perseguições da sua bimilenar história.

Se é doloroso o ódio dos que, por motivos religiosos, assassinam cristãos e, em especial, católicos, não é menos vergonhosa a cumplicidade de alguns meios de comunicação social e de certos sectores da comunidade internacional.

Pe. Gonçalo Portocarrero de Almada in Observador