segunda-feira, 9 de dezembro de 2019

Tempos diários de oração

Se desejas deveras ser alma penitente – penitente e alegre –, deves defender, acima de tudo, os teus tempos diários de oração, de oração íntima, generosa, prolongada, e hás-de procurar que esses tempos não sejam ao acaso, mas a hora fixa, sempre que te for possível. Sê escravo deste culto quotidiano a Deus, e garanto-te que te sentirás constantemente alegre. (Sulco, 994)

Como anda a tua vida de oração? Não sentes às vezes, durante o dia, desejos de falar mais devagar com Ele? Não Lhe dizes: logo vou contar-te isto e aquilo; logo vou conversar sobre isso contigo?

Nos momentos dedicados expressamente a esse colóquio com o Senhor o coração expande-se, a vontade fortalece-se, a inteligência – ajudada pela graça – enche a realidade humana com a realidade sobrenatural. E, como fruto, sairão sempre propósitos claros, práticos, de melhorares a tua conduta, de tratares delicadamente, com caridade, todos os homens, de te empenhares a fundo – com o empenho dos bons desportistas – nesta luta cristã de amor e de paz.

A oração torna-se contínua como o bater do coração, como as pulsações. Sem essa presença de Deus não há vida contemplativa. E sem vida contemplativa de pouco vale trabalhar por Cristo, porque em vão se esforçam os que constroem se Deus não sustenta a casa.

Para se santificar, o cristão corrente – que não é um religioso e não se afasta do mundo, porque o mundo é o lugar do seu encontro com Cristo – não precisa de hábito externo nem sinais distintivos. Os seus sinais são internos: a constante presença de Deus e o espírito de mortificação. Na realidade, são uma só coisa, porque a mortificação é apenas a oração dos sentidos. (Cristo que passa, 8–9)

São Josemaría Escrivá

O mistério da Encarnação do Filho de Deus

O Papa Francisco convida-nos a refletir sobre o nascimento de Jesus, festa da confiança e da esperança, que supera a incerteza e o pessimismo. E a razão da nossa esperança é a seguinte: Deus está ao nosso lado, Deus ainda confia em nós! Mas pensai bem nisto: Deus está ao nosso lado, Deus ainda confia em nós! Este Deus Pai é generoso! Ele vem habitar com os homens, escolhe a Terra como a Sua morada para estar ao lado do homem e para se encontrar lá onde o homem passa os seus dias, na alegria ou na dor. Portanto, a Terra já não é só um «vale de lágrimas», mas o lugar onde o próprio Deus construiu a Sua tenda, o lugar do encontro de Deus com o homem, da solidariedade de Deus para com os homens [9].

Este tempo litúrgico que há pouco começámos, preparando-nos para o Natal, coloca-nos perante o mistério da Encarnação do Filho de Deus, perante o benévolo desígnio [10] com que Deus Pai nos quer atrair a Si, no Seu Filho, pelo Espírito Santo, para que cheguemos à plena comunhão de alegria e de paz com Ele. Afastemos o pessimismo, se nalguma ocasião surgir, ao repararmos que às vezes o mal parece triunfar sobre o bem, tanto dentro de nós mesmos, como na sociedade. «O Advento convida-nos mais uma vez, no meio de tantas dificuldades, a renovar a certeza de que Deus está presente: Ele entrou no mundo, fazendo-se um de nós, para levar à plenitude o Seu plano de amor. E Deus pede-nos que, também nós, nos tornemos um sinal da Sua obra no mundo. Através da nossa fé, da nossa esperança e da nossa caridade, Ele quer entrar no mundo sempre de novo e, sempre de novo, deseja fazer resplandecer a Sua luz na nossa noite» [11].

A vinda gloriosa de Cristo porá fim a todas as injustiças e pecados, mas consideremos seriamente que, já agora, o Senhor nos convoca para O ajudarmos a comunicar a outras almas os frutos da Redenção. Milhões de pessoas, sem o saberem, aguardam a manifestação dos filhos de Deus [12]: de ti, de mim, de tantos homens e mulheres de boa vontade. Com as nossas obras e as nossas palavras, havemos de lhes mostrar que o mundo em que crescemos, com todos os seus problemas e contradições, não se reduz a um lugar inóspito, para onde fomos lançados por um destino impessoal e cego, mas que é o sítio do encontro jubiloso com Deus, todo misericórdia, que enviou o Seu Filho ao mundo e que assiste a Igreja mediante a presença sempre atual do Espírito Santo.

[9]. Papa Francisco, Discurso na audiência geral, 18-XII-2013.
[10]. Ef 1, 9.
[11]. Bento XVI, Discurso na audiência geral, 5-XII-2012.
[12]. Cfr. Rm 8, 19.

D. Javier Echevarría na carta do mês de dezembro de 2014
© Prælatura Sanctæ Crucis et Operis Dei

Converter-se aos repetidos chamamentos de Deus

Meu Senhor Jesus, Tu cujo amor por mim foi suficientemente grande para Te fazer descer do céu para me salvar, querido Senhor, mostra-me o meu pecado, mostra-me a minha indignidade, ensina-me a arrepender-me sinceramente, perdoa-me na Tua misericórdia. Peço-Te, meu querido Salvador, que tomes posse da minha pessoa. Só o Teu perdão o pode fazer; não posso salvar-me sozinho; não sou capaz de recuperar o que perdi. Sem Ti, não posso voltar-me para Ti, nem agradar-Te. Se apenas contar com as minhas forças, irei de mal a pior, vou fraquejar completamente, vou endurecer por negligência. Farei de mim o centro de mim próprio, em vez de o fazer de Ti. Adorarei qualquer ídolo moldado por mim, em vez de Te adorar a Ti, o único verdadeiro Deus, o meu Criador, se não mo impedires com a Tua graça. Oh meu querido Senhor, escuta-me! Já vivi o suficiente neste estado: a pairar, indeciso e medíocre; quero ser o Teu fiel servidor, não quero peca.

São John Henry Newman (1801-1890)

São Juan Diego, indígena mexicano, vidente de Guadalupe, séc. XVI

S. Juan Diego nasceu em 1474 no "calpulli" de Tlayacac, em Cuauhtitlán, México, estabelecido em 1168 pela tribo nahua e conquistado pelo chefe Asteca Axayacatl em 1467. Quando nasceu recebeu o nome de Cuauhtlatoatzin, que quer dizer "que fala como águia" ou "águia que fala". Juan Diego pertenceu à mais numerosa e baixa classe do Império Asteca, sem chegar a ser escravo. Dedicou-se a trabalhar a terra e plantava árvores que logo vendia. Possuía um terreno onde construiu uma pequena moradia. Casou-se com uma nativa, e não tiveram filhos.

Entre 1524 e 1525 converteu-se ao cristianismo e foi batizado junto com sua esposa, recebendo o nome de Juan Diego e ela, o de Maria Luzia. Foram batizados pelo missionário franciscano Frei Turíbio de Benavente, chamado pelos índios "Motolinia" ou "o pobre".

Antes de sua conversão Juan Diego já era um homem piedoso e religioso. Era muito reservado e de caráter místico, gostava do silêncio e estava acostumado a caminhar desde seu povoado até o Tenochtitlán, a 20 quilómetros de distância, para receber instrução religiosa. Sua alma gêmea Maria Luzia faleceu em 1529. Nesse momento Juan Diego foi viver com seu tio Juan Bernardino em Tolpetlac, a só 14 Km da igreja de Tlatilolco, Tenochtitlán. Durante uma de suas caminhadas para Tenochtitlán, que costumavam durar três horas através de montanhas e povoados, ocorreu a primeira aparição de Nossa Senhora, no lugar agora conhecido como "Capela do Cerrito", onde a Virgem Maria lhe falou em seu idioma, o náhuatl.

Juan Diego tinha 57 anos no momento das aparições, certamente uma idade avançada num lugar e época onde a expectativa de vida masculina pouco ultrapassava os 40 anos. Após o milagre do Guadalupe, Juan Diego foi viver num pequeno quarto junto à capela que alojava a Santa imagem, depois de deixar todos os seus haveres para seu tio Juan Bernardino. Passou o resto de sua vida dedicado à difusão do relato das aparições entre as pessoas de seu povo.

Morreu em 30 de maio de 1548, aos 74 anos de idade. Juan Diego foi beatificado em abril de 1990 pelo Papa João Paulo II, que igualmente o canonizou em 2002.

(Fonte: Evangelho Quotidiano)