quinta-feira, 28 de novembro de 2019

Aqui estou, porque me chamaste

Chegou para nós um dia de salvação, de eternidade. Uma vez mais se ouvem os assobios do Pastor Divino, as suas palavras carinhosas: "Vocavi te nomine tuo". – Chamei-te pelo teu nome. Como a nossa mãe, Ele convida-nos pelo nome. Mais: pelo apelativo carinhoso, familiar. Lá, na intimidade da alma, chama, e é preciso responder: "Ecce ego, quia vocasti me". Aqui estou, porque me chamaste; decidido a que desta vez não passe o tempo como a água sobre os seixos rolados, sem deixar rasto. (Forja, 7)

Um dia (não quero generalizar; abre o coração ao Senhor e conta-lhe tu a história) talvez um amigo, um cristão normal e corrente como tu, te tenha feito descobrir um panorama profundo e novo e ao mesmo tempo tão antigo como o Evangelho. Sugeriu-te a possibilidade de te empenhares seriamente em seguir Cristo, em ser apóstolo de apóstolos. Talvez tenhas perdido então a tranquilidade e não a terás recuperado, convertida em paz, até que, livremente, "porque muito bem te apeteceu" – que é a razão mais sobrenatural – respondeste a Deus que sim. E veio a alegria, vigorosa, constante, que só desaparece quando te afastas d'Ele.

Não me agrada falar de escolhidos nem de privilegiados. Mas é Cristo quem fala disso, quem escolhe. É a linguagem da escritura: elegit nos in ipso ante mundi constitutionem – diz S. Paulo – ut essemus sancti, escolheu-nos antes da criação do mundo para sermos santos. Eu sei que isto não te enche de orgulho, nem contribui para que te consideres superior aos outros homens. Essa escolha, raiz do teu chamamento, deve ser a base da tua humildade. Costuma levantar-se porventura algum monumento aos pincéis dum grande pintor? Serviram para fazer obras-primas mas o mérito é do artista. Nós – os cristãos – somos apenas instrumentos do Criador do mundo, do Redentor de todos os homens. (Cristo que passa, 1)

São Josemaría Escrivá

São Josemaría Escrivá concretizou-se nesta data em 1982

João Paulo II erige o Opus Dei como Prelatura pessoal, figura jurídica desejada por São Josemaría. Em 1962 explica: “Pus-me a trabalhar, e não era fácil: escapavam-se-me as almas como se escapam as enguias na água. Havia também a incompreensão mais brutal: porque o que hoje é já doutrina comum no mundo, então não o era (...). Era necessário criar toda a doutrina teológica e ascética, e toda a doutrina jurídica. Deparei-me com uma solução de continuidade de séculos: não havia nada. A Obra inteira era um enorme disparate aos olhos humanos. Por isso, alguns diziam que eu estava louco e que era um hereje, e tantas outras coisas”.

Trabalho

Que dignidade, que segurança nos trás ao sentirmo-nos úteis ao próximo e à sociedade, e se o fizermos com e por amor além de dedicado ao próximo, à nossa auto-estima e a Deus sobretudo, asseguro-vos, que mesmo no mais árduo, se fica aliviado e a nossa consciência tranquila, ainda que o físico ou mente estejam cansados.

JPR

«Feito à imagem e semelhança de Deus (cfr Gen 1,26) (…) o homem está por isso, desde o princípio, chamado ao trabalho. (…) o trabalho leva em si um sinal particular do homem e da humanidade (…); este sinal determina a sua característica interior e constitui em certo sentido a sua própria natureza»

«(…) o trabalho humano é uma chave, talvez a chave essencial, de toda a questão social, se procurarmos vê-la verdadeiramente do ponto de vista do bem do homem.»

«(…) o trabalho é um bem do homem - é um bem da humanidade - , porque mediante o trabalho o homem não só transforma a natureza adaptando-a às próprias necessidades, mas se realiza a si mesmo como homem, mais ainda, num certo sentido ‘torna-se mais homem’»

(São João Paulo II - Laborem exercens, prólogo, nº’s 3 e 9)

«É a hora de nós, os cristãos, dizermos bem alto que o trabalho é um dom de Deus e que não tem nenhum sentido dividir os homens em diversas categorias segundo os tipos de trabalho, considerando umas tarefas mais nobres do que outras. O trabalho, todo o trabalho, é testemunho da dignidade do homem, do seu domínio sobre a criação. É um meio de desenvolvimento da personalidade. É um vínculo de união com os outros seres»

(Cristo que passa, 47 – São Josemaría Escrivá)

Deus não se repete

O Espírito Santo não cessa de nos surpreender ao longo dos séculos enriquecendo e enchendo de cor toda a Igreja. Nos finais do segundo milénio floresceram novas realidades eclesiais. Algumas estão já eclesiasticamente enquadradas; outras, ainda não ou não completamente. Mas, cada uma delas, traz novas luzes e o Corpo místico de Cristo resplandece com a luz destes novos carismas.

Pois bem, o Opus Dei, a Prelatura pessoal do Opus Dei, tem um carisma próprio, um dom singular do Espírito Santo que contribui para o esplendor da Verdade de Cristo e que é, tal como as restantes peças do puzzle, de desenho exclusivo. Deus não se repete.

As pessoas do Opus Dei são, na sua imensa maioria, leigos, homens e mulheres, casados ou solteiros, de todas as profissões e ofícios. São fiéis normais e correntes de qualquer diocese do mundo, chamados a difundir – com unidade de espírito, de formação específica e de governo – uma mensagem universal: o chamamento à santidade e ao apostolado no meio do mundo, o encontro pleno e comprometido com Cristo no trabalho profissional quotidiano e nos deveres da vida familiar e social.

Dentro da Igreja há, em determinados campos de acção, âmbitos de uma luminosidade espectacular: o ensino, por exemplo, ou as obras de caridade com os pobres e os marginalizados. Outras não se vêem, mas ajudam de modo decisivo a sustentar as outras: as religiosas e os religiosos de clausura, com a força da sua oração e sacrifício. Outras, ainda, desenvolvem, especificamente, o seu trabalho, nos círculos periféricos ou mesmo externos à realidade social da Igreja como o ecumenismo ou o diálogo interreligioso. E outras, como o Opus Dei, receberam um carisma específico dirigido a todos os fiéis que, como os primeiros cristãos no seio da sociedade pagã, desejam, por vocação, ser ajudados, mediante uma assistência pastoral peculiar, a viver com plenitude todas as exigências ascéticas e apostólicas dos seus compromissos baptismais, especificamente através e na sua profissão

Ut sit, que seja

A declaração Prelaturae personales, da Congregação para os Bispos, foi publicada na edição de Sábado de 27 de Novembro de L’Osservattore Romano, com a data de Domingo 28. Era acompanhada de amplos comentários do Cardeal Baggio e de Mons. Costalunga.

Meses mais tarde, ao meio-dia de 4 de Março de 1983, entreguei a D. Álvaro del Portillo o elegante pergaminho com a Constituição Apostólica Ut sit , documento de valor jurídico hierarquicamente superior, que formalizava de forma solene, a decisão de o Papa de erigir o Opus Dei em Prelatura pessoal.

Até no título da Constituição apostólica era notória a presença de São Josemaria. A Santa Sé, delicadamente quis começar o documento com uma conhecida jaculatória que o Fundador do Opus Dei repetia incessantemente, implorando a ajuda da graça divina, por intercessão da Virgem Maria, para que se tornasse realidade o que pressentia que o Senhor lhe pedia “Domina ut sit! Domine ut sit”, http://www.pt.josemariaescriva.info/artigo/os-anos-do-seminario ”Domina, ut sit, Domine ut sit – Senhora que seja! Senhor que seja aquilo que Tu queres

HERRANZ, Julián. http://www.pt.josemariaescriva.info/artigo/cardeal-herranz2c-presidente-emerito-do-conselho-pontificio-para-os-textos-legislativos2c-roma2c-italia En las Afueras de Jericó. Recuerdos de los años con san Josemaría y Juan Pablo II, pp. 182-183 y 310-311. Madrid, Rialp, 2007.

O Evangelho do dia 28 de novembro de 2019

«Mas quando virdes que Jerusalém é sitiada por exércitos, então sabei que está próxima a sua desolação. Os que então estiverem na Judeia, fujam para os montes; os que estiverem no meio da cidade, retirem-se; os que estiverem nos campos, não entrem nela; porque estes são dias de vingança, para que se cumpram todas as coisas que estão escritas. Ai das mulheres grávidas, e das que amamentarem naqueles dias!, porque haverá grande angústia sobre a terra e ira contra este povo. Cairão ao fio da espada, serão levados cativos a todas as nações e Jerusalém será calcada pelos gentios, até se completarem os tempos dos gentios. «Haverá sinais no sol, na lua e nas estrelas. Na terra haverá consternação dos povos pela confusão do bramido do mar e das ondas, morrendo os homens de susto, na expectativa do que virá sobre toda a terra, porque as próprias forças celestes serão abaladas. Então verão o Filho do Homem vir sobre uma nuvem com grande poder e majestade.Quando começarem, pois, a suceder estas coisas, erguei-vos e levantai as vossas cabeças, porque está próxima a vossa libertação».

Lc 21, 20-28