terça-feira, 15 de outubro de 2019

Que nunca deixe de praticar a caridade

Não é compatível amar a Deus com perfeição e deixar-se dominar pelo egoísmo – ou pela apatia – na relação com o próximo. (Sulco, 745)

A verdadeira amizade implica também um esforço cordial por compreender as convicções dos nossos amigos, mesmo que não cheguemos a partilhá-las nem a aceitá-las. (Sulco, 746)

Nunca permitas que a erva ruim cresça no caminho da amizade: sê leal. (Sulco, 747)

Um propósito firme na amizade: que no meu pensamento, nas minhas palavras, nas minhas obras para com o próximo – seja ele quem for –, não me comporte como até agora, quer dizer, nunca deixe de praticar a caridade, nunca dê entrada na minha alma à indiferença. (Sulco, 748)

A tua caridade deve ser adequada, ajustada, às necessidades dos outros...; não às tuas. (Sulco, 749)

Filhos de Deus! Uma condição que nos transforma em algo mais transcendente do que em simples pessoas que se suportam mutuamente... Escuta o Senhor: "Vos autem dixi amicos!" – somos seus amigos, que, como Ele, dão gostosamente a vida pelos outros, tanto nas horas heróicas como na convivência corrente. (Sulco, 750)

São Josemaría Escrivá

A escravidão do imediato

«É necessário ajudar os jovens a superarem a escravidão do imediato. Para isso, eles têm de compreender que a liberdade que possuímos não consiste tanto em fazer aquilo que nos apetece, mas sim em fazer o bem porque o queremos de verdade. Ser livre não é a mesma coisa que ser caprichoso. A liberdade não nos foi dada somente para escolher iogurtes num hipermercado».

Que palavras tão sábias! Numa época em que temos tanta sensibilidade para este conceito (liberdade), também temos de tomar cuidado para não ficarmos somente numa visão empobrecida e reduzida do que ela significa.

Na educação dos filhos, é muito conveniente ensinar-lhes a serem ponderados no exercício da sua liberdade. É preciso que aprendam a decidir perguntando-se antes: isto que me apetece é conveniente para mim? É uma necessidade real, ou é um simples capricho? É justo gastar este dinheiro quando tantas pessoas por aí estão a passar dificuldades?

Na tarefa educativa, os pais têm de ajudar os filhos a quererem de verdade aquilo que é o melhor para eles, e a não se deixarem levar pelo que é mais atraente à primeira vista. Isto é o que significa superar a escravidão do imediato.

No entanto, existe uma característica da vida hodierna que não facilita nada essa superação: a falta de ponderação. É com a ponderação que uma pessoa pode suscitar em si mesma essa força de vontade que a faz atrasar uma satisfação imediata, por ter em vista um bem maior pelo qual vale a pena esforçar-se.

Os jovens têm de perceber que a liberdade é uma certa abertura ao infinito. Nós, cristãos, sabemos que ela é um dom gratuito de Deus, que Ele nos deu precisamente para chegarmos até Ele e não nos contentarmos somente com os iogurtes do hipermercado.

A liberdade é uma capacidade radical. A juventude sempre gostou desta palavra porque é radical por definição. Mas se os jovens não entenderem bem esta capacidade, podem acabar por chegar à brilhante conclusão de que ela deve servir para fazer desportos radicais. Desportos que têm imensa “piada” precisamente porque vão unidos à “emoção” de arriscar a própria vida.

A liberdade é uma capacidade radical de sermos protagonistas da nossa própria vida. De sermos os nossos próprios pais. De sermos aquilo que de verdade queremos ser.

Como tantas vezes nos repetiu João Paulo II, a liberdade não é só, nem sobretudo, uma escolha de algo concreto, mas, dentro dessa escolha, uma decisão sobre nós mesmos. A pessoa constrói-se ou destrói-se através dos seus próprios actos. Isso é o que significa ser livre.

Por isso, a escravidão do imediato é um problema de falta de liberdade. Ou talvez seja, antes disso, uma consequência lógica de acharmos que temos essa capacidade só por causa dos iogurtes.

Pe. Rodrigo Lynce de Faria

Santa Teresa de Ávila, um dos vértices da espiritualidade cristã de todos os tempos

Santa Teresa de Jesus, nascida no século XVI, é um dos vértices da espiritualidade cristã de todos os tempos, e deu início, junto com São João da Cruz, à Ordem dos Carmelitas descalços. Apesar de não possuir uma formação académica, sempre soube se alimentar dos ensinamentos de teólogos, literatos e mestres espirituais. Suas principais obras são: «O livro da Vida»; «Caminho da perfeição»; «Castelo Interior» e «O Livro das Fundações». Entre os elementos essenciais da sua espiritualidade, podemos destacar, em primeiro lugar, as virtudes evangélicas, base de toda a vida cristã e humana. Depois, Santa Teresa insiste na importância da oração, entendida como relação de amizade com Aquele que se ama. A centralidade da humanidade de Cristo, outro tema que lhe era muito caro, ensina que a vida cristã é uma relação pessoal com Jesus, a qual culmina na união com Ele pela graça, pelo amor e pela imitação. Por fim, está a perfeição, aspiração e meta de toda vida cristã, realizada pelo acolhimento da Santíssima Trindade, na união com Cristo através do mistério da Sua humanidade.

(Bento XVI - Audiência geral do dia 02.02.2011)

Evangelho do dia 15 de outubro de 2019

Enquanto Jesus falava, um fariseu convidou-O para comer com ele. Tendo entrado, pôs-Se à mesa. Ora o fariseu estranhou que Ele não Se tivesse lavado antes de comer. Mas o Senhor disse-lhe: «Vós os fariseus limpais o que está por fora do copo e do prato; mas o vosso interior está cheio de rapina e de maldade. Néscios, quem fez o que está fora não fez também o que está por dentro? Dai antes o que tendes em esmola, e tudo será puro para vós.

Lc 11, 37-41