terça-feira, 8 de outubro de 2019

Conversei com Ele?

É possível que te assuste esta palavra: meditação. Faz-te lembrar livros de capas negras e velhas, ruído de suspiros ou rezas como cantilenas rotineiras... Mas isso não é meditação. Meditar é contemplar, considerar que Deus é teu Pai, e tu seu filho, necessitado de ajuda; e depois dar-lhe graças pelo que já te concedeu e por tudo o que te há-de dar. (Sulco, 661)

Para o teu exame diário: – Deixei passar alguma hora sem falar com o meu Pai, Deus? – Conversei com Ele com amor de filho? Acredita que és capaz!! (Sulco, 657)

O único meio de conhecer Jesus: privar com Ele! N'Ele encontrarás sempre um Pai, um Amigo, um Conselheiro e um Colaborador para todas as actividades honestas da tua vida quotidiana...

E, com esse convívio, gerar-se-á o Amor. (Sulco, 662)

"Fica connosco, porque anoitece!...". Foi eficaz a oração de Cléofas e do companheiro.

Que pena, se tu e eu não soubéssemos "deter" Jesus que passa! Que dor, se não Lhe pedirmos que fique connosco! (Sulco, 671)

São Josemaría Escrivá

Velocidade da vida actual

Ouvi, recentemente, alguém afirmar o seguinte: “A velocidade da vida actual impede-nos de pensar”.

É assim mesmo! Em certo sentido, sempre o foi.

Também, antigamente, as pessoas se queixavam de que o ritmo de vida não facilitava a ponderação. Isto acontecia sobretudo nas grandes cidades — muito mais pequenas do que as actuais!

No entanto, nas aldeias e no meio dos trabalhos agrícolas, apesar de a vida quotidiana ser menos stressada, isso não significava automaticamente uma facilidade para se ser mais ponderado.

E aqueles que, porventura, não tinham nada para fazer — hoje em dia, continuam a existir pessoas assim — não parece que por esse facto tivessem facilidade para pensar. Muito pelo contrário!

Uma pessoa, sem nada para fazer, corrompe-se como pessoa. Quantas vezes nos damos conta de que a maior pobreza de muitos é a falta de hábitos de trabalho!

Com tudo isto, podemos concluir que a velocidade da vida — antigamente ou nos dias de hoje — não é algo que depende somente, nem sobretudo, das actividades exteriores.

As actividades exteriores têm importância — ninguém põe isso em dúvida — mas o mais influente é o modo como sabemos gerir o nosso mundo interior.

É preciso aprender a acelerar na vida, no trabalho, nas tarefas que dependem de nós. Isto é algo bom e necessário.

Ponderar com calma o que temos de fazer — não é por muito se mexer que uma pessoa trabalha mais nem melhor — e fazer o que nos compete com um certo ritmo, sem confundir a ponderação com a preguiça.

No entanto, também é necessário aprender a desacelerar, recuperar um certo sentido da lentidão, sobretudo no mundo interior.

Um cristão sabe que um modo maravilhoso de desacelerar é rezar bem — ter todos os dias uns momentos a sós com Deus.

Sem ritmo, não trabalhamos. Sem ponderação, não cumprimos o nosso dever. Sem desaceleração, não descansamos.

Pe. Rodrigo Lynce de Faria

"Tweets" da fé

A Fé é a Luz da nossa existência, sem ela a nossa alma viveria numa triste escuridão, seria como se só houvesse noite sem a beleza do dia

A fé não é algo de vago ou fruto de crendice só quem a não tem pode assim pensar, ter fé é uma graça que Deus nos dá para vivermos com Ele

A fé vivida com a humildade do publicano é o caminho certo para estarmos bem com Deus e connosco, não nos enaltecemos pois tudo Lhe pertence

É a fé, estúpidos! Assim respondo àqueles que teorizam sobre Fátima ao serviço de Belzebu em desrespeito pelo povo de Deus. Ave Maria…

Ratzinger escreveu e falou da fé com humildade e caridade, hoje há quem se ponha em bico dos pés divagando e confundindo, que Deus os ajude

A fé e a confiança total em Deus ajudam-nos a encarar situações de saúde complicadas com naturalidade, dando-Lhe a primazia tudo fica fácil

Rezar, ler e meditar são fundamentais para o nosso crescimento na fé e no conhecimento, que o Senhor nos ajude a ser assíduos nas três

Tanta vezes parecemos cegos e não enxergamos o óbvio, só a presença de Deus nos pode evitar cair no fundo poço, a fé humilde nos ajudará

Cristo pede-nos fé, esperança e caridade e só assim O poderemos servir na Sua Igreja e sobretudo na unidade dos católicos. Assim seja

Esconder a nossa fé em Deus, poderá ser sinónimo que afinal ela só existe na nossa cabeça e não na nossa alma e coração, recorramos à oração

Viver a fé e ser Igreja com simplicidade é o caminho a seguir para estar em união com Cristo, muita elaboração gera dúvida e desunião

A inexistência de parâmetros na fé é caminho certo para deixar entrar e agradar ao demónio além de desrespeitar a Palavra do Senhor

Um não crente é como alguém que não estudou e não leu sem fé não consegue contextualizar, discernir e amar o próximo mas apenas a si próprio

A fé é e sempre será um escudo valiosíssimo que nos ajuda a passar pelas agruras da vida na firme esperança de virmos a receber cem por um

@jppreis

WYSIWYG


Surpreendi-me ao ouvir a apologia dos cristãos WYSIWYG, porque até agora WYSIWYG parecia uma coisa menos boa...

Sou fã de um processador de texto criado pela equipa de Donald Knuth em 1978, sobretudo numa variante preparada por Leslie Lamport em 1982 e desenvolvida até à actualidade por uma multidão de entusiastas. Este processador de texto chama-se TeX, uma palavra grega (em minúsculas escreve-se τεχ) que significa simultaneamente arte e tecnologia. Em grego, pronuncia-se «TeK». A variante que eu utilizo chama-se por LaTeX, por referência ao apelido de Lamport.

Na verdade, estes processadores são a combinação de programas informáticos com uma biblioteca de arte. Os algoritmos de composição produzem resultados de uma elegância única e até as letras foram desenhadas expressamente por programas sofisticados. Ainda hoje, a maioria das publicações científicas adopta estes processadores, porque toda a gente reconhece que uma equação escrita em LaTeX é outra coisa!

Os resultados falam por si, mas o grande público nunca quis saber destes processadores, em que o texto permanece ilegível até ser processado. Realmente, o TeX e o LaTeX nasceram no mundo da universidade, para gente que passa a vida a programar e gosta de escrever os seus textos como quem resolve equações. O grande público reconhece a qualidade do produto final, mas queixa-se dos comandos obscuros... Não há volta a dar, cada um fica com o que gosta.

A comunidade do TeX responde às críticas do grande público dizendo que os outros processadores são «WYSIWYG». Não é insulto, é uma brincadeira inocente, com uma leve ironia: esta palavra é formada pelas iniciais de «what you see is what you get» (obtém-se aquilo que se está a ver). Ao escrever um documento em «Word», por exemplo, vê-se no «écran» como vai ficar. O elogio troca-se em crítica velada quando se entende a frase ao contrário: quando se imprime, não fica melhor do que aparecia no «écran».

Os cristãos WYSIWYG são realmente aquilo que dizem. A expressão é de Gustavo Entrala, numa entrevista a Inés San Martín da revista «online» Crux (21 de Setembro). Entrala e Carlos García-Hoz, empresários na área do «marketing» digital, escreveram uma carta a Bento XVI a propor-lhe os seus serviços. Passado meio ano, o Vaticano encomendou-lhes um curso de uma semana sobre como melhorar a comunicação da Igreja. A experiência correu tão bem que os contrataram por mais 5 anos, para lançarem novos canais de comunicação, como a conta de «Twitter» do Papa, a «Pope App» e o serviço news.va.

Os resultados estatísticos ultrapassaram recordes. Por exemplo, a conta de «Twitter» tem dezenas de milhões de seguidores, nas várias línguas do mundo, e mesmo a versão em latim (https://twitter.com/Pontifex_LN) chega praticamente ao milhão de seguidores.

Na entrevista, ao analisar as razões do sucesso da comunicação de Bento XVI e agora de Francisco, Entrala atribui o fenómeno a eles serem «leaders» WYSIWYG:

– Sou um especialista em «marketing» e tecnologia, movimento-me nesses dois mundos. Do ponto de vista da consistência da marca «Papa Francisco», considero que neste momento ele é o «leader» mundial mais autêntico. (...) Numa época em que as instituições sofrem uma tremenda perda de credibilidade, ele encarna o seu projecto. Quando fala de pobreza, manifesta-o de mil maneiras. (...) Penso que o Papa é aquilo que as pessoas vêem. Fala de pobreza porque primeiro foi pobre; fala de sermos misericordiosos porque primeiro foi misericordioso com as pessoas.

– É consistente e honesto: não deixou de falar do aborto, da família, da concepção católica do casamento. Mas põe o acento noutras coisas que fazem mais pessoas sentir-se acolhidas na Igreja. (...) Viajo por todo o mundo e muita gente me diz isto. Uma mulher divorciada, um homem com uma vida complicada, dizem-me «sentia-me excluído, mas este Papa ajuda-me a sentir-me em casa». Não é que alguma vez tivessem sido oficialmente excluídos, mas quando a Igreja falava nem todos se sentiam incluídos.

José Maria C.S. André
08-X-2017
Spe Deus

Cuidado com os imbecis!

Pode um fracassado dar lições de sucesso? Sem a humildade de reconhecer as próprias falhas, não

Há uma quantidade de gente que dedica boa parte das suas vidas ao que julga ser um talento divino, mas que mais não é senão gritar sentenças sobre tudo quanto lhes passa à frente. Ficam para trás. Nada criam mas tudo criticam... são os imbecis.

Esperam para olhar as obras mas avaliam sempre os autores... claro, é muito mais fácil atacar ou elogiar o poeta do que um seu poema... a preguiça e o encanto pela superficialidade são determinantes neste tipo de atitude, pese embora a postura superior e sumptuosa com que aparecem aos olhos do mundo...

Pode um fracassado dar lições de sucesso? Sem a humildade de reconhecer as próprias falhas, não.

Há quem ajude muito. São quem faz das palavras atos de generosidade, instrumentos que visam contribuir para um bem maior... assim se tornam, tantas vezes, cocriadores das obras que admiram ao ponto de as quererem ainda (e sempre) melhores...

Nada escapa a um buraco negro! Trata-se de uma região do espaço que absorve tudo o que existe à sua volta, para o reduzir a nada... de onde nem a luz escapa. A imbecilidade é um problema sério. Um atentado à integridade própria e alheia.

É porque lhe abrimos a porta quando nos elogia que depois mais nos dói quando a maledicência se revela. Os elogios são, tantas vezes, tão injustos e imerecidos como as reprovações que chegam depois.

Será importante que não nos deixemos inebriar pelos louvores, que aprendamos a distanciarmo-nos dos aplausos, para que possamos continuar o nosso trabalho sem estar perto demais dos que têm sempre mais um punhal para nos tentar atingir... dos que escolheram para si não fazer nem deixar fazer.

A realidade é composta por várias camadas, nas superficiais tudo se altera a cada instante, nas mais profundas a evolução é sólida e demorada. Talvez a sabedoria seja a capacidade de tocar a essência apesar dos enganos das aparências.

A presença e o silêncio são sempre formas excelentes de revelarmos de forma autêntica o que somos de mais belo. Assim, quando tivermos que escolher palavras para algo ou alguém que sejam as mais simples... pois que a verdade é simples e não se diz de outra forma.

Mais do que o artista, ficam as suas obras. Todo o homem é mais do que a soma de todas as suas realizações... somos a força e a vontade de ser e de criar o bem. O amor... que formos capazes de protagonizar.

Os egoísmos tendem a excluir tudo quanto não se lhes assemelha. A criação é por si só um ato de bondade e generosidade; um ato de amor... Será justo dizer-se que o que somos vai em tudo quanto produzimos. Mas, qualquer obra não revela apenas o seu autor, realiza-o.

A nossa vida e obras merecem sempre mais a nossa atenção, cuidado e reparo do que a vida e as obras do nosso próximo...

Desperdiça o seu tempo quem se põe a julgar os outros. Qualquer um de nós ganha mais, muito mais, com um gesto de amor do que com qualquer sentença... Que os julgamentos fiquem para quem consegue saber a vida toda, para quem consegue compreender os sentidos de cada gesto, para quem ama ao ponto de tudo perdoar e tem a sabedoria de ajudar a ser mais e melhor... Deus.

Devemos encontrar forma de nos mantermos sempre à distância dos imbecis, mas ainda é mais importante que consigamos estar bem longe da imbecilidade...

Quantas vezes somos nós que caímos na tentação sedutora de avaliar a superfície de tudo e de todos? Quantas vezes nos livramos do mal de criticar o que não queremos sequer conhecer? Afinal... quantas vezes os imbecis somos nós?

José Luís Nunes Martins

Evangelho do dia 8 de outubro de 2019

Indo em viagem, entrou numa aldeia, e uma mulher, chamada Marta, recebeu-O em sua casa. Esta tinha uma irmã, chamada Maria que, sentada aos pés do Senhor, ouvia a Sua palavra. Marta, porém, afadigava-se muito na contínua lida da casa. Aproximando-se, disse: «Senhor, não Te importas que a minha irmã me tenha deixado só com o serviço da casa? Diz-lhe, pois, que me ajude». O Senhor respondeu-lhe: «Marta, Marta, tu afadigas-te e andas inquieta com muitas coisas quando uma só coisa é necessária. Maria escolheu a melhor parte, que não lhe será tirada».

Lc 10, 38-42