segunda-feira, 16 de setembro de 2019

Procurá-lo, encontrá-lo, conhecê-lo, amá-lo

A vida interior robustece-se com a luta nas práticas diárias de piedade, que deves cumprir – mais ainda: que deves viver! – amorosamente, porque o nosso caminho de filhos de Deus é de Amor. (Forja, 83)

Neste esforço por nos identificarmos com Cristo, costumo falar de quatro degraus: procurá-lo, encontrá-lo, conhecê-lo, amá-lo. Talvez pareça que estamos na primeira etapa... Procuremo-lo com fome, procuremo-lo dentro de nós com todas as forças! Se o fizermos com este empenho, atrevo-me a garantir que já O encontrámos e que já começámos a conhecê-lo e a amá-lo e a ter a nossa conversa nos céus.

Procura cingir-te a um plano de vida com constância: alguns minutos de oração mental; a assistência à Santa Missa, diária, se te é possível, e a Comunhão frequente; o recurso regular ao Santo Sacramento do Perdão, ainda que a tua consciência não te acuse de qualquer pecado mortal; a visita a Jesus no Sacrário; a recitação e a contemplação dos mistérios do terço e tantas outras práticas excelentes que conheces ou podes aprender. (...)

Não te esqueças também de que o que é importante não é fazer muitas coisas; limita-te com generosidade àquelas que possas cumprir no dia-a-dia, quer te apeteça quer não. Essas práticas conduzir-te-ão, quase sem reparares, à oração contemplativa. Brotarão da tua alma mais actos de amor, jaculatórias, acções de graças, actos de desagravo, comunhões espirituais. E tudo isto, enquanto te ocupas das tuas obrigações: ao pegar no telefone, ao subir para um meio de transporte, ao fechar ou abrir uma porta, ao passar diante de uma igreja, ao começar um novo trabalho, ao executá-lo e ao concluí-lo. Referirás tudo ao teu Pai Deus.(Amigos de Deus, 300 e 149)

São Josemaría Escrivá

Construir um casamento sólido

«Penso assim desde os meus 14 anos. Já nessa altura, pude observar – na escola em que estudava – onde conduzia a frivolidade sexual de muitas amigas minhas. Mesmo estando em plena adolescência e sentindo dentro de mim uma certa “tendência hormonal” para a rebeldia, sempre pensei que a liberdade sexual que mais desejava era estar um dia felizmente casada e bem casada. Graças a Deus, é o que acontece hoje em dia».

São palavras de uma jovem e brilhante advogada durante um debate televisivo há uns anos atrás. Falava de um modo natural, claro, sem pretensões de impor a ninguém os “seus” valores. Simplesmente respondia – com um estilo um pouco introvertido, talvez devido à delicadeza do tema e à consciência de estar a falar diante das câmaras de televisão – às perguntas que lhe fazia o moderador desse debate.

«Pensava – embora tivesse uma certa vergonha de comunicar a qualquer pessoa esta minha convicção – que devia guardar-me para o matrimónio. Era um pensamento íntimo e livre. Não era nenhum tabu. Nem me sentia “reprimida” por não dar rédea solta às minhas tendências mais instintivas. Entendia – e continuo a pensar assim – que orientar essas tendências para o fim natural que elas possuem (a constituição de uma família) não me tornava uma pessoa anormal. Não me sentia menos mulher do que as outras que actuavam de um modo diferente, muito pelo contrário».

«Exigiu esforço manter-me fiel aos meus princípios? Sim, exigiu. Sobretudo o esforço de nadar contra a corrente. Algumas vezes, até tive a impressão de ser um pouco “exagerada”, fora de moda. Mas, agora, com o passar dos anos, não tenho dúvidas em afirmar que valeu a pena. Tenho a sensação de ter construído – também com a ajuda do meu namorado, que hoje é meu marido – um casamento sólido».

Viver um namoro de um modo genuinamente cristão não é uma questão de segunda categoria. E o problema não se reduz à “gravidez indesejada”. O verdadeiro problema é trivializar ou proteger a capacidade de amar. É verdade que, nos dias de hoje, está ‘na moda’ defender exactamente o contrário, mesmo entre pessoas que se dizem “cristãos coerentes”. No entanto, como a própria História não nos cansa de mostrar, nem sempre aquilo que ‘toda a gente diz ou defende’ corresponde à verdade, à visão “ecológica” do ser humano.

Não é muito difícil verificar que, quando se separa o exercício da sexualidade do matrimónio, perde-se facilmente a noção da diferença entre estar casado e não estar. E o casamento não é uma “simples e hipócrita cerimónia exterior que não acrescenta nada ao nosso amor” – declaração que, recentemente, ouvi a um par de pombinhos.

Casar-se é comprometer-se por amor. É evitar, entre outras coisas, que a entrega da mútua capacidade de amar seja uma aventura provisória, sem compromissos, enquanto se está à espera de que apareça alguém “melhor”. Desejar uma pessoa não é a mesma coisa que amá-la. Por isso, quem ama de verdade uma pessoa deseja casar-se – comprometer-se para sempre – com ela. Penso que não é necessário ser cristão para entender estas afirmações. Elas estão inscritas no coração dos homens e mulheres de boa vontade.

Pe. Rodrigo Lynce de Faria

A Igreja não pergunta: "Estás apaixonado?" mas antes: "Queres?"

P. - Santidade (Bento XVI), somos Fara e Serge, vimos de Madagáscar.

Falando do casamento, Santidade, há uma palavra que nos atrai mais do que nenhuma outra e ao mesmo nos assusta: o "para sempre"

R. - Na Europa, até ao sec. XIX havia um matrimónio dominante: muitas vezes o casamento era no fundo um contrato entre clãs, com que se procurava conservar um clã, abrir o futuro, defender as propriedades, etc. Procurava-se um para o outro em nome do clã, esperando que se adaptassem um ou outro.

Depois, a partir do século XIX, veio a emancipação do indivíduo, a liberdade da pessoa, e o casamento deixou de se basear na vontade dos outros, e passou a assentar na decisão pessoal.

Antes vem o namoro, que depois se converte em noivado, e posteriormente em casamento.

Nessa época todos estávamos convencidos de que este era o único modelo justo e que o amor garantia, por si mesmo, o "sempre", porque o amor é absoluto, quer tudo e, em consequência, também a totalidade do tempo é "para sempre".
Infelizmente, a realidade não é assim: vê-se que apaixonar-se é belo, mas talvez nem sempre seja perpétuo, tal como o sentimento: não permanece para sempre.

É belo este sentimento de amor, mas deve ser purificado, deve avançar por um caminho de discernimento, isto é, nele deve tornar-se presente também a razão e a vontade, devem unir-se razão, sentimento e vontade.

No rito do matrimónio a Igreja não diz: "estás apaixonado?", mas "queres?", "estás decidido?". Isto é, o namoro deve converter-se num amor verdadeiro, envolvendo a vontade e a razão num caminho que é o do compromisso, da purificação, de maior aprofundamento, de tal modo que realmente todo o homem, com todas as suas capacidades, com o discernimento da razão e da força de vontade diz: "Sim, esta é a minha vida".

A entrega no casamento

Casamento e vida familiar dão-nos constantes oportunidades para nos negarmos a nós mesmos pelo bem de outros. Ainda assim, a abnegação não é uma máscara de desprezo por si próprio, mas o meio necessário para alcançar o autodomínio; este torna possível a nossa entrega e realização pessoal. Pecado não é querer demais, mas aceitarmos muito pouco, é ficarmos pelo contentamento com nós próprios em vez de nos sentirmos preenchidos em entrega total.
Scott Hahn em “Swear to God: The Promise and Power of the Sacraments” (pp. 128-129) – 'Sob juramento perante Deus: A Promessa e o Poder dos Sacramentos' (tradução de JPR)

Evangelho do dia 16 de setembro de 2019

Tendo terminado este discurso ao povo, entrou em Cafarnaum. Ora um centurião tinha doente, quase a morrer, um servo que lhe era muito querido. Tendo ouvido falar de Jesus, enviou-Lhe alguns anciãos dos judeus a pedir-Lhe que viesse curar o seu servo. Eles, tendo ido ter com Jesus, pediam-Lhe instantemente, dizendo: «Ele merece que lhe faças esta graça, porque é amigo da nossa nação e até nos edificou a sinagoga». Jesus foi com eles. Quando estava já perto da casa, o centurião mandou uns amigos a dizer-Lhe: «Senhor, não Te incomodes, porque eu não sou digno de que entres debaixo do meu tecto. Por essa razão nem eu me achei digno de ir ter contigo; mas diz uma só palavra, e o meu servo será curado. Porque também eu, simples subalterno, tenho soldados às minhas ordens, e digo a um: Vai! e ele vai; e a outro: Vem! e ele vem; e ao meu servo: Faz isto! e ele faz». Jesus, ao ouvir isto, ficou admirado e, voltando-Se para a multidão que O seguia, disse: «Em verdade vos digo que não encontrei tanta fé em Israel». Voltando para casa os que tinham sido enviados, encontraram o servo curado.

Lc 7, 1-10