quarta-feira, 10 de abril de 2019

«Perdoai-nos as nossas ofensas assim como nós perdoamos a quem nos tem ofendido»

Locutor: Depois de pedir «o pão nosso de cada dia», a oração do Pai-Nosso entra no campo das nossas relações com os outros: «Perdoai-nos as nossas ofensas assim como nós perdoamos a quem nos tem ofendido». Assim como temos necessidade de pão, também precisamos do perdão todos os dias. A posição mais perigosa da vida é a do orgulho: a atitude de quem se coloca diante de Deus, pensando que as suas contas com Ele estão em ordem. Como aquele fariseu da parábola que, no templo, pensava estar a rezar, quando na verdade estava apenas a louvar-se a si mesmo diante de Deus. Pelo contrário, o publicano – um pecador desprezado por todos – não se sente digno sequer de entrar no templo, fica ao fundo e confia-se à misericórdia de Deus. E Jesus comenta: «Este, o publicano, voltou para casa justificado (isto é, perdoado, salvo); e o outro, não». Há pecados que se veem e outros que passam despercebidos aos olhos dos demais e, por vezes, nem nós próprios nos damos conta. O pior destes é a soberba, o orgulho: o pecado que rompe a fraternidade, levando-nos a presumir que somos melhores do que os outros, que nos faz crer iguais a Deus. Mas, diante de Deus, somos todos pecadores; e não faltam motivos para batermos no peito, como aquele publicano no templo. Escreve São João: «se dizemos que não temos pecado, enganamo-nos a nós mesmos e a verdade não está em nós». A verdade é que ninguém ama tanto a Deus como Ele nos amou a nós. Basta fixar Jesus crucificado, para vermos a desproporção: amou-nos primeiro e não deixará jamais de nos amar.


Santo Padre:
Carissimi pellegrini di lingua portoghese, vi saluto cordialmente tutti, augurandovi – in questo tempo di Quaresima – la grazia di far esperienza della grande benedizione che è il Perdono di Dio, il quale ci rende capaci di guardare il mondo con più bontà. Così Dio benedica voi e le vostre famiglie.


Locutor: Queridos peregrinos de língua portuguesa, de coração vos saúdo a todos, desejando-vos – neste tempo de Quaresma – a graça de experimentar a grande bênção que é o Perdão de Deus, o qual nos torna capazes de olhar o mundo com mais bondade. Assim Deus vos abençoe a vós e às vossas famílias.

A proximidade da Semana Santa

À medida que nos aproximamos da Semana Santa procuremos fomentar em nós o desejo de nos prepararmos o melhor possível para esses dias, nos quais recordamos e revivemos os acontecimentos centrais da Redenção. Redobremos o esforço de conversão pessoal, próprio do tempo da Quaresma.

Na sua Mensagem para a Quaresma deste ano, o Santo Padre convida a considerar que quando Jesus desce às águas do Jordão e pede a João Batista para O batizar, não o faz por ter necessidade de penitência, de conversão, mas fá-lo para se colocar no meio do povo necessitado de perdão, no meio de nós, pecadores, e carregar sobre Si o peso dos nossos pecados. Este foi o caminho que Ele escolheu para nos consolar, salvar, libertar da nossa miséria [1].

O Senhor desceu à Terra para curar a nossa indigência, que apresenta formas muito diversas. Além da pobreza material, que afeta tantas pessoas, o Papa sublinha outras formas de miséria mais graves, consequência do afastamento de Deus: a miséria moral e a miséria espiritual. A primeira manifesta-se em que muitos homens e mulheres, sobretudo jovens, sofrem de uma grave dependência – de facto, uma escravidão – do álcool, das drogas, do jogo, da pornografia, originando uma desolada angústia nos próprios interessados e nas suas famílias, que não sabem que fazer para os ajudar. Esta forma de miséria, que é causa também de ruína económica, anda sempre associada à miséria espiritual, que nos atinge quando nos afastamos de Deus e recusamos o Seu amor. Se julgamos não ter necessidade de Deus, que em Cristo nos dá a mão, porque nos consideramos autossuficientes, vamos a caminho da falência. O Único que verdadeiramente salva e liberta é Deus [2].

Não esqueçamos que é necessário, sê-lo-á sempre, também com a nossa luta pessoal, com a nossa vida, mostrar a essas pessoas o caminho para recuperar a alegria e a paz. E o caminho passa por recorrermos ao Sacramento da Penitência. Procuremos melhorar as nossas disposições pessoais ao aproximarmo-nos deste meio de salvação instituído por Jesus Cristo, e comuniquemos a outros a maneira de beneficiarem da misericórdia divina.

Este é o verdadeiro antídoto contra a miséria espiritual: o cristão é chamado a levar a todo o ambiente o anúncio libertador de que existe o perdão do mal cometido, de que Deus é maior que o nosso pecado e nos ama gratuitamente e sempre, e de que estamos feitos para a comunhão e a vida eterna. O Senhor convida-nos a sermos jubilosos anunciadores desta mensagem de misericórdia e de esperança. É bom experimentar a alegria de difundir esta boa nova, de partilhar o tesouro que nos foi confiado para consolar os corações dilacerados e dar esperança a tantos irmãos e irmãs imersos na escuridão. Trata-se de seguir e imitar Jesus, que foi ao encontro dos pobres e dos pecadores como o pastor à procura da ovelha perdida, e fê-lo cheio de amor. Unidos a Ele, podemos corajosamente abrir novas vias de evangelização e de promoção humana [3].

[1]. Papa Francisco, Mensagem para a Quaresma, 26-XII-2013.
[2]. Papa Francisco, Mensagem para a Quaresma, 26-XII-2013.
[3]. Papa Francisco, Mensagem para a Quaresma, 26-XII-2013

(D. Javier Echevarría na carta do mês de abril de 2014)
© Prælatura Sanctæ Crucis et Operis Dei

Evangelho do dia 10 de abril de 2019

Jesus disse então aos judeus que creram n'Ele: «Se vós permanecerdes na Minha palavra sereis verdadeiramente Meus discípulos,  conhecereis a verdade e a verdade vos fará livres». Eles responderam-Lhe: «Nós somos descendentes de Abraão e nunca fomos escravos de ninguém; como dizes Tu: Sereis livres?». Jesus respondeu-lhes: «Em verdade, em verdade vos digo que todo aquele que comete pecado é escravo do pecado. Ora o escravo não fica para sempre na casa, mas o filho é que fica nela para sempre. Por isso, se o Filho vos livrar, sereis verdadeiramente livres. Bem sei que sois descendentes de Abraão, mas procurais matar-Me porque a Minha palavra não penetra em vós. Eu digo o que vi em Meu Pai; e vós fazeis o que ouvistes do vosso pai». Eles replicaram: «O nosso pai é Abraão». Jesus disse-lhes: «Se sois filhos de Abraão, fazei as obras de Abraão. Mas agora procurais matar-Me, a Mim, que vos disse a verdade que ouvi de Deus. Abraão nunca fez isto. Vós fazeis as obras do vosso pai». Eles disseram-Lhe: «Nós não somos filhos da prostituição, temos um pai que é Deus». Jesus disse-lhes: «Se Deus fosse vosso pai, certamente Me amaríeis porque Eu saí e vim de Deus. Não vim de Mim mesmo, mas foi Ele que Me enviou. 

Jo 8, 31-42