Nossa Senhora dos não nascidos (Memorial às crianças não nascidas Eslováquia) |
Um grupo de pessoas compreendeu
a extrema gravidade da liberalização do aborto em Portugal. Uma das respostas
foi «Mãos Erguidas», outra foram os «40 dias pela vida».
Não vale a pena estabelecer
hierarquias de horror e comparar a lei do aborto com outros momentos da
história nacional ou da história do mundo, basta dizer que, em vez de proteger
a vida humana, o país aceitou uma forma de assassinato. Começou-se com o
pretexto de fechar os olhos a dramas particulares mas rapidamente se resvalou
para a crueldade mais fria. O fanatismo dos que promoveram esta legislação foi
ao ponto de recompensarem com subsídios quem aborte, incluindo o direito a férias
ditas «de maternidade»; em contrapartida, até se esgotar o prazo legal para
abortar, negam qualquer apoio do Estado às mães que não abortarem.
Antes fosse uma velha lei
esquecida, herdada de tempos bárbaros que ainda não tinham ouvido falar da
dignidade da pessoa humana. Antes fosse.
Perante uma desgraça tão
grande, cuja solução ultrapassa a capacidade humana, o grupo «Mãos Erguidas» colocou
o assunto nas mãos de Deus. O nome que escolheu corresponde ao propósito de
vencer com oração a resistência dos corações empedernidos da sociedade em que
vivemos. Compraram uma pequena casa em frente da clínica de abortos de Lisboa e
ali se revezam a rezar, a rezar, a rezar. Estando tão próximos daquele local
terrível, em que se despedaçam vidas, oferecem ajuda a quem queira escapar
desse caminho. Fazem-no de uma forma enternecedora, sumamente respeitosa para
com aquelas pessoas, que chegam muitas vezes angustiadas, abandonadas e sem
forças para tomarem decisões justas.
Filho que perdoa e consola a mãe, escultura do
eslovaco Martin Hudacek no Memorial às crianças
não nascidas a pedido de mães que abortaram, para
as ajudar a compreender que Deus as ama e perdoa
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Os «40 dias pela vida» (de 1 de
Março a 9 de Abril de 2017, www.40diaspelavida.org; ou telefone 93 404 04 09) são o
convite a juntarmo-nos à oração habitual.
Os exércitos demoníacos do
egoísmo, da ganância e do medo batalham contra Deus naquele terreiro. E Deus
vai à luta com um exército de mão erguidas, sem armas, mas com um coração
disposto a entregar a própria vida até ao fim. As entradas do diário dos «40
dias pela vida» parecem telegramas da linha da frente, onde se luta entre a
morte e a vida.
«Hoje uma mãe grávida do quinto
filho ficou de pensar, e com vontade de ter o bebé. Tem medo da reacção das
assistentes sociais... Uma grávida de 7 semanas saiu de fazer a ecografia; o namorado
não quer que ela aborte; ela ficou a pensar e diz que talvez tenha o bebé... Uma
grávida de 18 anos ia sozinha e emocionou-se quando foi abordada. Tem emprego e
o namorado quer apoiá-la. Acha-se muito nova; prometeu pensar e foi embora de
lágrimas nos olhos. Outro casal, ela de 19 anos e ele de 25... Outro casal
jovem, já com um filho de 6 meses... Enfim,
muitos motivos para rezar».
«Ontem de manhã, além dos habituais,
estiveram 20 jovens a rezar e – à hora a que se tinham comprometido – foram aparecendo
famílias, ontem e hoje, para rezarem o terço».
«Acabei de saber que hoje,
graças a Deus, se salvaram 3 bebés!!! Ainda não sei pormenores, amanhã conto».
Outras vezes, lê-se um
desabafo: «Tenho de partilhar um pouco de desânimo, desculpem. Não sei o que se
passou, vieram poucos, além das pessoas habituais... e, no entanto, todas as
semanas são mortos cerca de uma centena de bebés. Haverá mais sítios em Lisboa
onde haja oportunidade de tentar salvar tantas vidas inocentes? Prometo contar
histórias amanhã, e com a oração de todos, espero que sejam bonitas:-) ».
José Maria C.S. André
12-II-2017
Spe Deus