quarta-feira, 5 de dezembro de 2018

Ensina-nos a rezar

LocutorHoje começamos um ciclo de catequeses dedicadas à oração do «Pai Nosso», saída dos lábios de Jesus depois que os seus discípulos Lhe pediram: «Senhor, ensina-nos a orar». Embora talvez já o façamos há muitos anos, precisamos sempre de aprender a rezar. O desejo de falar a Deus brota-nos espontaneamente da alma, mas não sabemos se as orações, que Lhe dirigimos, são realmente as que Ele espera ouvir dos nossos lábios. Na Bíblia, encontramos casos de orações inconvenientes, que Deus rejeita: basta recordar a parábola do fariseu e do publicano em oração no templo. Só o publicano voltou para casa justificado, porque «todo aquele que se exalta será humilhado e quem se humilha será exaltado». Por isso, o melhor que podemos e devemos fazer é repetir a súplica dos discípulos: «Senhor, ensina-nos a orar». Porque é que tomamos Jesus para mestre de oração? Porque os Evangelhos no-Lo mostram como homem de oração. Ele rezava como reza todo o homem e mulher; mas, no seu modo de rezar, escondia-se um mistério, havia algo de especial que não passou despercebido aos olhos dos discípulos, levando-os a fazer aquela súplica tão simples e direta: «Senhor, ensina-nos a orar». O divino Mestre não Se recusou e ensina-lhes a oração do Pai Nosso. Jesus não é ciumento da sua intimidade com o Pai; pelo contrário, veio ao mundo precisamente para nos introduzir naquela sua relação filial. E assim Se tornou mestre de oração para os seus discípulos, como, de certeza, o quer ser hoje para todos nós.
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Santo Padre:
Cari pellegrini provenienti dal Brasile, dal Portogallo e da altri Paesi di lingua portoghese, benvenuti! Dalle tante cose – così spesso difficili – della vita, imparate ad elevare il cuore fino al Padre del Cielo, riposando in seno alla sua infinita bontà, e vedrete che i dolori e le afflizioni della vita vi faranno meno male. Nulla possa impedirvi di vivere in quest’amicizia con Dio e di testimoniare a tutti la sua misericordia! Su voi e sulla vostra famiglia scenda, generosa, la sua Benedizione.
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LocutorAmados peregrinos vindos do Brasil, de Portugal e doutros países de língua portuguesa, sede bem-vindos! Das inúmeras coisas – tantas vezes duras – da vida, aprendei a elevar o coração até ao Pai do Céu, repousando no seio da sua infinita bondade, e vereis que as dores e aflições da vida vos farão menos mal. Que nada vos impeça de viver nesta amizade com Deus e testemunhar a todos a sua misericórdia! Sobre vós e vossa família desça, generosa, a sua Bênção.

Amamo-Lo e no entanto, receamos a Sua vinda

Nas primeiras semanas do Advento, a liturgia convida-nos a considerar a vinda de Cristo no fim dos tempos. S. Paulo, em breve resumo, enumera as últimas realidades que acontecerão na vinda gloriosa de Nosso Senhor. Porque, como em Adão todos morrem, assim em Cristo todos recebem a vida. Mas cada um na sua própria ordem: Cristo como primeiro fruto, depois, com a Sua vinda, aqueles que são de Cristo. A seguir, chegará o fim, quando Cristo entregar o Reino a Deus Pai, depois de ter destruído todo o principado, toda a autoridade, todo o poder (...). E quando todas as coisas Lhe tiverem sido submetidas, então o próprio Filho se submeterá Àquele que tudo lhe submeteu, para que Deus seja tudo em todos [1].

A meditação desta verdade da nossa fé há de encher-nos de esperança, de fortaleza e de consolo, precisamente quando experimentamos os limites da nossa atual condição, desde a doença ou a própria morte, às contrariedades deste peregrinar terreno ou as nossas misérias pessoais e as de todos os homens e mulheres. Não faltarão as aparentes vitórias do mal nesta Terra – só aparentes! –, que não nos podem desanimar se nos ancoramos firmemente na esperança teologal. Deus, que é justo e misericordioso, não se esquece dos Seus filhos, mesmo que dilate os prémios e os castigos.

Há poucas semanas, nós, os sacerdotes, líamos no Oficio Divino umas palavras de S. Agostinho. Escreve ele, comentando esta verdade da nossa fé: «porventura não há de o Senhor vir mais tarde, quando todos os povos da Terra romperem em pranto? Primeiro veio na pessoa dos Seus pregadores, e encheu toda a Terra. Não ponhamos resistência à Sua primeira vinda, e não temeremos a segunda» [2]. O conselho do santo bispo de Hipona mantém-se sempre atual. E continua: os cristãos hão de «servir-se deste mundo, não servir o mundo. Que significa isto? Que os que possuem hão de viver como se não possuís¬sem, nas palavras do Apóstolo (…). Quem se vê livre de preocupações espera em segurança a vinda do seu Senhor. De facto, que espécie de amor a Cristo é o daquele que teme a Sua vinda? Não temos vergonha, irmãos? Amamo-Lo e no entanto, receamos a Sua vinda.

[1]. 1 Cor 15, 22-28.
[2]. S. Agostinho, Narrações sobre os Salmos, 95, 14-15 (CCL 39, 1351-1353).

D. Javier Echevarría na carta do mês de dezembro de 2014
© Prælatura Sanctæ Crucis et Operis Dei

Evangelho do dia 5 de dezembro de 2018

Tendo Jesus saído dali, dirigiu-Se para o mar da Galileia; e, subindo a um monte, sentou-Se ali. E veio até Ele uma grande multidão de povo, que trazia consigo coxos, cegos, mudos, estropiados e muitos outros. Lançaram-se a Seus pés, e Ele os curou; de modo que as multidões se admiravam, vendo falar os mudos, andar os coxos, ver os cegos; e davam glória ao Deus de Israel. Jesus, chamando os Seus discípulos, disse: «Tenho compaixão deste povo, porque há já três dias que não se afastam de Mim, e não têm que comer. Não quero despedi-los em jejum, para que não desfaleçam no caminho». Os discípulos disseram-Lhe: «Onde poderemos encontrar neste deserto pães bastantes para matar a fome a tão grande multidão?». Jesus disse-lhes: «Quantos pães tendes?». Eles responderam: «Sete, e uns poucos peixinhos». Ordenou então ao povo que se sentasse sobre a terra. E, tomando os sete pães e os peixes, deu graças, partiu-os, deu-os aos Seus discípulos, e os discípulos os deram ao povo. Comeram todos, e saciaram-se. E dos bocados que sobejaram levantaram sete cestos cheios.

Mt 15, 29-37