sábado, 25 de novembro de 2017

O Evangelho de Domingo dia 26 de novembro de 2017

«Quando, pois, vier o Filho do Homem na Sua majestade, e todos os anjos com Ele, então Se sentará sobre o trono de Sua majestade. Todas as nações serão congregadas diante d'Ele, e separará uns dos outros, como o pastor separa as ovelhas dos cabritos, e porá as ovelhas à sua direita, e os cabritos à esquerda. «Dirá então o Rei aos que estiverem à Sua direita: “Vinde, benditos de Meu Pai, possuí o reino que vos está preparado desde a criação do mundo, porque tive fome, e Me destes de comer; tive sede, e Me destes de beber; era peregrino, e Me recolhestes; nu, e Me vestistes; enfermo, e Me visitastes; estava na prisão, e fostes ver-Me”. Então, os justos Lhe responderão: “Senhor, quando é que nós Te vimos faminto, e Te demos de comer; com sede, e Te demos de beber? Quando Te vimos peregrino, e Te recolhemos; nu, e Te vestimos? Ou quando Te vimos enfermo, ou na prisão, e fomos visitar-Te?”. O Rei, respondendo, lhes dirá: “Em verdade vos digo que todas as vezes que vós fizestes isto a um destes Meus irmãos mais pequenos, a Mim o fizestes”. Em seguida, dirá aos que estiverem à esquerda: “Apartai-vos de Mim, malditos, para o fogo eterno, que foi preparado para o demónio e para os seus anjos; porque tive fome, e não Me destes de comer; tive sede, e não Me destes de beber; era peregrino, e não Me recolhestes; estava nu, e não Me vestistes; enfermo e na prisão, e não Me visitastes”. Então, eles também responderão: “Senhor, quando é que nós Te vimos faminto ou com sede, ou peregrino, ou nu, ou enfermo, ou na prisão, e não Te assistimos?”. E lhes responderá: “Em verdade vos digo: Todas as vezes que o não fizestes a um destes mais pequenos, foi a Mim que não o fizestes”. E esses irão para o suplício eterno; e os justos para a vida eterna».

Mt 25, 31-46

O dia mundial dos pobres, uma hipocrisia?!

Com o valor, certamente astronómico, da hipotética venda da Pietà, milhões de pobres, que vivem agora na miséria, poderiam ser significativamente ajudados.

Não é preciso ser muito perspicaz para adivinhar o comentário que, certamente, muitos não católicos terão feito a propósito da instituição, pelo Papa Francisco, do Dia Mundial dos Pobres: mais do que criar uma efeméride deste género, que pouco ou nada vai beneficiar os mais indigentes, melhor seria que o Vaticano abrisse mão dos seus fabulosos tesouros e, com o valor da venda desses bens, ajudasse efectivamente os pobres. Caso contrário, o Dia Mundial dos Pobres, que teve a sua primeira edição no passado 19 de Novembro, arrisca-se a ser uma rematada hipocrisia.

A alegada duplicidade da Igreja em relação à questão social, recorda a falsa lenda da cínica dama que, ricamente vestida e ostentando luxuosas jóias, assim teria respondido a um mendigo, à saída de um baile de caridade: – Como é que o senhor se atreve a pedir-me esmola, quando estive a noite toda a dançar por sua causa?!

A imensa riqueza da Igreja católica, nomeadamente a do Vaticano, é um tópico recorrentemente referido pelos anticlericais. Em abono da verdade, não se pode deixar de reconhecer que a Basílica de São Pedro, o palácio apostólico, a Capela Sixtina, a biblioteca e os Museus Vaticanos encerram obras de arte de incalculável valor. É certo que esses tesouros não são directamente rentáveis – é provável que as receitas decorrentes da sua exposição ao público não sirvam sequer para cobrir os gastos inerentes à sua conservação – mas não se pode negar que, a venda de algumas dessas obras de arte, seria suficiente para matar a fome a muita gente.

Pense-se, por exemplo, na ‘Pietà’ de Miguel ngelo: não sendo essa famosa imagem de Nossa Senhora da Piedade essencial à missão da Igreja, porque não se promove a sua venda, em leilão mundial? Os 450 milhões de dólares por que foi recentemente arrematado o quadro ‘Salvator Mundi’, de Leonardo da Vinci, poderiam ser facilmente ultrapassados pela ‘Pietà’. Com o valor certamente astronómico dessa extraordinária receita, milhões de pobres, que vivem agora na maior miséria, poderiam ver significativamente melhorada a sua vida.

É verdade. Como verdade é também que esta mesma crítica se poderia fazer a outras entidades, a começar pelo Estado português. É significativo que, mesmo nos tempos da mais severa austeridade nacional, ninguém tenha sugerido que o Museu Nacional de Arte Antiga vendesse algumas das suas obras mais valiosas – como, por exemplo, o tríptico de Nuno Gonçalves – mesmo sabendo que uma tal alienação iria permitir ao Estado auferir uma receita não despicienda. Mais ainda, foi precisamente em 2015 e 2016 que, paradoxalmente, se lançou uma campanha nacional para a adquisição, por 750 mil euros, de ‘A adoração dos Magos’, de Domingos António Sequeira. Felizmente conseguiu-se, por subscrição pública, resgatar essa obra e devolvê-la ao património nacional. Curiosamente, não consta que alguém tenha considerado hipócrita aquela campanha…

Também até agora não se ouviu, que se saiba, nenhuma voz reclamando a venda desse quadro, ou de outro qualquer tesouro nacional, em proveito das vítimas dos incêndios. Ninguém considerou hipócritas a presidência da república, o parlamento ou o governo, pelo facto de não terem disponibilizado os bens dos museus nacionais para esse efeito. Os partidos políticos e as centrais sindicais, sempre tão preocupados com os pobres, também não avançaram com nenhuma proposta nesse sentido, sem que ninguém os tivesse acusado de farisaísmo. Pelos vistos, a hipocrisia é uma virtude exclusiva dos católicos e da respectiva Igreja…

Por incrível que pareça, o que muitos queriam que a Igreja fizesse com os seus bens, já aconteceu no nosso país. Com efeito, com o liberalismo, todos os conventos masculinos foram extintos, bem como os femininos, embora estes só depois da morte da última religiosa. Alguns dos conventos expropriados e os seus recheios foram integrados no património nacional, mas a maior parte desses bens imóveis e móveis foram vendidos em hasta pública e depois vorazmente delapidados. Edifícios, imagens de arte sacra e bibliotecas de enorme valor artístico e cultural, que as ordens religiosas tinham, durante séculos, criado e conservado, a bem da nação, perderam-se para sempre. Henrique Leitão e Luana Giurgevich publicaram, recentemente, numa obra de referência (‘Clavis bibliothecarum’, 2016), os catálogos e inventários das instituições religiosas em Portugal, até 1834. Mais de quatrocentas bibliotecas desapareceram com essa catástrofe cultural, só comparável ao terramoto de 1755 e à tragédia que foi, para o ensino nacional e a cultura científica portuguesa, a expulsão dos jesuítas, em 1759.

Que aconteceu ao quadro ‘Salvator Mundi’, recentemente comprado em leilão, por um desconhecido multimilionário? Pura e simplesmente desapareceu, para o público em geral, que já o não pode contemplar: infelizmente, pôde mais o poder económico de um só do que o legítimo interesse cultural de todos. O mesmo aconteceria à ‘Pietà’, ou aos outros tesouros artísticos do Vaticano, se tivessem o mesmo destino. Esses bens são, de facto, da humanidade; a Igreja católica apenas os conserva e garante que estejam à disposição de todos, sobretudo dos mais pobres. Qualquer sem-abrigo pode agora entrar na Basílica de São Pedro e contemplar, gratuitamente e durante o tempo que quiser, esta magnífica escultura de Miguel Ângelo, que lhe estaria interdita se fosse propriedade privada, como é agora o ‘Salvator Mundi’. Se essa imagem mariana fosse também eventualmente leiloada, seriam todos os pobres os principais prejudicados, mesmo que o dinheiro da sua venda revertesse a favor de alguns deles. É porque a ‘Pietà’ é da Igreja que é de todos nós, também dos não-crentes e, sobretudo, dos pobres.

Jesus Cristo, sendo rico, fez-se pobre, para que todos fossemos ricos na sua pobreza (cf. 2Cor 8, 9). A sua Igreja, sendo pobre e para os pobres, como recordou o Papa Francisco, fez-se rica, para que todos os pobres possam ser ricos com a sua riqueza.

Pe. Gonçalo Portocarrero de Almada in Observador

(seleção de imagem 'Spe Deus')

São Josemaría Escrivá nesta data em 1932

Escreve: “Não te perturbes se, ao considerar as maravilhas do mundo sobrenatural, sentes a outra voz – íntima, insinuante – do “homem velho”. É “o corpo de morte” a clamar pelos seus foros perdidos... Basta-te a graça: sê fiel e vencerás”

Hino de louvor a Jesus Cristo

Ó glória eterna do Céu,
Esperança dos mortais,
Filho único de Deus
E da Virgem sem pecado:

Estendei a vossa mão
Aos que anseiam por erguer-se.
Toda a alma se levante
E dê graças ao Senhor.

Resplandeça a madrugada,
Livre do poder das trevas,
E o fulgor da santidade
Ilumine a nossa vida;

E liberte os corações
Da escuridão do mundo;
E conserve o nosso peito
Em pureza permanente.

Vivamos para o Senhor,
Caminhando à luz da fé,
Animados na esperança,
Unidos na caridade.

Dêmos glória a Deus Eterno
E a seu Filho, em união
Com o Espírito Paráclito
Pelos séculos dos séculos.

A unidade dos Doze, unidade da Igreja

Hoje tomamos em consideração dois dos doze Apóstolos: Simão o Cananeu e Judas Tadeu (que não se deve confundir com Judas Iscariotes). Consideramo-los juntos, não só porque nas listas dos Doze são sempre mencionados um ao lado do outro (cf. Mt 10, 4;Mc 3, 18; Lc 6, 15; Act 1, 13), mas também porque as notícias que a eles se referem não são muitas, excepto o facto de o cânone neo-testamentário conservar uma carta atribuída a Judas Tadeu.

Simão recebe um epíteto que varia nas quatro listas: Mateus qualifica-o como «cananeu», Lucas define-o como «zelote». Na realidade, as duas qualificações equivalem-se, porque significam a mesma coisa; de facto, na língua hebraica, o verbo qanà' significa «ser zeloso», «ser dedicado» [...]. Portanto, é possível que este Simão, se não pertencia exactamente ao movimento nacionalista dos Zelotes, tivesse pelo menos como característica um fervoroso zelo pela identidade judaica, por conseguinte, por Deus, pelo seu povo e pela Lei divina. Sendo assim, Simão coloca-se nos antípodas de Mateus que, ao contrário, sendo publicano, provinha de uma actividade considerada totalmente impura.

Sinal evidente de que Jesus chama os Seus discípulos e colaboradores das camadas sociais e religiosas mais diversas, sem exclusão alguma. Ele interessa-Se pelas pessoas, não pelas categorias ou pelas actividades sociais! E o mais belo é que no grupo dos Seus seguidores, todos, mesmo que diversos, coexistiam, superando as imagináveis dificuldades; de facto, o motivo de coesão era o próprio Jesus, no qual todos se reencontravam unidos. Isto constitui claramente uma lição para nós, com frequência propensos a realçar as diferenças e talvez as contraposições, esquecendo que em Jesus Cristo nos é dada a força para superarmos os nossos conflitos. Tenhamos também presente que o grupo dos Doze é a prefiguração da Igreja, na qual devem ter espaço todos os carismas, povos e raças, todas as qualidades humanas, que encontram a sua composição e a sua unidade na comunhão com Jesus.

Bento XVI Audiência geral de 11/10/2006

O Evangelho do dia 25 de novembro de 2017

Aproximaram-se depois alguns saduceus, que negam a ressurreição, e fizeram-Lhe a seguinte pergunta: «Mestre, Moisés deixou-nos escrito: “Se morrer o irmão de algum homem, tendo mulher, e não deixar filhos, case-se com ela o seu irmão, para dar descendência ao irmão”. Ora, havia sete irmãos. O primeiro casou, e morreu sem filhos. Casou também o segundo com a viúva, e morreu sem filhos. Casou depois com ela o terceiro. E assim sucessivamente todos os sete; e morreram sem deixar filhos. Morreu enfim também a mulher. Na ressurreição, de qual deles será ela mulher, pois que o foi de todos os sete?». Jesus disse-lhes: «Os filhos deste mundo casam e são dados em casamento, mas os que forem julgados dignos do mundo futuro e da ressurreição dos mortos, não desposarão mulheres, nem as mulheres homens, porque não poderão jamais morrer; porquanto são semelhantes aos anjos e são filhos de Deus, visto serem filhos da ressurreição. Que os mortos hajam de ressuscitar, o mostrou também Moisés no episódio da sarça, quando chamou ao Senhor o Deus de Abraão, o Deus de Isaac, e o Deus de Jacob. Ora Deus não é Deus de mortos, mas de vivos, porque para Ele todos são vivos». Alguns dos escribas disseram-Lhe: «Mestre, falaste bem». Dali em diante, não se atreveram mais a interrogá-l'O.

Lc 20, 27-40