quarta-feira, 30 de agosto de 2017

A memória da vocação reaviva a esperança (audiência)

LocutorAo longo do Evangelho, Jesus aparece com um “incendiário” de corações. Daquele seu primeiro encontro com Ele, João e André conservaram gravada na memória a própria hora: «Eram as quatro da tarde». Recordarão para sempre aquele dia da sua vocação, que iluminou e orientou a sua juventude. Como se descobre a vocação? Pode-se descobrir de muitos modos, mas esta página evangélica diz-nos que o primeiro indicador é a alegria do encontro com Jesus. Todas as vocações – ao Matrimónio, à Vida Consagrada, ao Sacerdócio – começam com um encontro com Jesus, que nos dá uma alegria e uma esperança nova e nos leva, mesmo através de provas e dificuldades, a um encontro sempre mais íntimo e à plenitude da alegria. O Senhor não quer atrás d’Ele homens e mulheres contrariados e tristonhos. Tornamo-nos arautos de Jesus, não afinando e brandindo as armas da retórica, mas conservando nos olhos o brilho da verdadeira felicidade. Por isso, o cristão – à semelhança da Virgem Maria – preserva a chama do seu enamoramento. É verdade que há provas na vida, mas o cristão conhece a estrada que conduz àquele fogo sagrado que o incendiou, ao princípio, duma vez para sempre. Não demos ouvidos a quem faz questão de apagar, logo ao nascer, o entusiasmo, dizendo que nenhum empreendimento vale o sacrifício de toda uma vida. Pelo contrário, bem atentos à realidade, cultivemos sãs utopias: Deus quer que sejamos capazes de sonhar como Ele e com Ele. Sonhar um mundo diferente. E, se o sonho se apagar, volta a sonhá-lo de novo readquirindo esperança na memória das origens.
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Santo Padre:
Cari pellegrini di lingua portoghese, benvenuti! Nel salutarvi tutti, specialmente i membri dell’Associazione Chapecoense di Calcio e gli alluni sia del Collegio di San Paolo che del Collegio Pio Brasiliano in Roma, vi auguro di accrescere la sapienza che viene da Dio affinché, resi esperti delle cose di Dio, possiate comunicare agli altri la sua dolcezza e il suo amore. Scenda su di voi e sulle vostre famiglie l’abbondanza delle sue benedizioni.
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LocutorQueridos peregrinos de língua portuguesa, sede bem-vindos! A todos vos saúdo, especialmente aos membros da Associação Chapecoense de Futebol e aos alunos tanto do Colégio de São Paulo como do Colégio Pio Brasileiro de Roma, desejando-vos de prosperar na sabedoria que vem de Deus, a fim de que, tornados peritos das coisas de Deus, possais comunicar aos outros a sua doçura e o seu amor. Desça, sobre vós e vossas famílias, a abundância das suas bênçãos.

São Josemaría Escrivá nesta data em 1934

Celebra a Santa Missa no Santuário do Cerro de los Ángeles em Madrid. Na acção de graças, depois da Missa, recorre de modo particular à Santíssima Virgem. Nesse mesmo dia, anota: “Contigo, Jesus, apesar das minhas misérias, havemos de conseguir”.

‘O Evangelho nos tempos do Facebook’ por Cristian Martini Grimaldi

Facebook, a rede social mais popular do mundo, está equipada com vários instrumentos para a manutenção e o enriquecimento de um status amigável recíproco, como se sabe. Porém, geralmente não nos perguntamos porque as dinâmicas de relacionamento se baseiam exclusivamente em feedbacks positivos (polegares levantados, partilhas) e, ao contrário, não prevêem opções de desaprovação instantânea (N. Spe Deus: entretanto foram criadas opções que correspondem a sentimentos que vão da aprovação à ira, mas que em nada altera o sentido deste artigo). Será possível que os criadores da network se tenham deixado inspirar pelo mais tradicional, mas na realidade atualíssimo, princípio que consiste em "nunca faças aos outros aquilo que não gostarias que te fizessem a ti"?

É possível que as nossas "amizades" sejam consideradas tão frágeis a ponto de sucumbir perante a mera interceptação de um feedback negativo? Porque, por exemplo, recebemos a "notificação" somente quando alguém recebe a nossa ou de outro alguém, mas não quando uma amizade é inesperadamente interrompida?

O sistema concebido desta forma tem realmente as suas boas razões para existir. Razões que se inspiram no consentimento mútuo, a fim de incutir optimismo no uso do instrumento e, por conseguinte, de exercer uma influência cada vez maior e mais positiva sobre todos nós; em síntese, para aumentar o próprio poder económico. Com efeito, o que aconteceria à rede social se de repente todos os participantes começassem a ser notificados publicamente sobre a perda de amigos? Perda, obviamente, decretada de forma unilateral. Com efeito, para estabelecer amizade é necessário ser em dois, para se deixar, ao contrário, a vontade do indivíduo é suficiente. É provável, considerado o uso compulsivo desta plataforma, pois de outro modo surgiria uma confusão colectiva, alimentada por invejas recíprocas, conflitos insolúveis, pequenas rivalidades ocultadas prontas a explodir com uma série de vinganças em cadeia: reacções de ódio manifesto, pedidos de esclarecimento recíproco da parte de amigos em comum, desforras de inimizade em relação a quem subtraiu a amizade ao amigo em comum, e assim por diante.

Felizmente trata-se de violências simbólicas, todavia com consequências reais possivelmente evidentes a curto prazo, considerando que todos, mais cedo ou mais tarde, nos destacamos do virtual e nos encontramos no real. Mas talvez, num incontrolável turbilhão vicioso de desprezos recíprocos - sintetizados por minúsculos (mas potencialmente deveras essenciais) thumbs down (sinal de desaprovação) - se poderia até chegar a abandonar em massa os próprios altares virtuais. Não como forma de protesta em relação às opções de desafeição recíproca acima só imaginadas mas, talvez, precisamente por causa da insustentabilidade psicológica do meio de comunicação.

De facto, ele tornar-se-ia realmente o lugar onde desafogar colectivamente os rancores e ressentimentos que todas as amizades, mesmo se a longo prazo, e talvez com mais razão se a longo prazo, inevitavelmente acarretam.

Resumindo, os programadores do Facebook - um sistema que interconecta centenas de milhões de pessoas no mundo inteiro - bem instruídos pelos administradores e pensadores que criaram e "educaram" este sistema, consideraram oportuno inspirar o coração da sua máquina "amistosa" na mais antiga receita para uma economia sadia: efundir quanto mais possível o optimismo.

Será uma casualidade, mas tudo isto corresponde também ao mais antigo princípio de amor ao próximo que a humanidade conheceu. "O que quiserdes que vos façam os homens, fazei-o também vós a eles, porque isto é a Lei e os Profetas" disse Jesus no sermão da montanha (Mt 7, 12). E quem está por detrás do Facebook, para tornar ainda mais eficaz o ensinamento evangélico, pensou bem em não nos fornecer nem sequer instrumentos para se deixar tentar. Quer dizer: longa amizade a todos!

CRISTIAN MARTINI GRIMALDI

(© L'Osservatore Romano - 21 de Janeiro de 2012)

O Evangelho do dia 30 de agosto de 2017

«Ai de vós, escribas e fariseus hipócritas, que sois semelhantes aos sepulcros branqueados, que por fora parecem formosos, mas por dentro estão cheios de ossos de mortos e de toda a espécie de podridão! Assim também vós por fora pareceis justos aos homens, mas por dentro estais cheios de hipocrisia e iniquidade. «Ai de vós, escribas e fariseus hipócritas, que edificais os sepulcros dos profetas e adornais os túmulos dos justos, e dizeis: “Se nós tivéssemos vivido nos dias de nossos pais, não teríamos sido seus cúmplices no derramamento do sangue dos profetas!”. Assim dais testemunho contra vós mesmos de que sois filhos daqueles que mataram os profetas, e acabais de encher a medida de vossos pais.

Mt 23, 27-32