sábado, 8 de abril de 2017

Reflexões Quaresmais

Quaresma de – 38ª Reflexão

E o sofrimento, Senhor, porquê o sofrimento?

Olhas-me com os Teus olhos repassados de amor e dizes-me:
Meu filho, o sofrimento não me apraz, pois a minha vontade, a vontade do meu amor por vós, é a vossa salvação, é a vossa felicidade.
Repara que mesmo depois de Eu ter dado vista aos cegos, andar aos paralíticos, e até dar vida aos que morreram, aqueles que Me seguiam continuavam sem entender.
Até mesmo no Meu sacrifício total, eles me abandonaram, continuando sem entender. Mas foi o Meu sacrifício, a Minha entrega total, que vos/te libertou da lei pecado que leva à morte.
O meu sacrifício abriu as portas à vossa salvação, à vossa felicidade.
E não foi esse o principal e primeiro ensino daqueles que Me seguiram aos que Me haviam de seguir: O Filho de Deus fez-se Homem, habitou entre nós, padeceu, morreu, foi sepultado e ressuscitou!
Já sentiste na tua própria vida o sofrimento e já percebeste como esse sofrimento te abriu os olhos para a vida errada que levavas. Percebe agora como esse sofrimento pode ser redentor para ti, se o unires à Minha Paixão e por Ela chegares à vida plena que Eu te dou pela Minha Morte e Ressurreição.
Repito-te, meu filho, não me apraz o sofrimento, mas lembra-te que Eu estou sempre convosco, contigo, sobretudo nos momentos mais difíceis e dolorosos, para os viver contigo.

Aninho-me nos Teus braços, e peço-Te:
Ensina-me e ajuda-me, Senhor, a unir-me a Ti na Tua Paixão, em cada momento de sofrimento da minha vida.
Ensina-me e ajuda-me, Senhor, a retirar do sofrimento o ensinamento necessário para a minha vida.
Ensina-me e ajuda-me, Senhor, a sofrer em silêncio e sobretudo a sofrer com os outros os seus sofrimentos.

Obrigado, Senhor, porque no Teu sofrimento nos mostras a dimensão infinita do Teu amor por nós.

E obrigado, Senhor, por me teres dado a graça imensa de ser pai!

Marinha Grande, 19 de Março de 2016

Joaquim Mexia Alves na sua página no Facebook

A Igreja e a ‘negociata’ dos casamentos nulos

Sem nenhuma prova, infama-se a justiça eclesial, que se acusa de corrupta, ao sugerir que as declarações de nulidade matrimonial se compram e vendem…

O título é escandaloso, mas o artigo “Afinal a minha mãe tinha razão?”, de Maria Filomena Mónica, no Expresso de 4 de Março passado, não o é menos.

A doutrina canónica sobre o matrimónio é complexa, porque exige conhecimentos teológicos e jurídicos e, por isso, é natural que, quem os não tem, não logre falar do tema com um mínimo de propriedade.

Alguns exemplos. A expressão “paróquias mundiais” é, em termos eclesiológicos, um absurdo e uma contradição, porque o que é próprio da paróquia é o seu carácter sectorial (se calhar, pretendia dizer ‘paróquias de todo o mundo’, mas não disse …). A alegada “abolição do latim” também não corresponde à realidade, porque continua a ser usado na liturgia, nomeadamente nas celebrações internacionais. Aliás, o Concílio Vaticano II expressamente recomendou que se celebre a missa nessa língua, que é a oficial da Igreja. É em latim a versão típica dos textos do magistério papal, geralmente citados pelas suas primeiras palavras, precisamente em língua latina.

A falta de rigor conceptual e terminológico é ainda mais patente quando se abordam, com enorme superficialidade, questões canónicas. Por exemplo, continuamente se confunde ‘anulações’ com ‘declarações de nulidade’. A anulação pressupõe um acto válido, que depois se anula: é o que acontece quando é decretado o divórcio de um casamento civil. A declaração de nulidade, pelo contrário, é o reconhecimento pelo tribunal, civil ou eclesiástico, da inexistência de um verdadeiro matrimónio.

A Igreja não ‘anula’ casamentos, mas pode declarar a nulidade do que, embora parecesse um verdadeiro casamento, nunca o foi. Por isso, depois da anulação do casamento civil, os cônjuges ficam divorciados, mas depois da declaração de nulidade do casamento canónico, os alegados cônjuges ficam solteiros: como nunca casaram validamente, sempre o foram. Portanto, quando diz que iria “pedir a anulação” do seu casamento, em rigor deveria dizer que iria solicitar a respectiva declaração de nulidade, o que, em termos jurídicos, mesmo civis, é totalmente diferente …

Também escreveu: “Note-se que a Igreja não reconhece a anulação total do casamento, visto este ser um sacramento e portanto indissolúvel: apenas admite que seja declarado nulo”. Ao contrário do que parece supor, uma eventual anulação, mesmo no direito civil, teria praticamente os mesmos efeitos do que a declaração de nulidade e, portanto, é absurdo dizer que a Igreja “apenas admite que seja declarado nulo”. Uma vez declarada judicialmente, de forma definitiva, a nulidade do casamento, cessam todos os seus efeitos jurídicos, com a excepção dos direitos adquiridos pela prole, se a houver.

Por outro lado, ao contrário do que se diz, a indissolubilidade matrimonial não é exclusiva do casamento católico, nem decorre da sua natureza sacramental: também o casamento natural celebrado validamente entre dois não cristãos é indissolúvel, segundo a doutrina católica. Por isso, um não católico casado só civilmente, não pode contrair novas núpcias enquanto se mantiver esse casamento, mesmo não tendo havido nenhum sacramento. Que a unidade e a indissolubilidade matrimonial são propriedades essenciais de qualquer matrimónio, e não apenas do católico, foi ensinado por Jesus Cristo, quando declarou que já assim era no ‘princípio’ (cf Mt 19, 3-9).

Ao contrário do que se afirma, a infidelidade conjugal nunca foi, nem agora é, fundamento para a declaração de nulidade matrimonial. Se, para lograr essa declaração, fosse suficiente ser infiel, todos os casamentos em que algum dos cônjuges tivesse sido infiel seriam nulos e, quem quisesse que a Igreja declarasse inexistente o seu casamento, bastar-lhe-ia cometer adultério … A fidelidade matrimonial é exigida aos fiéis católicos, mas a infidelidade, por si só, não é fundamento para uma declaração canónica de nulidade matrimonial.

Também se afirma que a “anulação” – a bem dizer, a declaração de nulidade – “só podia acontecer quando não tivesse havido relação sexual entre os cônjuges”. É verdade que o casamento ‘rato e não consumado’, ou seja celebrado validamente mas sem que tenha chegado a haver a união dos cônjuges, pode ser dissolvido pelo papa que, depois da consumação, já o não pode desfazer. No entanto, pode haver casamentos válidos entre cônjuges que não têm entre si relações sexuais, como também há casamentos nulos entre pessoas que conjuntamente tiveram geração.

Diz ainda, em tom provocador, que a “A Igreja sabe-a toda”. Pois sabe, porque é mestra e mãe de todos os que, pelo baptismo, são filhos de Deus e seus discípulos e, como tais, partilham o seu saber. Infelizmente, não parece ser o seu caso …

Mais grave, contudo, é o que insinua quando afirma que sua mãe lhe “confidenciou que a anulação do casamento dependia sobretudo do dinheiro”. Sem nenhuma prova, infama a justiça eclesial, que acusa de corrupta, ao sugerir que as declarações de nulidade se compram e vendem … Graças a Deus, os juízes eclesiásticos, para além de experientes jurisconsultos, são indulgentes e misericordiosos pastores que, por certo, lhe relevam esta gravíssima ofensa.

A autora faz gala em declarar, várias vezes, que não pertence ao “rebanho” católico. Respeitando essa sua infeliz opção, há que rezar para que regresse ao redil do bom pastor, porque só Cristo é “caminho, verdade e vida” (Jo 14, 6).

Muito embora nem todas as uniões possam ser consagradas pelo sacramento do matrimónio, Cristo – como o Papa Francisco não se cansa de repetir – não desdenha nem exclui ninguém. Não só absolveu a mulher adúltera, condenando contudo o seu pecado (cf. Jo 8, 3-11), como também acolheu a samaritana que, depois de ter tido cinco maridos, vivia com alguém que o não era. Jesus não só lhe disse que era o Messias, como também a constituiu primeira apóstola do seu povo: foi graças ao testemunho dela que muitos samaritanos creram que Jesus é o Salvador do mundo! (cf. Jo 4, 7-42).

Pe. Gonçalo Portocarrero de Almada in Observador AQUI
(seleção de imagem 'Spe Deus')

O Evangelho de Domingo dia 9 de abril de 2017 - Domingo de Ramos

Então um dos doze, que se chamava Judas Iscariotes, foi ter com os príncipes dos sacerdotes, e disse-lhes: «Que me quereis dar e eu vo-l'O entregarei?». Eles prometeram-lhe trinta moedas de prata. E desde então buscava oportunidade para O entregar. No primeiro dia dos ázimos, aproximaram-se de Jesus os discípulos, dizendo: «Onde queres que Te preparemos o que é necessário para comer a Páscoa?». Jesus disse-lhes: «Ide à cidade, a casa de um tal, e dizei-lhe: “O Mestre manda dizer: O Meu tempo está próximo, quero celebrar a Páscoa em tua casa com os Meus discípulos”». Os discípulos fizeram como Jesus tinha ordenado e prepararam a Páscoa. Ao entardecer, pôs-se Jesus à mesa com os doze. Enquanto comiam, disse-lhes: «Em verdade vos digo que um de vós Me há-de trair». Eles, muito tristes, cada um começou a dizer: «Porventura sou eu, Senhor?» Ele respondeu: «O que mete comigo a mão no prato, esse é que Me há-de trair. O Filho do Homem vai certamente, como está escrito d'Ele, mas ai daquele homem por quem será entregue o Filho do Homem! Melhor fora a tal homem não ter nascido». Judas, o traidor, tomou a palavra e disse: «Porventura, sou eu, Mestre?». Jesus respondeu-lhe: «Tu o disseste». Enquanto comiam, tomou Jesus o pão, pronunciou a bênção, e partiu-o, e deu-o aos Seus discípulos, dizendo: «Tomai e comei, isto é o Meu corpo». Tomando depois o cálice, deu graças, e deu-lho, dizendo: «Bebei dele todos. Porque isto é o Meu sangue, o sangue da nova aliança, que será derramado por todos para remissão dos pecados. Digo-vos, porém: desta hora em diante não beberei mais deste fruto da videira, até àquele dia em que o beberei de novo convosco no reino de Meu Pai». Depois do canto dos salmos, saíram para o monte das Oliveiras. Então Jesus disse-lhes: «A todos vós serei esta noite uma ocasião de escândalo, porque está escrito: “Ferirei o pastor e as ovelhas do rebanho se dispersarão”. Porém, depois de Eu ressuscitar, irei diante de vós para a Galileia». Pedro respondeu-Lhe: «Ainda que todos se escandalizem a Teu respeito, eu nunca me escandalizarei». Jesus disse-lhe: «Em verdade te digo que esta noite, antes que o galo cante, negar-Me-ás três vezes». Pedro disse: «Ainda que eu tenha de morrer contigo, não Te negarei». Do mesmo modo falaram todos os discípulos. Então foi Jesus com eles a um lugar chamado Getsemani, e disse-lhes: «Sentai-vos aqui, enquanto Eu vou acolá orar». E, tendo tomado consigo Pedro e os dois filhos de Zebedeu, começou a entristecer-Se e a angustiar-Se. Disse-lhes então: «A Minha alma está numa tristeza mortal; ficai aqui e vigiai comigo». Adiantando-Se um pouco, prostrou-Se com o rosto em terra, e fez esta oração: «Meu Pai, se é possível, passe de Mim este cálice! Todavia, não se faça como Eu quero, mas sim como Tu queres». Depois foi ter com os Seus discípulos, encontrou-os a dormir, e disse a Pedro: «Então não pudeste vigiar uma hora comigo? Vigiai e orai, para que não entreis em tentação. O espírito, na verdade, está pronto, mas a carne é fraca». Retirou-Se de novo pela segunda vez, e orou assim: «Meu Pai, se este cálice não pode passar sem que Eu o beba, faça-se a Tua vontade». Foi novamente e encontrou-os a dormir, porque os seus olhos estavam carregados de sono. Deixando-os, foi de novo, e orou terceira vez, dizendo as mesmas palavras. Depois foi ter novamente com os discípulos, e disse-lhes: «Dormi agora e descansai, eis que chegou a hora em que o Filho do Homem vai ser entregue nas mãos dos pecadores. Levantai-vos, vamos. Eis que se aproxima aquele que Me há-de entregar». Estando Ele ainda a falar, eis que chega Judas, um dos doze, e com ele uma grande multidão com espadas e varapaus, enviada pelos príncipes dos sacerdotes e pelos anciãos do povo. O traidor tinha-lhes dado este sinal: «Aquele a quem eu beijar, é esse; prendei-O». Aproximando-se logo de Jesus, disse: «Salve, Mestre!». E deu-Lhe um beijo. Jesus disse-lhe: «Amigo, a que vieste?». Então avançaram, lançaram mãos a Jesus, e prenderam-n'O. E eis que um dos que estavam com Jesus, estendendo a mão desembainhou a sua espada, e, ferindo um servo do Sumo Sacerdote, cortou-lhe uma orelha. Jesus disse-lhe: «Mete a tua espada no seu lugar, porque todos os que pegarem na espada morrerão à espada. Julgas porventura que Eu não posso rogar a Meu Pai e que poria já ao Meu dispor mais de doze legiões de anjos? Mas, como se cumprirão as Escrituras segundo as quais assim deve suceder?». Depois, Jesus disse à multidão: «Vós viestes armados de espadas e varapaus para Me prender, como se faz a um ladrão. Todos os dias estava Eu sentado entre vós a ensinar no templo, e não Me prendestes». Mas tudo isto aconteceu para que se cumprissem as Escrituras dos profetas. Então todos os discípulos O abandonaram e fugiram. Os que tinham prendido Jesus levaram-n'O a casa de Caifás, Sumo Sacerdote, onde os escribas e os anciãos se tinham reunido. Pedro seguia-O de longe, até ao átrio do príncipe dos sacerdotes. E, tendo entrado, sentou-se com os servos para ver o fim de tudo isto. Entretanto os príncipes dos sacerdotes e todo o Sinédrio procuravam algum falso testemunho contra Jesus, a fim de O entregarem à morte, e não o encontravam, embora se tivessem apresentado muitas testemunhas falsas. Por último, chegaram duas testemunhas, que declararam: «Este homem disse: “Posso destruir o templo de Deus e reedificá-lo em três dias”». Levantando-se, o Sumo Sacerdote disse-Lhe: «Nada respondes ao que estes depõem contra Ti?». Jesus, porém, mantinha-Se calado. E o Sumo Sacerdote disse-Lhe: «Eu Te conjuro, por Deus vivo, que nos digas se és o Cristo, o Filho de Deus». Jesus respondeu-lhes: «Tu o disseste. Digo-vos mais, que haveis de ver o Filho do Homem sentado à direita do poder de Deus, e vir sobre as nuvens do céu». Então o Sumo Sacerdote rasgou as vestes, dizendo: «Blasfemou; que necessidade temos de mais testemunhas? Vedes, acabais de ouvir a blasfémia. Que vos parece?». Eles responderam: «É réu de morte!». Então cuspiram-Lhe no rosto e feriram-n'O a punhadas. Outros deram-Lhe bofetadas, dizendo: «Adivinha, Cristo: Quem é que Te bateu?». Entretanto, Pedro estava sentado fora, no átrio. Aproximou-se dele uma criada, dizendo: «Também tu estavas com Jesus, o Galileu». Mas ele negou diante de todos, dizendo: «Não sei o que dizes». Saindo ele à porta, viu-o outra criada e disse aos que ali se encontravam: «Este também andava com Jesus Nazareno». Novamente negou ele com juramento, dizendo: «Não conheço tal homem». Pouco depois aproximaram-se de Pedro os que ali estavam, e disseram: «Certamente também tu és deles, porque até a tua fala te dá a conhecer». Então começou a dizer imprecações e a jurar que não conhecia tal homem. Imediatamente cantou um galo. Pedro lembrou-se da palavra que Jesus lhe dissera: «Antes de cantar o galo, três vezes Me negarás». E, saindo para fora, chorou amargamente. Ao romper da manhã, todos os príncipes dos sacerdotes e anciãos do povo tiveram conselho contra Jesus, para O entregarem à morte Em seguida, manietado, levaram-n'O e entregaram-n'O ao governador Pôncio Pilatos. Então Judas, o traidor, vendo que Jesus fora condenado, tocado pelo remorso, tornou a levar as trinta moedas de prata aos príncipes dos sacerdotes e aos anciãos, dizendo: «Pequei, entregando sangue inocente». Mas eles disseram: «Que nos importa? Isso é contigo!». Então, tendo atirado as moedas de prata para o templo, retirou-se e foi-se enforcar. Os príncipes dos sacerdotes, tomando as moedas de prata, disseram: «Não é lícito deitá-las na arca das esmolas, porque são preço de sangue». E, tendo consultado entre si, compraram com elas o Campo do Oleiro para sepultura dos estrangeiros. Por esta razão aquele campo foi chamado até ao dia de hoje “campo de sangue”. Então se cumpriu o que foi anunciado pelo profeta Jeremias: “Tomaram as trinta moedas de prata, custo d'Aquele cujo preço foi avaliado pelos filhos de Israel, e deram-nas pelo Campo do Oleiro, como o Senhor me ordenou”. Jesus foi apresentado diante do governador, que O interrogou, dizendo: «És Tu o Rei dos Judeus?». Jesus respondeu-lhe: «Tu o dizes». Mas, sendo acusado pelos príncipes dos sacerdotes e pelos anciãos, nada respondeu. Então Pilatos disse-Lhe: «Não ouves de quantas coisas Te acusam?». E não lhe respondeu a palavra alguma, de modo que o governador ficou muito admirado. O governador costumava, por ocasião da festa da Páscoa, soltar aquele preso que o povo quisesse. Naquela ocasião tinha ele um preso famoso, que se chamava Barrabás. Estando eles reunidos, perguntou-lhes Pilatos: «Qual quereis vós que eu vos solte? Barrabás ou Jesus, que se chama Cristo?». Porque sabia que O tinham entregado por inveja. Enquanto ele estava sentado no tribunal, sua mulher mandou-lhe dizer: «Não te metas com esse justo, porque fui hoje muito atormentada em sonhos por causa d'Ele». Mas os príncipes dos sacerdotes e os anciãos persuadiram o povo a que pedisse Barrabás e que fizesse morrer Jesus. O governador, tomando a palavra, disse-lhes: «Qual dos dois quereis que vos solte?». Eles responderam: «Barrabás!». Pilatos disse-lhes: «Que farei então de Jesus, que se chama Cristo?». Disseram todos: «Seja crucificado!». O governador disse-lhes: «Mas que mal fez Ele?». Eles, porém, gritavam mais alto: «Seja crucificado!». Pilatos, vendo que nada conseguia, mas que cada vez o tumulto era maior, tomando água, lavou as mãos diante do povo, dizendo: «Eu sou inocente do sangue deste justo; a vós pertence toda a responsabilidade!». Todo o povo respondeu: «O Seu sangue caia sobre nós e sobre os nossos filhos». Então soltou-lhes Barrabás. Quanto a Jesus, depois de O ter mandado flagelar, entregou-O para ser crucificado. Então os soldados do governador, conduzindo Jesus ao Pretório, juntaram em volta d'Ele toda a coorte. Depois de O terem despido, lançaram sobre Ele um manto escarlate. Em seguida, tecendo uma coroa de espinhos, puseram-Lha na cabeça, e na mão direita uma cana. E, dobrando o joelho diante d'Ele, O escarneciam, dizendo: «Salve, ó rei dos Judeus!». Cuspindo-Lhe, tomavam a cana e batiam-Lhe com ela na cabeça. Depois que O escarneceram, tiraram-Lhe o manto, revestiram-n'O com os Seus vestidos e levaram-n'O para O crucificar. Ao saírem, encontraram um homem de Cirene, chamado Simão, ao qual obrigaram a levar a cruz de Jesus. Tendo chegado ao lugar chamado Gólgota, isto é, “lugar da Caveira”, deram-Lhe a beber vinho misturado com fel. Tendo-o provado, não quis beber. Depois que O crucificaram, repartiram entre si os Seus vestidos, lançando sortes. E, sentados, O guardavam. Puseram por cima da Sua cabeça uma inscrição indicando a causa da Sua condenação: «Este é Jesus, o Rei dos Judeus». Ao mesmo tempo foram crucificados com Ele dois ladrões: um à direita e outro à esquerda. Os que passavam, movendo as suas cabeças, ultrajavam-n'O, dizendo: «Ó Tu, que destróis o templo e o reedificas em três dias, salva-Te a Ti mesmo. Se és Filho de Deus, desce da cruz!». Igualmente, também os príncipes dos sacerdotes com os escribas e os anciãos, insultando-O, diziam: «Ele salvou outros e a Si mesmo não se pode salvar. Se é rei de Israel, desça agora da cruz e acreditaremos n'Ele. Confiou em Deus: Se Deus O ama, que O livre agora; porque Ele disse: “Eu sou o Filho do Deus”». Do mesmo modo O insultavam os ladrões que estavam crucificados com Ele. Desde a hora sexta até à hora nona, houve trevas sobre toda a terra. Perto da hora nona, exclamou Jesus com voz forte: «Eli, Eli, lemá sabachtani?», isto é: «Meu Deus, Meu Deus, porque Me abandonaste?». Ao ouvir isto, alguns dos que ali estavam, diziam: «Ele chama por Elias». Imediatamente, um deles, a correr, tomou uma esponja, ensopou-a em vinagre, pô-la sobre uma cana, e dava-Lhe de beber. Porém, os outros diziam: «Deixa; vejamos se Elias vem livrá-l'O». Jesus, soltando de novo um alto grito, expirou. E eis que o véu do templo se rasgou em duas partes, de alto a baixo, a terra tremeu, as rochas fenderam-se, as sepulturas abriram-se, e muitos corpos de santos, que tinham adormecido, ressuscitaram, e saindo das sepulturas depois da ressurreição de Jesus, foram à cidade santa e apareceram a muitos. O centurião e os que com ele estavam de guarda a Jesus, vendo o terramoto e as coisas que aconteciam, tiveram grande medo, e diziam: «Na verdade Este era Filho de Deus!». Estavam também ali, olhando de longe, muitas mulheres, que tinham seguido Jesus servindo-O desde a Galileia. Entre elas estava Maria Madalena, Maria, mãe de Tiago e de José, e a mãe dos filhos de Zebedeu. Ao cair da tarde, veio um homem rico de Arimateia, chamado José, que era também discípulo de Jesus. Foi ter com Pilatos e pediu-lhe o corpo de Jesus. Pilatos mandou então que lhe fosse dado o corpo. José, tomando o corpo, envolveu-O num lençol limpo, e depositou-O no seu sepulcro novo, que tinha mandado abrir numa rocha. Depois rolou uma grande pedra para diante da boca do sepulcro, e retirou-se. Maria Madalena e a outra Maria estavam lá, sentadas diante do sepulcro. No outro dia, que é o seguinte à Preparação, os príncipes dos sacerdotes e os fariseus foram juntos ter com Pilatos, e disseram-lhe: «Senhor, lembramo-nos que aquele impostor, quando ainda vivia, disse: “Depois de três dias ressuscitarei”. Ordena, pois, que seja guardado o sepulcro até ao terceiro dia, para que não venham os discípulos, O roubem, e digam ao povo: “Ressuscitou dos mortos”. E assim, o último embuste seria pior do que o primeiro». Pilatos respondeu-lhes: «Tendes guardas; ide, guardai-O como entenderdes». Foram, e tomaram bem conta do sepulcro, selando a pedra e pondo lá guardas.

Lc 26,14-75.27,1-66

São Josemaría Escrivá nesta data em 1932

“Se visse quantos desejos tenho eu de solidão! – escreve ao Pe. José Pou de Foxá, sacerdote amigo -. Mas o mel não está feito para boca de burro e tenho de me contentar com uma vida de alvoroço e movimento, andando o dia inteiro daqui para ali.
Bendita seja a Vontade de Deus”.

Educar os sentimentos

«Mãe, acabas de ferir os meus sentimentos!» ― frase pronunciada por um rapaz de 10 anos quando a mãe lhe pediu o favor de apagar o televisor e ir para a cama. Também uma psicóloga, recentemente, dava um conselho aos jovens num artigo de um jornal: «Se notas que sentes algo especial, não tenhas medo, liberta-te de tabus, corre para os seus braços e entrega-te totalmente. Só assim a tua vida será sincera e sem hipocrisias».

Reparem no pormenor: “sentir algo especial” é suficiente para justificar qualquer comportamento. E a sinceridade já não tem nenhuma relação com a verdade. Ser sincero, segundo a psicóloga, é sentir algo especial e não reprimir esse sentimento.

Ideia importante: os sentimentos são uma poderosa realidade humana, tanto para o bem, como para o mal. Não têm peso ― mas pesam muito na decisão de actuar de todos nós. Por isso, precisam de ser “educados”. Isto é especialmente importante para os jovens, que vivem imersos numa cultura que exalta os sentimentos como o grande critério de verdade e autenticidade.

Os sentimentos em si são bons porque fazem parte da condição humana. Garantem a ligação entre a vida sensível e a vida do espírito, uma vez que somos compostos de corpo e alma. No entanto, não podem ser nunca o critério último da decisão de actuar. Porque não sentimos somente ― também pensamos! E actuar só porque se sente não é actuar de um modo plenamente humano.

Necessitamos educar os sentimentos para que nos facilitem a realização do bem e a procura da verdadeira felicidade. Não os educar é correr o risco de ficarmos escravos deles. Deixamos de ser nós a decidir o que é bom fazer ou evitar. Passam a ser eles a indicar-nos caprichosamente o caminho a seguir.

Pe. Rodrigo Lynce de Faria

O Evangelho do dia 8 de abril de 2017

Então, muitos dos judeus que tinham ido visitar Maria e Marta, vendo o que Jesus fizera, acreditaram n'Ele. Porém, alguns deles foram ter com os fariseus e contaram-lhes o que Jesus tinha feito. Os pontífices e os fariseus reuniram-se então em conselho e disseram: «Que fazemos, já que Este homem faz muitos milagres? Se O deixamos proceder assim, todos acreditarão n'Ele; e virão os romanos e destruirão a nossa cidade e a nossa nação!». Mas um deles, chamado Caifás, que era o Sumo Sacerdote naquele ano, disse-lhes: «Vós não sabeis nada, nem considerais que vos convém que morra um homem pelo povo e que não pereça toda a nação!». Ora ele não disse isto por si mesmo, mas, como era Sumo Sacerdote naquele ano, profetizou que Jesus devia morrer pela nação, e não somente pela nação, mas também para unir num só corpo os filhos de Deus dispersos. Desde aquele dia tomaram a resolução de O matar. Jesus, pois, já não andava em público entre os judeus, mas retirou-Se para uma terra vizinha do deserto, para a cidade chamada Efraim e lá esteve com os Seus discípulos. Estava próxima a Páscoa dos judeus e muitos daquela região subiram a Jerusalém antes da Páscoa para se purificarem. Procuravam Jesus e diziam uns para os outros, estando no templo: «Que vos parece, não virá Ele à festa?».

Jo 11, 45-56