terça-feira, 4 de abril de 2017

Reflexões Quaresmais

Quaresma – 34ª Reflexão

Hoje, Senhor, levas-me a reflectir sobre a Fé.

Levas-me a passear, enquanto vais conversando comigo:
A Fé, meu filho, é dom da minha graça à tua vida. Mas também depende de ti, da tua vontade, do teu querer, porque a Fé vai para além do acreditares em Mim, simplesmente.
A Fé, para ser dom na tua vida, tem que ser uma adesão total a Deus, adesão essa que não pode ser estática, mas sim vivida diariamente numa relação cada vez mais pessoal, mais intima, mais forte.
Mas não é, também, algo isolado apenas entre Mim e ti, mas transvasa dessa relação pessoal e intima, para uma comunhão com os teus irmãos na Fé, pois só assim a Fé se torna vida e se completa.
A Fé, meu filho, não é acreditares que Eu posso fazer “coisas”, sobretudo aquelas que me pedes e julgas necessárias à tua vida ou à vida dos outros.
A Fé, meu filho, é acreditares que Eu faço tudo o que é necessário para ti e para os outros, segundo a Minha vontade, ou seja, segundo o que Eu sei ser bom para ti e para os outros, mesmo que tu não percebas.
A Fé, confirma no coração dos homens o Meu amor por eles, levando-os à confiança e à esperança de que, estando sempre convosco e vós comigo, vos conduzo à salvação, à vida eterna, à plenitude do Amor de Deus.

O meu coração abre-se decididamente e peço-Te:
Eu creio, Senhor, mas aumenta a minha fé!
Faz com que acredite para além de mim, ou seja, que acredite «porque não foi a carne nem o sangue que mo revelou, mas o Pai que está no Céu.»

Obrigado, Senhor, obrigado pelo dom da Fé que ao homem quiseste conceder.

Monte Real, 15 de Março de 2016

Joaquim Mexia Alves na sua página no Facebook

VIA SACRA

VIII ESTAÇÃO

jesus consola as filhas de jerusalém
  
Nós Vos adoramos e bendizemos oh Jesus!

Que pela Vossa Santa Cruz remistes o mundo.

Não choreis por mim"[1] diz o Divino Mestre.

Tu não precisas, não procuras as nossas lágrimas pelo Teu sofrimento.

O que desejas, procuras ansiosamente, é o nosso arrependimento, a nossa dor pelos pecados, pelos meus e os de todos os homens.

São esses pecados que Te trazem, Senhor, por esse caminho de dor e paixão.

Cada passo que dás é um manancial de graças e misericórdia para todos nós.

Mas, a mim, apesar de tudo, custa-me muito ver-te, assim, sem chorar eu também.

Este choro é uma manifestação de pesar, de contrição pelo mal que faço e pelo bem que deixo de fazer.

Como posso ver o meu Senhor, tropeçando, esmagado sob o peso do madeiro, subindo a íngreme ladeira do Calvário da Sua Paixão?

E, imaginando esta cena, não me comover até às lágrimas, não me estalar o coração de dor contrita.


Fico abismado como puderam os homens, como posso eu, ser objecto de tão tremendo meio de salvação.

Como pude comportar-me de tal modo que o meu Senhor tivesse de chegar a tais extremos para me salvar?

A Tua misericórdia, não tem limites?

Sou eu assim tão importante para Ti que Te sujeites a tal sacrifício?

Antes me dedicarei de todo o coração, a tentar aliviar o peso da Tua Cruz, a atapetar o duro caminho do Gólgota com as minhas boas obras.

Ajuda-me, Senhor, a merecer a Tua Paixão, aceita os meus propósitos de emenda e ajuda-me a cumpri-los escrupulosamente.       

PN, AVM, GLP.
Senhor: Tem piedade de nós


[1] Lc 23, 28

São Josemaría Escrivá nesta data em 1955

Numa homilia que hoje pronuncia, diz: “O Senhor quer-nos santos, apostólicos, precisamente no nosso trabalho profissional, isto é, santificando-nos nesse trabalho, santificando esse trabalho e ajudando os outros a santificarem-se com esse trabalho. Convencei-vos de que Deus vos espera nesse ambiente, com solicitude de pai, de Amigo. Pensai que com a vossa atividade profissional realizada com responsabilidade, além de vos sustentardes economicamente, prestais um serviço diretíssimo ao desenvolvimento da sociedade”.

'Ajuda‑me a entrar no mais fundo das coisas e a descobrir onde Tu estás'

“[…] esforço artístico neste domínio, ao invés de pensar em Ti e de me sentir inspirada pelo amor que tanto desejaria sentir. Meu bom Deus, não consigo amar‑Te como pretendo. És o crescente esguio de uma Lua que avisto, e o meu eu é a sombra da Terra que me impede de ver a Lua inteira. O crescente é muito belo, e talvez uma pessoa como eu não deva ou não possa ver mais; mas o que eu receio, meu bom Deus, é que a sombra do meu eu se torne tão grande que obscureça a Lua inteira, e que eu julgue a minha própria valia pela sombra, que nada é.

Não Te conheço, meu Deus, porque eu própria Te encubro. Por favor, ajuda‑me a arredar‑me do caminho.

Desejo muito triunfar no mundo com as coisas que pretendo levar a cabo. Dirigi‑Te preces a este respeito, esforçando a mente e os nervos, mergulhei num estado de tensão nervosa e disse «oh, meu Deus, por favor» e «tenho de conseguir» e «por favor, por favor». Não Te dirigi os meus pedidos da maneira certa, sinto‑o. Doravante, deixa‑me pedir‑Te com resignação — o que não é nem pretende ser um afrouxar das orações, antes um orar menos febril —, com a consciência de que este frenesi é causado por uma ânsia daquilo que desejo, em lugar de uma confiança espiritual. Não pretendo fazer conjeturas. Quero amar.

Oh, meu Deus, por favor, desanuvia a minha mente. Por favor, purifica‑a.

Peço‑Te um amor mais puro pela minha santa Mãe e a ela peço um amor mais puro por Ti.

Por favor, ajuda‑me a entrar no mais fundo das coisas e a descobrir onde Tu estás.

Não pretendo renegar as orações tradicionais que rezei ao longo de toda a minha vida; mas tenho estado a rezá‑las sem as sentir. A minha atenção é sempre muito fugidia. Assim, tenho‑a a cada instante. Sinto uma onda calorosa de amor a aquecer‑me quando penso nisto e quando escrevo estas palavras para Ti. Por favor, não deixes que as explicações dos psicólogos a este respeito arrefeçam de súbito estes meus sentimentos. O meu intelecto é tão limitado, Senhor, que só me resta confiar em Ti para me conservares na senda correta.

Por favor, ajuda todos aqueles que amo a libertarem-se dos seus padecimentos. Perdoa-me, por favor.” (p. 17-18).

Excerto do livro de Flannery O’Connor 'Um Diário de Preces' - Editora: Relógio de Água

O Evangelho do dia 4 de abril de 2017

Jesus disse-lhes mais: «Eu retiro-Me: vós Me buscareis, e morrereis no vosso pecado. Para onde Eu vou, vós não podeis ir». Diziam, pois, os judeus: «Será que Ele Se mate a Si mesmo, pois diz: Para onde Eu vou, vós não podeis ir?». Ele disse-lhes: «Vós sois cá de baixo, Eu sou lá de cima. Vós sois deste mundo, Eu não sou deste mundo. Por isso Eu vos disse que morreríeis nos vossos pecados; sim, se não crerdes que “Eu sou”, morrereis nos vossos pecados». Disseram-Lhe então eles: «Quem és Tu?». Jesus respondeu-lhes: «É exactamente isso que Eu vos estou a dizer. Muitas coisas tenho a dizer e a julgar a vosso respeito, mas O que Me enviou é verdadeiro e o que ouvi d'Ele é o que digo ao mundo». Eles não compreenderam que Jesus lhes falava do Pai. Jesus disse-lhes mais: «Quando tiverdes levantado o Filho do Homem, então conhecereis que “Eu sou” e que nada faço por Mim mesmo, mas que, como o Pai Me ensinou, assim falo. O que Me enviou está comigo, não Me deixou só, porque Eu faço sempre aquilo que é do Seu agrado». Dizendo estas coisas, muitos acreditaram n'Ele.

Jo 8, 21-30