sábado, 1 de abril de 2017

Reflexões Quaresmais

Quaresma – 31ª Reflexão

Hoje trazes à minha reflexão a tentação, as tentações.

Cheio de compaixão, olhas-me e dizes-me:
Sabes, meu filho, a tentação não é pecado. Ser tentado não é pecar.
A tentação só se torna pecado se te deixas levar por ela, quer em actos, quer em gestos, quer em pensamentos.
Lembra-te que a luta contra as tentações, fortalece a tua fé. Nunca tentes entender as tentações ou com elas argumentares: Rejeita-as de imediato, para que por elas não sejas levado a cair no pecado.
Também Eu fui tentado do deserto. Também Eu fui tentado na Cruz, quando me diziam: «Se és Filho de Deus, desce da cruz!»
E essa, meu filho, é a grande tentação a que és sujeito e tens que resistir. A tentação de julgares que tudo podes fazer e alcançar sozinho, que a salvação depende apenas de ti, ou seja, a tentação de não quereres fazer a Minha vontade e assim te considerares igual a Deus, afastando, afinal, Deus da tua vida.
Por isso te disse e repito: «Se quiseres salvar a tua vida, vais perdê-la; mas, se perderes a tua vida por minha causa, vais encontrá-la.»

Cheio de esperança, peço-Te:
Ensina-me e ajuda-me, Senhor, a reconhecer a tentação, as tentações, e a rejeitá-las de imediato, sem mais considerações.
Ensina-me e ajuda-me, Senhor, a colocar inteiramente nas Tuas mãos a vida que me deste, porque só Tu podes salvá-la.
Envia, Senhor, o Espírito Santo, que nos fortaleça, que me fortaleça, para que sempre e só nEle confie para vencer a tentação, as tentações.

«E livrai-nos do mal.»
Amen.

Marinha Grande, 12 de Março de 2016

Joaquim Mexia Alves na sua página no Facebook

Juramento de Hipócrates… ou de Hipócritas?

A eutanásia é um “verdadeiro retrocesso civilizacional e científico” porque, como denunciaram cinco dos últimos bastonários da Ordem dos Médicos, “não é mais do que tirar a vida”.

É muito louvável que, em democracia, os cidadãos sejam chamados a participar, através do referendo, nas decisões políticas de mais relevância social. Mas nem tudo é referendável e certas matérias, pela sua natureza e complexidade, não devem ser plebiscitadas sem antes serem ponderadas por quem é competente nessas questões, pois nem sempre o parecer da maioria é o mais avisado e prudente. Aliás, na era da comunicação e da publicidade, é relativamente fácil manipular a opinião pública, sobretudo pelos grandes grupos político-económicos e seus aliados nos media.

Também se deve evitar o serôdio corporativismo de outros tempos, porque as razões profissionais por vezes escondem, sob aparência científica, opções políticas, filosóficas, religiosas ou sociais. Neste sentido, deve-se providenciar para que as ordens profissionais não limitem a liberdade de pensamento e de expressão dos seus membros – como foi o caso de uma infeliz intervenção recente do bastonário da Ordem dos Psicólogos – nem pactuem com interesses privados contrários ao bem comum.

Em questões de saúde pública, não é fácil distinguir entre o que é exigível a todos os profissionais e o que é opinável. Quando uma questão sanitária admite várias abordagens ideológicas, é necessário que os profissionais de saúde sejam auscultados. Assim deveria ter acontecido em relação ao começo da vida humana, que hoje a ciência unanimemente reconhece ocorrer no momento da concepção. E o mesmo se diga em relação à morte provocada.

A eutanásia é, certamente, uma questão civilizacional que excede a competência específica dos médicos, mas em que o seu parecer não pode ser ignorado, até porque, muitas vezes, se esgrimem argumentos de ordem clínica na sua defesa – como, por exemplo, a alegada impossibilidade de impedir o sofrimento de um doente terminal. Mais ainda se se pretende que sejam os profissionais da saúde a praticarem actos incompatíveis com a deontologia médica, por se oporem ao juramento que os obriga a defender sempre a vida dos seus pacientes.

Como o Observador noticiou a 3 de Outubro de 2016, os quatro últimos bastonários da Ordem dos Médicos – José Manuel Silva, Carlos Soares Ribeiro, Germano de Sousa e Pedro Nunes – bem como o Professor António Gentil Martins, que também foi bastonário, pronunciaram-se todos contra a eutanásia, o suicídio assistido e a distanásia. Afirmaram ainda que, o médico que realize estes actos, “nega o essencial da sua profissão, tornando-se causa da maior insegurança nos doentes e gerador de mortes inaceitáveis”. Também o novo bastonário, Miguel Guimarães, não só é contra a eutanásia, como entende que, por não se tratar de um acto médico, não pode ser praticado por médicos, nem em hospitais (DN, 22-2-2017). Se se tiver em conta que todos foram eleitos democraticamente, pode-se concluir que os médicos portugueses são, na sua grande maioria, contra a eutanásia. Um dado certamente relevante para os cidadãos e, sobretudo, para os governantes e legisladores.

A dimensão ética e a competência científica distinguem o médico do mero curandeiro: este não tem outra finalidade que não seja a de reparar um organismo, mas o clínico sabe que a sua missão não visa apenas o bom funcionamento de uma máquina, como é o corpo, mas o bem do ser humano no seu todo. Por isso, o médico não deve ceder à tentação do encarniçamento terapêutico, ou distanásia, porque esse excesso prejudicaria gravemente o bem-estar do paciente.

Não estranha, portanto, que o novo bastonário da Ordem dos Médicos tenha dito, na sua tomada de posse, no passado dia 8 de Fevereiro, que “A defesa intransigente dos pilares da ética médica, do juramento de Hipócrates e do Código Deontológico da Ordem dos Médicos é a primeira prioridade que todos temos o dever de honrar”.

Reconhecendo que “a relação entre os médicos e os doentes está fortemente ameaçada”, o Dr. Miguel Guimarães, citando o Professor Daniel Serrão, que já tinha alertado para o perigo da funcionalização da medicina, disse ainda: “a Ordem dos Médicos não pode aceitar este caminho como uma inevitabilidade (…). Estaríamos a trair a matriz ético-filosófica da nossa profissão e o seu espírito humanista, do qual não prescindimos”. Também chamou a atenção para a necessidade de uma correcta formulação legal do acto médico: incluir práticas contrárias às exigências da profissão acarretaria um “verdadeiro retrocesso civilizacional e científico”.

“No momento de ser admitido como membro da profissão médica”, cada candidato promete: “Exercerei a minha arte com consciência e dignidade. A saúde do meu doente será a minha primeira preocupação. (…) Guardarei respeito absoluto pela vida humana desde o seu início, mesmo sob ameaça e não farei uso dos meus conhecimentos médicos contra as leis da humanidade” (Juramento de Hipócrates segundo a fórmula de Genebra, adoptada pela Associação Médica Mundial em 1983). Se um médico, depois de ter jurado “respeito absoluto pela vida humana”, praticasse a eutanásia, não só negaria o juramento hipocrático como seria, necessariamente, um hipócrita.

O exercício da medicina é nobilíssimo, mas também pode dar azo aos mais abomináveis atentados contra a dignidade humana. A lembrança das atrocidades praticadas por médicos nos campos de concentração nazis explica que, ainda hoje, o termo ‘eutanásia’ esteja proscrito na Alemanha, onde também é proibido o “suicídio assistido activo”. Por mais nobres que sejam as intenções dos que defendem o alegado ‘direito a uma morte digna’, a eutanásia é um “verdadeiro retrocesso civilizacional e científico” porque, como oportunamente recordaram os cinco ex-bastonários da Ordem dos Médicos citados, “não é mais do que tirar a vida”.

Pe. Gonçalo Portocarrero de Almada in Observador AQUI

(seleção de imagem 'Spe Deus')

O Evangelho de Domingo dia 2 de abril de 2017

Estava doente um homem, chamado Lázaro, de Betânia, aldeia de Maria e de Marta, sua irmã. Maria era aquela que ungiu o Senhor com perfume e Lhe enxugou os pés com os seus cabelos, cujo irmão Lázaro estava doente. Mandaram, pois, suas irmãs dizer a Jesus: «Senhor, aquele que amas está doente». Ouvindo isto, Jesus disse: «Esta doença não é de morte, mas é para glória de Deus, a fim de que o Filho de Deus seja glorificado por ela». Ora Jesus amava Marta, sua irmã Maria e Lázaro. Tendo, pois, ouvido que Lázaro estava doente, ficou ainda dois dias no lugar onde Se encontrava. Depois disto, disse aos Seus discípulos: «Voltemos para a Judeia». Os discípulos disseram-Lhe: «Mestre, ainda há pouco os judeus Te quiseram apedrejar, e Tu vais novamente para lá?». Jesus respondeu: «Não são doze as horas do dia? Aquele que caminhar de dia, não tropeça, porque vê a luz deste mundo;1porém, o que andar de noite tropeça, porque lhe falta a luz». Assim falou, e depois disse-lhes: «Nosso amigo Lázaro dorme; mas vou despertá-lo». Os Seus discípulos disseram-Lhe: «Senhor, se ele dorme, também se há-de levantar». Mas Jesus falava da sua morte; e eles julgavam que falava do repouso do sono. Jesus disse-lhes então claramente: «Lázaro morreu, e Eu, por vossa causa, estou contente por não ter estado lá, para que acrediteis; mas vamos ter com ele». Tomé, chamado Dídimo, disse então aos outros discípulos: «Vamos nós também, para morrer com Ele». Chegou Jesus, e encontrou-o já há quatro dias no sepulcro. Betânia distava de Jerusalém cerca de quinze estádios. Muitos judeus tinham ido ter com Marta e Maria, para as consolarem pela morte de seu irmão. Marta, pois, logo que ouviu que vinha Jesus, saiu-Lhe ao encontro; e Maria ficou sentada em casa. Marta disse então a Jesus: «Senhor, se estivesses cá, meu irmão não teria morrido. Mas também sei agora que tudo o que pedires a Deus, Deus To concederá».2Jesus disse-lhe: «Teu irmão há de ressuscitar». Marta disse-Lhe: «Eu sei que há-de ressuscitar na ressurreição do último dia». Jesus disse-lhe: «Eu sou a ressurreição e a vida; aquele que crê em Mim, ainda que esteja morto, viverá; e todo aquele que vive e crê em Mim, não morrerá eternamente. Crês isto?». Ela respondeu: «Sim, Senhor, eu creio que Tu és o Cristo, o Filho de Deus, que vieste a este mundo». Dito isto, retirou-se, e foi chamar em segredo sua irmã Maria, dizendo: «O Mestre está cá e chama-te». Ela, logo que ouviu isto, levantou-se rapidamente, e foi ter com Ele. Jesus ainda não tinha entrado na aldeia, mas estava ainda naquele lugar onde Marta saíra ao Seu encontro. Então os judeus, que estavam com ela em casa e a consolavam, vendo que Maria se tinha levantado tão depressa e tinha saído, seguiram-na, julgando que ia chorar ao sepulcro. Maria, porém, tendo chegado onde Jesus estava, logo que O viu, lançou-se aos Seus pés e disse-Lhe: «Senhor, se tivesses estado aqui, meu irmão não teria morrido». Jesus, vendo-a chorar, a ela e aos judeus que tinham ido com ela, comoveu-Se profundamente e emocionou-Se; depois perguntou: «Onde o pusestes?». Eles responderam: «Senhor, vem ver». Jesus chorou. Os judeus, por isso, disseram: «Vede como Ele o amava». Porém, alguns deles disseram: «Este, que abriu os olhos ao que era cego de nascença, não podia fazer que este não morresse?». Jesus, pois, novamente emocionado no Seu interior, foi ao sepulcro. Era este uma gruta com uma pedra colocada à entrada. Jesus disse: «Tirai a pedra». Marta, irmã do defunto, disse-Lhe: «Senhor, ele já cheira mal, porque está aí há quatro dias». Jesus disse-lhe: «Não te disse que, se creres, verás a glória de Deus?». Tiraram, pois, a pedra. Jesus, levantando os olhos ao céu, disse: «Pai, dou-Te graças por Me teres ouvido. Eu bem sabia que Me ouves sempre, mas falei assim por causa do povo que está em volta de Mim, para que acreditem que Tu Me enviaste». Tendo dito estas palavras, bradou em voz forte: «Lázaro, sai para fora!». E saiu o que estivera morto, ligado de pés e mãos, com as ataduras, e o seu rosto envolto num sudário. Jesus disse-lhes: «Desligai-o e deixai-o ir». Então, muitos dos judeus que tinham ido visitar Maria e Marta, vendo o que Jesus fizera, acreditaram n'Ele.

Jo 11, 1-45

São Josemaría Escrivá nesta data em 1933

“Não julgueis sem ouvir as duas partes. Mesmo as pessoas que se têm por piedosas se esquecem muito facilmente desta norma elementar de prudência”, anota nesta data.

Carta a Jesus Num Sábado


Meu querido Jesus

Hoje é Sábado, o dia que a Igreja dedica a Maria, a Tua, e por Tua graça, nossa Mãe.

Quero pedir-Te perdão, querido Jesus, porque em determinado tempo da minha vida, me deixei levar, por ideias e pensamentos errados e afastei-me da Tua e nossa Mãe, magoando assim com certeza o Teu e o Seu coração.

Permite Jesus, que nesta carta de hoje, eu me dirija à Tua e nossa Mãe.

Minha querida Mãe, obrigado por estares sempre tão preocupada comigo e connosco, de tal modo, que não deixas de interceder por nós junto a Teu Filho Jesus.

Obrigado, Mãe, pelo teu Sim incondicional, numa entrega total à vontade do Pai, um Sim de toda uma vida, na entrega humilde e silenciosa a Jesus Cristo, teu Filho, que se fez em Ti, Homem como nós.

Obrigado, Mãe, porque nesse teu Sim, talvez não o soubesses ainda, mas já nos tinhas a todos no teu coração.

Obrigado, Mãe, porque não desistes de nós, e te vais oferecendo como mensageira a teu Filho para nos avisares, nos dares conselhos, nos ensinares o caminho e chamares ao amor entre nós.

Perdoa, querida Mãe, todas as vezes que fujo de Ti, todas as vezes que largo a tua mão e parto sozinho a atravessar a estrada da vida e obrigado Mãe, porque de imediato corres atrás de mim para eu não me perder, para eu não me ferir nem magoar nos caminhos da vida.

Perdoa, querida Mãe, todas as vezes que não ouço o teu conselho, «Fazei o que Ele vos disser» Jo 2,5 e faço antes o que eu quero.

Perdoa, querida Mãe, todas as vezes que não ajudo os teus outros filhos e filhas, meus irmãos e irmãs, causando assim tristeza no teu coração.

Minha querida Mãe, guia-me e ensina-me a dizer Sim, como Tu disseste, e a viver na humildade de nada ser, para que Cristo seja tudo em mim.

Adorado Jesus, perdoa-me por tantas vezes fechar os meus ouvidos à Tua Palavra, «Eis a tua mãe» Jo 19, 27, e não acolher a Tua Mãe como minha Mãe.

Beijo as tuas mãos Mãe, e peço-te: Dá-me a tua mão e não deixes que te fuja, para que me deixe conduzir por Ti a teu Filho Jesus Cristo, Nosso Senhor e Salvador.

Oh Jesus pede por mim e por todos junto do Pai de amor, e que o Espírito Santo nos mostre a beleza da Mãe que, por amor, nos quiseste dar.

Abençoa, adorado Jesus, este Teu irmão pequenino, que se prostra a Teus pés.

08.07.06

Joaquim Mexia Alves 
http://www.queeaverdade.blogspot.com/

O fósforo e a gasolina

Os antigos eram excelentes sociólogos. Os nossos esforços para abandonar os seus ensinamentos apenas serviram para manifestar a sua sabedoria.

Há umas décadas a cultura ocidental, após ter tentado nos séculos anteriores revolucionar religião, política e economia, decidiu abalar a família. A ordem tradicional foi declarada um tabu tacanho e irracional impondo-se, em vez dela, como novidade a libertinagem mais total. Foi formulado um axioma sensual, decretando o prazer venéreo como supremo e absoluto. Cada um faz o que quer e a única regra é a falta dela.

Este fenómeno é estranho a vários níveis. Primeiro porque progresso e técnica pouco ou nada influíram neste campo. O que vem proposto como modernidade são realmente práticas arcaicas. Depois porque a justificação básica é o princípio de "os outros não terem nada" com a nossa vida pessoal. Ora é evidente que isso é precisamente algo em que outros têm muito a ver. Desequilíbrio e ruptura familiar, instabilidade educacional, solidão, depressão e abandono têm consequências muito mais devastadoras do que o comércio, trânsito, poluição ou tabaco, onde a nossa sociedade livre impõe moralismos totalitários e indiscutíveis.

A origem desta tentativa é fácil de entender. Fascinado com as maravilhas da técnica, a humanidade sente-se livre para abandonar velhas regras de comportamento, em geral com atrozes consequências. O progresso trouxe a terrível ilusão de mudanças na natureza humana. Os horrores da Revolução Francesa, União Soviética, etc. resultaram do esquecimento da estrutura social natural. Também a crise financeira global ou os desastres de automóvel vêm do descuido de velhos princípios de prudência. Nada se compara, porém, com o arrasador mito libertino contemporâneo.

Os nossos antepassados sabiam que, dentro de si, o ser humano permanece sempre igual. Apesar do progresso, continuamos a nascer da única forma possível, a respirar igual, comer e andar do mesmo modo, crescendo, amadurecendo, envelhecendo ao ritmo de sempre e, acima de tudo, acabamos morrendo. A evolução técnica é grande mas sempre ressurge a pergunta: "Qual de vós, por mais que se preocupe, pode acrescentar um só côvado à duração de sua vida?" (Mt 6, 27).

Por isso todas as épocas e culturas rodearam a vida pessoal, o aspecto mais íntimo e decisivo, de muitos princípios e regras. Casamento, procriação, cópula, educação, velhice, herança, são temas fortemente definidos pelo núcleo central de todas as culturas. Até nas tribos selvagens é nas normas familiares que se encontra o mais elevado nível civilizacional. Essas regras sempre sofreram múltiplas rupturas, evoluções, contrastes e conflitos, mas é inegável a sua existência e preponderância. Os motivos sempre foram óbvios: em campo tão delicado e decisivo, os desvios, mesmo pequenos, teriam sempre consequências terríveis. Durante milénios esses temores eram apenas imaginários, porque ninguém o tentara. Hoje tentámos, e vimos que eles tinham razão.

Os resultados da nossa experiência libertina são há muito evidentes. Explosão de divórcios e violência familiar, queda catastrófica da natalidade, patologias mentais, sobretudo infantis, pornografia, degradação da mulher, insucesso escolar, marginalidade, droga, exclusão, vício, miséria, suicídio. Da rejeição dos modelos anteriores resultou precisamente aquilo que os nossos antepassados previam. Se lhes tivéssemos perguntado por que razão impunham tantas regras, por vezes asfixiantes, eles certamente responderiam que era para evitar aquilo mesmo em que a nossa sociedade caiu logo que as abandonou.

A cegueira ideológica ainda nega a evidência, encontrando justificações variadas e falaciosas. O Estado insiste nos supostos "avanços familiares", interferindo com políticas sociais nos âmbitos mais íntimos. O propósito supremo é proteger desesperadamente o precioso postulado lascivo. Pode dizer-se que nisto o nosso tempo confirma o famoso epitáfio irónico: "Aqui jaz o homem que foi com um fósforo ver se havia gasolina no tanque. E havia."

João César das Neves

A palavra única de Deus

Lemos e relemos as sagradas Escrituras e elas são perenes, jamais nos desiludem e defraudam, mesmo quando nos parece haver contradição entre elas, uma análise aprofundada, teológica e científica demonstra-nos o contrário, Joseph Ratzinger/Bento XVI é exímio a explicá-las.

Já repararam que nesses novos “profetas” da modernidade, que falam de boca cheia como se fossem donos do mundo e se dizem ateus ou agnósticos, mas que passada a moda são esquecidos ou tornam-se objecto de “culto” de minorias. Infelizmente, também os encontramos no seio da Igreja Católica, que embora o não digam abertamente, e exactamente por isso, são muito perigosos, porque insinuam e usam a sublimação, há que estar atentos e incluí-los nas nossas orações.

JPR

«Lembrai-vos de que o discurso de Deus que se desenvolve em todas as Escrituras é um só e um só é o Verbo que Se faz ouvir na boca de todos os escritores sagrados, o qual, sendo no princípio Deus junto de Deus, não tem necessidade de sílabas, pois não está sujeito ao tempo»

(Santo Agostinho - Enarratio in Psalmum 103, 4, 1: CCL 40, 1521 [PL 37, 1378])

O Evangelho do dia 1 de abril de 2017

Entretanto, alguns daquela multidão, tendo ouvido estas palavras, diziam: «Este é verdadeiramente o profeta». Outros diziam: «Este é o Messias». Alguns, porém, diziam: «Porventura é da Galileia que há-de vir o Messias? Não diz a Escritura: “Que o Messias há-de vir da descendência de David e da aldeia de Belém, donde era David”?». Houve, portanto, desacordo entre o povo acerca d'Ele. Alguns deles queriam prendê-l'O, mas nenhum pôs as mãos sobre Ele. Voltaram, pois, os guardas para os príncipes dos sacerdotes e fariseus, que lhes perguntaram: «Porque não O trouxestes preso?». Os guardas responderam: «Nunca homem algum falou como Este homem». Os fariseus replicaram: «Porventura, também vós fostes seduzidos? Houve, porventura, algum dentre os chefes do povo ou dos fariseus que acreditasse n'Ele? Quanto a esta plebe, que não conhece a Lei, é maldita». Nicodemos, que era um deles, o que tinha ido de noite ter com Jesus, disse-lhes: «A nossa Lei condena, porventura, algum homem antes de o ouvir e antes de se informar sobre o que ele fez?». Responderam: «És tu também galileu? Examina as Escrituras, e verás que da Galileia não sai nenhum profeta». E foi cada um para sua casa.

Jo 7, 40-53