terça-feira, 21 de fevereiro de 2017

São Josemaría Escrivá nesta data em 1938

Durante uma viagem, pára em Saragoça e entra na Basílica da Virgem do Pilar. Mais tarde, recordando os anos passados no seminário dessa cidade, dirá: “Embora materialmente me encontre longe dali, nunca esquecerei nem a Basílica do Pilar nem a Mãe de Deus do Pilar. Continuo a ter intimidade com ela com amor filial. Com a mesma fé com que a invocava naqueles tempos, por volta dos anos vinte, quando Nosso Senhor me fazia pressentir o que esperava de mim: com essa mesma fé a invoco agora”.

A violência das ondas

As revoluções ideológicas abatem-se sobre os povos, como ondas contra a rocha: quem se mete na frente é esmagado. Aconteceu literalmente em Tianamen, onde as lagartas dos blindados trituraram os manifestantes, e acontece, de várias formas, em todo o mundo. Parece impossível deter as marés do poder. E, de repente,… o mar fica tão calmo que nem se acredita.

Nos EUA, a partir de 1 de Janeiro de 2014, as instituições de caridade que se recusam a proporcionar aborto e métodos contraceptivos aos colaboradores, violam o sistema de saúde instituído por Barack Obama. Como tal, o Governo aplica-lhes uma multa de 100 dólares por pessoa, por dia. Há instituições com mais de 10.000 funcionários. Passadas poucas semanas, as multas somam quantias tão incomportáveis, que a maioria das instituições abrirá falência, se o dinheiro não lhes for devolvido rapidamente.

Em 2007 passou a ser obrigatório no Reino Unido aceitar a adopção por homossexuais e, com base nisso, fecharam 85% das instituições católicas que apoiavam crianças em dificuldade. As restantes, afogadas em multas, provavelmente não vão sobreviver. No Reino Unido, há casos de tribunais que retiraram crianças a famílias por o casal ser contra a adopção por homossexuais.

Em França, François Hollande aprovou o casamento homossexual e já há processos em tribunal contra os Presidentes da Câmara que se recusam a presidir a essas fantochadas. A somar às pessoas que estão na prisão por defenderem a dignidade humana, sem excepções.

Na Bélgica e na Holanda, a eutanásia está a abranger cada vez mais pessoas e recentemente começou a aplicar-se a crianças, como extensão do aborto.

Na Suécia, nos EUA e noutros países, há gente na prisão por ler em público as passagens da Bíblia relativas à homossexualidade, ou processadas por se recusarem a colaborar em casamentos homossexuais.

No entanto, o mundo é mais complexo do que parece.

O Supremo Tribunal dos EUA acaba (2014) de dar razão às Irmãzinhas dos Pobres, que se recusaram a contratar seguros que incluíssem aborto e métodos contraceptivos. A sentença deu ânimo a muitas casas de saúde e paróquias, que foram multadas da mesma maneira, a 100 dólares por dia, por pessoa. O fanatismo chocou com a fibra de umas freiras norte-americanas que trabalham em lares de terceira idade! O Governo não compreende como umas freirinhas frágeis e sem dinheiro lhe fazem frente. Baralhado, Obama está surpreendido por esta gente que ele maltrata. Em especial, a pessoa do Papa Francisco deixa-o profundamente impressionado, como ele próprio disse à televisão.

A situação é dramática para os católicos do Reino Unido, mas em 2010 o Parlamento, a Rainha e o povo, receberam Bento XVI como o Chefe de Estado mais importante do planeta. A Presidente do Parlamento reconheceu explicitamente a sua autoridade moral. O número de conversões em países de língua inglesa atingiu um recorde histórico. Tony Blair, antigo Primeiro Ministro, responsável pela adopção por homossexuais, converteu-se ao catolicismo.

Claramente, o mundo é complexo. A União Europeia aprovou há dias o relatório da Ulrike Lunacek (que quer fundar o mundo no aborto e na homossexualidade), mas também votou a favor da iniciativa «Um de nós», que recolheu 2 milhões de assinaturas em 20 países, pedindo protecção para os bebés desde o momento da concepção. A mesma União Europeia, que se envergonha das suas raízes cristãs, nomeou o Papa Francisco como o «Comunicador do Ano».

Mais curiosos são os comunistas. Os jornalistas da China, reunidos no «China International Press Forum», puseram o Papa em terceiro lugar, no meio dos ídolos tradicionais, o presidente iraniano Hassan Rohani, o ex-presidente egípcio Mohamed Morsi, etc.

Quase todos os meios de comunicação social, da «Time» à «Rolling Stones», riem da fidelidade no casamento, enaltecem o comportamento homossexual e tratam a Igreja como uma aberração retrógrada. No entanto, praticamente todos perceberam algo, que não sabem explicar. Um fascínio que os desarma e deixa sem argumentos. Como se explica que votem o Papa Francisco como figura do ano? Claramente, o mundo é complexo.

Em Novembro, os Bispos portugueses declararam que as leis do aborto, do casamento entre pessoas do mesmo sexo ou da co-adopção por homossexuais «são reversíveis». O presidente da Conferência Episcopal Portuguesa duvida até que elas correspondam à vontade dos portugueses. Os órgãos de comunicação foram unânimes: nada pode parar a co-adopção pelos homossexuais! Será que os bispos não estão a ver a marcha imparável do progresso?

Em Janeiro, apesar do nevão que cortou as comunicações aéreas e algumas estradas, cardeais e bispos dos EUA, à frente de uma multidão imensa, proclamaram que preferiam respeitar os direitos humanos a obedecer a leis injustas. O Cardeal de Boston falou, na homilia, da precariedade do poder humano. Disse que as leis contra a dignidade humana são como aquele imperador vestido com um traje invisível, que ninguém se atrevia a contestar. De repente, uma criança, alheia às convenções sociais, desata a rir: o rei vai nu! E acrescentou que a voz da Igreja é, hoje, esta criança.

Às vezes, admiro o mar, outras vezes, os pequenos barcos que o dominam. Sobretudo aquela barquinha pequena, baloiçando na água. Teimosamente, há séculos.

José Maria C. S. André
«Verdadeiro Olhar», 19-II-2014

O Evangelho do dia 21 de fevereiro de 2017

Tendo partido dali, atravessaram a Galileia; e Jesus não queria que se soubesse. Ia instruindo os Seus discípulos e dizia-lhes: «O Filho do Homem vai ser entregue às mãos dos homens e Lhe darão a morte, mas ressuscitará ao terceiro dia depois da Sua morte». Mas eles não compreendiam estas palavras e temiam interrogá-l'O. Nisto chegaram a Cafarnaum. Quando estavam em casa, Jesus perguntou-lhes: «De que discutíeis pelo caminho?». Eles, porém, calaram-se, porque no caminho tinham discutido entre si qual deles era o maior. Então, sentando-Se, chamou os doze e disse-lhes: «Se alguém quer ser o primeiro, seja o último de todos e o servo de todos». Em seguida, tomando uma criança, pô-la no meio deles e, depois de a abraçar, disse-lhes: «Todo aquele que receber uma destas crianças em Meu nome, a Mim recebe, e todo aquele que Me receber a Mim, não Me recebe a Mim, mas Àquele que Me enviou».

Mc 9, 30-37