quarta-feira, 4 de janeiro de 2017

Primeira Audiência de 2017 (resumo)

LocutorPara falar de esperança a quem está desesperado, é preciso compartilhar o seu desespero; para enxugar as lágrimas do rosto de quem sofre, é preciso unir o nosso pranto ao seu. Só assim podem as nossas palavras ser realmente capazes de dar um pouco de esperança. Vemos acontecer isto na profecia de Jeremias que se dirige ao povo exilado em Babilónia e personificado na sua matriarca Raquel, esposa do patriarca Jacob e mãe dos seus filhos José e Benjamim. Ela morreu precisamente ao dar à luz este segundo filho: morreu para que Benjamim vivesse. O profeta imagina Raquel, ou seja, um povo deportado em lágrimas pelos filhos que já não existem, desapareceram para sempre. Mas Deus, na sua delicadeza e no seu amor, responde ao pranto de Raquel: «Haverá recompensa para as tuas penas. Eles voltarão do país inimigo». Precisamente pelo pranto da mãe, há ainda uma esperança para os filhos; estes voltarão a viver. As lágrimas geraram esperança: o povo regressará do exílio e poderá livremente viver, na fé, a sua relação com Deus. Como sabemos, o evangelista Mateus vê estas lágrimas de Raquel nas faces das mães de Belém que choram os filhos mortos pelos sicários de Herodes, quando este se propôs matar Jesus. As crianças de Belém morreram por causa de Jesus. Mas Ele haveria, por sua vez, de morrer por todos. O Filho de Deus entrou na dor dos homens, compartilhou e aceitou a morte; a sua palavra é definitivamente palavra de consolação, porque nasce do pranto. E, na cruz, será Ele, o Filho moribundo, a dar uma nova fecundidade à sua Mãe, confiando-Lhe o discípulo João e tornando-A mãe do povo dos crentes. A morte está vencida e chega assim ao seu pleno cumprimento a profecia de Jeremias. Também as lágrimas de Maria, como as de Raquel, geram esperança e nova vida

Santo Padre:
Con grande affetto saluto i pellegrini di lingua portoghese, in particolare i sacerdoti della diocesi di Angra, augurando a ciascuno di rendersi sempre conto di quanto l’appartenenza alla santa Madre Chiesa sia davvero un dono meraviglioso. Vegli sul vostro cammino la Vergine Maria e vi aiuti ad essere segno di fiducia e di speranza in mezzo ai vostri fratelli. Su di voi e sulle vostre famiglie scenda la Benedizione di Dio.


Locutor: Com grande afeto, saúdo os peregrinos de língua portuguesa, e de modo particular os sacerdotes da diocese de Angra, desejando a cada um que sempre possa dar-se conta do dom maravilhoso que é pertencer à santa Mãe Igreja. Vele sobre o vosso caminho a Virgem Maria e vos ajude a ser sinal de confiança e esperança no meio dos vossos irmãos. Sobre vós e vossas famílias desça a Bênção de Deus.

São Josemaría Escrivá nesta data em 1932

Na igreja de Santa Isabel recebe uma das locuções divinas que escreve nos seus apontamentos: “Esta manhã, como de costume, ao sair do Convento de Santa Isabel, aproximei-me um instante do Sacrário, para me despedir de Jesus dizendo-lhe: Jesus, aqui está o teu burrinho... Vê o que fazes com o teu burrinho... – E ouvi imediatamente, sem palavras: “Um burrinho foi o meu trono em Jerusalém”. Foi o conceito que entendi, com toda a clareza”

Wanda Półtawska, «Kaninchen» 7709

Em audiência privada com o marido a João Paulo II
No início da Segunda Guerra Mundial, Wanda Wojtasik, uma católica polaca de 17 anos, juntou-se à resistência. A Gestapo apanhou-a, torturou-a para lhe arrancar os nomes dos companheiros e, como não conseguiu, fecharam-na no campo de concentração de Ravensbrück, juntamente com centenas de milhares de outras mulheres, amontoadas num recinto incrivelmente pequeno para tanta gente, obrigadas a trabalhar até à exaustão, muitas vezes com neve. A maioria delas morreu, mas o número total foi sempre em aumento, por causa do afluxo de novas prisioneiras. Perdiam tudo, até o nome, substituído por uma matrícula.

A 7709 passou pelas torturas extravagantes de Ravensbrück. Uma das piores era o pavilhão das lésbicas, onde algumas prisioneiras descontroladas agrediam as outras e se exibiam, enlouquecidas. Impressiona que as crianças fossem um dos alvos e impressiona a reacção da maioria das prisioneiras (a maioria católicas praticantes), agarradas à oração, no meio daquele delírio de violência e degradação.

A 7709 foi também escolhida para servir de «Kaninchen» (cobaia, na linguagem macabra de Ravensbrück). Partiam os ossos às «Kaninchens», infectavam-lhes as feridas com madeiras e trapos sujos (não vale a pena adiantar pormenores) e a seguir ensaiavam medicamentos novos, a ver quem resistia. Muitas não aguentavam e as que sobrevivessem deveriam ser mortas. Neste ponto da história, aconteceu um momento sublime de ternura. A multidão das prisioneiras de Ravensbrück, que morria de fome e de frio, pediu clamorosamente que poupassem as «Kaninchens» e – mais estranho ainda – as SS aceitaram o pedido. Em 1945, quando os soviéticos chegaram, a 7709 foi libertada.

Demorou muito tempo até a 7709 se habituar a ser novamente Wanda. As dores atrozes e os pesadelos ficaram para sempre. Casou-se com o Prof. Andrzej Półtawska, com quem teve 4 filhas, e ainda arranjou força para fazer o curso de medicina e especializar-se em psiquiatria.

Lembrei-me desta mulher quando li a mensagem do Papa Francisco neste Natal: «o meu pensamento vai para todos as crianças que hoje são mortas e maltratadas... antes de verem a luz, privadas do amor generoso dos seus pais e sepultadas no egoísmo de uma cultura que não ama a vida».

Em plena ditadura comunista, Wanda Półtawska comparou o drama do aborto com o Holocausto, deixando as comunistas polacas de cabeça perdida. E, em vez de voltar atrás, insistiu: «como é que dizem defender a liberdade da mulher e condenam à morte os seres mais indefesos que existem no mundo? O número de abortos realizados no planeta é aterrador e ultrapassa em muito o número de vítimas de todas as guerras».

Wanda vira recém-nascidos a serem atirados para os fornos de Ravensbrück e prometera a si mesma que, se sobrevivesse, estudaria e trabalharia para defender a vida humana.

Wanda Półtawska com o Padre Karol Wojtyła
O encontro de Wanda com o Padre Karol Wojtyła foi decisivo e durou para sempre. Quando não podiam encontrar-se, trocavam cartas, que Wanda Półtawska reuniu, com considerações suas, num volume intitulado «Diário de uma Amizade» (publicado depois da morte de João Paulo II, editado em português pela Paulus). Os textos centram-se na Eucaristia e na importância da oração. Há também cartas muito interessantes sobre o sentido do sofrimento e a santificação da vida familiar e profissional. O prólogo é do marido, Andrzej Półtawska.

A intensa amizade desta família com Karol Wojtyła inclui muitas colaborações e alguns favores curiosos. Em 1962, quando o Bispo Wojtyła estava em Roma para o Concílio Vaticano II, Wanda foi internada no hospital com cancro. O marido preveniu Wojtyła por telegrama e este escreveu uma carta ao Padre Pio de Pietralcina, um franciscano com fama de santidade, para que pedisse a Deus o milagre. A cura foi total e inexplicável, e o Bispo Wojtyła voltou a escrever ao Padre Pio, a agradecer-lhe a oração.

José Maria C. S. André
«Correio dos Açores», «Verdadeiro Olhar», «ABC Portuguese Canadian Newspaper», 4-I-2015

O Evangelho do dia 4 de janeiro de 2016

No dia seguinte, João lá estava novamente com dois dos seus discípulos. Vendo Jesus que passava, disse: «Eis o Cordeiro de Deus». Ouvindo as suas palavras, os dois discípulos seguiram Jesus. Jesus, voltando-Se para trás, e vendo que O seguiam, disse-lhes: «Que buscais?». Eles disseram-Lhe: «Rabi (que quer dizer Mestre), onde habitas?». Jesus disse-lhes: «Vinde ver». Foram, viram onde habitava e ficaram com Ele aquele dia. Era então quase a hora décima. André, irmão de Simão Pedro, era um dos dois que tinham ouvido o que João dissera e que tinham seguido Jesus. Encontrou ele primeiro seu irmão Simão e disse-lhe: «Encontrámos o Messias», que quer dizer Cristo. Levou-o a Jesus. Jesus, fixando nele o olhar, disse: «Tu és Simão, filho de João, tu serás chamado Cefas», que quer dizer Pedra.

Jo 1, 35-42