sábado, 30 de setembro de 2017

Os católicos ‘protestantes’

Os autores da “correcção filial” ao Papa Francisco esquecem que a Amoris laetitia não é um texto dogmático, nem jurídico, mas pastoral para ser interpretado à luz do magistério e da tradição da Igreja

A carta que, com data de 16 de Julho passado, cerca de meia centena de católicos escreveram ao Papa Francisco, acusando-o de heresia, não é inédita, mas é insólita, injusta e muito infeliz.

Há precisamente cinco séculos, Martinho Lutero revoltou-se contra o papa e a Igreja católica, dando origem aos vulgarmente designados por ‘protestantes’. Também os signatários desta “correcção filial”, embora não sejam, em sentido próprio, protestantes, são-no de facto, por este seu protesto contra o Santo Padre.

Não obstante o seu louvável zelo pela ortodoxia e suposta boa-fé, manifestam uma considerável presunção e arrogância, quando dizem que foram “obrigados a dirigir a Sua Santidade uma correcção, devido à propagação de heresias produzidas pela Exortação apostólica Amoris laetitia e de outras palavras, actos e omissões de Sua Santidade”. É algo confusa a alusão a “heresias produzidas pela dita Exortação apostólica, porque nenhuma heresia é ‘produzida’ por um texto, nem por meras “palavras, actos e omissões”, mas por alguém que, neste caso, só pode ser o Papa Francisco.

Segundo o Código de Direito Canónico, “diz-se heresia a negação pertinaz, depois de recebido o baptismo, de alguma verdade que se deve crer com fé divina e católica” (cânone 751). Portanto, só é herética a negação, por um fiel que o faça de forma consciente e pertinaz, de algum dogma. Não constando, como certamente não consta, essa intenção e vontade por parte do Sumo Pontífice, é moralmente temerária e juridicamente improcedente a acusação de heresia, também porque nada permite supor, no Papa Francisco, a consciência e intenção de contradizer a fé da Igreja.

Como é sabido, nenhum bispo, nem a totalidade dos cardeais pode, em caso algum, depor um Papa validamente eleito. Nem sequer o concílio ecuménico poderia fazê-lo. Não há nenhuma forma canónica pela qual se possa obrigar o bispo de Roma a renunciar ao seu ministério eclesial.

E se o Papa for herege?! Segundo o Código de Direito Canónico, qualquer clérigo que incorra em heresia, fica automaticamente excomungado e, em consequência, cessa no seu ofício eclesiástico (cân. 1364), mas não o romano pontífice, porque “a primeira Sé por ninguém pode ser julgada” (cân. 1404). “O Papa na Igreja é juiz supremo, a quem só Deus pode julgar. A esta prerrogativa, proveniente do direito divino, nem sequer o Papa pode renunciar. Ao dizer que a primeira Sé não pode ser submetida ao juízo de poder humano algum, deve entender-se acerca tanto das resoluções que o Papa pronuncie, como daquelas que ele faça com aprovação ou aceitação expressa e formal” (Communicationes, 10, 1978, p. 219).

Como não há qualquer hipótese legal de destituir o Papa Francisco, os subscritores desta carta apelam à “dúvida” quanto à “validade da renúncia do papa emérito Bento XVI ao papado”. De facto, se a resignação de Ratzinger não tivesse sido válida, continuaria a ser ele o Papa, em cujo caso a eleição de Jorge Mário Bergoglio teria sido nula e sem efeito. Mas também este argumento não colhe porque o Papa emérito, ciente desses rumores, já várias vezes veio a público desmenti-los, porque não têm qualquer fundamento.

Entendem ainda os autores da “correcção filial” que, por causa da Exortação apostólica Amoris laetitia, os fiéis católicos encontram-se agora num difícil dilema: “ou chegarão a adoptar as heresias ora propagadas ou, conscientes de que essas doutrinas são contrárias à Palavra de Deus, duvidarão ou negarão as prerrogativas dos Papas”. Ou seja: ou são fiéis à palavra de Deus e infiéis ao Papa, ou fiéis ao Papa e infiéis à palavra de Deus. A alternativa não faz contudo sentido porque a palavra de Deus obriga à fidelidade ao Papa, cujas afirmações não contradizem os ensinamentos revelados.

Os autores da “correcção filial” referem ainda as inúmeras passagens da Amoris laetitia que entendem contrárias à doutrina católica. Esquecem, contudo, que o documento que tão meticulosamente examinaram não pretende ser um texto dogmático, nem normativo, mas pastoral e, por isso, a sua exegese deve ser feita em sintonia com o magistério e a tradição da Igreja e não contradizendo-os. Foi aliás o que fizeram três teólogos especializados nestes temas, em publicação agora editada em português e prefaciada por D. Nuno Brás, Bispo auxiliar de Lisboa (José Granados, Stephan Kampowski, Juan José Pérez-Soba, Acompanhar, discernir, integrar, Aletheia, 2017).

Também no Evangelho há expressões que não são susceptíveis de uma exegese literal. Quando Jesus diz que a mulher samaritana já teve “cinco maridos” (Jo 4, 18), não afirma que o foram validamente, ainda que os designe como cônjuges dela. Jesus, ao referir-se aos cinco homens que tinham convivido maritalmente com a samaritana, não ajuizou, moral e juridicamente, essas relações. Uma exegese fundamentalista desta passagem evangélica poderia levar a afirmar o absurdo: Jesus Cristo autorizaria até cinco casamentos consecutivos, pois chamou ‘maridos’ aos cinco primeiros parceiros da samaritana, mas não mais, porque ao sexto foi negada essa condição …

Quando, na manhã da Páscoa, São João chegou ao sepulcro, “inclinou-se para observar (…) mas não entrou.” Porque o não fez?! Para dar prioridade a Pedro, que o seguia. Já não parecia fazer sentido esta deferência com Simão porque, se é verdade que Pedro fora constituído chefe da Igreja, depois negara três vezes o Mestre. À conta da infidelidade de Pedro, João, não menos apóstolo do que ele, podia supor que já não lhe devia especial respeito, nem obediência, mas uma correcção filial!

Não se pode ser bom católico sem ser fiel ao Santo Padre. Aos discípulos de Jesus não compete julgar ninguém, muito menos o vigário de Cristo na terra, nem ajuizar o seu magistério, mas segui-lo com fidelidade e obedecer-lhe com filial reverência. Foi o que fizeram João e todos os cristãos que, ao longo dos dois mil anos da história da Igreja, são, pelo seu amor e obediência ao Papa, outros tantos discípulos predilectos do Senhor.

Pe. Gonçalo Portocarrero de Almada in Observador de 30-09-2017
(seleção de imagem 'Spe Deus')

O Evangelho de Domingo dia 1 de outubro de 2017

«Mas que vos parece? Um homem tinha dois filhos. Aproximando-se do primeiro, disse-lhe: “Filho, vai trabalhar hoje na minha vinha”. Ele respondeu: “Não quero”. Mas, depois, arrependeu-se e foi. Dirigindo-se em seguida ao outro, falou-lhe do mesmo modo. E ele respondeu: “Eu vou, senhor”, mas não foi. Qual dos dois fez a vontade do pai?». Eles responderam: «O primeiro». Disse-lhes Jesus: «Na verdade vos digo que os publicanos e as meretrizes vos precederão no reino de Deus. Porque veio a vós João pelo caminho da justiça, e não crestes nele; e os publicanos e as meretrizes creram nele. E vós, vendo isto, nem assim fizestes penitência depois, crendo nele.

Mt 21, 28-32

São Josemaría Escrivá nesta data em 1931

Escreve: “Tenho uma verdadeira monomania de pedir orações: a religiosas e sacerdotes, a leigos piedosos, aos meus doentes, a todos peço a esmola de uma oração, pelas minhas intenções, que são, naturalmente, a Obra de Deus e vocações para ela”.

Paz e alegria: este é o ar da Igreja

Uma organização ou programação perfeitas não são sinal da presença de Deus, mas sim a paz e a alegria. Isto é o essencial da homilia do Papa Francisco de 30.09.2013 na Casa Santa Marta. Os discípulos eram entusiastas e faziam programações sobre quem era o maior e discutiam entre si. Mas, Jesus, descentrou-lhes as ideias dirigindo-se para as crianças dizendo que os mais pequenos são... os maiores. Ao mesmo tempo, numa das leituras do dia de hoje do Profeta Zacarias, fala-se dos sinais da presença de Deus que, disse o Santo Padre, são os velhos e as crianças que são o futuro de um povo. E nem uns nem outros são descartáveis. Mas, os discípulos não compreendiam estes sinais e estavam mais preocupados com a eficácia da organização...

“Eu percebo que os discípulos queriam eficácia, queriam que a Igreja caminhasse sem problemas e esta pode ser uma tentação para a Igreja: a Igreja do funcionalismo! A Igreja bem organizada! Tudo certinho, mas sem memória e sem promessa! Esta Igreja assim não vai bem: será uma Igreja de luta pelo poder, será a Igreja dos ciúmes entre os batizados e tantas outras coisas que existem quando não há memória nem promessa.”

Assim a vitalidade da Igreja não vem dos documentos e reuniões para planificar e fazer bem as coisas, estas são realidades necessárias – diz o Papa Francisco – mas não são sinal da presença de Deus...

“O sinal da presença de Deus é este, assim disse o Senhor: Velhos e velhas estarão sentados nas praças de Jerusalém, cada um com o seu cajado para sua longevidade. E as praças da cidade estarão cheias de meninos e meninas que jogarão nas praças. Jogo faz-nos pensar em alegria: é a alegria do Senhor. E estes anciãos, sentados com o seu cajado na mão, tranquilos, fazem-nos pensar na paz. Paz e alegria: este é o ar da Igreja.” (RS)

(Fonte: 'news.va')

O Evangelho do dia 30 de setembro de 2017

E todos se admiravam da grandeza de Deus. Enquanto todos admiravam as coisas que fazia, Jesus disse aos discípulos: «Fixai bem estas palavras: O Filho do Homem está para ser entregue nas mãos dos homens». Eles, porém, não entendiam esta linguagem; era-lhes tão obscura que não a compreendiam; e tinham medo de O interrogar acerca dela.

Lc 9, 43b-45

sexta-feira, 29 de setembro de 2017

«Travou-se uma batalha no céu: Miguel e os seus anjos declararam guerra ao Dragão» (Ap 12,7)

São João Paulo II (1920-2005), papa 
Audiência Geral de 23/7/1986, 1-2;5


Na perfeição da sua natureza espiritual e em virtude da sua inteligência, os anjos são chamados desde o princípio a conhecer a Verdade e a amar o Bem, que conhecem muito mais plena e perfeitamente do que ao homem é possível. Este amor mais não é do que o acto duma vontade livre [...] que é sinónimo duma possibilidade de escolha a favor ou contra esse mesmo Bem, ou seja, o próprio Deus. Nunca é demais repetir o que já dissemos a seu tempo a propósito do homem: ao criar livres os homens, Deus quis que, no mundo, se realizasse este amor verdadeiro que só é possível tendo como base a liberdade; por isso quis que a criatura, formada à imagem e semelhança do seu Criador (Gn 1,26), pudesse assemelhar-se-Lhe da forma mais plena possível, a Ele que «é amor» (1Jo 4,16). Ora, ao criar esses espíritos puros como seres livres, Deus, na Sua Providência, não podia também deixar de prever a possibilidade do pecado dos anjos. No entanto, precisamente porque a Providência divina é Sabedoria eterna capaz de amar, Deus saberia tirar da história deste pecado [...] o bem definitivo de todo o universo recém-criado.

Com efeito, como afirma claramente a Revelação, o mundo dos espíritos puros está dividido em bons e maus. [...] Como havemos de compreender tal distinção? Os Padres da Igreja e os seus teólogos não hesitam em falar de uma cegueira produzida por uma sobrevalorização da perfeição do seu próprio ser, levada ao ponto de ofuscar a supremacia de Deus que, ao contrário, supunha uma atitude de submissão e de obediência. Tudo isso se encontra expresso de maneira concisa nas palavras «Não servirei!» (Jr 2,20), manifestação radical e irreversível da recusa em tomar parte na edificação do Reino de Deus no mundo criado. Satanás, o espírito rebelde, quer o seu próprio reino, não o de Deus, assim se erguendo em adversário primeiro do Criador, opondo-se à Sua Providência como antagonista da sabedoria cheia de amor de Deus. Desta revolta e deste pecado de Satanás, tal como do do homem, devemos tirar a seguinte conclusão, expressa nas sábias palavras da experiência da Escritura, que afirma: «O orgulho é causa de ruína» (Tb 4,13).

O Evangelho do dia 29 de setembro de 2017

Jesus viu Natanael, que vinha ter com Ele, e disse dele: «Eis um verdadeiro israelita em quem não há fingimento». Natanael disse-lhe: «Donde me conheces?». Jesus respondeu-lhe: «Antes que Filipe te chamasse, Eu te vi, quando estavas debaixo da figueira». Natanael respondeu: «Mestre, Tu és o Filho de Deus, Tu és o Rei de Israel». Jesus respondeu-lhe: «Porque te disse que te vi debaixo da figueira, acreditas?; verás coisas maiores que esta». E acrescentou: «Em verdade, em verdade vos digo, vereis o céu aberto e os anjos de Deus subir e descer sobre o Filho do Homem».

Jo 1, 47-51

quinta-feira, 28 de setembro de 2017

São Josemaría Escrivá nesta data em 1932

“Ontem, recolhi um pequeno Santo Cristo, com a imagem muito gasta, que o meu pai trazia sempre consigo, e que lhe foi entregue por morte de sua mãe, que costumava usá-lo. Como é pobrezinho e está muito gasto, não me atrevo a dá-lo a ninguém, e deste modo a santa memória da minha avó (grande devota da SS.ma Virgem) e do meu pai fará aumentar o meu amor à Cruz”, escreve.

Que mundo é este?

Sempre tivemos dificuldade em entender o narcisismo implícito nos selfies, mas esta foto ultrapassa tudo, não me referimos à candidata do aborto, mas à atitude geral dos assistentes.

A este propósito recordamos as palavras do Santo Padre nas homilias de 5ª feira passada 22 de setembro e de Domingo 25 de setembro de 2016 no Jubileu dos Catequistas:

“A vaidade que nos enche. A vaidade que não tem vida longa, porque é como uma bola de sabão. A vaidade que não nos dá um ganho real. Qual o ganho que tem o homem com toda a trabalheira com a qual se ocupa? Ele está ansioso para aparecer, para fingir, pela aparência. Esta é a vaidade. Se queremos dizer simplesmente: "A vaidade é maquilhar a própria vida. E isso deixa a alma doente, porque se alguém falsifica a própria vida para aparecer, para fazer de conta, e todas as coisas que faz são para fingir, por vaidade, no final o que é que ganha? A vaidade é como uma osteoporose da alma: os ossos do lado de fora parece bons, mas por dentro estão todos estragados.”

“A mundanidade é como um «buraco negro» que engole o bem, que apaga o amor, que absorve tudo no próprio eu. Então só se veem as aparências e não nos damos conta dos outros, porque nos tornamos indiferentes a tudo. Quem sofre desta grave cegueira, assume muitas vezes comportamento «estrábicos»: olha com reverência as pessoas famosas, de alto nível, admiradas pelo mundo, e afasta o olhar dos inúmeros Lázaros de hoje, dos pobres e dos doentes, que são os prediletos do Senhor.”

Obrigado!

JPR em 29.09.2016

Devemos pedir a graça de não nos assustarmos e fugirmos da Cruz

Na homilia de 28.09.2013 na Missa em Santa Marta, partindo da Leitura do Evangelho, proposta pela liturgia desse dia, em que Jesus anuncia a sua Paixão, o Santo Padre afirma que as palavras de Jesus gelaram os discípulos. Estes provavelmente esperavam um caminho triunfante e tinham medo de colocar perguntas:
“Tinham medo da Cruz. O próprio Pedro, depois daquela confissão solene na região de Cesareia, quando mais uma vez chama a atenção do Senhor: Não, nunca Senhor! Isto não! Tinha medo da Cruz. Mas não só os discípulos, também Jesus tinha medo da Cruz! Ele não podia enganar-se, Ele sabia. Tanto era o medo de Jesus que naquela noite de quinta-feira suou sangue; tanto era o medo de Jesus que quase dizia o mesmo que Pedro, quase...’Pai afasta de mim este cálice...Mas faça-se a Tua vontade.’ Esta era a diferença!”

A Cruz faz-nos medo mesmo nas obras de evangelização. E o Papa Francisco recordou que não há redenção sem a efusão de sangue, não há obra apostólica fecunda sem a Cruz:“Talvez nós pensamos, cada um de nós pensará: E a mim o que acontecerá? Como será a minha Cruz? Não sabemos. Não sabemos, mas haverá! Devemos pedir a graça de não escapar à Cruz quando ela vier: com medo, eh! Isso é verdade! Aquilo faz-nos medo. Mas a sequela de Jesus termina aí. Vêm-me à mente as últimas palavras que Jesus disse a Pedro, naquela coroação pontifícia no Tiberiades: Amas-me! Paz!... Mas as últimas palavras eram aquelas: Vão levar-te onde tu não queres ir! A promessa da Cruz.” (RS)

(Fonte: 'news.va')

O Evangelho do dia 28 de setembro de 2017

O tetrarca Herodes ouviu falar de tudo o que se passava, e não sabia que pensar, porque uns diziam: «É João que ressuscitou dos mortos»; outros: «É Elias que apareceu»; outros: «É um dos antigos profetas que ressuscitou». Herodes disse: «Eu mandei degolar João. Quem é, pois, Este de quem ouço tais coisas?». E buscava ocasião de O ver.

Lc 9, 7-9

quarta-feira, 27 de setembro de 2017

Os inimigos da esperança

LocutorA esperança, virtude que move o coração a buscar um futuro melhor, mesmo em meio às amarguras presentes da vida, pode se deparar com alguns obstáculos. O primeiro inimigo da esperança é a ilusão da saciedade, de achar que já se possui tudo, que não é necessário desejar mais coisa alguma. Ao contrário, a esperança é a virtude dos humildes, daqueles que não se contentam com as garantias alcançadas, mas estão sempre buscando um bem mais precioso, capaz de mudar este mundo. Por isso, o pior obstáculo para a esperança é o coração vazio. Trata-se de um perigo que nos ameaça a todos, mesmo aos cristãos. Os antigos monges alertavam para a tentação da acídia, ou seja, de nos deixarmos levar pela monotonia, tédio e a melancolia, que causam uma erosão interna que nos deixa vazios. Devemos combater essas tentações, na certeza de que Deus nos criou para a felicidade; para isso invoquemos o nome de Jesus, que venceu o mundo e é capaz de vencer em nós tudo aquilo que se opõem ao bem. Ele não deixará que nos roubem a esperança.

Santo Padre:
Rivolgo il mio saluto a tutti i pellegrini di lingua portoghese, in particolare ai fedeli di Arruda dos Vinhos e Sobral e ai diversi gruppi dal Brasile. Cari amici, la speranza cristiana ci spinge a guardare verso il futuro come uomini e donne che non si stancano di sognare un mondo migliore. Maria, causa della nostra speranza, vi guidi su questa strada.
  
LocutorSaúdo todos os peregrinos de língua portuguesa, em particular os fiéis de Arruda dos Vinhos e Sobral e os diversos grupos do Brasil. Queridos amigos, a esperança cristã nos leva a olhar para o futuro como homens e mulheres que não se cansam de sonhar com um mundo melhor. Que Maria, causa da nossa esperança, vos guie nesse caminho.

São Josemaría Escrivá nesta data em 1931

Em Madrid, realiza o seu trabalho pastoral entre os doentes dos bairros da periferia. Na foto uma nota com um encargo que para este dia lhe pedem as Damas do Patronato dos Doentes. “Foram muitas horas gastas naquele trabalho, mas tenho pena de que não tenham sido mais. E nos hospitais, e nas casas onde havia doentes, se se pode chamar casas àqueles tugúrios… Era gente desamparada e doente; alguns com uma doença que então era incurável, a tuberculose”.

O Evangelho do dia 27 de setembro de 2017

Convocados os doze Apóstolos, deu-lhes poder e autoridade sobre todos os demónios, e para curar as doenças. Enviou-os a pregar o reino de Deus e a curar os doentes. Disse-lhes: «Não leveis nada para o caminho, nem bastão, nem alforge, nem pão, nem dinheiro, nem leveis duas túnicas. Em qualquer casa em que entrardes, ficai lá, e não saiais dela até à vossa partida, e se alguém não vos receber, ao sair dessa cidade, sacudi até o pó dos vossos pés, em testemunho contra eles». Tendo eles partido, andavam de aldeia em aldeia pregando a boa nova, e fazendo curas por toda a parte.

Lc 9, 1-6

São Josemaría Escrivá nesta data em 1959

Recebe, em Roma, a visita de algumas mães de família. Durante anos, S. Josemaría recebeu centenas de visitas em Villa Tevere, sede do Opus Dei. A fim de aproveitar melhor o tempo sobrenaturalmente, S. Josemaría preparava-se para falar a essas almas só de Deus. Antes da entrevista dizia o versículo do salmo: «Pone, Domine, custodiam ori meo (põe, Senhor, uma sentinela na minha boca)»; e depois não se deixava de as recomendar ao seu Anjo da Guarda. Como recordação o Padre costumava oferecer-lhes um terço, «para o gastarem de tanto o rezarem».

Vazquez de Prada III, p. 467

Absoluta confiança e fé em Deus

«Em tudo somos oprimidos, mas não sucumbimos. Vivemos em completa penúria, mas não desesperamos.Somos perseguidos, mas não ficamos desamparados. Somos abatidos, mas não somos destruídos».

(S. Paulo 2 Cor 4, 8-9)

«Tidos por impostores, somos, no entanto, sinceros; por desconhecidos, somos bem conhecidos; por agonizantes, estamos com vida; por condenados e, no entanto, estamos livres da morte.Somos julgados tristes, nós que estamos sempre contentes; indigentes, porém enriquecendo a muitos; sem posses, nós que tudo possuímos!»

(S.Paulo 2 Cor 6, 8-10)

O Evangelho do dia 26 de setembro de 2017

Foram ter com Ele Sua mãe e Seus irmãos, e não podiam aproximar-se d'Ele por causa da multidão. Foram dizer-Lhe: «Tua mãe e Teus irmãos estão lá fora e querem ver-Te». Ele respondeu-lhes: «Minha mãe e Meus irmãos são aqueles que ouvem a palavra de Deus e a põem em prática».

Lc 8, 19-21

segunda-feira, 25 de setembro de 2017

São Josemaría Escrivá nesta data em 1938

Começa um retiro. Uns dias depois anota: “Mosteiro de São Domingos de Silos, véspera da Dedicação de São Miguel Arcanjo, 28 de Set. de 1938. Já passaram três dias de retiro… e não fiz nada (…) Serão estéreis estes dias? E, contudo, a minha Mãe é minha Mãe, e Jesus é – atrever-me-ei? – o meu Jesus!”.

Guia para a Confissão

O Senhor está e espera por nós na Eucaristia, mas temos de lá chegar com a “casa arrumada” e é tão simples basta procurar um Sacerdote para nos confessar em nome de Jesus Cristo.

O Evangelho do dia 25 de setembro de 2017

«Ninguém, pois, acendendo uma lâmpada a cobre com um vaso ou a põe debaixo da cama, mas põe-na sobre um candeeiro, para que os que entram vejam a luz. Porque nada há oculto que não acabe por ser manifestado, nem escondido que não deva saber-se e tornar-se público. Vede, pois, como ouvis. Porque àquele que tem, lhe será dado; e ao que não tem, ainda aquilo mesmo que julga ter, lhe será tirado».

Lc 8, 16-18

domingo, 24 de setembro de 2017

Carta do Prelado (24 setembro 2017)

Queridíssimos: que Jesus me guarde as minhas filhas e os meus filhos!
Depois dos últimos meses, em que tive a alegria de ver muitos de vós, estou a escrever-vos com o olhar já posto no tema do próximo encontro do Sínodo dos Bispos, que terá lugar dentro de um ano, em Roma: "Os jovens, a fé e o discernimento da vocação". Como sabeis, o trabalho apostólico com a juventude esteve muito presente no recente Congresso Geral [1].. Com estas linhas, gostava simplesmente de vos animar a considerar – sem entrar em pormenores – como poderemos intensificar este aspeto prioritário da nossa vocação cristã.
"Que procurais?", pergunta o Senhor a João e a André, na primeira vez que d’Ele se aproximaram (Jo 1, 38). A juventude é uma etapa de procura, é a época em que a pergunta "quem quero ser?" ganha protagonismo, pergunta que também significa, para um cristão: "quem estou chamado a ser?". É a pergunta sobre a vocação: sobre como corresponder ao amor de Deus. "E tu, querido jovem, querida jovem", escrevia o Papa Francisco há dois anos, "já sentiste alguma vez em ti esse olhar de amor infinito que, para além de todos os teus pecados, limitações e fracassos, continua a confiar em ti e a olhar para a tua existência com esperança? És consciente do valor que tens para Deus, que, por amor, te deu tudo?" [2].
Existem hoje muitos obstáculos, às vezes complexos, que dificultam este encontro pessoal com o amor de Deus, mas também há sinais de esperança. Dizia Bento XVI: "Não é verdade que a juventude pense sobretudo no consumo e no prazer. Não é verdade que seja materialista e egoísta. É verdade o contrário: os jovens desejam coisas grandes" [3].. Esta afirmação corresponde à realidade da vida de muitos jovens, entusiasmados por melhorar o mundo, mesmo que pareça chocar com a indolência de tantos outros, a quem vemos "envelhecidos" por um constante bombardear de consumismo, entretenimento, imediatismo, frivolidade. É fácil lamentar-se desta situação. Mais exigente, porém, é procurar estar à altura desses desejos de coisas grandes que os seus corações abrigam, às vezes encobertos por uma capa de aparente indiferença. Somos capazes de os fazer vibrar com a beleza da fé, de uma vida vivida para os outros? Pergunto a cada um dos meus filhos e filhas mais jovens: sabes transmitir aos teus amigos a vibração por este Deus que é a Beleza, a Bondade, a Verdade, o único que pode satisfazer o desejo de felicidade dos seus corações? E aos que não somos tão jovens em idade, mas procuramos manter a juventude do coração: tentamos compreender as suas dificuldades, os seus entusiasmos? Rejuvenescemos com eles?
S. Josemaria gostava da forma como, em português, se chama aos jovens: os novos. E uma vez comentou: "Sede todos muito jovens. Renovai-vos! (...) Renovar é voltar a ser jovens, voltar a ser novos, ter uma nova capacidade de entrega" [4].. Para animar muitas almas a ter sonhos generosos de entrega a Deus e aos outros, é preciso que todos os cristãos se esforcem por ser testemunhas autênticas de uma vida que tende sinceramente a identificar-se com Jesus Cristo. Apesar das nossas limitações, com a graça de Deus, podemos ser semeadores de paz e de alegria no lugar onde o Senhor nos quer, seja num canto do mundo ou numa encruzilhada de culturas. Procuremos conservar e potenciar a "juventude" que Deus nos dá [5].. O nosso testemunho sereno dessa juventude de espírito deixa sempre nos outros uma marca que, mais cedo ou mais tarde, se revela uma ajuda para a sua vida.
S. Josemaria dizia – e a consideração estende-se a todos os que, de uma forma ou de outra, têm influência na educação dos jovens – que os pais são responsáveis por noventa por cento da vocação dos seus filhos. Pensando em todos, mas especialmente nos cooperadores e nos supranumerários e supranumerárias, ao mesmo tempo que vos animo a considerar se podeis aumentar, com criatividade e generosidade, o vosso envolvimento em iniciativas para a formação da juventude (colégios, clubes, etc.) sugiro que olheis antes de mais para as vossas famílias. Pensei se os vossos filhos se podem sentir felizes por pertencerem à sua família, porque têm uns pais que os escutam e os levam a sério, que os amam como são; que se atrevem a fazer com eles as suas próprias perguntas; que os ajudam a perceber, nas pequenas realidades da vida quotidiana, o valor das coisas, o esforço que exige a boa gestão de um lar; que sabem ser exigentes, que não têm medo de os pôr em contacto com o sofrimento e a fragilidade, tão presentes na vida de muita gente, talvez começando na própria família; que os ajudam, com a sua piedade, a tocar Deus, a ser "almas de oração". Ajudai-os, em suma, a crescer saudáveis e fortes de coração, para que possam ouvir a Deus, que diz a cada um e a cada uma, como a João e a André, "vinde e vereis" (Jo 1,39).
Abençoa-vos com todo o afeto
O vosso Padre

Roma, 24 de setembro de 2017, nossa Senhora das Mercês.

[1] Carta pastoral, 14-II-2017, 17, 24-28, 31.
[2] Francisco, Mensagem de preparação para a JMJ de Cracóvia, 15-VIII-2015.
[3] Bento XVI, Discurso, 25-IV-2005.
[4] São Josemaria, anotações de um encontro familiar, 19-III-1964.
[5] Cfr. São Josemaria, Sulco, n. 79. 

São Josemaría Escrivá sobre Nossa Senhora das Mercês

Nossa Senhora das Mercês. No discurso da sessão em que recebeu o título de filho adotivo de Barcelona, faz referência à sua devoção à Padroeira da cidade: “Pouco a pouco vai-se cumprindo o que eu tanto desejava naqueles anos quarenta, quando ia prostrar-me aos pés da Virgem das Mercês (…) quando falava então aos meus filhos desta amadíssima cidade, e lhes recordava aquelas palavras de São João: veritas liberabit vos, a verdade libertar-vos-á (Jo 8, 32). Não duvidava então, com uma imensa confiança, da intercessão de Nossa Senhora perante Deus, e da nobre condição das gentes desta minha terra que, por saberem amar a liberdade, têm também os braços abertos para quem fala com sinceridade”.

Bom Domingo do Senhor!

Trabalhemos também nós nas vinhas do Senhor e como nos ensina o Evangelho de hoje (Mt 20, 1-16), nunca estaremos atrasados para começar porque o Senhor recebe-nos sempre de braços abertos.

Louvado seja Deus Nosso Senhor!

Meio milhão de mortos

A guerra não cansa na Colômbia, desde há 60 anos. Todos os anos morrem milhares de pessoas, milhares de outras ficam gravemente feridas e povoações inteiras são destruídas. Neste momento, é difícil saber quem começou, porque também tinha havido crimes gravíssimos há 70 anos, e há 80. Cada nova chacina alimenta ódios e, de qualquer modo, os rancores não precisam de factos para se justificar, bastam-lhes percepções. Um boato que se respira como um vapor difuso só pede um pequeno fósforo para incendiar uma vingança sem freio. A justiça soa como vingança, longe do olhar de Deus.

Há muitas gerações que, na Colômbia, as palavras perdoar, pedir perdão, reconciliar-se, soam no deserto. Paulo VI – numa altura em que os Papas ainda não viajavam muito – foi à Colômbia apelar à paz; João Paulo II insistiu. As pessoas ouviram-nos, mas lembravam os factos: «eles» mataram toda a minha família... Este «eles» podia indicar os guerrilheiros, ou a polícia, ou os ricos, ou os indígenas. Ao fim de tantas gerações em luta sangrenta, não sobra ninguém que não tenha profundas razões de queixa.

Apesar de tudo, a Igreja continuou a pregar a paz, o perdão, a convidar cada um a pedir perdão. Aos poucos, a sociedade começou a entender que os obuses dos canhões serviam para continuar a guerra mas não serviam para construir a paz. Porque na Colômbia não se luta só com metralhadoras e emboscadas, também há canhões e armas pesadas. Nesta fase, em que os números já caíram muito, ainda há mais de 20 mil guerrilheiros e dezenas de milhar de militares e paramilitares que lutam contra eles.

Há cerca de um ano, chegou-se a um acordo, mediado pela Igreja católica, entre o Governo e as forças rebeldes, mas o projecto não foi aprovado no referendo nacional. Recomeçaram as negociações e, sobretudo, cresceu na sociedade a convicção de que tinha chegado o momento de cada um acolher os do outro lado e perdoar.

Francisco decidiu intervir pessoalmente e foi conviver com os colombianos de 11 a 17 de Setembro últimos. Depois do resultado desanimador do referendo, não estaria esgotado o caminho da paz? Nem os bispos da Colômbia nem o Papa tiveram essa opinião e Francisco aterrou no aeroporto de Bogotá disposto a partilhar o drama.

– «Estou aqui não tanto para falar, mas para estar perto de vós e fixar-vos nos olhos, para vos escutar e abrir o coração ao vosso testemunho de vida e fé. E, se mo permitis, desejaria também abraçar-vos e, se Deus me der a graça (porque é uma graça!), quereria chorar convosco, queria que rezássemos juntos e nos perdoássemos – também eu devo pedir perdão – e que assim, todos juntos, pudéssemos olhar em frente e avançar com fé e esperança».

O Papa chorou com os colombianos e os colombianos choraram com o Papa. Uma multidão nunca vista no país compareceu nas Eucaristias vestida de branco, como sinal de que estavam dispostos a perdoar. Numa das Missas, estava um milhão de pessoas. A imagem branca da multidão falava por si e, desta vez, as palavras do Papa não soaram no deserto.

Nestes sete dias intensos, o Papa tocou, ouviu, chorou, comoveu.

Numa casa em que os jesuítas acolhem crianças órfãs, uma rapariga contou a sua história: a guerrilha tinha chacinado a povoação inteira, só um bebé sobreviveu – ela –, apanhada do chão pelos jesuítas.

Noutros encontros, ouviram-se relatos de sofrimentos incríveis, em que as vítimas tiveram força para terminar dizendo que perdoavam. Falaram também guerrilheiros, que pediram desculpa pelo mal que fizeram. Também eles tinham sofrido horrores e injustiças. O Papa comentou que todos precisamos de perdoar.

O método do Papa foi transformar os testemunhos em oração. Lembrando um versículo do Salmo 85, profetizou: «“O amor e a fidelidade vão encontrar-se. Vão beijar-se a justiça e a paz” (...) – Renovai-nos! Obrigado, Senhor, pelo testemunho daqueles que infligiram dor e pedem perdão; daqueles que sofreram injustamente e perdoam. Isto só é possível com a vossa ajuda e a vossa presença».

O cessar-fogo ficou marcado para o dia 1 de Outubro de 2017.

José Maria C.S. André
24-IX-2017
Spe Deus

A vida eterna é a recompensa

Santo Agostinho (354-430), bispo de Hipona (Norte de África), doutor da Igreja 
Sermão 87, 5-6


Os justos que viveram no início do mundo, como Abel e Noé, foram chamados, por assim dizer, ao romper da manhã, e gozarão da felicidade da ressurreição ao mesmo tempo que nós; outros justos depois deles, Abraão, Isaac, Jacob e todos os que então eram vivos, foram chamados por volta das nove horas, e gozarão igualmente da felicidade da ressurreição na mesma altura; o mesmo acontecerá aos que vieram depois, Moisés, Aarão e todos os que foram chamados ao meio-dia; por fim, os sábios, os profetas, chamados pelas três da tarde, gozarão também ao mesmo tempo da mesma felicidade.

No fim do mundo, os cristãos, que foram como que chamados pelas cinco da tarde, gozarão como eles da bem-aventurança da ressurreição, que chegará para todos ao mesmo tempo. Considerai, portanto, o muito que terão esperado por ela os primeiros justos, e como a terão obtido depois de passado tanto tempo, ao passo que nós quase nada teremos esperado; e, embora ela deva chegar para todos igualmente, uma vez que assim é podemos considerar-nos os primeiros.

Assim, perante a recompensa, todos seremos iguais: os primeiros, como se fossem os últimos, e estes como se fossem os primeiros; […] porque afinal o prémio é a vida eterna.

sábado, 23 de setembro de 2017

O milagre do Papa Francisco

Há quem deseje que a Igreja católica se converta numa espécie de organização não-governamental, dedicada a causas sociais e ecológicas. No fundo, uma Igreja sem Deus.

Ainda é cedo para saber como é que a História irá recordar o Papa Francisco, mas uma coisa é certa: já se lhe pode reconhecer um grande milagre. Com efeito, graças ao actual vigário de Cristo, alguns teólogos, que sempre maldisseram os papas, questionaram a pertinência evangélica da sua jurisdição eclesial e criticaram o seu magistério, são agora, por obra e graça de Francisco, mais papistas do que o papa! Pena é que, para o louvável propósito de enaltecer o romano pontífice, se sintam obrigados a criticar a Igreja, nomeadamente nas pessoas de alguns dos seus bispos e sacerdotes.

Os eternos profetas da reforma da cúria romana vêem no Papa Francisco o esperado messias, que há tanto aguardavam. Querem que Bergoglio empunhe o azorrague com que Jesus Cristo expulsou os vendilhões do templo, para arremeter com fúria contra as vaidades eclesiásticas, o carreirismo dos prelados e as mesquinhas ambições clericais de poder. É, sem dúvida, uma excelente intenção, mas convém não esquecer que, se Francisco é hoje papa e antes foi cardeal, arcebispo e bispo, também fez uma ‘carreira’ que, por sinal, o levou ao topo da organização eclesial. E, como ele, muitos outros cardeais e bispos ascenderam, por graça de Deus e mérito da sua competência e dedicação pastoral, aos lugares que hoje ocupam, sem qualquer ambição de poder, nem desejo de protagonismo pessoal. Será que têm essa ambição e desejo os ressabiados que tanto criticam essas dignidades?! Como se costuma dizer, quem desdenha quer comprar…

Desenganem-se os que pensam que o Papa Francisco vai converter a Igreja católica numa espécie de comuna, sem diversidade de funções, porque a hierarquia eclesial é de origem sobrenatural: não é uma opção política historicamente ultrapassada, mas expressão da vontade do divino fundador da Igreja. Jesus Cristo não só constituiu os apóstolos como príncipes da Igreja – não no sentido nobiliárquico do termo, mas como seus primeiros servidores – como também instituiu o papa como cabeça do colégio episcopal e da comunhão eclesial, a que preside na caridade, precisamente porque é o servo dos servos de Deus.

Na realidade, há quem, embora elogiando a reforma da cúria romana, no fundo deseje a sua extinção: mais do que uma reforma, quer uma revolução, que converta a Igreja numa espécie de organização não-governamental, dedicada a causas sociais e ecológicas, mas sem dogmas nem moral; sem normas nem tribunais; sem sacramentos nem oração. No fundo, uma Igreja sem Deus, que se confunda com a ONU, a Cruz Vermelha, a UNICEF, a Greenpeace ou a FAO, totalmente entregue a questões socio-económicas, mas de todo esquecida da missão salvífica de que foi incumbida por Cristo.

Quem, em pleno século XXI, fala de “bispos ambiciosos e vaidosos”, que não têm o “cheiro das suas ovelhas”, decerto ainda vive na corte dos Médicis, ou dos Bórgias, porque os bispos são, sobretudo, pastores e, até, pastores de pastores, que cheiram às ovelhas que continuamente procuram, com grande zelo, e guiam com o seu fecundo ministério episcopal. Quantas visitas pastorais, até às paróquias mais distantes! Quantas horas gastas pelos nossos prelados nos hospitais, nas creches, nos centros de dia, nos lares da terceira idade, nos infantários e nas escolas! Quanta disponibilidade em acolher os mais velhos, tantas vezes rejeitados pelas próprias famílias, e os mais novos, que os políticos desprezam, porque não votam, e os poderosos negligenciam, porque não têm importância económica!

O mesmo se diga da quase totalidade dos padres: se, em tempos idos, talvez a ordenação sacerdotal pudesse significar uma promoção e garantir um certo estatuto social e económico, há muito que já assim não é. Nenhum padre há, decerto, em Portugal, que ambicione estar “acima dos fiéis”, porque todos sabem que o seu lugar, que gostosamente ocupam, é “ao serviço dos últimos”. Destes presbíteros, é certo, a imprensa não fala, mas são os que estão presentes quando há incêndios, como recentemente se viu, quando há desemprego, quando há solidão, quando há doenças, quando falta a esperança, etc.

Se alguém tem o “cheiro das suas ovelhas”, são mesmo os bispos e párocos do nosso país, incansavelmente entregues ao seu esgotante ministério pastoral. Mas talvez alguns teólogos tenham perdido o contacto com a realidade da Igreja, de tão fechados nos seus assépticos laboratórios de sociologia eclesial, onde não há lugar para a transcendência do Espírito, nem esperança sobrenatural. Por isso, ainda se imaginam numa Igreja pré-conciliar, não apenas anterior ao Vaticano II, mas também ao Concílio de Trento… Não cheiram às ovelhas porque as não têm, nem procuram, tão entretidos andam com os seus solilóquios teológicos, em que é difícil encontrar algum amor a Deus ou desvelo pastoral.

Quando, em tempos de São Bernardo, a sede petrina ficou vacante, três cardeais eram tidos pelos mais ‘papáveis’: um era muito devoto, outro era sapientíssimo e o terceiro destacava-se pela sua prudência. Interrogado o santo de Claraval sobre qual dos três deveria ser escolhido, disse: “O piedoso, que reze por nós; o sábio, que nos ensine; e o prudente que nos governe”.

São João Paulo II, o grande, é o santo que por todos nós, no Céu, agora intercede. O sábio Bento XVI é um dos maiores teólogos contemporâneos e uma fecundíssima fonte de inspiração teológica. E o Papa Francisco? Ainda é cedo para caracterizar o seu pontificado, mas queira Deus que, dado o seu salutar ânimo reformista, a História o venha a recordar pela sua prudência como bom pastor.

Pe. Gonçalo Portocarrero de Almada in Observador 23.09.2017

(seleção de imagem 'Spe Deus')

O Evangelho de Domingo dia 24 de setembro de 2017

«O Reino dos Céus é semelhante a um pai de família que, ao romper da manhã, saiu a contratar operários para a sua vinha. Tendo ajustado com os operários um denário por dia, mandou-os para a sua vinha. Tendo saído cerca da terceira hora, viu outros, que estavam na praça ociosos, e disse-lhes: “Ide vós também para a minha vinha, e dar-vos-ei o que for justo”. Eles foram. Saiu outra vez cerca da hora sexta e da nona, e fez o mesmo. Cerca da undécima, saiu, e encontrou outros que estavam sem fazer nada, e disse-lhes: “Porque estais aqui todo o dia sem trabalhar?”. Eles responderam: “Porque ninguém nos contratou”. Ele disse-lhes: “Ide vós também para a minha vinha”. «No fim da tarde, o senhor da vinha disse ao seu feitor: “Chama os operários e paga-lhes o salário, começando pelos últimos até aos primeiros”. Tendo chegado os que tinham ido à hora undécima, recebeu cada qual um denário. Chegando também os primeiros, julgaram que haviam de receber mais; porém, tam eles receberam um denário cada um. Mas, ao receberem, murmuravam contra o pai de família, dizendo: “Estes últimos trabalharam somente uma hora, e os igualaste connosco, que suportamos o peso do dia e o calor”. Porém, ele, respondendo a um deles, disse: “Amigo, eu não te faço injustiça. Não ajustaste comigo um denário? Toma o que é teu, e vai-te. Eu quero dar também a este último tanto como a ti. Ou não me é lícito fazer dos meus bens o que quero? Porventura o teu olho é mau porque eu sou bom?”. Assim os últimos serão os primeiros, e os primeiros serão os últimos».

Mt 20, 1-16

São Josemaría Escrivá nesta data em 1942

Morre o Pe. José Miguel. No Inverno de 1917-1918, em Logronho, São Josemaría tinha sentido a chamada de Deus enquanto contemplava as pegadas na neve dos pés descalços deste religioso carmelita. Recordando aquele momento comentaria anos mais tarde: “Comecei a pressentir o Amor, a aperceber-me de que o coração me pedia alguma coisa de grande e que fosse amor”.

Netos

Os Netos!
A esperança!
A visão amorosa do futuro!
A certeza da continuidade!

Alguns dos nove preocupam-me um pouco, ou não estudam ou deixam-se ir numa vida que não parece ter objectivos concretos.

Claro que, esses, receberam um fortíssimo golpe nas suas jovens vidas, golpe esse que os marcou - e continua marcar - como se estivessem atordoados, as bases caíram e não conseguiram ainda recuperá-las.

Peço-te, Anjo da Minha GUARDA que fales com os Anjos da Guarda deles para que se empenhem ainda mais em assistir às suas vidas, endireitar os caminhos, orientar as escolhas.

Eu sei muito bem que é isso que constantemente fazem mas deixa-me insistir, eles precisam.

Mas no que me respeita que compete fazer? Que devo fazer?

Ser exemplo, âncora, refúgio, segurança, braço forte e seguro...

É o que me dirás, estou certo, mas sabes como sou tão pouca coisa!
Seria possível tornares-me um super-homem com capacidades e recursos ilimitados para que me olhassem e pretendessem imitar-me?

Digo disparates? Argumentos tontos?
Não quero saber!
A minha intimidade contigo permite-me.
Sinto-me perfeitamente à-vontade, não sinto nem pruridos nem vergonha, sei que me conheces no meu mais íntimo e que o que move é o amor.

Sim o que move é o amor.
Este sentir-me continuamente sob um foco de luz que escrutina as minhas acções e as minhas reacções.

(ama, Malta, 23 de Maio 2016)

Abrir o coração à Palavra de Deus

Aqueles que escutam a Palavra de Deus, colocam-na em prática". Estas são as duas condições para seguir Jesus: ouvir a palavra de Deus e colocá-la em prática. Esta é a vida cristã, nada mais. Simples, fácil. Talvez nós fizemo-la um pouco difícil, com muitas explicações que ninguém entende, mas a vida cristã é isto: Escutar a Palavra de Deus e praticá-la.
(...)
Cada vez que abrimos o Evangelho e lemos uma passagem e perguntamo-nos: 'Com isto Deus fala-me, diz-me qualquer coisa? E se diz alguma coisa, o que me diz? ‘- isto é escutar a Palavra de Deus, escutar com os ouvidos e escutar com o coração. Abrir o coração à Palavra de Deus. Os inimigos de Jesus ouviam a Palavra de Jesus, mas estavam perto dele para tentar encontrar um erro, para fazê-lo escorregar para que perdesse a autoridade. Mas nunca se perguntavam: "O que diz Deus para mim com esta Palavra?' E Deus não fala só para todos: sim, fala para todos, mas fala para cada um de nós. O Evangelho foi escrito para cada um de nós.

Papa Francisco - excertos homilia Casa de Santa Marta 23.09.2014