sábado, 5 de dezembro de 2015

«Preparai o caminho do Senhor»

São Cirilo de Alexandria (380-444), bispo e Doutor da Igreja
Sobre Isaías, III, 3

«O deserto e a terra árida alegrar-se-ão, a terra desolada exultará e florescerá» (Is 35, 1). Aquela a quem a Escritura inspirada chama em geral desértica e estéril é a Igreja vinda dos pagãos. Ela já existia entre os povos, mas não tinha recebido do céu o seu Esposo místico, quer dizer, o Cristo. [...] Mas Cristo veio a ela: foi cativado pela sua fé, enriqueceu-a com o rio divino que jorra Dele, e jorra porque Ele é «fonte de vida, torrente de delícias» (Sl 35, 10.9). [...] Assim que Ele Se tornou presente, a Igreja deixou de ser estéril e deserta; ela encontrou o seu Esposo, trouxe ao mundo inumeráveis filhos, cobriu-se de flores místicas. [...]

Isaías continua: «O deserto será atravessado por um caminho puro, que se chamará Caminho Sagrado» (Is 35, 8). O caminho puro é a força do Evangelho, penetrando a vida, ou, dizendo de outro modo, é a purificação do Espírito. Porque o Espírito retira a mancha imprimida na alma humana, liberta-a dos pecados e destrói qualquer nódoa. Este caminho é, pois, justamente chamado santo e puro; ele é inacessível a quem não está purificado. Com efeito, ninguém pode viver segundo o Evangelho se não foi primeiro purificado pelo santo batismo; portanto, ninguém o pode sem a fé. [...]

Só os que foram libertados da tirania do demónio poderão ter a vida gloriosa que o profeta ilustra com estas imagens: «Aí não haverá leões, nem animal feroz por aí passará» (Is 35, 9), por esse caminho puro. Anteriormente, com efeito, como um animal feroz, o diabo, esse inventor do pecado, atacava, com os espíritos maus, os habitantes da terra. Mas foi reduzido por Cristo ao puro nada, afastado para longe do rebanho dos crentes, despojado do domínio que exercia sobre eles. É por isso que, resgatados por Cristo e reunidos na fé, eles caminharão num só coração por este caminho puro (v. 9). Abandonando os seus antigos caminhos, «chegarão a Sião», quer dizer, à Igreja, «com uma alegria que não terá fim» (v. 10) nem na terra, nem nos céus, e darão glória a Deus, seu Salvador.

O Evangelho de Domingo dia 6 de dezembro de 2015

Depois disto, o Senhor escolheu outros setenta e dois, e mandou-os dois a dois à Sua frente por todas as cidades e lugares onde havia de ir. Disse-lhes: «Grande é na verdade a messe, mas os operários poucos. Rogai, pois, ao dono da messe que mande operários para a Sua messe. Ide; eis que Eu vos envio como cordeiros entre lobos. Não leveis bolsa, nem alforge, nem calçado, e não saudeis ninguém pelo caminho. Na casa em que entrardes, dizei primeiro: A paz seja nesta casa. Se ali houver algum filho da paz, repousará sobre ele a vossa paz; senão, tornará para vós. Permanecei na mesma casa, comendo e bebendo do que tiverem, porque o operário é digno da sua recompensa. Não andeis de casa em casa. Em qualquer cidade em que entrardes e vos receberem, comei o que vos puserem diante; curai os enfermos que nela houver, e dizei-lhes: Está próximo de vós o reino de Deus.

Lc 10, 1-9

Nem todas as religiões são «fé»

O budismo, por exemplo, na sua forma clássica, não visa este acto de autotranscendência, de encontro com o Totalmente Outro, Deus que me fala e me convida ao amor. Característico para o budismo é, pelo contrário, um acto de radical interiorização, não sair de si (ex-ire) mas descer até ao interior, o que deve conduzir à libertação do jugo da individualidade, do peso de ser pessoa, ao retorno à identidade comum a todo o ser. E isto, em confronto com a nossa experiência existencial, pode ser definido como não-ser, como nada, se quisermos exprimir toda a sua alteridade.»

(Joseph Ratzinger - Olhar para Cristo)

«Pelo caminho, proclamai que o Reino do Céu está perto»

Concílio Vaticano II 
Constituição sobre a Igreja «Lumen Gentium», § 48


A Igreja, à qual todos somos chamados e na qual, por graça de Deus, alcançamos a santidade, só na glória celeste alcançará a sua realização acabada, quando vier o tempo da restauração de todas as coisas (cf Act 3,21) e quando, juntamente com o género humano, também o universo inteiro, que ao homem está intimamente ligado e por ele atinge o seu fim, for perfeitamente restaurado em Cristo. […]

A prometida restauração que esperamos já começou, pois, em Cristo, progride com a missão do Espírito Santo e, por Ele, continua na Igreja; nesta, a fé ensina-nos o sentido da nossa vida temporal, enquanto, na esperança dos bens futuros, levamos a cabo a missão que o Pai nos confiou no mundo e trabalhamos na nossa salvação (cf Fil 2,12).

Já chegou, pois, a nós, a plenitude dos tempos (cf 1Cor 10,11), a restauração do mundo foi já realizada irrevogavelmente e, de certo modo, encontra-se já antecipada neste mundo: com efeito, ainda aqui na terra, a Igreja está aureolada de verdadeira, embora imperfeita, santidade. Enquanto não se estabelecem os novos céus e a nova terra em que habita a justiça (cf 2Ped 3,13), a Igreja peregrina, nos seus sacramentos e nas suas instituições, que pertencem à presente ordem temporal, leva a imagem passageira deste mundo e vive no meio das criaturas que gemem e sofrem as dores de parto, esperando a manifestação dos filhos de Deus (cf Rom 8,19-22).

O Evangelho do dia 5 de dezembro de 2015

Jesus ia percorrendo todas as cidades e aldeias, ensinando nas sinagogas, pregando o Evangelho do reino, e curando toda a doença e toda a enfermidade. Vendo aquelas multidões, compadeceu-Se delas, porque estavam fatigadas e abatidas, como ovelhas sem pastor. Então disse a Seus discípulos: «A messe é verdadeiramente grande, mas os operários são poucos. Rogai pois ao Senhor da messe, que mande operários para a Sua messe» Tendo convocado os Seus doze discípulos, Jesus deu-lhes poder de expulsar os espíritos imundos e de curar toda a doença e toda a enfermidade. Ide antes às ovelhas perdidas da casa de Israel. Ide, e anunciai que está próximo o Reino dos Céus. «Curai os enfermos, ressuscitai os mortos, limpai os leprosos, lançai fora os demónios. Dai de graça o que de graça recebestes.

Mt 9,35-38.10,1.6-8