sábado, 14 de novembro de 2015

«Então, verão o Filho do Homem vir sobre as nuvens com grande poder e glória»

Orígenes (c. 185-253), presbítero, teólogo 
Homilias sobre o Livro de Josué, 16, 3


«[O Senhor disse a Josué:] Há ainda muita terra por conquistar» (Js 13,1). [...] Considerai a primeira vinda de Nosso Senhor, o Salvador, quando veio semear a Palavra a este mundo; pela simples força da Sua sementeira, apoderou-Se de toda a terra, pondo em fuga as potências adversas e os anjos rebeldes que dominavam o espírito das nações, ao mesmo tempo que semeava a Sua Palavra e expandia a Sua Igreja. Assim foi a Sua primeira tomada de posse de toda a terra.

Segui-me agora [...] pelas veredas subtis da Escritura e mostrar-vos-ei em que consiste a segunda conquista de uma terra da qual foi dito a Josué/Jesus que restava ainda grande parte. Escutai as palavras de Paulo: «É necessário que Ele reine até que tenha feito de todos os inimigos um estrado para os seus pés» (1Cor 15,25; Sl 109 [110], 1). Essa é a terra da qual restava grande parte até que todos fossem submetidos a Seus pés e desse modo Ele tomasse para Si todos os povos como herança. [...] Naquilo que a nós agora diz respeito, vemos que muitas coisas que «restaram» não estão ainda submetidas aos pés de Jesus; ora, é preciso que Ele entre na posse de todas, uma vez que não poderá haver fim do mundo sem que tudo Lhe tenha sido submetido. Assim diz o Profeta: «Todas as nações Lhe serão submetidas, das extremidades dos rios até às extremidades da terra, e diante d'Ele se prostrarão os etíopes» (Sl 71 [72], 8-9, LXX) e «Do outro lado dos rios da Etiópia hão-de trazer-Lhe ofertas» (Sf 3,10).

Daqui resulta que, na Sua segunda vinda, Jesus dominará esta terra da qual muito resta por possuir. Mas bem-aventurados aqueles que tiverem sido Seus súbditos desde a primeira, pois serão verdadeiramente cumulados de favores, mau grado a resistência de tantos inimigos e os ataques de tantos adversários. Receberão [...] a sua parte da Terra Prometida. Mas, assim que pela força for conseguida a submissão, no dia em que necessariamente for destruído o último inimigo que é a morte (1Cor 15,26), não haverá quaisquer favores para aqueles que recusarem submeter-se-Lhe.

O Evangelho de Domingo dia 15 de novembro de 2015

Naqueles dias, depois daquela tribulação, o sol escurecer-se-á e a lua não dará a sua claridade, e as estrelas cairão do céu e as potestades que estão nos céus serão abaladas. Então verão o Filho do Homem vir sobre as nuvens, com grande poder e glória. E enviará logo os Seus anjos e juntará os Seus escolhidos dos quatro ventos, desde a extremidade da terra até à extremidade do céu. Ouvi uma comparação tirada da figueira: Quando os seus ramos estão já tenros e as folhas brotam, sabeis que está perto o Verão; assim também, quando virdes acontecer estas coisas, sabei que está perto, às portas. Na verdade vos digo que não passará esta geração sem que se cumpram toda estas coisas. Passarão o céu e a terra, mas as Minhas palavras não hão-de passar. «A respeito, porém, desse dia ou dessa hora, ninguém sabe, nem os anjos do céu, nem o Filho, mas só o Pai.

Mc 13, 24-32

«Orar sempre, sem desfalecer»

Isaac, o Sírio (sec. VII), monge perto de Mossul, santo das igrejas ortodoxas
Discursos ascéticos, 1ª série, §21

Feliz o homem que conhece a própria fraqueza. Porque esse conhecimento é nele o fundamento, a raiz, o princípio de toda a bondade. [...] Quando um homem se sente desprovido de socorro divino, reza muito. E, quanto mais reza, mais o seu coração se torna humilde. [...] Tendo compreendido realmente isto, guarda a oração na sua alma como um tesouro. E, sendo a sua alegria tão grande, faz da oração uma acção de graças. [...] Assim, guiado por este conhecimento e admirando a graça de Deus, eleva a voz e louva-O e glorifica-O, exprime a sua gratidão, nos píncaros do seu maravilhamento.

Aquele que conseguiu, verdadeiramente e não em imaginação, alcançar tais sinais e conhecer tal experiência, sabe do que estou a falar e que nada pode impedir isso. Mas que ele cesse de então em diante de desejar coisas vãs. Persevere em Deus, através da oração contínua, no temor de ser privado da abundância do socorro divino.

Todos estes bens são dados ao homem quando este reconhece a sua fraqueza. No seu grande anseio pelo socorro divino, aproxima-se de Deus, permanecendo em oração. E, quanto mais se aproxima de Deus com esta determinação, mais Deus o aproxima dos Seus dons e não lhe retira a Sua graça, devido à sua grande humildade. Pois tal homem é como a viúva que não cessa de pedir ao juiz que lhe faça justiça contra o seu adversário. Deus compassivo retém a Suas graças para que essa reserva incite o homem, que tanta precisão tem d'Ele, a aproximar-se d'Ele e a e a permanecer junto d'Aquele que é a fonte do seu bem.

O Evangelho do dia 14 de novembro de 2015

Disse-lhes também uma parábola, para mostrar que importa orar sempre e não cessar de o fazer: «Havia em certa cidade um juiz que não temia a Deus nem respeitava os homens. Havia também na mesma cidade uma viúva, que ia ter com ele, dizendo: Faz-me justiça contra o meu adversário. Ele, durante muito tempo, não a quis atender. Mas, depois disse consigo: Ainda que eu não tema a Deus nem respeite os homens, todavia, visto que esta viúva me importuna, far-lhe-ei justiça, para que não venha continuamente importunar-me». Então o Senhor acrescentou: «Ouvi o que diz este juiz iníquo. E Deus não fará justiça aos Seus escolhidos, que a Ele clamam dia e noite, e tardará em socorrê-los? Digo-vos que depressa lhes fará justiça. Mas, quando vier o Filho do Homem, julgais vós que encontrará fé sobre a terra?».

Lc 18, 1-8