quinta-feira, 13 de agosto de 2015

«Não te digo até sete vezes, mas até setenta vezes sete»

São João Paulo II (1920-2005), papa
Encíclica «Dives in misericordia», § 14

Cristo sublinha com insistência a necessidade de perdoar aos outros. Quando Pedro Lhe perguntou quantas vezes devia perdoar ao próximo, indicou-lhe o número simbólico de «setenta vezes sete», querendo desta forma indicar-lhe que deveria saber perdoar sempre a todos e a cada um.

É evidente que generosa exigência de em perdoar não anula as exigências objectivas da justiça. A justiça bem entendida constitui, por assim dizer, a finalidade do perdão. Em nenhuma passagem do Evangelho o perdão, ou mesmo a misericórdia como sua fonte, significam indulgência para com o mal, o escândalo, a injúria causada, ou os ultrajes. Em todos estes casos, a reparação do mal ou do escândalo, a compensação do prejuízo causado e a satisfação da ofensa são condição do perdão. [...]

A misericórdia tem, no entanto, condão de conferir à justiça um conteúdo novo, que se exprime do modo mais simples e pleno no perdão. O perdão manifesta que, além do processo [...] característico da justiça, é necessário o amor para que o homem se afirme como tal. O cumprimento das condições da justiça é indispensável, sobretudo, para que o amor possa revelar a sua própria fisionomia. [...] Com razão considera a Igreja seu dever e objectivo da sua missão assegurar a autenticidade do perdão.

O Evangelho do dia 13 de agosto de 2015

Então, aproximando-se d'Ele Pedro, disse: «Senhor, até quantas vezes poderá pecar meu irmão contra mim, que eu lhe perdoe? Até sete vezes?». Jesus respondeu-lhe: «Não te digo que até sete vezes, mas até setenta vezes sete. «Por isso, o Reino dos Céus é comparável a um rei que quis fazer as contas com os seus servos. Tendo começado a fazer as contas, foi-lhe apresentado um que lhe devia dez mil talentos. Como não tivesse com que pagar, o seu senhor mandou que fosse vendido ele, a mulher, os filhos e tudo o que tinha, e se saldasse a dívida.26 Porém, o servo, lançando-se-lhe aos pés, suplicou-lhe: “Tem paciência comigo, eu te pagarei tudo”. E o senhor, compadecido daquele servo, deixou-o ir livre e perdoou-lhe a dívida. «Mas este servo, tendo saído, encontrou um dos seus companheiros que lhe devia cem denários e, lançando-lhe a mão, sufocava-o dizendo: “Paga o que me deves”. O companheiro, lançando-se-lhe aos pés, suplicou-lhe: “Tem paciência comigo, eu te pagarei”. Porém ele recusou e foi mandá-lo meter na prisão, até pagar a dívida. «Os outros servos seus companheiros, vendo isto, ficaram muito contristados e foram referir ao seu senhor tudo o que tinha acontecido. Então o senhor chamou-o e disse-lhe: “Servo mau, eu perdoei-te a dívida toda, porque me suplicaste. Não devias tu também compadecer-te do teu companheiro, como eu me compadeci de ti?”. E o seu senhor, irado, entregou-o aos guardas, até que pagasse toda a dívida. «Assim também vos fará Meu Pai celestial, se cada um não perdoar do íntimo do seu coração ao seu irmão»  Tendo Jesus acabado estes discursos, partiu da Galileia e foi para o território da Judeia, além Jordão. 


Mt 18,21-35.19,1