sábado, 30 de maio de 2015

«Concedei-nos que na profissão da verdadeira fé reconheçamos a glória da eterna Trindade»

São Basílio (c. 330-379), monge e bispo de Cesareia na Capadócia, doutor da Igreja
Homilia sobre a fé, 1-3

A alma que ama a Deus nunca está saciada, embora falar de Deus seja tanto mais audacioso quanto o nosso espírito se encontra muito longe de tão alta tarefa; [...] e, quanto mais avançamos no conhecimento de Deus, tanto mais sentimos a sua impotência. Assim foi com Abraão, assim com Moisés, que, quando puderam ver a Deus, pelo menos do modo como tal visão é concedida aos homens, tanto um como o outro se faziam o mais pequeno de todos: Abraão considerava-se «cinza e pó» (Gn 18,27) e Moisés dizia de si próprio que tinha «a boca e a língua pesadas» (Ex 4,10), comprovando a fraqueza das suas palavras em traduzir a imensidão d'Aquele que a sua alma experimentava, já que não falamos de Deus tal como Ele é, mas como somos capazes de O alcançar.

Quanto a ti, se quiseres dizer ou escutar seja o que for de Deus, abandona a tua corporalidade, repudia os teus sentidos [...], eleva a tua alma acima de tudo o que foi criado e contempla a natureza divina: encontrá-la-ás imutável, indivisa, a luz inacessível, a glória resplandecente, a bondade almejada, a beleza inigualável que fere a alma sem que ela possa explicá-La.

Assim encontrarás o Pai, o Filho e o Espírito Santo. [...] O Pai como princípio de tudo, causa do ser de tudo quanto existe e raiz de todos os seres vivos; d'Ele corre a Fonte da vida, a Sabedoria e o Poder (1Cor 1,24), a Imagem perfeita e fiel do Deus invisível (Heb 1,3): o Filho gerado do Pai, o Verbo eterno que é Deus e voltado para Deus (Jo 1,1). Por este nome de Filho temos a certeza de que Ele partilha a mesma natureza, uma vez que não foi criado por uma ordem, mas brilha sem cessar a partir da Sua substância, unido ao Pai desde toda a eternidade, igual a Ele em bondade, igual em poder, compartilhando da Sua glória. [...] E quando a nossa inteligência for purificada das paixões terrenas e puser de lado toda e qualquer criatura sensível, qual peixe que emerge das profundezas até à superfície entregue à pureza da sua criação, então contemplará o Espírito Santo onde estão o Filho e o Pai. Este Espírito, sendo da mesma essência segundo a Sua natureza, possui também todos os bens: a bondade, a rectidão, a santidade e a vida. [...] E, tal como queimar é próprio do fogo e alumiar da luz, também do Espírito Santo são próprias a bondade e a rectidão, e não Lhe pode ser tirada a capacidade de santificar ou fazer viver.

O Evangelho de Domingo dia 31 de maio de 2015

Os onze discípulos partiram para a Galileia, para o monte que Jesus lhes tinha indicado. Quando O viram, adoraram-n'O; alguns, porém, duvidaram. Jesus, aproximando-Se, falou-lhes assim: «Foi-Me dado todo o poder no céu e na terra. Ide, pois, ensinai todas as gentes, baptizando-as em nome do Pai, e do Filho e do Espírito Santo, ensinando-as a cumprir todas as coisas que vos mandei. Eu estarei convosco todos os dias até ao fim do mundo».

Mt 28, 16-20

«João Baptista veio até vós [...] e não acreditastes nele» (Mt 21,32)

São Pedro Crisólogo (c. 406-450), bispo de Ravena, doutor da Igreja 
Sermão 167; CCL 248, 1025; PL 52, 636

«João Batista proclamava: 'Arrependei-vos porque está próximo o reino dos céus'» (Mt 3,1). [...] Bem-aventurado João, que quis que a conversão precedesse o julgamento, que os pecadores não fossem julgados mas recompensados, que os ímpios entrassem no Reino e não na punição. [...] Quando proclamou João esta iminência do reino dos Céus ? O mundo estava ainda na sua infância [...]; mas para nós, que hoje proclamamos essa iminência, o mundo está extremamente velho e cansado. Perdeu as forças, perde as faculdades; os sofrimentos acabrunham-no [...]; clama o seu enfraquecimento, ostenta todos os sintomas do fim. [...]

Estamos a ir a reboque de um mundo que se evade; esquecemos os tempos que aí vêm. Estamos ávidos de atualidade, mas não temos em consideração o julgamento que se aproxima. Não acorremos ao encontro do Senhor que chega. [...]

Convertamo-nos irmãos, convertamo-nos depressa. [...] O Senhor, pelo facto de tardar, de ainda esperar, revela o Seu desejo de nos ver voltar para Ele, o desejo de que não pereçamos. Na Sua grande bondade, dirige-nos sempre estas palavras: «Não tenho prazer na morte do ímpio, mas sim na sua conversão, de maneira que ele tenha a vida» (Ez 33,11). Convertamo-nos, irmãos; não tenhamos medo de o tempo estar a acabar. O tempo do Autor do tempo não pode ser encurtado. A prova disso é aquele malfeitor do Evangelho que, na cruz e na hora da sua morte, escamoteou o perdão, se apoderou da vida e, ladrão do paraíso com arrombamento, conseguiu penetrar no Reino (Lc 23,43).

(Fonte: Evangelho Quotidiano)

O Evangelho do dia 30 de maio de 2015

Voltaram a Jerusalém. E, andando Jesus pelo templo, aproximaram-se d'Ele os príncipes dos sacerdotes, os escribas e os anciãos, e disseram-Lhe: «Com que autoridade fazes Tu estas coisas? E quem Te deu o direito de as fazer?». Jesus disse-lhes: «Eu também vos farei uma pergunta; respondei-Me e Eu vos direi com que autoridade faço estas coisas. O baptismo de João era do céu ou dos homens? Respondei-Me». Mas eles discorriam entre si: «Se respondermos que era do céu, Ele dirá: “Porque razão, então, não crestes nele?”. Responderemos que é dos homens?...». Temiam o povo, porque todos tinham a João como um verdadeiro profeta. Então responderam a Jesus: «Não sabemos». E Jesus disse-lhes: «Pois nem Eu vos digo com que autoridade faço estas coisas».

Mc 11, 27-33