sexta-feira, 29 de maio de 2015

A importância de ler bons livros

Alguém me disse, recentemente, que «a maioria das pessoas prefere ver um programa de televisão qualquer ― mesmo que seja profundamente idiota. Navegar na net sem rumo ― por simples curiosidade e para “encher” o tempo. Ouvir música estimulante ― meio “ideal” para descontrair e recuperar a auto-estima. Preferem tudo isto a abrir um livro com calma e em silêncio».

Penso que esta afirmação não é nada exagerada. Observemos a realidade que nos rodeia: quantas pessoas ligam a televisão, a net, a música com a misteriosa finalidade de “desligar” a cabeça! Quanta gente consome doentiamente imagens, ruídos e sensações várias ― quanto mais evasivas melhor!

Porque é que isto acontece? Talvez porque, objectivamente, essa atitude requer menos esforço do que tentar decifrar as ideias de um texto escrito.

A cultura escrita genuína ― deixo de lado os romances cor-de-rosa e o jornalismo tabloide ― parece que nunca será um fenómeno de massas. É uma cultura exigente ― haverá, porventura, alguma digna desse nome que não o seja? Reivindica esforço e determinação. E, para muita gente, esse empenho, simplesmente, não vale a pena. Não compensa.

Também aqui se notam os efeitos de uma civilização que alguém disse ― e com razão ― que está “esmagada pelo consumo do que é mais imediato”. Vive intensamente o momento presente: não tem tempo para perguntar-se de onde é que vem e para onde é que vai. Sorve com avidez o que é efémero: talvez porque não acredita que exista algo que não o seja. Recusa qualquer tipo de sacrifício: Oh! Para quê? Não vale a pena! Não tenho pachorra!

Note-se que as pessoas que fogem da leitura estão no seu perfeito direito. Ninguém as obriga a mudar de atitude. No entanto, vale a pena que pensem nas consequências que isto tem para a sua vida. Deixar-se levar pelo imediato é mais fácil. Porém, a longo prazo, nem sempre é o melhor. Se não nos esforçamos por desenvolver os nossos talentos terminamos por viver como as amibas. Não tenho nada contra esses protozoários, mas acredito que o ser humano possui um bocadinho mais de capacidades.

Como tantas vezes se tem dito, “ler é pensar”, é um modo de cultivar a própria interioridade. A influência da leitura na vida de uma pessoa é enorme. É verdade que nem sempre essa influência é positiva. Existem livros que alimentam o espírito enchendo-o de verdade e de desejos de fazer o bem. Existem outros, pelo contrário, que o degradam. Os livros, como os alimentos, não estão todos ao mesmo nível. É tão importante saber escolher bem!

Para muitas pessoas, o encontro com um bom livro significou o começo do seu encontro com Deus. O pensar a fundo sobre questões importantes da vida está, muitas vezes, relacionado com o encontro a sós com um livro. Os bons livros são fonte de sentido.

Pe. Rodrigo Lynce de Faria

Orar pelos Sacerdotes

«Vivamos para as almas, sejamos apóstolas, salvemos sobretudo as almas dos sacerdotes [...]. Rezemos, soframos por eles e, no último dia, Jesus será grato»

(Santa Teresa de Lisieux - Carta a Irmã Celina 94)

«Se eu já tivesse um pé no Céu e se me viessem dizer para voltar para a terra para trabalhar pela conversão dos pecadores, voltaria de bom grado. E se para isto fosse necessário permanecer na terra até ao fim do mundo, levantando-me sempre à meia-noite, e sofresse como sofro, estaria disposto a fazê-lo de coração»

(Frère Athanase, Padroeiro dos Párocos, Procès de l'Ordinaire, p. 993)

Todos os cristãos têm o dever e a obrigação de acarinhar os Sacerdotes, mesmo quando erram, e quem somos nós para lhes atirar a primeira pedra… não se trata ser clericalista, mas de lhes reconhecer, que através do Sacramento da Ordem ficaram investidos como representantes de Jesus Cristo Deus Nosso Senhor em unidade com Pai e o Espírito Santo e que é através deles, que o Senhor nos acolhe pelo Baptismo, nos confirma, Se oferece na Sagrada Eucaristia, nos abençoa e perdoa os nossos pecados, além de serem seus intermediários no ministério de outros Sacramentos.

S. Josemaría no ponto 66 do Caminho ensina-nos “O Sacerdote - seja quem for - é sempre outro Cristo”.

JPR

«Não façais da casa de Meu Pai um antro de comércio» (Jo 2, 16)

São Jerónimo (347-420), presbítero, tradutor da Bíblia, Doutor da Igreja 
Homilias sobre o Evangelho de S. Marcos, n°9 

«Entrando no templo, Jesus começou a expulsar os que vendiam e os que compravam.» Alguns espantam-se com a ressurreição de Lázaro; ficam admirados com o facto de o filho de uma viúva ter ressuscitado. Outros ficam estupefactos com outros milagres. É certamente admirável tornar a dar vida a um corpo morto. Quanto a mim, fico mais impressionado com o acontecimento presente. Este homem, filho de um carpinteiro, um pobre sem morada fixa, sem sítio onde repousar, sem exército, que não era nem chefe nem juiz – que poder O autorizou a, [...] sozinho, expulsar uma multidão tão numerosa? Ninguém protestou, ninguém ousou resistir, pois ninguém ousou opor-se ao Filho que reparava a injúria feita a Seu Pai. [...]

«Ele começou a expulsar os que vendiam e os que compravam no templo.» Se isto foi possível entre os judeus, porque não será, e com mais razão, entre nós? Se isto acontece no contexto da Lei, porque não acontece o mesmo no Evangelho? [...] Cristo, um pobre, expulsa os compradores e os vendedores, que são ricos. Aquele que vende é expulso do mesmo modo que aquele que compra. Que ninguém diga: «Eu ofereço tudo o que possuo, dou oferendas aos sacerdotes como Deus ordenou». Numa passagem de Mateus lemos o seguinte: «Haveis recebido de graça, dai de graça» (Mt 10, 8). A graça de Deus não se vende, dá-se.

O Evangelho do dia 29 de maio de 2015

Entrou em Jerusalém, no templo, e, tendo observado tudo, como fosse já tarde, foi para Betânia com os doze. Ao outro dia, depois de saírem de Betânia, teve fome. Vendo ao longe uma figueira que tinha folhas, foi lá ver se encontrava nela algum fruto. Aproximando-Se, nada encontrou senão folhas, porque não era tempo de figos. Então disse à figueira: «Nunca mais alguém coma fruto de ti». Os discípulos ouviram-n'O. Chegaram a Jerusalém. Tendo entrado no templo, começou a expulsar os que vendiam e compravam no templo e derrubou as mesas dos cambistas e as cadeiras dos que vendiam as pombas. E não consentia que ninguém transportasse nenhum objecto pelo templo; e os ensinava dizendo: «Porventura não está escrito: “A minha casa será chamada casa de oração por todas as gentes”? Mas vós fizestes dela “um covil de ladrões”». Ouvindo isto os príncipes dos sacerdotes e os escribas procuravam o modo de O matar; porque O temiam, visto todo o povo admirar a Sua doutrina. Quando se fez tarde, saíram da cidade. No outro dia pela manhã, ao passarem, viram a figueira seca até às raízes. Então Pedro, recordando-se, disse-Lhe: «Olha, Mestre, como se secou a figueira que amaldiçoaste». Jesus, respondendo-lhe, disse-lhes: «Tende fé em Deus. Em verdade vos digo que todo aquele que disser a este monte: “Tira-te daí e lança-te no mar”, e não hesitar no seu coração, mas tiver fé de que tudo o que disse será feito, assim acontecerá. Por isso vos digo: Tudo o que pedirdes na oração, crede que o haveis de conseguir e o obtereis. Quando estiverdes a orar, se tendes alguma coisa contra alguém, perdoai-lhe, para que também vosso Pai, que está nos céus, vos perdoe os vossos pecados.

Mc 11, 11-25