Todos seremos transformados

Quando São Paulo vai a Atenas e começa a falar da Ressurreição de Cristo, os gregos sábios, filósofos, ficam assustados, mas a ressurreição dos cristãos é um escândalo, não podem entendê-la. E é por isso que Paulo faz este raciocínio, raciocina assim, de modo claro: “Se Cristo ressuscitou, como podem dizer alguns entre vós que não há ressurreição dos mortos? Se Cristo ressuscitou, também os mortos serão ressuscitados". Há resistência à transformação, a resistência para que a obra do Espírito que recebemos no Batismo nos transforme até o final, à Ressurreição. E quando falamos disto, a nossa linguagem diz: Mas, eu quero ir para o Céu, não quero ir para o inferno, mas paramos ali. Nenhum de nós diz: 'Eu ressuscitarei como Cristo’: não. Também para nós é difícil entender.

É mais fácil pensar em um panteísmo cósmico. Isto porque “ há a resistência a sermos transformados, que é a palavra que usa Paulo: ‘Vamos ser transformados. Nosso corpo será transformado’. Quando um homem ou uma mulher deve se submeter a uma cirurgia têm muito medo porque ou irão tirar algo ou colocar algo ... vai ser transformado, por assim dizer. Com a Ressurreição, todos nós seremos transformados: este é o futuro que nos espera e isto é o facto que nos leva a fazer tanta resistência: resistência à transformação do nosso corpo. Também, resistência à identidade cristã; Direi mais: talvez não tenhamos tanto pavor do Maligno do Apocalipse, do Anticristo que deve vir primeiro; talvez não tenhamos tanto pavor. Talvez não tenhamos tanto pavor da voz do Arcanjo ou do som da tromba: mas, será a vitória do Senhor. Mas pavor de nossa ressurreição: todos seremos transformados. Será o fim de nosso percurso cristão, essa transformação.

Papa Francisco - excertos homilia Casa de Santa Marta 19.09.2014

Tentações dos agentes pastorais

A nossa tristeza e vergonha pelos pecados de alguns membros da Igreja, e pelos próprios, não devem fazer esquecer os inúmeros cristãos que dão a vida por amor: ajudam tantas pessoas seja a curar-se seja a morrer em paz em hospitais precários, acompanham as pessoas que caíram escravas de diversos vícios nos lugares mais pobres da terra, prodigalizam-se na educação de crianças e jovens, cuidam de idosos abandonados por todos, procuram comunicar valores em ambientes hostis, e dedicam-se de muitas outras maneiras que mostram o imenso amor à humanidade inspirado por Deus feito homem. Agradeço o belo exemplo que me dão tantos cristãos que oferecem a sua vida e o seu tempo com alegria. Este testemunho faz-me muito bem e me apoia na minha aspiração pessoal de superar o egoísmo para uma dedicação maior.

Evangelii Gaudium 76

«Deixai um e outro crescer juntos, até à ceifa»

Beato John Henry Newman (1801-1890), presbítero, fundador do Oratório em Inglaterra 
Sermões pregados em várias ocasiões, n°9, 2.6

Há escândalos na Igreja, coisas repreensíveis e vergonhosas; nenhum católico poderá negá-lo. Ela sempre incorreu na censura e na vergonha de ser mãe de filhos indignos; ela tem filhos que são bons e tem muitos mais que são maus. [...] Deus poderia ter instituído uma Igreja pura; mas previu que o joio semeado pelo inimigo permaneceria com o trigo até à ceifa, até ao fim do mundo. Afirmou que a Sua Igreja seria semelhante a uma rede de pescador «que apanha toda a espécie de peixes», que apenas são separados à noite (Mt 13,47ss). Indo mais longe, declarou que os maus e os imperfeitos seriam em maior número que os bons, «porque muitos são os chamados, mas poucos os escolhidos» (Mt 22,14); e o Seu apóstolo diz que «aqueles que foram reservados segundo a escolha da graça, foram salvos» (Rm 11,5). Percebe-se assim que, na história e na vida dos católicos, há sempre muito para servir os interesses dos contraditores. [...]

Mas não baixamos a cabeça com vergonha, escondendo o rosto entre as mãos: levantamos as mãos e o rosto em direcção ao Redentor. «Assim como os olhos dos servos se fixam na mão dos seus senhores [...], assim também os nossos olhos estão postos no Senhor nosso Deus, até que Ele tenha piedade de nós» (Sl 122,2). [...] Apelamos a Ti, justo juiz, pois és Tu que olhas para nós. Não fazemos caso dos homens enquanto Te tivermos [...], enquanto tivermos a Tua presença nas nossas assembleias, o Teu testemunho e a Tua aprovação no nosso coração.

Acompanhavam-No os Doze e algumas mulheres

São João Paulo II (1920-2005), papa 
Carta apostólica «Mulieris dignitatem / A dignidade da mulher» § 31 (trad. © copyright Libreria Editrice Vaticana, rev)


«Se tu conhecesses o dom de Deus» (Jo 4, 10), diz Jesus à Samaritana num daqueles admiráveis colóquios em que Ele mostra quanta estima tem pela dignidade de cada mulher e pela vocação que lhe permite participar na sua missão de Messias. […] A Igreja deseja render graças à Santíssima Trindade pelo «mistério da mulher» e por todas as mulheres, por aquilo que constitui a eterna medida da sua dignidade feminina, pelas «grandes obras de Deus» que na história das gerações humanas nela e por seu intermédio se realizaram. Em última análise, não foi nela e por seu intermédio que se operou o que há de maior na história do homem sobre a terra: o evento pelo qual Deus mesmo Se fez homem?

A Igreja, portanto, dá graças por todas e cada uma das mulheres: pelas mães, pelas irmãs, pelas esposas; pelas mulheres consagradas a Deus na virgindade; pelas mulheres que se dedicam a tantos e tantos seres humanos que esperam o amor gratuito de outra pessoa; pelas mulheres que cuidam do ser humano na família, que é o sinal fundamental da sociedade humana; pelas mulheres que trabalham profissionalmente, e que às vezes carregam uma grande responsabilidade social.[…]

A Igreja agradece todas as manifestações do «génio» feminino surgidas no curso da história, no meio de todos os povos e nações; agradece todos os carismas que o Espírito Santo concede às mulheres na história do Povo de Deus […] A Igreja pede, ao mesmo tempo, que estas inestimáveis «manifestações do Espírito» (cf 1Cor12,4ss), com grande generosidade concedidas às «filhas» da Jerusalém eterna, sejam atentamente reconhecidas e valorizadas, para que redundem em vantagem comum para a Igreja e para a humanidade.

(Fonte: Evangelho Quotidiano)

O Evangelho do dia 19 de setembro de 2014

Em seguida Jesus caminhava pelas cidades e aldeias, pregando e anunciando a boa nova do reino de Deus; andavam com Ele os doze e algumas mulheres que tinham sido livradas de espíritos malignos e de doenças: Maria, chamada Madalena, da qual tinham saído sete demónios, Joana, mulher de Cusa, procurador de Herodes, Susana, e outras muitas, que os serviam com os seus bens.

Lc 8, 1-3