sexta-feira, 29 de agosto de 2014

O pároco de Gaza recebido pelo Papa

Trouxe ao Papa o «obrigado» dos seus paroquianos de Gaza, uma pequena grei de apenas 136 almas que viveu o drama do conflito, sustentada pela proximidade do pastor e pelas orações da Igreja inteira. Recebido em audiência pelo Pontífice na manhã de 29 de Agosto, o sacerdote Jorge Hernández Zanni, religioso do Instituto do Verbo Encarnado e pároco da Sagrada Família na Faixa de Gaza, faz-se voz – nesta entrevista concedida ao nosso jornal – do reconhecimento dos fiéis pela proximidade que Francisco lhes manifestou em várias circunstâncias.

Quais são as suas primeiras impressões após o encontro com o Papa?

O diálogo com Francisco foi uma dádiva. Nunca o teria imaginado. Durante os dias de guerra em Gaza, o Pontífice enviou à paróquia uma mensagem por e-mail. Informei imediatamente todos os fiéis acerca deste dom. Não imagina como fiquei aliviado, só pelo facto de que o Papa nos tem a todos no seu coração.

Qual é o conteúdo da mensagem?

Antes de tudo, Francisco encorajou-nos a ir sempre em frente, a dar o nosso testemunho, a ser «sal da terra». Fez referência à visão sobrenatural da presença dos cristãos naquele lugar. Não esqueçamos que de quase dois milhões de habitantes, em Gaza os cristãos são 1.350, dos quais 136 católicos e os outros ortodoxos. Uma minoria importante. E o facto de que o Pontífice se preocupe connosco é um gesto significativo.

E hoje o que representou a audiência com o Papa?

Agora, com este encontro, tive a mesma certeza: o pastor está presente entre os seus fiéis, oferece encorajamento e conselhos sábios. É uma graça enorme para nós!

Qual é hoje a situação na Faixa de Gaza?

Graças a Deus foi alcançado um cessar-fogo duradouro, pelo menos para dar a possibilidade de voltar às negociações no Egipto. Também para nós é um grande dom, porque as pessoas já não aguentam. Além dos prejuízos e do medo, a situação tornou-se insustentável para ambas as partes em conflito.

Neste momento, qual é a ajuda dada pela sua paróquia?

A paróquia da Sagrada Família é a única de Gaza. Durante o conflito hospedamos mais de 1.200 pessoas que abandonavam as suas casas. Demos um testemunho de caridade. Acolhemos e ajudamos numerosos refugiados na sua provação, também oferecendo assistência material, graças à Caritas internationalis que está sempre próxima de nós. Devo dizer que sempre recebemos o apoio incondicional do patriarcado de Jerusalém. O patriarca Twal ocupou-se pessoalmente de nos oferecer ajudas humanitárias, entrando várias vezes em contacto telefónico com à nossa comunidade. Quem viveu uma guerra conhece o valor extraordinário de tais gestos. Eis a presença da Igreja: um firme testemunho de caridade. Infelizmente, tivemos também três vítimas na nossa comunidade cristã.

Quantas pessoas trabalham na paróquia?

Além de mim, que sou o pároco, há mais um sacerdote do Instituto do Verbo Encarnado, padre Mário, natural do Brasil, e depois as religiosas de três congregações: irmãs de Madre Teresa, dominicanas do Rosário e Instituto da Virgem de Matará, da Argentina. As três congregações ajudam na paróquia, algumas na assistência a crianças portadoras de deficiência, outras nas três escolas cristãs, que são as melhores de Gaza. São frequentadas também por muçulmanos e representam lugares para favorecer um diálogo de vida entre as religiões.

Quais desenvolvimentos imagina para o futuro processo de paz?

Não é simples; em geral, recomeça-se de zero, tanto a nível paroquial como civil. As pessoas voltam para procurar continuar a viver. É difícil prever o que acontecerá. Contudo, gostaria de agradecer abertamente a todos aqueles que, durante estas semanas de conflito, nos escreveram e telefonaram, oferecendo-nos as suas preces e os seus sofrimentos. Para nós isto é muito importante. Peço ainda a todos que continuem a rezar por nós. É fundamental, precisamos disto.

(Fonte: 'news.va')

Precursor de Cristo tanto na morte como na vida

Liturgia bizantina 
Ode e versículos das matinas de 29/08


Profeta nascido dum profeta (Lc 1,67), baptizaste o Senhor, foste «a voz que clama no deserto: convertei-vos» (cf Mt 3,2), e repreendeste Herodes pelos seus ímpios deboches. Por isso, correste a anunciar o Reino de Deus aos que estavam cativos na morada dos mortos. […]

Percursor e profeta, baptizaste e foste mártir sendo voz do Verbo, seu mensageiro, sua chama; tu que foste o maior dos profetas, segundo o testemunho de Deus (Mt 11,9), implora ao Senhor que salve de todas as provações e desgraças os que festejam com amor a tua memória resplandecente. […]

Vinde todos os povos, celebremos o profeta e mártir que baptizou o Salvador, ele que, como anjo encarnado (cf Mc 1,2 grego), repreendeu Herodes pela sua ligação injusta, condenando a sua acção errónea. Mas, por causa de uma dança e de um juramento, cortaram a venerável cabeça daquele que anunciou nos infernos a boa nova da ressurreição de entre os mortos e que sem cessar intercede por nós junto do Senhor, pela salvação da nossa alma.

Vinde todos os fiéis, celebremos o profeta e mártir que baptizou o Salvador: fugindo para o deserto, aí encontrou repouso, alimentando-se de gafanhotos e de mel silvestre. Ele repreendeu o rei que violava a lei; e a nós, os timoratos, exortou dizendo: «convertei-vos porque o Reino está próximo.»

(Fonte: Evangelho Quotidiano)

Precursor na morte como na vida

São Beda, o Venerável (c. 673-735), monge beneditino, doutor da Igreja 
Hino para o Martírio de São João Baptista


Ilustre precursor da graça e mensageiro da verdade,
João Baptista, estandarte de Cristo,
Tornou-se o evangelista da Luz eterna.
O profético testemunho que nunca deixou de dar
No que dizia e no que fazia, durante toda a vida,
Dá-o hoje com o seu sangue e o seu martírio.
Em tudo precedeu o Mestre: ao nascer,
Anunciou ao mundo a Sua vinda. Ao baptizar
Os penitentes no Jordão, prefigurou
Aquele que vinha instituir o Seu baptismo.
E a morte de Cristo Redentor, seu Salvador,
Que restituiu a vida ao mundo, João Baptista
Sofreu-a também por antecipação,
Derramando o seu sangue por amor dele.

Um tirano cruel resolveu afastá-lo e pô-lo a ferros na prisão.
Mas as correntes não conseguem prender
Os que em Cristo abrem o coração livre ao Reino.
Como poderia a obscuridade e a tortura dum cárcere sombrio
Prevalecer sobre aquele que vê a glória do Senhor
E que dele recebe os dons do Espírito?
E de bom grado ofereceu o pescoço ao gládio do carrasco,
Pois como poderia perder a cabeça
Aquele que tem a Cristo por Cabeça?

Ao partir deste mundo, cumpre hoje o seu papel de precursor
Aquele que o fora toda a vida. Aquele
Que havia de vir e já chegara, hoje a sua morte O proclama,
Pois como poderia a mansão dos mortos reter este mensageiro que lhe escapa?
Os justos, os profetas e os mártires rejubilam com ele
Ao encontro do Senhor, e todos dele se aproximam,
Louvando-o com todo o amor. Com ele se dirigem a Cristo,
Suplicando-lhe que salve também os seus.

Magno precursor do Redentor, não tardará
Aquele que para sempre te libertou da morte!
Conduzido pelo teu Senhor,
Entra, na companhia dos santos, na glória eterna!

(Fonte: Evangelho Quotidiano)

O Evangelho do dia 29 de agosto de 2014

Porque Herodes tinha mandado prender João, e teve-o a ferros numa prisão por causa de Herodíades, mulher de Filipe, seu irmão, com a qual tinha casado. Porque João dizia a Herodes: «Não te é lícito ter a mulher de teu irmão». Herodíades odiava-o e queria fazê-lo morrer; porém, não podia, porque Herodes, sabendo que João era varão justo e santo, olhava-o com respeito, protegia-o e quando o ouvia ficava muito perplexo, mas escutava-o com agrado. Chegou, porém, um dia oportuno, quando Herodes, no seu aniversário natalício, deu um banquete aos grandes da corte, aos tribunos e aos principais da Galileia. Tendo entrado na sala a filha da mesma Herodíades, dançou e agradou a Herodes e aos seus convidados. O rei disse à jovem: «Pede-me o que quiseres e eu to darei». E jurou-lhe: «Tudo o que me pedires te darei, ainda que seja metade do meu reino». Ela, tendo saído, perguntou à mãe: «Que hei-de pedir?». Ela respondeu-lhe: «A cabeça de João Baptista». Tornando logo a entrar apressadamente junto do rei, fez este pedido: «Quero que me dês imediatamente num prato a cabeça de João Baptista». O rei entristeceu-se, mas, por causa do juramento e dos convidados, não quis desgostá-la. Imediatamente mandou um guarda com ordem de trazer a cabeça de João. Ele foi degolá-lo no cárcere, levou a sua cabeça num prato, deu-a à jovem, e esta deu-a à mãe. Tendo sabido isto os seus discípulos, foram, tomaram o corpo e o depuseram num sepulcro.

Mc 6, 17-29