domingo, 10 de agosto de 2014

Santa Maria, Rainha e Senhora de toda a criação

Não quero passar por alto a outra festa mariana que celebramos neste mês, no dia 22: Santa Maria, Rainha e Senhora de toda a criação. «Eu imagino esta coroação, dizia D. Álvaro, como se o Pai, o Filho e o Espírito Santo, a Santíssima Trindade, tomasse posse, de forma ainda mais especial, da Rainha dos Anjos e dos Santos. Uma posse – tão imensa! – que deve ter sido como uma explosão de luz, de tal maneira que a Santíssima Virgem, com a sua santidade, com o seu encanto, com a sua beleza, se elevasse sobre todos, para que a honrassem, a venerassem e a amassem com mais força» [15].

A essa meta feliz chegaremos se permanecemos leais à nossa vocação cristã. Com erros e enganos, já o referi, mas decididos a levantar-nos quantas vezes for preciso, recorrendo à Confissão, unindo-nos a Jesus Cristo na Eucaristia e com o confiado recurso à nossa Mãe do Céu. «O termo da nossa vida terrena será a glória do Céu se sabemos caminhar por este caminho real da santificação da vida habitual, que Jesus, Senhor nosso e a Sua Mãe bendita nos abriram nos seus anos de Nazaré, e que o nosso amadíssimo e santo Fundador soube imitar com tanta mestria» [16].

[15]. D. Álvaro, Homilia, 8-IX-1976.
[16]. D. Álvaro, Carta 1-VIII-1993.

(D. Javier Echevarría, Prelado do Opus Dei na carta do mês de agosto de 2014)
© Prælatura Sanctæ Crucis et Operis Dei

Bom Domingo do Senhor!

Procuremos ter a firmeza na fé que Pedro momentaneamente não teve como nos narra o Evangelho de hoje (Mt 14, 22-33) e seguros que o Senhor está sempre connosco não hesitemos perante as dificuldades e demos-Lhe graças pelo seu infinito amor.

Louvado seja o Pai pelo Filho que nos enviou e que é Deus com Ele na unidade do Espírito Santo!

Professar a fé

Na celebração dos sacramentos, a Igreja transmite a sua memória, particularmente com a profissão de fé. Nesta, não se trata tanto de prestar assentimento a um conjunto de verdades abstractas, como sobretudo fazer a vida toda entrar na comunhão plena com o Deus Vivo. Podemos dizer que, no Credo, o fiel é convidado a entrar no mistério que professa e a deixar-se transformar por aquilo que confessa. Para compreender o sentido desta afirmação, pensemos em primeiro lugar no conteúdo do Credo. Este tem uma estrutura trinitária: o Pai e o Filho unem-Se no Espírito de amor. Deste modo o crente afirma que o centro do ser, o segredo mais profundo de todas as coisas é a comunhão divina. Além disso, o Credo contém uma confissão cristológica: repassam-se os mistérios da vida de Jesus até à sua morte, ressurreição e ascensão ao Céu, na esperança da sua vinda final na glória. E, consequentemente, afirma-se que este Deus-comunhão, permuta de amor entre o Pai e o Filho no Espírito, é capaz de abraçar a história do homem, de introduzi-lo no seu dinamismo de comunhão, que tem, no Pai, a sua origem e meta final. Aquele que confessa a fé sente-se implicado na verdade que confessa; não pode pronunciar, com verdade, as palavras do Credo, sem ser por isso mesmo transformado, sem mergulhar na história de amor que o abraça, que dilata o seu ser tornando-o parte de uma grande comunhão, do sujeito último que pronuncia o Credo: a Igreja. Todas as verdades, em que cremos, afirmam o mistério da vida nova da fé como caminho de comunhão com o Deus Vivo.

Lumen Fidei, 45

Lição da história

«Naturalmente, em primeiro lugar, é possível ver na relação entre ‘mansidão’ e promessa de terra uma normal lição da história: os conquistadores vão e voltam; permanecem os simples, os humildes, aqueles que cultivam a terra e não cessam de semear e colher entre tribulações e alegrias».

(Joseph Ratzinger / Bento XVI - “Jesus de Nazaré”)

«Homem de pouca fé, porque duvidaste?»

São João Crisóstomo (c. 345-407), presbítero em Antioquia depois bispo de Constantinopla, doutor da Igreja
Homilias sobre o Evangelho de Mateus

Os discípulos são de novo joguetes das vagas e uma tempestade semelhante à primeira (Mt 8,24) desencadeia-se sobre eles; mas anteriormente tinham Jesus com eles, enquanto desta vez estão sozinhos e entregues a si mesmos. [...] Penso que o Salvador queria assim reanimar-lhes os corações adormecidos; precipitando-os na angústia, inspirou-lhes um desejo mais vivo da Sua presença e tornou a Sua lembrança constantemente presente no pensamento deles. Por isso não foi imediatamente em auxílio deles. Em vez disso: «de madrugada, Jesus foi ter com eles, caminhando sobre o mar». [...]

Pedro, sempre fervoroso, adiantando-se sempre aos outros discípulos, diz-Lhe: «Se és Tu, Senhor, manda-me ir ter Contigo sobre as águas». [...] Ele não Lhe diz: «Ordena-me que caminhe sobre as águas» mas antes «que vá ter Contigo», porque ninguém amava Jesus como ele. E fez a mesma coisa depois da ressurreição: não podendo suportar ir tão lentamente como os outros na barca, deitou-se à água para os ultrapassar e satisfazer o seu amor por Cristo. [...] Descendo, portanto, da barca, Pedro avançou para Jesus, mais feliz de se Lhe dirigir do que de caminhar sobre as águas. Mas, no fim de superar o perigo maior, o do mar, acabou por sucumbir a um menos grave, o do vento. Tal é a natureza humana: muitas vezes, depois de termos dominado os perigos mais sérios, deixamo-nos abater por outros menos importantes. [...] Pedro não estava ainda livre de todo o temor [...] apesar da presença de Cristo perto dele. É que não serve de nada estar ao lado de Cristo se não estivermos próximos Dele pela fé. Eis o que marca a distância que separava o Mestre do discípulo. [...]

«Homem de pouca fé, porque duvidaste?» Se, pois, a fé de Pedro não tivesse enfraquecido, teria resistido ao vento sem dificuldade. E a prova foi que Jesus segurou Pedro, deixando soprar o vento. [...] Da mesma forma que a mãe sustenta, com as suas asas, o passarinho que saiu do ninho antes do tempo, quando ele vai a cair no chão, e o volta a pôr no ninho, assim fez Cristo a Pedro.