«O semeador saiu para semear»

São João Maria Vianney (1786-1859), presbítero, cura d' Ars
Sermões

Se me interrogais acerca do que Jesus Cristo quis dizer com este semeador que saiu de madrugada para ir espalhar a semente no seu campo, meus irmãos, o semeador é o próprio Deus, que começou a trabalhar pela nossa salvação desde o início do mundo, enviando-nos os Seus profetas antes da vinda do Messias, para nos ensinar o que era necessário para sermos salvos; e não Se contentou em enviar os Seus servos, veio Ele mesmo traçar-nos o caminho que devemos tomar, veio anunciar-nos a palavra santa.

Sabeis o que é uma pessoa que não se alimenta desta palavra santa ou a recebe sem a devida reverência? É semelhante a um paciente sem médico, a um viajante perdido e sem guia, a um pobre sem recursos; digamos melhor, meus irmãos, que é completamente impossível amar a Deus e agradar-Lhe sem ser alimentado por esta palavra divina. O que é que nos pode levar a unirmo-nos a Ele, a não ser conhecê-Lo? E quem nos dá a conhecê-Lo com todas as Suas perfeições, as Suas belezas e o Seu amor por nós, se não a palavra de Deus, que nos ensina tudo o que Ele fez por nós e os bens que nos prepara na outra vida, se procurarmos agradar-Lhe?

O Evangelho de Domingo dia 13 de julho de 2014

Naquele dia, saindo Jesus de casa, sentou-Se à beira do mar. E juntou-se em volta d'Ele uma grande multidão de gente, de tal modo que foi preciso entrar numa barca e sentar-Se nela; e toda a multidão estava em pé napraia. E disse-lhes muitas coisas por parábolas: «Eis que um semeador saiu a semear. Quando semeava, uma parte da semente caiu ao longo do caminho; e vieram as aves do céu e comeram-na. Outra parte caiu em lugar pedregoso, onde não havia muita terra; e nasceu logo, porque não tinha profundidade de terra. Mas, saindo o sol, queimou-se; e, porque não tinha raiz, secou. Outra parte caiu entre espinhos; e os espinhos cresceram e a sufocaram. Outra parte, enfim, caiu em boa terra, e frutificou; uns grãos deram cem por um, outros sessenta, outros trinta. Quem tem ouvidos para ouvir, oiça». Chegando-se a Ele os discípulos, disseram-Lhe: «Por que razão lhes falas por meio de parábolas?». Ele respondeu-lhes: «Porque a vós é concedido conhecer os mistérios do Reino dos Céus, mas a eles não lhes é concedido. Porque ao que tem lhe será dado ainda mais, e terá em abundância, mas ao que não tem, até o que tem lhe será tirado. Por isso lhes falo em parábolas, porque vendo não vêem e ouvindo não ouvem nem entendem. E cumpre-se neles a profecia de Isaías, que diz: “Ouvireis com os ouvidos e não entendereis; olhareis com os vossos olhos e não vereis. Porque o coração deste povo tornou-se insensível, os seus ouvidos tornaram-se duros, e fecharam os olhos, para não suceder que vejam com os olhos, e oiçam com os ouvidos, e entendam com o coração, e se convertam, e Eu os cure”. Ditosos, porém, os vossos olhos, porque vêem e os vossos ouvidos, porque ouvem. Em verdade vos digo que muitos profetas e justos desejaram ver o que vedes e não o viram, ouvir o que ouvis e não o ouviram. «Ouvi, pois, vós, o que significa a parábola do semeador: A todo aquele que ouve a palavra do reino e não lhe presta atenção, vem o espírito maligno e arrebata o que foi semeado no seu coração; este é o que recebeu a semente ao longo do caminho. O que recebeu a semente no lugar pedregoso, é aquele que ouve a palavra, e logo a recebe com gosto; porém, não tem em si raiz, é inconstante; e, quando lhe sobrevém a tribulação e a perseguição por causa da palavra, logo sucumbe. O que recebeu a semente entre espinhos, é aquele que ouve a palavra; porém, os cuidados deste mundo e a sedução das riquezas sufocam a palavra e fica infrutífera. O que recebeu a semente em boa terra, é aquele que ouve a palavra e a compreende; esse dá fruto, e umas vezes dá cem, outras sessenta, e outras trinta por um».

Mt 13, 1-23

A fé permite-nos acolher a Palavra que é Jesus Cristo

(...) Na fé, dom de Deus e virtude sobrenatural por Ele infundida, reconhecemos que um grande Amor nos foi oferecido, que uma Palavra estupenda nos foi dirigida: acolhendo esta Palavra que é Jesus Cristo — Palavra encarnada –, o Espírito Santo transforma-nos, ilumina o caminho do futuro e faz crescer em nós as asas da esperança para o percorrermos com alegria. Fé, esperança e caridade constituem, numa interligação admirável, o dinamismo da vida cristã rumo à plena comunhão com Deus. Mas, como é este caminho que a fé desvenda diante de nós? Donde provém a sua luz, tão poderosa que permite iluminar o caminho duma vida bem sucedida e fecunda, cheia de fruto?

Lumen Fidei, 7

«E nem um deles [pássaros] cairá por terra sem o consentimento do vosso Pai. […] Não temais!»

Tomás de Celano (c. 1190-c. 1260), biógrafo de São Francisco e de Santa Clara 
Primeira vida de São Francisco, §58


Ao chegar perto dum grande bando de pássaros, o beato Francisco constatou que estes o esperavam; saudou-os como habitualmente, maravilhou-se ao ver que não levantavam voo como seria normal e disse-lhes que deviam escutar a Palavra de Deus, pedindo-lhes humildemente que prestassem atenção.

Disse-lhes, entre outras coisas: «Meus irmãos pássaros, é bom que louveis o vosso Criador e O ameis sempre: Ele deu-vos as penas para vos vestirdes, as asas para voardes e tudo aquilo de que precisais para viver. De todas as criaturas de Deus, sois vós as mais agraciadas. Deu-vos como domínio os ares e a sua limpidez. Não precisais de semear nem de colher; Ele dá-vos alimento e abrigo sem que tenhais de vos inquietar» (cf Mt 6,26). Ao ouvirem estas palavras, que também se referiam ao próprio santo e aos seus companheiros, os pássaros exprimiram à sua maneira uma alegria admirável: alongaram o pescoço, abriram as asas e o bico e olharam-no atentamente. Ele ia e vinha entre eles, roçando-lhes com a túnica na cabeça e no corpo. Finalmente, abençoou-os, traçando sobre eles o sinal da cruz, e permitiu-lhes levantar voo. Depois retomou o caminho com os seus companheiros e, exultando de alegria, dava graças a Deus que assim era reconhecido e venerado por todas as suas criaturas.

Francisco não era um pobre de espírito; mas tinha a graça da simplicidade e assim recriminava-se pela sua negligência por ainda não ter pregado aos pássaros, uma vez que esses animais escutavam com tanto respeito a Palavra de Deus. E a partir desse dia não deixava de exortar todas as aves, todos os animais, os répteis e mesmo as criaturas inanimadas a amar e a louvar o Criador.

(Fonte: Evangelho Quotidiano)

O Evangelho do dia 12 de julho de 2014

«Não é o discípulo mais que o mestre, nem o servo mais que o senhor. Basta ao discípulo ser como o mestre e ao servo como o senhor. Se eles chamaram Belzebu ao pai de família, quanto mais aos seus familiares! «Não os temais, pois, porque nada há encoberto que não se venha a descobrir, nem oculto que não venha a saber-se. O que Eu vos digo às escuras, dizei-o às claras e o que é dito ao ouvido, pregai-o sobre os telhados. «Não temais os que matam o corpo e não podem matar a alma. Temei antes aquele que pode lançar a alma e o corpo na Geena. Porventura não se vendem dois passarinhos por uns tostões? E, todavia, nem um só deles cairá no chão sem a permissão de vosso Pai. Até os próprios cabelos da vossa cabeça estão todos contados. Não temais, pois: vós valeis mais que muitos passaritos. «Todo aquele, portanto, que Me confessar diante dos homens, também Eu o confessarei diante do Meu Pai que está nos céus. Porém, quem Me negar diante dos homens, também Eu o negarei diante do Meu Pai, que está nos céus.

Mt 10, 24-33