sábado, 28 de junho de 2014
«Fiz-me tudo para todos, para salvar alguns a qualquer custo. Não procurando o meu próprio interesse mas o do maior número, a fim de que eles sejam salvos.» (1Co 9,22; 10,33)
Isaac de l'Étoile (?-c. 1171), monge cisterciense
Sermão 49, 1º para a festa dos santos Pedro e Paulo; SC 339
«Os atos dos homens misericordiosos não caem no esquecimento; os bens que deixaram para a sua posteridade permanecerão para sempre» (liturgia latina; Si 44,10-11). Celebramos, bem-amados, o dia do nascimento dos apóstolos Pedro e Paulo; e é conveniente [...] que semelhante morte seja chamada nascimento, uma vez que gera a vida. [...] Eis onde chegam os santos: por essa morte que dá a vida, deixam esta vida que conduz à morte, para chegarem à vida vivificante que está na mão d'Aquele que «tem a vida em Si mesmo», o Pai, como disse Cristo (Jo 5,26). [...]
Há três tipos de homens misericordiosos. Os primeiros dão os seus bens [...] para complementar, com o que lhes é supérfluo, a penúria dos outros. [...] Os segundos distribuem todos os seus bens e, para eles, daí por diante, [...] tudo fica em comum com os outros. [...] Quanto aos terceiros, não somente dão tudo, como também «se dão a si mesmos totalmente» (cf. 2Co 12,15) e entregam-se pessoalmente aos perigos da prisão, do exílio e da morte, para tirar os outros do perigo em que estão a suas almas. São pródigos de si mesmos, porque são ávidos dos outros. Receberão a recompensa desse amor: «Ninguém tem mais amor do que quem dá a vida pelos seus amigos» (Jo 15,13). [...] Tais são esses príncipes gloriosos da terra e servidores do céu de quem hoje ─ depois de longas privações «da fome, da sede, do frio e da nudez», de muito duras penas e perigos pelos «seus compatriotas, pagãos e falsos irmãos» (cf 2Co 11,26-27) ─ celebramos a morte magnificamente vitoriosa. A tais homens aplica-se bem esta frase: «Os seus feitos não serão esquecidos», porque eles não se esqueceram da misericórdia. [...] Sim, aos misericordiosos «na partilha foram destinados lugares aprazíveis e é preciosa a herança que lhes coube» (cf Sl 15,6).
O Evangelho do dia 29 de junho de 2014 - Solenidade de São Pedro e São Paulo
Tendo chegado à região de Cesareia de Filipe, Jesus interrogou os Seus discípulos, dizendo: «Quem dizem os homens que é o Filho do Homem?». Eles responderam: «Uns dizem que é João Baptista, outros que é Elias, outros que é Jeremias ou algum dos profetas». Jesus disse-lhes: «E vós quem dizeis que Eu sou?». Respondendo Simão Pedro, disse: «Tu és o Cristo, o Filho de Deus vivo». Respondendo Jesus, disse-lhe: «Bem-aventurado és, Simão filho de João, porque não foi a carne e o sangue que to revelaram, mas Meu Pai que está nos céus. E Eu te digo que tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a Minha Igreja, e as portas do inferno não prevalecerão contra ela. Eu te darei as chaves do Reino dos Céus; e tudo o que ligares sobre a terra, será ligado também nos céus, e tudo o que desatares sobre a terra, será desatado também nos céus».
Mt 16, 13-19
'Novos Cristãos novos' (excerto)
Em França, está a surgir uma nova geração europeia de novos cristãos, mais coerentes e mais interventivos
Segundo duas sondagens publicadas no Figaro Magazine, estes novos cristãos são mesmo cristãos novos, pois têm entre 16 e 30 anos. São quase todos católicos praticantes: 90% confessam-se como tais. Mais curioso ainda é que, segundo a mesma fonte, 77% destes novos cristãos considera que a devoção eucarística é “essencial”, ou “muito importante”, nas suas vidas, e 6% vai à Missa todos os dias. Apesar da recorrente oferta das ‘missas-espectáculo’ ou meras ‘ceias’, ao jeito evangélico ou modernista, estes novos crentes procuram celebrações genuinamente católicas, porque prezam uma autêntica liturgia. Sem cedências, contudo, aos saudosismos tradicionalistas, e sem simpatias integristas. Significativamente, 58% dos inquiridos concorda com a doutrina católica em matéria sexual.
Depois dos catho-comunistes, temos agora os catho-catho: 72% destes novos fiéis preferem identificar-se como “católicos”, em vez de “cristãos”, ao invés do que acontecia nos anos 70.
Serão estes novos cristãos novos os profetas que prenunciam – finalmente! – o renascimento espiritual da filha mais velha da Igreja?! Talvez ainda não, mas não restam dúvidas de que são uma lufada de ar fresco e de esperança para a Igreja francesa e para o Cristianismo de toda a velha Europa.
Pe. Gonçalo Portocarrero de Almada, excerto artigo 'Novos Cristão novos' publicado no 'i' online AQUI
Rogo ao Imaculado Coração de Maria
Neste dia, festa do teu Imaculado Coração, venho pedir-te que não esqueças, o que em Fátima prometeste aos Pastorinhos.
A devoção deste povo ao teu Imaculado Coração é bem expressa nas dezenas e centenas de milhares de portugueses que seguem o teu andor nas procissões em tua honra e não só em Fátima mas por tantos outros lugares e cidades de Portugal como ainda, há poucos dias, no Porto.
Não deixes de atender às nossas súplicas de filhos desnorteados e confusos neste vendaval que o inimigo, cuja cabeça esmagada pelo teu calcanhar, parece ressurgir com furor redobrado atacando a sociedade no mais profundo dos seus alicerces: a família.
Com a promulgação de leis torpes e iníquas que, no fundo, mais não fazem que tornar públicos os pecados privados, por mais aberrantes que possam ser; o ataque ''cerrado'' aos jovens desde a mais tenra idade, pervertendo e destruindo a sacralidade do corpo humano, tudo isto, Senhora Minha, deve amargurar o teu Coração Imaculado de forma indizível.
Talvez seja chegada a hora de intervires novamente na história desta Nação milenar que soçobra.
E, se não for ainda o momento, peço-te que o abrevies e nos dês a força e o ânimo que tanto precisamos. Ámen.
(AMA, Convento em Monte Real, 2010.06.12)
Agradecimento: António Mexia Alves
Imaculado Coração da Virgem Santa Maria
A festa litúrgica do Coração de Maria passou por muitas vicissitudes. De acordo com a história, houve primeiramente uma devoção privada ininterrupta, que não chegou a formas públicas oficiais.
cf. Dicionário de Mariologia, 1995 - Editora Paulus
(Fonte: Evangelho Quotidiano)
Efectivamente, a primeira festa litúrgica do Coração de Maria foi celebrada a 8 de Fevereiro de 1648, na diocese de Autun (França). Em 1864, alguns bispos pedem ao Papa a consagração do mundo ao Coração de Maria, aduzindo como justificativa e motivo a realeza de Maria. O pedido decisivo partiu de Fátima e do episcopado português. Inesperadamente, a 31 de Outubro de 1942, Pio XII, na sua mensagem radiofónica em português, consagrava o mundo ao Coração de Maria. O Papa Paulo VI, a 21 de Novembro de 1964, ao encerrar a terceira sessão do Concílio Vaticano II, renovava, na presença dos padres conciliares, a consagração ao Coração de Maria feita por Pio XII. Mais recentemente, João Paulo II, no fim de sua primeira encíclica, “Redemptor Hominis” (4 de Março de 1979), escreveu um significativo texto sobre o Coração de Maria. Ao tratar do mistério da redenção diz o Papa: “Este mistério formou-se, podemos dizer, no coração da Virgem de Nazaré, quando pronunciou o seu “fiat”. A partir de tal momento, este coração virginal e ao mesmo tempo materno, sob a ação particular do Espírito Santo, acompanha sempre a obra do seu Filho e dirige-se a todos os que Cristo abraçou e abraça continuamente no seu inesgotável amor. E por isso este coração deve ser também maternalmente inesgotável. A característica deste amor materno, que a mãe de Deus incute no mistério da redenção e na vida da Igreja, encontra sua expressão na sua singular proximidade do homem e de todas as suas vicissitudes. Nisso consiste o mistério da mãe”.
A Exortação Apostólica “Marialis cultus” (2/2/1974), do Papa Paulo VI inclui a memória do Coração Imaculado da bem-aventurada Virgem Maria entre as “memórias ou festas que ... expressam orientações surgidas na piedade contemporânea”, colocando-a no dia seguinte à solenidade do Sacratíssimo Coração de Jesus.
Essa aproximação das duas festas (Sacratíssimo Coração de Jesus e Imaculado Coração de Maria) faz-nos voltar à origem histórica da devoção: na verdade, São João Eudes, nos seus escritos, jamais separa os dois corações. Aliás, durante nove meses, a vida do Filho de Deus feito carne pulsou seguindo o mesmo ritmo da vida do coração de Maria. Mas os textos próprios da missa do dia destacam mais a beleza espiritual do coração da primeira discípula de Cristo.
Ela, na verdade, trouxe Jesus mais no coração do que no ventre; gerou-o mais com a fé do que com a carne! De acordo com textos bíblicos, Maria escutava e meditava no seu coração a palavra do Senhor, que era para ela como um pão que nutria o íntimo, como que uma água borbulhante que irriga um terreno fecundo. Neste contexto, aparece a fase dinâmica da fé de Maria: recordar para aprofundar, confrontar para encarnar, reflectir para actualizar.
Maria nos ensina como hospedar Deus, como nutrir-nos com o seu Verbo, como viver tentando saciar a fome e a sede que temos dele. Maria tornou-se, assim, o protótipo dos que escutam a palavra de Deus e dela fazem o seu tesouro; o modelo perfeito dos que na Igreja devem descobrir, por meio de meditação profunda, o hoje desta mensagem divina. Imitar Maria nesta sua atitude quer dizer permanecer sempre atentos aos sinais do tempos, isto é, ao que de estranho e de novo Deus vai realizando na história por trás das aparências da normalidade; em uma palavra, quer dizer reflectir, com o coração de Maria, sobre os acontecimentos da vida quotidiana, destes tirando, como ela o fazia, conclusões de fé.
cf. Dicionário de Mariologia, 1995 - Editora Paulus
(Fonte: Evangelho Quotidiano)
«Sua mãe guardava todas estas coisas no seu coração» (Lc 2,51)
Bento XVI, papa de 2005 a 2013
Discurso de 30/05/2009 (trad. © copyright Libreria Editrice Vaticana, rev)
Discurso de 30/05/2009 (trad. © copyright Libreria Editrice Vaticana, rev)
No Novo Testamento vemos que a fé de Maria, por assim dizer, «atrai» o dom do Espírito Santo. Antes de tudo, na concepção do Filho de Deus, mistério que o próprio Arcanjo Gabriel assim explica: «O Espírito Santo virá sobre ti e a força do Altíssimo estenderá sobre ti a sua sombra» (Lc 1,35). […] O coração de Maria, em perfeita consonância com o Filho divino, é templo do Espírito da verdade (Jo 14,17), onde cada palavra e acontecimento são conservados na fé, na esperança e na caridade (cf Lc 2,19.51).
Assim, podemos estar certos de que, em todo o arco da vida escondida em Nazaré, o santíssimo coração de Jesus sempre encontrou no coração imaculado da Mãe uma chama ardente de oração e de atenção constante à voz do Espírito. O que aconteceu durante as bodas de Caná (Jo 2,1ss) é testemunho desta singular sintonia entre Mãe e Filho na busca da vontade de Deus. Numa situação cheia de símbolos da aliança, como o banquete nupcial, a Virgem Maria intercede e provoca, por assim dizer, um sinal de graça superabundante: o «vinho bom», que remete para o mistério do Sangue de Cristo. Isto conduz-nos directamente ao Calvário, onde Maria se encontra aos pés da cruz juntamente com as outras mulheres e com o apóstolo João. A Mãe e o discípulo recolhem espiritualmente o testamento de Jesus: as suas últimas palavras e o seu último suspiro, no qual Ele começa a efundir o Espírito; e recolhem o brado silencioso do seu sangue, inteiramente derramado por nós (cf Jo 19,25-34). Maria sabia de onde provinha aquele sangue: tinha-se formado nela por obra do Espírito Santo, e sabia que aquele mesmo poder criador ia ressuscitar Jesus, como Ele tinha prometido.
Assim, a fé de Maria apoiou a dos discípulos até ao encontro com o Senhor ressuscitado, e continuou a acompanhá-los também depois da sua Ascensão ao céu, na expectativa do «baptismo no Espírito Santo» (cf Act 1,5). […] Eis porque Maria é, para todas as gerações, imagem e modelo da Igreja, que juntamente com o Espírito caminha no tempo invocando o retorno glorioso de Cristo: «Vinde, Senhor Jesus» (cf Ap 22,17.20).
Assim, podemos estar certos de que, em todo o arco da vida escondida em Nazaré, o santíssimo coração de Jesus sempre encontrou no coração imaculado da Mãe uma chama ardente de oração e de atenção constante à voz do Espírito. O que aconteceu durante as bodas de Caná (Jo 2,1ss) é testemunho desta singular sintonia entre Mãe e Filho na busca da vontade de Deus. Numa situação cheia de símbolos da aliança, como o banquete nupcial, a Virgem Maria intercede e provoca, por assim dizer, um sinal de graça superabundante: o «vinho bom», que remete para o mistério do Sangue de Cristo. Isto conduz-nos directamente ao Calvário, onde Maria se encontra aos pés da cruz juntamente com as outras mulheres e com o apóstolo João. A Mãe e o discípulo recolhem espiritualmente o testamento de Jesus: as suas últimas palavras e o seu último suspiro, no qual Ele começa a efundir o Espírito; e recolhem o brado silencioso do seu sangue, inteiramente derramado por nós (cf Jo 19,25-34). Maria sabia de onde provinha aquele sangue: tinha-se formado nela por obra do Espírito Santo, e sabia que aquele mesmo poder criador ia ressuscitar Jesus, como Ele tinha prometido.
Assim, a fé de Maria apoiou a dos discípulos até ao encontro com o Senhor ressuscitado, e continuou a acompanhá-los também depois da sua Ascensão ao céu, na expectativa do «baptismo no Espírito Santo» (cf Act 1,5). […] Eis porque Maria é, para todas as gerações, imagem e modelo da Igreja, que juntamente com o Espírito caminha no tempo invocando o retorno glorioso de Cristo: «Vinde, Senhor Jesus» (cf Ap 22,17.20).
(Fonte: Evangelho Quotidiano)
O Evangelho do dia 28 de junho de 2014
Seus pais iam todos os anos a Jerusalém pela festa da Páscoa. Quando chegou aos doze anos, indo eles a Jerusalém segundo o costume daquela festa, acabados os dias que ela durava, quando voltaram, o Menino ficou em Jerusalém, sem que os Seus pais o advertissem. Julgando que Ele fosse na comitiva, caminharam uma jornada, e depois procuraram-n'O entre os parentes e conhecidos. Não O encontrando, voltaram a Jerusalém à procura d'Ele. Aconteceu que, três dias depois, encontraram-n'O no templo sentado no meio dos doutores, ouvindo-os e interrogando-os. E todos os que O ouviam estavam maravilhados da Sua sabedoria e das Suas respostas. Quando O viram, admiraram-se. E Sua mãe disse-Lhe: «Filho, porque procedeste assim connosco? Eis que Teu pai e eu Te procurávamos cheios de aflição». Ele disse-lhes: «Porque Me procuráveis? Não sabíeis que devo ocupar-Me nas coisas de Meu Pai?». Eles, porém, não entenderam o que lhes disse. Depois desceu com eles e foi para Nazaré; e era-lhes submisso. A Sua mãe conservava todas estas coisas no seu coração.
Lc 2, 41-51