terça-feira, 15 de abril de 2014

O verdadeiro crente

«Um crente que se deixa formar e conduzir na fé da Igreja deveria ser, com todas as suas fraquezas e todas as suas dificuldades, uma janela para a luz de Deus vivo, e se verdadeiramente o crê também o é de facto. Contra as forças que sufocam a verdade, contra este muro de preconceitos que em nós bloqueia o olhar para Deus, o crente deveria ser uma força antagonista.»

(Joseph Ratzinger - Olhar para Cristo)

«[Judas] aproximou-se de Jesus, dizendo: «Mestre!»; e beijou-O. Os outros deitaram-Lhe as mãos e prenderam-no» (Mc 14,45ss)

São Máximo de Turim (?-c. 420), bispo 
Sermão 36; PL 57, 605


A paz é um dom da ressurreição de Cristo. No limiar da morte, Ele não hesitou em dar essa paz ao discípulo que O entregou: beijou o traidor como se beija um amigo fiel. Não penseis que o beijo que o Senhor deu a Judas Iscariotes foi inspirado por qualquer sentimento que não fosse a ternura. Cristo já sabia que Judas O trairia. Sabia o que significava esse beijo, que era normalmente um sinal de amor, e não Se furtou a ele. A amizade é assim mesmo: não recusa um último beijo àquele que vai morrer; não retira essa última prova de ternura aos entes queridos. Mas Jesus esperava também que esse gesto sobressaltasse Judas e que, espantado pela sua bondade, ele não traísse Aquele que o amava, ele não entregasse Aquele que o beijava. Assim, esse beijo foi dado como um teste: se o reabilitasse, seria um laço de paz entre Jesus e o seu discípulo; mas, se Judas O traísse, esse beijo criminoso tornar-se-ia a sua própria acusação.

O Senhor disse-lhe: «Judas, é com um beijo que entregas o Filho do Homem?» (Lc 22,48) Onde está a conjura do inimigo? Onde se esconde a sua manha? Todo o segredo virá a ser descoberto. O traidor trai-se antes de trair o seu mestre. Entregas o Filho do homem com um beijo? Feres com o selo do amor? Derramas sangue com um gesto de ternura? Trazes a morte com um sinal de paz? Diz-me que amor é esse? Dás um beijo e ameaças? Mas esses beijos, pelos quais o servo trai o seu Senhor, o discípulo o seu mestre, o eleito o seu criador, esses beijos não são beijos, são veneno.

(Fonte: Evangelho Quotidiano)

O Evangelho do dia 15 de abril de 2014

Tendo Jesus dito estas coisas, perturbou-Se em Seu espírito e declarou abertamente: «Em verdade, em verdade vos digo que um de vós Me há-de entregar». Olhavam, pois, os discípulos uns para os outros, não sabendo de quem falava. Ora um dos Seus discípulos, aquele que Jesus amava, estava recostado sobre o peito de Jesus. A este, Simão Pedro fez sinal, para lhe dizer: «De quem fala Ele?». Aquele discípulo, pois, tendo-se reclinado sobre o peito de Jesus, disse-Lhe: «Quem é, Senhor?». Jesus respondeu: «É aquele a quem Eu der o bocado que vou molhar». Molhando, pois, o bocado, deu-o a Judas Iscariotes, filho de Simão. Atrás do bocado, Satanás entrou nele. Jesus disse-lhe então: «O que tens a fazer, fá-lo depressa». Nenhum, porém, dos que estavam à mesa percebeu por que lhe dizia isto. Alguns, como Judas era o que tinha a bolsa, julgavam que Jesus lhe dissera: «Compra as coisas que nos são precisas para o dia da festa», ou: «Dá alguma coisa aos pobres». Ele, pois, tendo recebido o bocado, saiu imediatamente; era noite. Depois que ele saiu, Jesus disse: «Agora é glorificado o Filho do Homem, e Deus é glorificado n'Ele. Se Deus foi glorificado n'Ele, também Deus O glorificará em Si mesmo; e glorificá-l'O-á sem demora. Filhinhos, já pouco tempo estou convosco. Buscar-Me-eis, mas, assim como disse aos judeus: Para onde Eu vou, vós não podeis vir, também vos digo agora. Simão Pedro disse-Lhe: «Senhor, para onde vais?». Jesus respondeu-lhe: «Para onde Eu vou, não podes tu agora seguir-Me, mas seguir-Me-ás mais tarde». Pedro disse-lhe: «Porque não posso eu seguir-Te agora? Darei a minha vida por Ti». Jesus respondeu-lhe: «Darás a tua vida por Mim? Em verdade, em verdade te digo: Não cantará o galo sem que Me tenhas negado três vezes. 

Jo 13,21-33.36-38