‘Deseja ser desconhecido e tido por nada’

Humildade, doçura e generosidade: esse é o estilo cristão... um caminho que passa pela cruz e que leva à alegria, como o de Jesus. Este foi o teor da homilia proferida pelo Papa aos fiéis que na manhã desta quinta-feira, 06, participaram da missa na Casa Santa Marta.

Como sempre, Francisco começou citando a liturgia do dia. No Evangelho de Lucas, Jesus diz aos discípulos: “Se alguém quer vir após mim, renuncie a si mesmo, tome a sua cruz cada dia e me siga”. “É este – ressaltou Francisco – o ‘estilo cristão’, porque Jesus foi o primeiro a percorrer este caminho”.

“Não podemos pensar numa vida cristã fora deste caminho: de humildade, de humilhação, de renúncia a si mesmo para depois se reerguer. Sem a cruz, o estilo cristão não é cristão e se a cruz não tiver Jesus, não é cristã. O estilo cristão toma a cruz com Jesus e vai avante”.

Jesus deu o exemplo – prosseguiu o Pontífice – e mesmo sendo igual a Deus, despojou-se de si mesmo e se fez servo para todos nós.

“Este estilo nos salvará, nos dará alegria e nos fará fecundos, porque o caminho da renúncia de si é contrário ao caminho do egoísmo, do apego aos bens... Este caminho é aberto aos outros porque dá vida”.

Seguir Jesus é alegria desde que O sigamos com o seu estilo, e não com o estilo do mundo. Seguir o estilo cristão significa percorrer o caminho do Senhor, “cada um como pode, para dar vida a outros e não a si mesmos: é o espírito da generosidade”. O nosso egoísmo nos impele a querer aparecer importantes diante dos outros. “Pois bem, o livro da Imitação de Cristo” – observa o Papa - “nos dá um belo conselho: ‘Deseja ser desconhecido e tido por nada’. É a humildade cristã; foi o que Jesus fez, antes de todos”:
“E esta é a nossa alegria e fecundidade: caminhar com Jesus. Outras alegrias não são fecundas; pensam exclusivamente – como diz o Senhor – em conquistar o mundo inteiro, mas no fim, perdem e arruínam a vida. Neste início de Quaresma, peçamos ao Senhor que nos ensine o estilo cristão que implica em serviço, despojamento de nós mesmos e fecundidade com Ele, como Ele a quer”.

(Fonte: 'news.va')

Março mês cheio de recordações de D. Álvaro

O mês de março tem sempre um significado especial, pois celebramos a Anunciação de Nossa Senhora e a solenidade de S. José: duas figuras que brilham pela sua fidelidade aos planos de Deus, que cumpriram plenamente o que o Senhor queria deles, porque sabiam amar em plenitude.

Este ano, além disso, comemoramos o centenário do nascimento de D. Álvaro e o vigésimo aniversário do seu dies natális, da sua ida para o Céu. Na sua vida, brilha como uma pérola preciosa aquela virtude sobrenatural e humana. Posteriormente, no dia 28, o aniversário da ordenação sacerdotal do nosso Padre fala-nos também de uma íntegra lealdade à chamada divina: de uma fidelidade intangível, firme, virginal, alegre, indiscutida, à fé, à pureza e ao caminho [1]. É portanto natural que, nestas semanas, observemos como é a nossa resposta à chamada divina que cada uma, cada um recebeu, fazendo um profundo e agradecido exame pessoal.

O início da Quaresma, (…), anima-nos a caminhar decididamente nesta direção, sendo um tempo litúrgico que nos coloca perante estas perguntas fundamentais: faço progressos na minha fidelidade a Cristo? No desejo de santidade? Na generosidade apostólica da minha vida diária, no meu trabalho habitual entre os colegas de profis­são? [2] Cultivemos – também noutras épocas do ano – uma oração mais intensa, uma mortificação mais generosa, a prática frequente das obras de misericórdia espirituais e corporais, que constituem um poderoso impulso para o nosso desejo de fidelidade, enquanto são atos imbuídos de fé e de caridade. Não é uma questão de sentimentos, mas sim a vibra­ção própria da alma apaixonada, mesmo que chegue o cansaço, o peso do nosso pobre eu.

Faltam poucos dias para o centenário do nascimento do queridíssimo D. Álvaro. Desde que o ano começou, temos muito presente esta data de 11 de março, com o olhar posto no exemplo deste filho de S. Josemaria, entregue sem reservas, que soube encarnar de forma admirável o espírito do Opus Dei. O decreto em que a Igreja reconhece as suas virtudes afirma que nele, a mais notória delas foi uma «fidelidade indiscutível, sobretudo a Deus, no cumprimento pronto e generoso da Sua vontade, a fidelidade à Igreja e ao Papa, fidelidade ao sacerdócio, fidelidade à vocação cristã em cada momento e em cada circunstância da vida» [3]. E conclui que a vida de D. Álvaro é «exemplo de caridade e de fidelidade para todos os cristãos» [4].

A fidelidade do ser humano está intimamente unida à de Deus, que é fiel em todas as Suas palavras e compassivo em todas as Suas obras [5]. A Sagrada Escritura, ao apresentar a História dos patriarcas e dos justos do Antigo Testamento, sublinha um aspeto essencial da sua fé. Esta não se apresenta apenas como um caminho, mas também como edificação, como preparação de um lugar onde os homens possam habitar uns com os outros (…). Vemos assim surgir, relacionada com a fé, uma nova fiabilidade, uma nova solidez, que só Deus pode dar [6].

A figura de D. Álvaro insere-se na longa cadeia de homens leais a Deus, desde Abraão e Moisés até aos santos do Novo Testamento, que procuraram dedicar toda a sua existência à realização do projeto recebido. Nada os pôde separar, nem um milímetro, do querer divino – as dificuldades externas ou internas, os sofrimentos, as perseguições… –, porque estavam firmemente ancorados na Vontade amabilíssima do Senhor.

A Abraão pede-se que se confie a esta Palavra. A fé compreende que a palavra uma realidade aparentemente efémera e passageira , quando é pronunciada pelo Deus fiel, torna-se no que de mais seguro e inabalável possa haver, possibilitando a continuidade do nosso caminho no tempo. A fé acolhe esta Palavra como rocha segura, sobre a qual se pode construir com alicerces firmes [7]. É que, como dizia Bento XVI, «a fidelidade no tempo é o nome do amor» [8].

[1]. S. Josemaria Carta 24-III-1931, n. 43.
[2]. S. Josemaria, Cristo que passa, n. 58.
[3]. Congregação para as Causas dos Santos, Decreto sobre as virtudes do Servo de Deus Álvaro del Portillo, Roma, 28-VI-2012.
[4]. Congregação para as Causas dos Santos, Decreto sobre as virtudes do Servo de Deus Álvaro del Portillo, Roma, 28-VI-2012.
[5]. Sl 144 (145), 13.
[6]. Papa Francisco, Encíclica Lumen Fidei, 29-VI-2013, n. 50.
[7]. Papa Francisco, Encíclica Lumen Fidei, 29-VI-2013, n. 10.
[8]. Bento XVI, Homilia em Fátima, 12-V-2010.

(D. Javier Echevarría, Prelado do Opus Dei na carta do mês de março de 2014)
© Prælatura Sanctæ Crucis et Operis Dei

Pobreza e caridade…

- A falta de amor é a maior de todas as pobrezas.
- O importante não é o que se dá, mas o amor com que se dá.
- Temos de ir à procura das pessoas, porque podem ter fome de pão ou de amizade.
- O que eu faço é simples: ponho pão nas mesas e compartilho-o.
Não devemos permitir que alguém saia da nossa presença sem se sentir melhor e mais feliz.

(Beata Madre Teresa de Calcutá)

«Como é lógico, e assim o entendeu sempre a Igreja, a caridade com o próximo não pode limitar-se ao âmbito puramente material. Na realidade, há muitos pobres, não de meios económicos, mas de afecto, de amor; vivem numa triste solidão ou rodeados pelo frio da indiferença. Deste ponto de vista entende-se bem o que S. Josemaría ensinou constante­mente: mais do que em «dar», a caridade está em «compreender» [*]. Esta máxima espiri­tual tem numerosas aplicações na existência comum e será sempre de grande actualidade.»

[*] Caminho 463

(Carta do Prelado do Opus Dei - D. Javier Echevarría – Março de 2008)

O Evangelho do dia 6 de março de 2014

Acrescentando: «É necessário que o Filho do Homem padeça muitas coisas, que seja rejeitado pelos anciãos, pelos príncipes dos sacerdotes e pelos escribas, que seja morto e ressuscite ao terceiro dia. Depois, dirigindo-Se a todos disse: «Se alguém quer vir após Mim, negue-se a si mesmo, tome a sua cruz todos os dias, e siga-Me. Porque quem quiser salvar a sua vida, a perderá; e quem perder a sua vida por causa de Mim, salvá-la-á. Que aproveita ao homem ganhar todo o mundo, se se perde a si mesmo ou se faz dano a si?

Lc 9, 22-25