quinta-feira, 23 de janeiro de 2014

Ao preencher o seu IRS ajude a Associação Criança e Vida (CEV)

“A Associação Criança e Vida (CEV)” é uma Instituição Particular de Solidariedade Social (IPSS) com 183 utentes, desde bebés, crianças e jovens, idosos e famílias carenciadas (a quem distribui géneros alimentares, etc); emprega 26 colaboradores.

O CEV tem sido apoiado por muitos amigos, o que se agradece reconhecidamente, e sem terem qualquer custo. Já se recebeu de IRS de 2010 e de 2011 cerca de 15 mil euros em cada ano, embora com muito atraso...
Agora em Fevereiro esperamos receber o correspondente a 2012, que vai direitinho para abater dívidas de empréstimos, sem os quais estariam os pagamentos à Segurança Social em falta!

Precisamos muito de ajuda, ainda há subsídios de férias e de Natal do ano passado em atraso!

SEM GASTAR NENHUM DINHEIRO, pode ajudar esta IPSS. Como? Basta, na sua declaração de IRS de 2013, colocar agora o NIPC 500 945 861 desta IPSS, no QUADRO 9, Campo 901, do Anexo H, como segue:


Este acto não terá qualquer custo e unicamente obriga o Estado a entregar ao CEV 0,5 % do imposto cobrado.

Nota: Outra forma em que sempre pode ajudar a Associação é contribuindo, a título pessoal ou através de empresas, com DONATIVOS, eventuais ou periódicos. Para serem passados os correspondentes recibos com validade fiscal, devem ser indicados o nome da pessoa ou empresa e os respectivos NIF ou NIPC.
Os Donativos monetários de empresas concedidos sem contrapartidas, nos termos do art.º 61ºdo EBF, podem ser considerados custos do exercício em sede de IRC, nos termos do disposto na alínea a) do nº 4 do art.º 62º do EBF, em valor correspondente a 140% do montante concedido.
Os Donativos monetários de pessoas individuais, em sede de IRS, nos termos do disposto na alínea a) do nº 1 do art.º 63º do EBF podem ser deduzidos à colecta do ano a que dizem respeito, pelo valor de 25% do donativo concedido.

ASSOCIAÇÃO CRIANÇA E VIDA (CEV)   http://www.criancaevida.org R. de Miguel Bombarda, 57   4050-380 PORTO ; Rua do Breiner, 234  4050-124 PORTO  
Fax: 222088407  (:  222084936 / 222004074  *ass.criancaevida@gmail.com

Comunicação ao serviço de uma autêntica cultura do encontro


Mensagem do Santo Padre para o 48º Dia das Comunicações Sociais - 1 de junho de 2014

Queridos irmãos e irmãs,
Hoje vivemos num mundo que está a tornar-se cada vez menor, parecendo, por isso mesmo, que deveria ser mais fácil fazer-se próximo uns dos outros. Os progressos dos transportes e das tecnologias de comunicação deixam-nos mais próximo, interligando-nos sempre mais, e a globalização faz-nos mais interdependentes. Todavia, dentro da humanidade, permanecem divisões, e às vezes muito acentuadas. A nível global, vemos a distância escandalosa que existe entre o luxo dos mais ricos e a miséria dos mais pobres. Frequentemente, basta passar pelas estradas duma cidade para ver o contraste entre os que vivem nos passeios e as luzes brilhantes das lojas. Estamos já tão habituados a tudo isso que nem nos impressiona. O mundo sofre de múltiplas formas de exclusão, marginalização e pobreza, como também de conflitos para os quais convergem causas económicas, políticas, ideológicas e até mesmo, infelizmente, religiosas. Neste mundo, os mass-media podem ajudar a sentir-nos mais próximo uns dos outros; a fazer-nos perceber um renovado sentido de unidade da família humana, que impele à solidariedade e a um compromisso sério para uma vida mais digna. Uma boa comunicação ajudanos a estar mais perto e a conhecer-nos melhor entre nós, a ser mais unidos. Os muros que nos dividem só podem ser superados, se estivermos prontos a ouvir e a aprender uns dos outros. Precisamos de harmonizar as diferenças por meio de formas de diálogo, que nos permitam crescer na compreensão e no respeito. A cultura do encontro requer que estejamos dispostos não só a dar, mas também a receber de outros. Os mass-media podem ajudar-nos nisso, especialmente nos nossos dias em que as redes da comunicação humana atingiram progressos sem precedentes. Particularmente a internet pode oferecer maiores possibilidades de encontro e de solidariedade entre todos; e isto é uma coisa boa, é um dom de Deus.

No entanto, existem aspectos problemáticos: a velocidade da informação supera a nossa capacidade de reflexão e discernimento, e não permite uma expressão equilibrada e correcta de si mesmo. A variedade das opiniões expressas pode ser sentida como riqueza, mas é possível também fechar-se numa esfera de informações que correspondem apenas às nossas expectativas e às nossas ideias, ou mesmo a determinados interesses políticos e económicos. O ambiente de comunicação pode ajudar-nos a crescer ou, pelo contrário, desorientar-nos. O desejo de conexão digital pode acabar por nos isolar do nosso próximo, de quem está mais perto de nós. Sem esquecer que a pessoa que, pelas mais diversas razões, não tem acesso aos meios de comunicação social corre o risco de ser excluído.

Estes limites são reais, mas não justificam uma rejeição dos mass-media; antes, recordam-nos que, em última análise, a comunicação é uma conquista mais humana que tecnológica. Portanto haverá alguma coisa, no ambiente digital, que nos ajuda a crescer em humanidade e na compreensão recíproca? Devemos, por exemplo, recuperar um certo sentido de pausa e calma. Isto requer tempo e capacidade de fazer silêncio para escutar. Temos necessidade também de ser pacientes, se quisermos compreender aqueles que são diferentes de nós: uma pessoa expressa-se plenamente a si mesma, não quando é simplesmente tolerada, mas quando sabe que é verdadeiramente acolhida. Se estamos verdadeiramente desejosos de escutar os outros, então aprenderemos a ver o mundo com olhos diferentes e a apreciar a experiência humana tal como se manifesta nas várias culturas e tradições. Entretanto saberemos apreciar melhor também os grandes valores inspirados pelo Cristianismo, como, por exemplo, a visão do ser humano como pessoa, o matrimónio e a família, a distinção entre esfera religiosa e esfera política, os princípios de solidariedade e subsidiariedade, entre outros.

Então, como pode a comunicação estar ao serviço de uma autêntica cultura do encontro? E – para nós, discípulos do Senhor – que significa, segundo o Evangelho, encontrar uma pessoa? Como é possível, apesar de todas as nossas limitações e pecados, ser verdadeiramente próximo aos outros? Estas perguntas resumem-se naquela que, um dia, um escriba – isto é, um comunicador – pôs a Jesus: «E quem é o meu próximo?» (Lc 10, 29 ). Esta pergunta ajuda-nos a compreender a comunicação em termos de proximidade. Poderíamos traduzi-la assim: Como se manifesta a «proximidade» no uso dos meios de comunicação e no novo ambiente criado pelas tecnologias digitais? Encontro resposta na parábola do bom samaritano, que é também uma parábola do comunicador. Na realidade, quem comunica faz-se próximo. E o bom samaritano não só se faz próximo, mas cuida do homem que encontra quase morto ao lado da estrada. Jesus inverte a perspectiva: não se trata de reconhecer o outro como um meu semelhante, mas da minha capacidade para me fazer semelhante ao outro. Por isso, comunicar significa tomar consciência de que somos humanos, filhos de Deus. Apraz-me definir este poder da comunicação como «proximidade».

Quando a comunicação tem como fim predominante induzir ao consumo ou à manipulação das pessoas, encontramo-nos perante uma agressão violenta como a que sofreu o homem espancado pelos assaltantes e abandonado na estrada, como lemos na parábola. Naquele homem, o levita e o sacerdote não vêem um seu próximo, mas um estranho de quem era melhor manter a distância. Naquele tempo, eram condicionados pelas regras da pureza ritual. Hoje, corremos o risco de que alguns mass-media nos condicionem até ao ponto de fazer-nos ignorar o nosso próximo real.

Não basta circular pelas «estradas» digitais, isto é, simplesmente estar conectados: é necessário que a conexão seja acompanhada pelo encontro verdadeiro. Não podemos viver sozinhos, fechados em nós mesmos. Precisamos de amar e ser amados. Precisamos de ternura. Não são as estratégias comunicativas que garantem a beleza, a bondade e a verdade da comunicação. O próprio mundo dos mass-media não pode alhear-se da solicitude pela humanidade, chamado como é a exprimir ternura. A rede digital pode ser um lugar rico de humanidade: não uma rede de fios, mas de pessoas humanas. A neutralidade dos mass-media é só aparente: só pode constituir um ponto de referimento quem comunica colocando-se a si mesmo em jogo. O envolvimento pessoal é a própria raiz da fiabilidade dum comunicador. É por isso mesmo que o testemunho cristão pode, graças à rede, alcançar as periferias existenciais. Tenho-o repetido já diversas vezes: entre uma Igreja acidentada que sai pela estrada e uma Igreja doente de auto-referencialidade, não hesito em preferir a primeira. E quando falo de estrada penso nas estradas do mundo onde as pessoas vivem: é lá que as podemos, efectiva e afectivamente, alcançar. Entre estas estradas estão também as digitais, congestionadas de humanidade, muitas vezes ferida: homens e mulheres que procuram uma salvação ou uma esperança. Também graças à rede, pode a mensagem cristã viajar «até aos confins do mundo» (Act 1, 8). Abrir as portas das igrejas significa também abri-las no ambiente digital, seja para que as pessoas entrem, independentemente da condição de vida em que se encontrem, seja para que o Evangelho possa cruzar o limiar do templo e sair ao encontro de todos. Somos chamados a testemunhar uma Igreja que seja casa de todos. Seremos nós capazes de comunicar o rosto duma Igreja assim? A comunicação concorre para dar forma à vocação missionária de toda a Igreja, e as redes sociais são, hoje, um dos lugares onde viver esta vocação de redescobrir a beleza da fé, a beleza do encontro com Cristo. Inclusive no contexto da comunicação, é precisa uma Igreja que consiga levar calor, inflamar o coração.

O testemunho cristão não se faz com o bombardeio de mensagens religiosas, mas com a vontade de se doar aos outros «através da disponibilidade para se deixar envolver, pacientemente e com respeito, nas suas questões e nas suas dúvidas, no caminho de busca da verdade e do sentido da existência humana (Bento XVI, Mensagem para o XLVII Dia Mundial das Comunicações Sociais, 2013). Pensemos no episódio dos discípulos de Emaús. É preciso saberse inserir no diálogo com os homens e mulheres de hoje, para compreender os seus anseios, dúvidas, esperanças, e oferecer-lhes o Evangelho, isto é, Jesus Cristo, Deus feito homem, que morreu e ressuscitou para nos libertar do pecado e da morte. O desafio requer profundidade, atenção à vida, sensibilidade espiritual. Dialogar significa estar convencido de que o outro tem algo de bom para dizer, dar espaço ao seu ponto de vista, às suas propostas. Dialogar não significa renunciar às próprias ideias e tradições, mas à pretensão de que sejam únicas e absolutas.

Possa servir-nos de guia o ícone do bom samaritano, que liga as feridas do homem espancado, deitando nelas azeite e vinho. A nossa comunicação seja azeite perfumado pela dor e vinho bom pela alegria. A nossa luminosidade não derive de truques ou efeitos especiais, mas de nos fazermos próximo, com amor, com ternura, de quem encontramos ferido pelo caminho. Não tenhais medo de vos fazerdes cidadãos do ambiente digital. É importante a atenção e a presença da Igreja no mundo da comunicação, para dialogar com o homem de hoje e levá-lo ao encontro com Cristo: uma Igreja companheira de estrada sabe pôr-se a caminho com todos. Neste contexto, a revolução nos meios de comunicação e de informação são um grande e apaixonante desafio que requer energias frescas e uma imaginação nova para transmitir aos outros a beleza de Deus.

Vaticano, 24 de Janeiro – Memória de São Francisco de Sales – do ano 2014.

FRANCISCUS

Por detrás de um mexerico está o ciume e a inveja

“Os cristãos devem fechar as portas a ciúmes, invejas e mexericos que dividem e destroem nossas comunidades”. A exortação foi feita pelo Papa na manhã desta quinta-feira, 23, na missa presidida na Santa Marta.

Sua reflexão começou a partir da primeira leitura do dia, que fala da vitória dos israelitas sobre os filisteus, graças à coragem do jovem David. A alegria da vitória se transformou logo em tristeza: o Rei Saul, invejoso porque as mulheres louvaram David, que matou Golias, mandou executá-lo.

“É o que o ciúme faz em nosso coração – observou o Papa – é uma inquietude cruel: não toleramos que um irmão ou irmã tenham algo que não temos. Saul, ao invés de louvar Deus, como fizeram as mulheres de Israel, preferiu se fechar e ficar lamentando consigo mesmo”.

“O ciúmes leva a matar.. foi pela porta da inveja que o diabo entrou no mundo. Ciúme e inveja abrem as portas ao mal, são um veneno”, disse, advertindo:
“As pessoas invejosas e ciumentas são amargas: não sabem cantar, não sabem louvar e não conhecem a alegria. Semeiam sua amargura e a difundem em toda a comunidade. Outra consequência deste comportamento são os mexericos, porque quando uma pessoa não tolera que outra tenha algo que ela não tem, tenta ‘rebaixá-la’, falando mal dela. Vejam: por trás de uma fofoca estão sempre ciúmes e inveja”.

“Quantas belas comunidades cristãs – exclamou o Papa – andavam bem até que o verme da inveja contagiou um de seus membros e com ele, a tristeza, o ressentimento e as fofocas”, completou o Papa, no sexto dia da Semana da Unidade dos Cristãos, celebrada no Hemisfério Norte até o dia 25 de janeiro.

“Hoje, nesta missa, rezemos por nossas comunidades cristãs para que a semente do ciúme não seja semeada entre nós; que a inveja não penetre em nossos corações e possamos ir avante, louvando o Senhor, com a graça de não cairmos na tristeza”.

(Fonte: 'news.va' com adaptação)

Vídeo da ocasião em italiano

Carta do Prelado do Opus Dei aos fiéis e amigos sobre a beatificação de D. Álvaro del Portillo

Queridíssimos: que Jesus me guarde as minhas filhas e os meus filhos!

Com grande agradecimento a Deus, comunico-vos que ontem à tarde, pouco depois de regressar da Índia, recebi a confirmação de que, acolhendo o pedido que lhe dirigi, o Santo Padre Francisco concedeu – com motivo do elevadíssimo número de pessoas que desejavam participar na beatificação do queridíssimo venerável D. Álvaro –, que a cerimónia tenha lugar em Madrid, no dia 27 de setembro de 2014. Dá-se também a circunstância de que este mesmo ano, no qual se realizará esse ato nessa cidade, coincide com o centenário do seu nascimento, que ocorreu precisamente na capital de Espanha no dia 11 de março de 1914. Por outro lado, segundo a praxe vigente desde 20 de setembro de 2005 – Bento XVI estabeleceu que o Papa apenas presidisse cerimónias de canonização –, a beatificação será celebrada pelo Prefeito da Congregação para as Causas dos Santos, o Cardeal Angelo Amato.

Embora outros pormenores sobre os diferentes atos em Madrid e Roma se concretizem mais adiante, tinha pressa em transmitir-vos esta notícia, que deve encher-nos de alegria, querendo vivê-la para glória de Deus e serviço da Igreja e das almas.

Peço-vos que, nesta fase de singular alegria, vos unais ao meu agradecimento ao Papa pela decisão de proceder à beatificação deste bispo – para todos nós, em anos anteriores, irmão; e depois Padre – que tanto amou e serviu a Igreja Santa. Roguemos desde já a D. Álvaro pelas intenções do Santo Padre: a renovação apostólica e o serviço a Deus de todos os cristãos, a promoção e ajuda aos mais necessitados, o próximo Sínodo sobre a família, a santidade dos sacerdotes, e tantos pedidos que dirige ao Povo de Deus.

Sugiro-vos que aproveiteis estes meses prévios à beatificação – eu também o farei – para seguir mais de perto as pisadas de D. Álvaro: passos de fidelidade ao Senhor, à Igreja, ao Papa, a S. Josemaria, às suas irmãs e irmãos, aos seus amigos, aos seus filhos na Obra. Ao recordar tantos pontos luminosos da sua vida, e conhecer melhor os seus escritos, procuremos imitar o seu amor a Deus e aos outros, o seu desejo de cumprir sempre e em tudo a Vontade divina, o seu zelo apostólico e a sua capacidade de servir as almas, bem como a sua disponibilidade para pegar em primeira pessoa a carga santa da Obra, que agora está nas vossas mãos e nas minhas.

D. Álvaro infundia paz nos corações: é algo que comentam muitas pessoas que conviveram com ele ou o conheceram através dos vídeos de tertúlias e nas viagens pastorais. Minha filha, meu filho: suplicamos-lhe agora que nos consiga de Deus um profundo gaudium cum pace no coração, também para aqueles que nalgum momento tenham estado em contacto com o trabalho do Opus Dei. E rezemos também ao próximo Beato pela paz no mundo, sulcado por tantas guerra e conflitos.

Com todo o afeto, abençoa-vos

    o vosso Padre

    + Javier

Roma, 22 de janeiro de 2014

(D. Javier Echevarría, Prelado do Opus Dei carta sobre a Beatificação de D. Álvaro del Portillo)
© Prælatura Sanctæ Crucis et Operis Dei

"Evangelii Gaudium" (58)

As relações com o Judaísmo
247. Um olhar muito especial é dirigido ao povo judeu, cuja Aliança com Deus nunca foi revogada, porque «os dons e o chamamento de Deus são irrevogáveis» (Rm 11, 29). A Igreja, que partilha com o Judaísmo uma parte importante das Escrituras Sagradas, considera o povo da Aliança e a sua fé como uma raiz sagrada da própria identidade cristã (cf. Rm 11, 16-18). Como cristãos, não podemos considerar o Judaísmo como uma religião alheia, nem incluímos os judeus entre quantos são chamados a deixar os ídolos para se converter ao verdadeiro Deus (cf. 1 Ts 1, 9). Juntamente com eles, acreditamos no único Deus que actua na história, e acolhemos, com eles, a Palavra revelada comum.

248. O diálogo e a amizade com os filhos de Israel fazem parte da vida dos discípulos de Jesus. O afecto que se desenvolveu leva-nos a lamentar, sincera e amargamente, as terríveis perseguições de que foram e são objecto, particularmente aquelas que envolvem ou envolveram cristãos.

249. Deus continua a operar no povo da Primeira Aliança e faz nascer tesouros de sabedoria que brotam do seu encontro com a Palavra divina. Por isso, a Igreja também se enriquece quando recolhe os valores do Judaísmo. Embora algumas convicções cristãs sejam inaceitáveis para o Judaísmo e a Igreja não possa deixar de anunciar Jesus como Senhor e Messias, há uma rica complementaridade que nos permite ler juntos os textos da Bíblia hebraica e ajudar-nos mutuamente a desentranhar as riquezas da Palavra, bem como compartilhar muitas convicções éticas e a preocupação comum pela justiça e o desenvolvimento dos povos.

O novo mar tenebroso

COMO AS COISAS MUDAM NUM ANO

O passado tem sempre boas lições. Por isso, nestes tempos de crise financeira global há muito a aprender com os erros dos marinheiros da época dos Descobrimentos.

A opinião actual sobre mercados financeiros cai facilmente no mito do "mar tenebroso". Como nos primórdios da aventura marítima, as notícias e comentários económicos estão cheios de monstros míticos, ameaças assombrosas, colossos maléficos. Das bolsas às agências de rating, dos bancos às multinacionais, não faltam candidatos a serpentes marinhas do mundo creditício. Serão essas análises erradas? Como os oceanos, as transacções financeiras incluem muitos dramas e imprevistos. Surgem tormentas e calmarias, ventos e naufrágios, piratas, escorbuto e indígenas hostis. Mas esses graves problemas são sempre acidentes, erros e crimes estritamente humanos, não aberrações acéfalas e perversas, como o Adamastor ou o Mostrengo que a lenda constrói.

Passado o susto, quando chegavam a terras longínquas, um segundo erro dos nossos navegantes era interpretar à portuguesa essa realidade exótica. Muita da incompreensão intercultural vinha de quem queria ver uma aldeia minhota nos aluviões indianos. Também hoje grande parte dos erros crassos nasce da simples confusão entre situações financeiras incomparáveis.

Um exemplo disto está nas conversas sobre o valor das acções na bolsa. Há anos que a minúscula cotação de alguns bancos e grandes empresas de referência é por cá tema de chacota ou preocupação, sem que se coloque a pergunta óbvia: se estão tão baratos, porque não são comprados? De facto, por muitos problemas que tenham, os seus activos devem valer muito mais que o apregoado. Mas quem comprasse todo o capital acessível nunca mandaria na empresa, que tem os estatutos blindados. Isto mostra como na Europa continental as bolsas são muito diferentes das anglo-saxónicas.

Grande parte do desenvolvimento mundial das últimas décadas advém das extraordinárias inovações financeiras, que se espalharam pelo mundo na globalização dos últimos 25 anos. O acesso ao capital é sempre decisivo para as empresas e a tradição bolsista americana não só o facilita muito, mas permite uma afectação eficiente dos activos, punindo quem os desperdiça e desviando o dinheiro para actividades produtivas. As finanças são um instrumento excelente mas, sempre baseadas na confiança, são também muito frágeis. Os ganhos conseguidos foram espantosos, sobretudo nos mais pobres, China, Índia e microcrédito. Mas a crise mostra que o crédito é como os automóveis: grandes vantagens com muitos acidentes.

A Europa acordou tarde para as novidades. Só com o projecto do euro a União veio aproveitar progressos que já eram antigos noutros lados. Mas fê-lo à europeia, sem deixar que os mercados ameaçassem a influência das élites económicas. O resultado é evidente: o euro nunca atingiu o dinamismo da zona dólar e ainda suporta uma instabilidade maior.

Um terceiro erro dos antigos exploradores era o oposto do anterior, pois a estranheza das diferenças culturais ocultava muitas semelhanças de comportamento. Um paralelo actual pode ver-se no drama do endividamento das famílias.

As dificuldades financeiras de bancos, empresas e governos têm sido tratadas através de fundos e outros apoios que aliviam a urgência e permitem um ajustamento razoável. Mas no que toca aos créditos pessoais ninguém apresenta respostas. Nesta questão, que gera enormes dramas familiares e afecta crescentemente o nosso panorama bancário, as coisas são resolvidas a quente e à bruta.

Soluções adequadas, paralelas às usadas nos outros sectores, estão bem analisadas tecnicamente por especialistas (ver, por exemplo, www.bridges-advisors.com/pt-pt/blogs.asp). Falta apenas vontade dos bancos e autoridades para encontrar mecanismos que permitam gerir e aliviar, de forma equilibrada, a carga de dívidas que afoga tantas famílias.
No meio da confusão da crise mundial renascem velhos erros. Os tempos mudam, mas a natureza humana permanece. Por isso, o passado tem sempre boas lições.

João César das Neves in DN online em 2012

«Todos os que sofriam de enfermidades caíam sobre Ele para Lhe tocarem»

Juliana de Norwich (1342-depois de 1416), mística inglesa 
Revelações do amor divino, cap. 36


Durante toda a nossa vida, quando, na nossa loucura, voltamos o olhar para o que é reprovável, Nosso Senhor toca-nos com ternura e chama-nos com grande alegria, dizendo na nossa alma: «Deixa o que amas, minha querida criança. Volta-te para mim, Eu sou tudo o que tu queres. Rejubila no teu salvador e na tua salvação.» Tenho a certeza de que a alma, tornada perspicaz pela acção da graça, verá e sentirá que Nosso Senhor opera assim em nós. Porque se esta obra diz respeito à humanidade em geral, nenhum homem em particular está dela excluído. […]

Além disso, Deus iluminou a minha inteligência e mostrou-me como realiza os milagres: «É sabido que realizei aqui em baixo muitos milagres impressionantes e maravilhosos, gloriosos e magníficos. O que fiz então, faço-o ainda continuamente, e fá-lo-ei nos tempos vindouros». Sabemos que qualquer milagre é precedido de sofrimentos, angústias e tribulações. Isso acontece para que tomemos consciência da nossa fraqueza e dos erros que cometemos por causa do nosso pecado e, através disso, nos tornemos humildes e nos voltemos para Deus, implorando o seu auxílio e a sua graça. Os milagres surgem em seguida: provêm do poder, da sabedoria e da bondade de Deus, e revelam a sua força e as alegrias do céu, tanto quanto é possível conhecê-las nesta vida passageira. Assim, a nossa fé torna-se mais forte e a nossa esperança cresce no amor. Eis porque agrada a Deus ser conhecido e glorificado através dos milagres. Ele quer que não fiquemos acabrunhados pela tristeza e pelas tempestades que se abatem sobre nós; isto acontece sempre antes dos milagres!

(Fonte: Evangelho Quotidiano)

O Evangelho do dia 23 de janeiro de 2014

Jesus retirou-Se com Seus discípulos para o mar, e segiu-O uma grande multidão do povo da Galileia; também da Judeia, de Jerusalém, da Idumeia, da Transjordânia e das vizinhanças de Tiro e de Sidónia, tendo ouvido as coisas que fazia, foram em grande multidão ter com Ele. Mandou aos Seus discípulos que Lhe aprontassem uma barca para que a multidão não O apertasse. Porque, como curava muitos, todos os que padeciam algum mal lançavam-se sobre Ele para O tocarem. E os espíritos imundos, quando O viam, prostravam-se diante d'Ele e gritavam: «Tu és o Filho de Deus». Mas Ele ordenava-lhes com severidade que não O manifestassem.

Mc 3, 7-12