Atrai-nos a verdade, a vida, a felicidade, a beleza de Deus

Ao meio-dia, já da janela do palácio do Vaticano sobre a Praça de São Pedro, antes das Ave-Marias, com uma imensa multidão ali congregada sob um esplêndido sol, o Papa voltou a recordar o sentido da Epifania, a “manifestação” do Senhor.

“Esta festa faz-nos ver um duplo movimento: por um lado o movimento de Deus em direcção ao mundo, ao direcção à humanidade – toda a história da salvação, que culmina em Jesus; e por outro lado o movimento dos homens em direcção a Deus – pensemos nas religiões, na busca da verdade, no caminho dos povos em direcção à paz, à justiça e à liberdade”.

Há assim uma “atracção recíproca”. “Da parte de Deus, é o amor por nós: somos seus filhos, Ele ama-nos, quer libertar-nos do mal… Também da nossa parte, há um amor, um desejo: atrai-nos a verdade, a vida, a felicidade, a beleza”.

“Jesus é o ponto de encontro desta atracção recíproca e deste duplo movimento. É Deus e homem. Mas a iniciativa é de Deus. O amor de Deus vem antes do nosso… … “ Jesus é a Epifania, a manifestação do amor de Deus” – acrescentou ainda o Papa Francisco, que sublinhou que também a Igreja está toda dentro deste movimento de Deus em direcção ao mundo”:
“A sua alegria (a alegria da Igreja) é o Evangelho, é reflectir a luz de Cristo. A Igreja é o povo daqueles que experimentaram esta atracção e a levam dentro de si, no coração e na vida”.

Retomando uma passagem da sua Exortação Apostólica “A alegria do Evangelho”, acrescentou ainda o Papa: “Quereria dizer aos que se sentem longe de Deus e da Igreja, aos que têm receio e são indiferentes: o Senhor chama-te também a ti, a ser parte do seu povo e fá-lo com grande respeito e amor”.

“Rezemos para que os coração se abram para acolher o anúncio e todos os homens cheguem a ser participantes da promessa por meio do Evangelho” – conclui o Papa, recitando então o Angelus

Nas saudações após as Ave-Marias, o Santo Padre dirigiu os seus “cordiais votos (de boas festas) aos irmãos e irmãs das Igrejas Orientais que amanhã (7 de Janeiro) celebrarão o Santo Natal” …O Papa recordou também que a Epifania é o Dia Missionário das Crianças, proposto pela Obra Pontifícia da Santa Infância. Muitas crianças, nas paróquias, realizam gestos de solidariedade para com os meninos da sua idade, colaborando assim na missão da Igreja – explicou o Papa, agradecendo e abençoando todas as crianças.

Mantendo um costume que vem dos pontificados anteriores, convergiu ao fim da manhã, para a Praça de São Pedro, um cortejo histórico-folclórico dos Reis Magos, com trajes medievais. Uma iniciativa que envolve, em cada ano, uma diferente localidade da região do Lácio, que tem como capital Roma. Desta vez tratou-se da cidade de Leonessa, com a colaboração de outras localidades da província de Rieti, mencionados expressamente pelo Papa, ao despedir-se de todos:
“A todos desejo boa festa de Epifania e bom almoço. Adeus!”

(Fonte: 'news.va)

Vídeo da ocasião em italiano

Os Magos souberam usar esta luz feita de «astúcia»

«Lumen requirunt lumine». Esta sugestiva frase dum hino litúrgico da Epifania refere-se à experiência dos Magos: seguindo uma luz, eles procuram a Luz. A estrela aparecida no céu acende, nas suas mentes e corações, uma luz que os move à procura da grande Luz de Cristo. Os Magos seguem fielmente aquela luz, que os penetra interiormente, e encontram o Senhor. Neste percurso dos Magos do Oriente, está simbolizado o destino de cada homem: a nossa vida é um caminhar, guiado pelas luzes que iluminam a estrada, para encontrar a plenitude da verdade e do amor, que nós, cristãos, reconhecemos em Jesus, Luz do mundo. E, como os Magos, cada homem dispõe de dois grandes «livros» donde tirar os sinais para se orientar na peregrinação: o livro da criação e o livro das Sagradas Escrituras. Importante é estar atento, velar, ouvir Deus que nos fala. Como diz o Salmo, referindo-se à Lei do Senhor: «A tua palavra é farol para os meus passos e luz para os meus caminhos» (Sal 119/118, 105). E, de modo especial, o ouvir o Evangelho, lê-lo, meditá-lo e fazer dele nosso alimento espiritual permite-nos encontrar Jesus vivo, ter experiência d’Ele e do seu amor.

A primeira leitura faz ressoar, pela boca do profeta Isaías, este apelo de Deus a Jerusalém: «Ergue-te e sê iluminada!» (60, 1). Jerusalém é chamada a ser a cidade da luz, que irradia sobre o mundo a luz de Deus e ajuda os homens a seguirem os seus caminhos. Esta é a vocação e a missão do Povo de Deus no mundo. Mas Jerusalém pode falhar a esta chamada do Senhor. Diz-nos o Evangelho que, chegados a Jerusalém, os Magos deixaram de ver a estrela durante algum tempo. Em particular, a sua luz está ausente no palácio do rei Herodes: aquela habitação é tenebrosa; lá reinam a escuridão, a desconfiança, o medo. Efectivamente Herodes mostra-se apreensivo e preocupado com o nascimento de um frágil Menino, que ele sente como rival. Na realidade, Jesus não veio para derrubar um miserável fantoche como ele, mas o Príncipe deste mundo! Todavia o rei e os seus conselheiros sentem fender-se os suportes do seu poder, temem que sejam invertidas as regras do jogo, desmascaradas as aparências. Todo um mundo construído sobre o domínio, o sucesso e a riqueza é posto em crise por um Menino! E Herodes chega ao ponto de matar os meninos: «Matas o corpo das crianças, porque o temor te matou o coração», escreve São Quodvultdeus (Sermão 2 sobre o Símbolo: PL 40, 655).

Os Magos souberam superar aquele perigoso momento de escuridão junto de Herodes, porque acreditaram nas Escrituras, na palavra dos profetas que indicava Belém como o local do nascimento do Messias. Assim escaparam do torpor da noite do mundo, retomaram a estrada para Belém e lá viram de novo a estrela, sentindo uma «enorme alegria» (Mt 2,10). Entre os vários aspectos da luz, que nos guia no caminho da fé, inclui-se também uma santa «astúcia». Trata-se daquela sagacidade espiritual que nos permite reconhecer os perigos e evitá-los. Os Magos souberam usar esta luz feita de «astúcia» quando, no caminho de regresso, decidiram não passar pelo palácio tenebroso de Herodes, mas seguir por outra estrada. Estes sábios vindos do Oriente ensinam-nos o modo de não cair nas ciladas das trevas e defender-nos da obscuridade que teima em envolver a nossa vida. É preciso acolher no nosso coração a luz de Deus e, ao mesmo tempo, cultivar aquela astúcia espiritual que sabe combinar simplicidade e argúcia, como Jesus pede aos discípulos: «Sede, pois, prudentes como as serpentes e simples como as pombas» (Mt 10, 16).

Na festa da Epifania, em que recordamos a manifestação de Jesus à humanidade no rosto dum Menino, sentimos ao nosso lado os Magos como sábios companheiros de estrada. O seu exemplo ajuda-nos a levantar os olhos para a estrela e seguir os anseios grandes do nosso coração. Ensinam-nos a não nos contentarmos com uma vida medíocre, sem «grandes voos», mas a deixarmo-nos sempre fascinar pelo que é bom, verdadeiro, belo... por Deus, que é tudo isso elevado ao máximo! E ensinam-nos a não nos deixarmos enganar pelas aparências, por aquilo que, aos olhos do mundo, é grande, sábio, poderoso. É preciso não se deter aí. Não se deve contentar com a aparência, com a fachada. É preciso ir mais além, rumo a Belém, onde, na simplicidade duma casa de periferia, entre uma mãe e um pai cheios de amor e de fé, brilha o Sol nascido do alto, o Rei do universo. Seguindo o exemplo dos Magos, com as nossas pequenas luzes, procuramos a Luz.

Vídeo da ocasião em italiano

"Evangelii Gaudium" (41)

Ao redor da Palavra de Deus
174. Não é só a homilia que se deve alimentar da Palavra de Deus. Toda a evangelização está fundada sobre esta Palavra escutada, meditada, vivida, celebrada e testemunhada. A Sagrada Escritura é fonte da evangelização. Por isso, é preciso formar-se continuamente na escuta da Palavra. A Igreja não evangeliza, se não se deixa continuamente evangelizar. É indispensável que a Palavra de Deus «se torne cada vez mais o coração de toda a actividade eclesial». A Palavra de Deus ouvida e celebrada, sobretudo na Eucaristia, alimenta e reforça interiormente os cristãos e torna-os capazes de um autêntico testemunho evangélico na vida diária. Superámos já a velha contraposição entre Palavra e Sacramento: a Palavra proclamada, viva e eficaz, prepara a recepção do Sacramento e, no Sacramento, essa Palavra alcança a sua máxima eficácia.

175. O estudo da Sagrada Escritura deve ser uma porta aberta para todos os crentes. É fundamental que a Palavra revelada fecunde radicalmente a catequese e todos os esforços para transmitir a fé. A evangelização requer a familiaridade com a Palavra de Deus, e isto exige que as dioceses, paróquias e todos os grupos católicos proponham um estudo sério e perseverante da Bíblia e promovam igualmente a sua leitura orante pessoal e comunitária. Nós não procuramos Deus tacteando, nem precisamos de esperar que Ele nos dirija a palavra, porque realmente «Deus falou, já não é o grande desconhecido, mas mostrou-Se a Si mesmo». Acolhamos o tesouro sublime da Palavra revelada!

Permaneçamos numa ação de graças constante

Ecoam ainda na nossa alma, nesta nossa Terra, as palavras dos anjos aos pastores de Belém, que meditámos neste Natal: glória a Deus nas alturas e paz na Terra aos homens por Ele amados [1]. A glorificação de Deus pela Encarnação e nascimento do Seu Filho Unigénito encontra-se indissoluvelmente unida à paz e à fraternidade entre as criaturas humanas. Se podemos e devemos chamar-nos irmãos é, concretamente, porque todos somos filhos de um mesmo Pai, Deus, que nos criou à Sua imagem e semelhança, e porque o Verbo Divino, ao encarnar, como Cabeça da humanidade, nos resgatou do pecado, outorgando-nos o dom da filiação divina adotiva. Esta é a grande notícia que o anjo anunciou em Belém, não só aos filhos de Israel mas a todos os homens e mulheres: eis que venho anunciar-vos uma grande alegria, que o será para todo o povo [2].

A contemplação de Jesus nos braços de Maria, sob o olhar atento de José, ocupou por completo o nosso pensamento nestas sagradas festas. Ao olhar atentamente para este Menino indefeso, Criador dos Céus e da Terra, Verbo eterno de Deus que se fez em tudo igual a nós exceto no pecado [3], irrompemos em atos de adoração e em ações de graças, conscientes de que nunca pagaremos o muito que nos ama. Continuemos assim no ano novo e sempre, acolhendo o reiterado convite de S. Josemaria: ut in gratiárum semper actióne maneámus. Permaneçamos numa ação de graças constante, por todos os benefícios que o Senhor nos concedeu e nos concederá: os conhecidos e os que não conhecemos, os grandes e os pequenos, os espirituais e os materiais, os que nos causaram alegria e os que talvez nos tenham trazido alguma tristeza. Com o nosso Padre, insisto, e digo-o a mim próprio: demos graças por tudo, porque tudo é bom [4].

[1]. Lc 2, 14.
[2]. Lc 2, 10.
[3]. Cfr. Hb 4, 15.
[4]. S. Josemaria, Caminho, n. 268.

(D. Javier Echevarría, Prelado do Opus Dei na carta do mês de janeiro de 2014)
© Prælatura Sanctæ Crucis et Operis Dei

Ideologia de género destroça a família, alerta Bispo de Córdoba

O Bispo de Córdoba (Espanha), D. Demetrio Fernández, alerta que "a ideologia de género destroça a família, rompe todo laço do homem com Deus através de sua própria natureza", como é o sexo com o que se nasce, "coloca o homem por cima de Deus, e então Deus já não é necessário para nada, e temos que prescindir d’Ele, porque Deus é um obstáculo para a liberdade do homem".

Assim o manifesta o Bispo em carta semanal, publicada pela Europa Press (em 2013), e na qual faz uma alusão à frase de Simone de Beauvoir (1908-1986), esposa de Jean Paul Sartre: "Não se nasce mulher: torna-se.", que, a seu ver, "expressa que o sexo é aquilo que a pessoa decide ser", de modo que "já não valeriam as ecografias que detectam o sexo da pessoa antes de nascer".

Deste modo, lamenta que embora a ecografia diga "claramente que é menina, o que vale é o que o sujeito decida", de maneira que "se quer ser homem, pode sê-lo, embora tenha nascido mulher" e vice-versa.

Também acrescenta que "ao serviço desta ideologia existe uma série de programas formativos, médicos ou escolares, que buscam fazer com que todo mundo mentalize esta ideologia, causando um enorme dano na consciência das crianças, adolescentes e jovens".

Neste sentido, considera que "a ideologia de género não respeita em nada a própria natureza na qual Deus deixou inscrita sua marca: sou varão, sou mulher, por natureza. Aceito-o e o vivo com alegria e com gratidão ao Criador".

E é que, "relacionar com a natureza e, portanto com Deus, minha identidade sexual é uma escravidão da qual a pessoa tem que liberar-se", segundo esta ideologia "errada", como sublinha D. Fernández.

Um feminismo "radical" que se estende nas escolas

Do mesmo modo, o Bispo aponta que desta ideologia vem "um certo feminismo radical, que rompe com Deus e com a própria natureza, tal como Deus a fez". Um feminismo, segundo ele, que "vai se estendendo implacavelmente, inclusive nas escolas".

Além disso, D. Demetrio indica que "a Igreja católica é odiada pelos promotores da ideologia de género, mas precisamente porque se opõe rotundamente a isto".

E, entretanto, adiciona, "uma das realidades mais bonitas da vida é a família", segundo sua "estrutura originária, onde existe um pai e uma mãe, porque há um homem e uma mulher, iguais em dignidade, distintos e complementares", e igualmente "onde há filhos, que brotam naturalmente do abraço amoroso dos pais", ao que acrescenta que "Deus quer o bem do homem, e por isso inventou a família".

Assim, embora a ideologia de género "tente destruir" a família, "a força da natureza e da graça é mais potente que a força do mal e da morte".

Por isso, considera que "a família precisa da redenção de Cristo, porque Herodes continua vivo, e não mata somente os inocentes no seio materno, mas também tenta mentalizar nossas crianças, adolescentes e jovens com esta ideologia, querendo fazer com que vejam que há outros tipos de família".

Entretanto, o Bispo de Córdoba acredita que "é ocasião para pedir pelas famílias que atravessam dificuldades, para dar uma mãozinha às famílias que tenho por perto e cujas necessidades não são somente materiais, mas às vezes de sofrimentos por conflitos de todo tipo", ao tempo que assegura que "só na família, tal como Deus a instituiu, encontra o homem seu pleno desenvolvimento pessoal e, portanto, a felicidade de seu coração".

Para D. Demetrio, "na família está o futuro da humanidade, na família que responde ao plano de Deus".

(Fonte: ‘ACI Digital’ com adaptação de JPR)

«O povo que jazia nas trevas viu uma grande luz»

Papa Francisco 
Encíclica «Lumen fidei /A Luz da fé», §35 (trad. © Libreria Editrice Vaticana)


A luz da fé em Jesus ilumina também o ca¬minho de todos aqueles que procuram a Deus e oferece a contribuição própria do cristianismo para o diálogo com os seguidores das diferentes religiões. […] Imagem desta busca são os Magos, guiados pela estrela até Belém (Mt 2,1ss). A luz de Deus mostrou-se-lhes como caminho, como estrela que os guia ao longo duma estrada a descobrir. Deste modo, a estrela fala da paciência de Deus com os nossos olhos, que têm de se habituar ao seu fulgor.

Encontrando-se a caminho, o homem religioso deve estar pronto a deixar-se guiar, a sair de si mesmo para encontrar o Deus que não cessa de nos surpreender. Este respeito de Deus pelos olhos do homem mostra-nos que, quando o homem se aproxima dele, a luz humana não se dissolve na imensidão luminosa de Deus, como se fosse um estrela absorvida pela aurora, mas torna-se tanto mais brilhante quanto mais perto fica do fogo gerador, como um es¬pelho que reflecte o resplendor.
   
A confissão de Jesus, único Salvador, afirma que toda a luz de Deus se concentrou nele, na sua «vida luminosa», em que se revela a origem e a consumação da história (Decl. «Dominus Jesus»). Não há nenhuma experiência humana, nenhum itinerário do homem para Deus que não possa ser acolhido, iluminado e purificado por esta luz. Quanto mais o cristão penetrar no círculo aberto pela luz de Cristo, tanto mais será capaz de compreender e acompanhar o caminho de cada homem para Deus.

(Fonte: Evangelho Quotidiano)

O Evangelho de dia 6 de janeiro de 2014

Tendo Jesus ouvido dizer que João fora preso, retirou-Se para a Galileia. Depois, deixando Nazaré, foi habitar em Cafarnaum, situada junto do mar, nos confins de Zabulon e Neftali, cumprindo-se o que tinha sido anunciado pelo profeta Isaías, quando disse: “Terra de Zabulon e terra de Neftali, terra que confina com o mar, país além do Jordão, Galileia dos gentios! Este povo, que jazia nas trevas, viu uma grande luz, e uma luz levantou-se para os que jaziam na sombra da morte”. Desde então, começou Jesus a pregar: «Fazei penitência porque está próximo o Reino dos Céus». Jesus percorria toda a Galileia, ensinando nas sinagogas e pregando o Evangelho do reino de Deus, e curando todas as enfermidades entre o povo. A Sua fama espalhou-se por toda a Síria, e trouxeram-Lhe todos os que tinham algum mal, possuídos de vários achaques e dores: possessos, lunáticos, paralíticos. E Ele curava-os. Seguiam-n'O grandes multidões de povo da Galileia, da Decápole, de Jerusalém, da Judeia e de além do Jordão.

Mt 4, 12-17.23-25