sexta-feira, 3 de janeiro de 2014

Papa pede maior cuidado na formação de novos religiosos e elogia esforço de Bento XVI na luta contra abusos

O Papa Francisco apelou a um maior cuidado na formação de novos religiosos e elogiou o esforço de Bento XVI no combate aos casos de abusos sexuais, revela hoje a revista jesuíta ‘La Civiltà Cattolica’, publicada na Itália. 

(N. Spe Deus: texto original e integral em italiano AQUI tradução em espanhol AQUI e em inglês AQUI)

“Se um jovem foi convidado a sair de um instituto religioso por causa de problemas de formação e motivos sérios, mas depois é aceite num seminário, isso é um grande problema”, alertou, citado na edição especial que recorda o encontro entre o Papa e a União dos Superiores Gerais dos institutos religiosos da Igreja Católica.

A audiência a cerca de 120 responsáveis decorreu a 29 de novembro, aconteceu no final da 82ª assembleia geral da União dos Superiores Gerais (USG), no Vaticano.

Francisco considera que o caminho seguido por Bento XVI face aos casos de abusos deve “servir de exemplo para ter a coragem de assumir a formação pessoal como um desafio sério, tendo sempre em mente o Povo de Deus”.

“Não devemos formar administradores, gestores, mas pais, irmãos, companheiros de caminho”, observou.

O Papa pediu que os religiosos formem “o coração” e estejam atentos à linguagem dos jovens de hoje, “numa mudança de época”.

“Caso contrário, formamos pequenos monstros e depois esses monstrinhos formam o Povo de Deus. Isso deixa-me em pele de galinha”, disse.

O artigo de 15 páginas é assinado e comentado pelo padre Antonio Spadaro, jesuíta que em agosto de 2013 conduziu uma entrevista a Francisco, publicada pelas várias revistas da Companhia de Jesus, e que acompanhou a audiência concedida pelo Papa à USG.

Francisco passa em revista os desafios que se colocam hoje à Vida Consagrada e à Igreja Católica, no seu todo.

O encontro durou três horas, com perguntas e respostas, e o Papa anunciou então que vai dedicar o ano de 2015 à Vida Consagrada.

“A Igreja deve ser atraente. Acordai o mundo! Sejam testemunhas de um diferente de fazer, de agir, de viver”, disse o Papa.

Francisco pediu que a vida religiosa não seja vista como um “refúgio e consolação perante um mundo exterior difícil e complexo”.

O Papa falou da hipocrisia como um dos “males mais terríveis” na Igreja e defende que os problemas se resolvem com “diálogo” e não “proibindo isto ou aquilo”.

OC / Agência Ecclesia

Entrevista de D. Georg Gänswein à Televisão Bávara (BR - Bayerisches Fernsehen)

Infelizmente não vos podemos oferecer uma tradução, mas trata-se de um diálogo muito interessante em que D. Georg fala do Papa Francisco e de Bento XVI não deixando espaço a quaisquer expeculações. Obrigado!

Há que viver pois uma santa "inquietação"

Papa Francisco desloca-se nesta sexta-feira de manhã à igreja de Jesus, (‘Chiesa del Gesù’), no centro de Roma, local especialmente caro aos membros da Companhia de Jesus, por ser dedicado ao Santíssimo Nome de Jesus, que se celebra neste dia 3 de janeiro) e por conservar o corpo de Santo Inácio de Loiola, fundador dos jesuítas.

Foi ali que o Santo Padre, primeiro Papa jesuíta na história, presidiu a uma missa a partir das 09h00 locais. A celebração tem caráter de “ação de graças” pela canonização de Pedro Fabro (1506-1546), sacerdote da Companhia de Jesus (jesuítas) e um dos primeiros companheiros de Santo Inácio. Concelebram por isso com o Papa Francisco o cardeal Angelo Amato, prefeito da Congregação para as Causas dos Santos (Santa Sé), o cardeal Agostino Vallini, vigário do Papa para a Diocese de Roma, e D. Yves Boivineau, bispo de Annecy (França), onde nasceu São Pedro Fabro. Participam também cerca de 350 jesuítas presentes em Roma.

Foi há quinze dias, a 18 de dezembro (aniversário natalício do Papa) que foi anunciada a sua decisão de estender a toda a Igreja Católica o culto litúrgico em honra de Pedro Fabro, através da chamada ‘canonização equipolente’, “inscrevendo-o no Catálogo dos Santos”. A decisão foi comunicada após uma audiência do Papa ao prefeito da Congregação para a Causa dos Santos, cardeal Angelo Amato.

Na homilia, partindo das Leituras proclamadas, Papa Francisco recordou aos membros da Companhia de Jesus que "cada um de nós, jesuítas" está chamado a seguir Jesus que se "esvaziou" e se "abaixou", seguindo o "Deus que sempre nos surpreende". "Se o Deus das surpresas não está no centro, a Companhia desorienta-se" - advertiu.

"Ser jesuíta - explicou - é ser pessoa de pensamento incompleto, pensamento aberto: porque pensa sempre tendo como horizonte a cada vez maior glória de Deus, que nos surpreende incessantemente". Há que viver pois uma santa "inquietação". "Que santa e bela inquietação!" - exclamou o Papa, convidando os jesuítas a interrogar-se se o seu coração continua sempre em tensão. Há que procurar sempre Deus. É esta busca que dá paz e fecundidade. "Sem inquietação somos estéreis".

São Pedro Fabro, sacerdote da Companhia de Jesus (jesuítas), nasceu em Le Villaret (Alta Saboia, França) a 13 de abril de 1506 e morreu em Roma, a 1 de agosto de 1546; Pio IX declarou-o beato a 5 de setembro de 1872. Foi um dos primeiros companheiros de Santo Inácio, fundador dos jesuítas, com quem partilhou quarto quando os dois eram estudantes na Sorbonne (França).

Em Setembro passado, na sua entrevista às revistas dos jesuítas, Papa Francisco referia o seu apreço e admiração por Pedro Fabro, em razão da sua capacidade de “diálogo com todos, mesmo os mais afastados e os adversários; a piedade simples, talvez uma certa ingenuidade, a disponibilidade imediata, o seu atento discernimento interior, o facto de ser um homem de grandes e fortes decisões e ao mesmo tempo capaz de ser assim doce, doce”.

(Fonte: 'news.va')

Vídeo da ocasião em italiano

O Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Marcos

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"Evangelii Gaudium" (38)

4. Uma evangelização para o aprofundamento do querigma

160. O mandato missionário do Senhor inclui o apelo ao crescimento da fé, quando diz: «ensinando-os a cumprir tudo quanto vos tenho mandado» (Mt 28, 20). Daqui se vê claramente que o primeiro anúncio deve desencadear também um caminho de formação e de amadurecimento. A evangelização procura também o crescimento, o que implica tomar muito a sério em cada pessoa o projecto que Deus tem para ela. Cada ser humano precisa sempre mais de Cristo, e a evangelização não deveria deixar que alguém se contente com pouco, mas possa dizer com plena verdade: «Já não sou eu que vivo, mas é Cristo que vive em mim» (Gal 2, 20).

161. Não seria correcto que este apelo ao crescimento fosse interpretado, exclusiva ou prioritariamente, como formação doutrinal. Trata-se de «cumprir» aquilo que o Senhor nos indicou como resposta ao seu amor, sobressaindo, junto com todas as virtudes, aquele mandamento novo que é o primeiro, o maior, o que melhor nos identifica como discípulos: «É este o meu mandamento: que vos ameis uns aos outros como Eu vos amei» (Jo 15, 12). É evidente que, quando os autores do Novo Testamento querem reduzir a mensagem moral cristã a uma última síntese, ao mais essencial, apresentam-nos a exigência irrenunciável do amor ao próximo: «Quem ama o próximo cumpre plenamente a lei. (…) É no amor que está o pleno cumprimento da lei» (Rm 13, 8.10). De igual modo, São Paulo, para quem o mandamento do amor não só resume a lei mas constitui o centro e a razão de ser da mesma: «Toda a lei se cumpre plenamente nesta única palavra: Ama o teu próximo como a ti mesmo» (Gal 5, 14). E, às suas comunidades, apresenta a vida cristã como um caminho de crescimento no amor: «O Senhor vos faça crescer e superabundar de caridade uns para com os outros e para com todos» (1 Ts 3, 12). Também São Tiago exorta os cristãos a cumprir «a lei do Reino, de acordo com a Escritura: Amarás o teu próximo como a ti mesmo» (2, 8), acabando por não citar nenhum preceito.

162. Entretanto, este caminho de resposta e crescimento aparece sempre precedido pelo dom, porque o antecede aquele outro pedido do Senhor: «baptizando-os em nome…» (Mt 28, 19). A adopção como filhos que o Pai oferece gratuitamente e a iniciativa do dom da sua graça (cf. Ef 2, 8-9; 1 Cor 4, 7) são a condição que torna possível esta santificação constante, que agrada a Deus e Lhe dá glória. É deixar-se transformar em Cristo, vivendo progressivamente «de acordo com o Espírito» (Rm 8, 5).

“Será que este texto é do Papa Francisco?”

Circulam na internet os mais variados textos com a assinatura do Papa Francisco, mas que não foram escritos/ditos pelo Papa.

Assim de repente lembro-me do texto que começa com: “Precisamos de santos sem véu ou batina” e continuava por aí adiante. Este texto dizia-se proveniente duma “Carta do Papa João Paulo II aos jovens”, carta essa que nunca existiu. Depois de alguma investigação cibernáutica, percebe-se que esse texto foi inventado algures no Brasil e espalhou-se como fogo quando associado à figura de João Paulo II. Como o fogo parecia extinguir-se, alguém resolver inventar que afinal o texto era do Papa Francisco e eis que o fogo voltou a arder.

No Verão surgiram as “10 lições de vida do Papa Francisco”, mas que não incluem uma única citação do Papa.

Mais recentemente apareceu um texto que começa assim: “Não chores pelo que perdeste, luta pelo que tens. Não chores pelo que está morto, luta por aquilo que nasceu em ti….” Também assinado pelo Papa Francisco. Este texto já deu voltas e voltas à internet nos últimos anos, pelo menos em inglês, mas agora alguém resolveu dizer que foi escrito pelo Papa, e assim foi.

Existem outros textos bem mais nocivos, como um que tem sido bastante divulgado com o título: “We Will Have A Woman Pope One Day”. Cita uma suposta carta aberta do Papa Francisco ao fundador do jornal A República, Eugenio Scalfari, onde o Papa teria dito:

- Que todas as religiões são verdadeiras, é indiferente qual a que se professe;
- Que é tudo igual, homossexualidade, heterossexualidade, ser a favor do aborto, ser contra o aborto, ser comunista, etc…
- Que a Igreja vai começar a ordenar mulheres cardeais, bispos, padres e um dia até uma mulher será Papa.

Temos que ter cuidado quando partilhamos um texto que aparece associado ao Papa Francisco, porque podemos estar a enganar as pessoas que vão ler o texto. Já vimos que existem pessoas com más intenções a usar a imagem do Papa para confundirem os mais incautos, por isso convém verificar as fontes antes de assumir que o texto é verdadeiro.

Hoje em dia temos mais acesso ao que diz o Papa do que em qualquer outro momento na história da Igreja. São quase sempre palavras pertinentes que nos ajudam a perceber o que podemos melhor nas nossas vidas para amarmos mais a Deus e ao próximo. Qual é a necessidade de inventar coisas que o Papa não disse?

João Silveira na sua página no Facebook

«Eis o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo»

«Cantai, ó céus, a obra do Senhor! Exultai de alegria, ó profundezas da terra! Saltai de júbilo, vós, montanhas, e tu, bosque, com todas as tuas árvores, porque o Senhor resgatou Jacob, manifestou a Sua glória em Israel» (Is 44, 23). Pode-se facilmente concluir desta passagem de Isaías que a remissão dos pecados, a conversão e redenção dos homens, anunciada pelos profetas, se cumpre em Cristo nos últimos dias. Com efeito, quando Deus, o Senhor, nos apareceu, quando Se fez homem, vivendo com os habitantes da terra, Ele, o verdadeiro Cordeiro que tira o pecado do mundo, Ele, a vítima totalmente pura, que grande motivo de júbilo para as forças do alto e os espíritos celestiais, para todas as ordens dos santos anjos! Eles cantavam, eles cantavam o Seu nascimento segundo a carne: «Glória a Deus nas alturas e paz na terra aos homens do Seu agrado» (Lc 2, 14). 

Se é verdade, conforme a palavra do Senhor – e é absolutamente verdade –, que «haverá mais alegria no Céu por um só pecador que se converte» (Lc 15, 7), como duvidar de que haja alegria e júbilo nos espíritos do alto, quando Cristo traz à terra inteira o conhecimento da verdade, chama à conversão, justifica pela fé, torna brilhante de luz pela santificação? «Os céus rejubilam porque Deus teve misericórdia», não apenas para com Israel segundo a carne, mas para com Israel compreendido segundo o espírito. «Os fundamentos da terra», ou seja, os ministros sagrados da pregação do Evangelho, «tocaram a trombeta». A sua voz retumbante chegou a toda a parte; como as trombetas sagradas, ela ressoou em todas as partes. Eles anunciaram a glória do Salvador por todos os lugares, chamaram ao conhecimento de Cristo tanto os judeus como os pagãos.

São Cirilo de Alexandria (380-444), bispo e Doutor da Igreja
Sobre Isaías, IV, 2

O Evangelho do dia 3 de Janeiro de 2014

No dia seguinte João viu Jesus, que vinha ter com ele, e disse: «Eis o Cordeiro de Deus, eis O que tira o pecado do mundo. Este é Aquele de Quem eu disse: Depois de mim vem um homem que é superior a mim, porque era antes de mim, eu não O conhecia, mas vim baptizar em água, para Ele ser reconhecido em Israel». João deu este testemunho: «Vi o Espírito descer do céu em forma de pomba e repousou sobre Ele. Eu não O conhecia, mas O que me mandou baptizar em água, disse-me: Aquele sobre quem vires descer e repousar o Espírito, esse é O que baptiza no Espírito Santo. Eu O vi, e dei testemunho de que Ele é o Filho de Deus».

Jo 1, 29-34