segunda-feira, 30 de dezembro de 2013

"Evangelii Gaudium" (34)

A personalização da Palavra
149. O pregador «deve ser o primeiro a desenvolver uma grande familiaridade pessoal com a Palavra de Deus: não lhe basta conhecer o aspecto linguístico ou exegético, sem dúvida necessário; precisa de se abeirar da Palavra com o coração dócil e orante, a fim de que ela penetre a fundo nos seus pensamentos e sentimentos e gere nele uma nova mentalidade». Faz-nos bem renovar, cada dia, cada domingo, o nosso ardor na preparação da homilia, e verificar se, em nós mesmos, cresce o amor pela Palavra que pregamos. É bom não esquecer que, «particularmente, a maior ou menor santidade do ministro influi sobre o anúncio da Palavra». Como diz São Paulo, «falamos, não para agradar aos homens, mas a Deus que põe à prova os nossos corações» (1 Ts 2, 4). Se está vivo este desejo de, primeiro, ouvirmos nós a Palavra que temos de pregar, esta transmitir-se-á duma maneira ou doutra ao povo fiel de Deus: «A boca fala da abundância do coração» (Mt 12, 34). As leituras do domingo ressoarão com todo o seu esplendor no coração do povo, se primeiro ressoarem assim no coração do Pastor.

150. Jesus irritava-Se com pretensiosos mestres, muito exigentes com os outros, que ensinavam a Palavra de Deus mas não se deixavam iluminar por ela: «Atam fardos pesados e insuportáveis e colocam-nos aos ombros dos outros, mas eles não põem nem um dedo para os deslocar» (Mt 23, 4). E o Apóstolo São Tiago exortava: «Meus irmãos, não haja muitos entre vós que pretendam ser mestres, sabendo que nós teremos um julgamento mais severo» (3, 1). Quem quiser pregar, deve primeiro estar disposto a deixar-se tocar pela Palavra e fazê-la carne na sua vida concreta. Assim, a pregação consistirá na actividade tão intensa e fecunda que é «comunicar aos outros o que foi contemplado». Por tudo isto, antes de preparar concretamente o que vai dizer na pregação, o pregador tem que aceitar ser primeiro trespassado por essa Palavra que há-de trespassar os outros, porque é uma Palavra viva e eficaz, que, como uma espada, «penetra até à divisão da alma e do corpo, das articulações e das medulas, e discerne os sentimentos e intenções do coração» (Heb 4, 12). Isto tem um valor pastoral. Mesmo nesta época, a gente prefere escutar as testemunhas: «Tem sede de autenticidade (…), reclama evangelizadores que lhe falem de um Deus que eles conheçam e lhes seja familiar como se eles vissem o invisível».

151. Não nos é pedido que sejamos imaculados, mas que não cessamos de melhorar, vivamos o desejo profundo de progredir no caminho do Evangelho, e não deixemos cair os braços. Indispensável é que o pregador esteja seguro de que Deus o ama, de que Jesus Cristo o salvou, de que o seu amor tem sempre a última palavra. À vista de tanta beleza, sentirá muitas vezes que a sua vida não lhe dá plenamente glória e desejará sinceramente corresponder melhor a um amor tão grande. Todavia, se não se detém com sincera abertura a escutar esta Palavra, se não deixa que a mesma toque a sua vida, que o interpele, exorte, mobilize, se não dedica tempo para rezar com esta Palavra, então na realidade será um falso profeta, um embusteiro ou um charlatão vazio. Em todo o caso, desde que reconheça a sua pobreza e deseje comprometer-se mais, sempre poderá dar Jesus Cristo, dizendo como Pedro: «Não tenho ouro nem prata, mas o que tenho, isto te dou» (Act 3, 6). O Senhor quer servir-Se de nós como seres vivos, livres e criativos, que se deixam penetrar pela sua Palavra antes de a transmitir; a sua mensagem deve passar realmente através do pregador, e não só pela sua razão, mas tomando posse de todo o seu ser. O Espírito Santo, que inspirou a Palavra, é quem «hoje ainda, como nos inícios da Igreja, age em cada um dos evangelizadores que se deixa possuir e conduzir por Ele, e põe na sua boca as palavras que ele sozinho não poderia encontrar».

Um oásis no panorama televisivo

Permitam-me que como nota prévia diga que raramente vejo televisão, ainda que na sala aonde me encontro frequentemente a trabalhar ela esteja ligada permitindo a terceiros dela desfrutar.

Sucede que nos últimos tempos dei por mim a prestar atenção a um programa e interroguei-me a que se deveria este inesperado interesse, trata-se do MasterChef AUSTRALIA* tanto na versão para adultos como na para jovens diria mesmo crianças. Não que não apreciasse a larga maioria dos pratos aí confeccionados, mas não é o lado gastronómico que me atrai, mas sim a amizade, a lealdade e a correção de princípios inerentes a toda a filosofia do programa.

Embora haja competição, em nenhum momento se pressente a tentativa de esmagar o adversário ou do júri humilhar aqueles a quem as coisas correm menos bem, prevalece um são espírito de convivência em que os concorrentes em competição entre si se entreajudam.

Eis pois uma excelente oportunidade para realçarmos aos nossos filhos e netos toda esta gama de valores positivos tão em desuso através de um programa que os atrai também.

Deixo uma nota final, se repararam coloquei um * à frente de AUSTRALIA, pois nem sempre noutros modelos do mesmo programa em diferentes países são evidentes os valores positivos mencionados.

Muito obrigado e bons repastos virtuais!

JPR

P.S. – ambos passam na ‘SIC mulher’ o com jovens às 11:05, 13:16, 17:37 e 18:21 e o com adultos às 08:19, 21:40 e 22:33

'O furacão Bergoglio' pelo Prof. João César das Neves

Todos gostam do Papa Francisco. Os quadrantes mais variados são inspirados pelas palavras, pelos gestos e pelas atitudes do novo Pontífice. Nestes nove meses de pontificado sentiu-se uma lufada de ar fresco, não só na Igreja mas em todo o mundo. A novidade foi inesperada, apesar de acontecer repetidamente nos pontificados anteriores.

Muitos se lembram de 1978 e da lufada de ar fresco na Igreja e no mundo com a eleição de João Paulo II, que inspirou quadrantes muito variados. Mas esquecem que o mesmo acontecera um mês antes com João Paulo I, em 1963 com Paulo VI, em 1958 com João XXIII e com muitos outros. Apesar das comunicações lentas, até há evidentes paralelos de 2013 com a eleição de Leão XIII em 1878, Pio IX em 1846 e antecessores. É normal haver surpresa, entusiasmo, expectativa com um novo papa.

Raro é, após o fumo branco, ver-se na varanda de São Pedro uma cara conhecida. Aconteceu em 2005. O cardeal Ratzinger, além de antigo e famoso colaborador do papa Wojtyla, era autor consagrado, com vários best-sellers em seu nome. Muitos previram a eleição e assim fomos poupados à surpresa e à admiração. O assombro veio depois, quando o intelectual Bento XVI se revelou caloroso, mediático, comovente.

Precisamente por ser normal, a emoção à volta de Francisco tem elementos novos e fascinantes. É um grande homem de Deus, profundo, sensível, libertador. Neste caso, é mesmo justificada a paixão e o encanto (como nos casos anteriores). Em pouco tempo e com pequenos gestos, mas também com dois grandiosos documentos, o Papa Bergoglio soube tocar muita gente de maneiras muito variadas.

Nestes poucos meses, por inúmeras vezes, o Papa disse e fez coisas inesperadas, surpreendentes, incómodas até. Foi, mais do que lufada, furacão. Todos o notaram. A diferença está no que fizeram com isso. Todos gostam dele e o ouvem com interesse e prazer, às vezes com avidez. Mas existem duas maneiras diferentes de confrontar a sua pessoa. O consenso à sua volta sofre de um cisma fundamental, ainda oculto.

Existem aqueles que o seguem como Papa e os que o usam como Papa; os que aprendem com ele e os que concordam com ele; os que aceitam as suas palavras como aviso e os que as vêem como argumento. As ovelhas do Papa tomaram-no como dirigido a si mesmas e fizeram exame de consciência, propósito de emenda, penitência reparadora. Mas muitos consideraram os mesmos elementos apenas como apontados a outros. Esses só o usaram como argumento de discussão, confirmação de juízos, arma de arremesso. Esperam de Francisco não o anúncio do Reino e a divulgação da Palavra, mas a realização de agendas particulares e modelos pessoais. Não o querem como pai e mestre, mas como agente e gestor.

Deste modo, o Papa, como o seu Senhor, mas também como o seu fundador Inácio e o patrono de Assis, é "sinal de contradição", diante de quem se "hão-de revelar-se os pensamentos de muitos corações" (cf. Lc 2, 34-35).

Boa parte da discrepância advém de uma má compreensão da função de Sumo Pontífice. Muitos, mesmo inteligentes e democratas, vêem o Papa como dono da Igreja de Cristo. Alguns que defendem a colegialidade eclesial querem agora nele poder central absoluto. Mas o sucessor de Pedro não manda, pastoreia. É o "servo dos servos de Deus". Francisco ama intensamente a sua Igreja e não a quer desmantelar ou desfigurar, como alguns apoiantes momentâneos pretendem. Desta incompreensão sairá, como em praticamente todos os pontificados anteriores, que o fascínio inicial se venha a transformar em críticas, zangas e perseguições dos que apoiaram o novo Papa sem ser realmente suas ovelhas.

O maior equívoco está em achar a Igreja obsoleta, exigindo actualização para sobreviver. Esquecem que já cá andava muito antes de surgirem as instituições antigas e permanecerá depois de desaparecerem as ideias agora inovadoras. A Igreja sempre precisa de reforma, por estar abaixo do ideal transcendente. Mas essa reforma é feita com os olhos no Céu, não nas conveniências do momento. A sua missão é converter o mundo, não ser aceite por ele.

João César das Neves in DN online

ANO VELHO, ANO NOVO de Joaquim Mexia Alves

Será que é mesmo um ano velho que se desapega de nós, para dar lugar a um novo ano, ou será que os dias continuam iguais e a coisa nova só acontece quando nós nos abrimos ao Novo?

Que interessa verdadeiramente que um ano acabe e outro comece, se em nós tudo continua igual e os momentos se sucedem numa continuidade de noites e dias, em que tudo permanece igual e a rotina se instala?

E podemos nós fazer diferente, sentir diferente, viver diferente?
E podemos nós fazer de cada momento um tempo novo, cheio de novidade, de confiança, de esperança?

Não, nunca o poderemos fazer, sentir ou viver se continuarmos a confiar apenas em nós, nas nossas capacidades, no nosso querer!
Não nunca o poderemos fazer, sentir ou viver, porque somos seres diminutos, num mundo enorme que não nos olha, não nos conhece, que nos toma a todos como coisa igual e sempre efémera!

Onde está então o golpe de asa que faz de nós mais além, que faz de nós coisa nova sempre diferente, que faz de nós iguais nessas diferenças, que faz de nós senhores do mundo e da nossa liberdade?

Está ali, está aqui, está em todo o lugar e em todo o momento, está em cada um, e em todos ao mesmo tempo!
Não se agarra, não se possui, mas sente-se e vive-se em cada um!
Se retido no egoísmo perde-se e não se encontra, se dado no amor, transforma-se e faz-se encontrado na vida!
Se vivido, comungado, partilhado, faz-se Um em todos e todos no Um, e vive-se na alegria da paz serena, porque é confiança e esperança sem fim!

Por isso, o ano velho não acaba em Dezembro, tal como o ano novo não começa em Janeiro!
O ano velho acaba quando saímos de nós, e o ano novo começa quando O deixamos viver em nós!

Porque então é tudo novo!
A tristeza que era só triste, veste-se agora de esperança, a alegria que era só ruído, torna-se agora paz e serenidade!
A saúde que era estar bem, agradece-se e faz-se graça, a doença que era dor, entrega-se agora, e faz-se amor!
A adversidade que era triste companheira, faz-se agora apenas coisa passageira, e a felicidade que era efémera, faz-se agora coisa eterna!
Até a vida que parecia acabar na morte, percebe agora a morte como passagem para a vida!

Ah sim, acaba então o ano velho, do passado sem vida, da igualdade dos dias à espera do esperado fim, para começar o ano novo, vivido na esperança de cada novo e diferente dia, na confiança do prometido amanhã!

E tudo isto porque o Jesus que nasceu, para todos e cada um, se faz assim Deus entregue, dado por simples amor, para ser vida em nós todos, por ser vida em cada um.

E então não há mais ano velho, porque tudo n’Ele é sempre novo!

Podemos mudar os dias, fazê-los sempre diferentes, podemos viver o mundo, vivendo em liberdade, podemos ser todos diferentes, fazendo-nos mais iguais, e podemos tudo isto, tudo isto e muito mais, porque nós nada fazemos, a não ser darmos o que somos, para que Ele tudo faça em nós, e nos demais.

Já não tenho ano velho, nem dele me posso desapegar, porque em mim é ano novo, ano novo permanente, porque é assim que Ele me transforma, a mim e a toda a gente, que a Ele se quer entregar!

Monte Real, 30 de Dezembro de 2009

Joaquim Mexia Alves AQUI

Por que sou Católico?



Perdoem-me uma breve nota de amor, que me atrevo de apelidar filial, mas além dos Santos mostrados no vídeo, São Josemaría Escrivá teve e tem um grande relevo na história recente da nossa amada Igreja.

Obrigado!

JPR

«Falava do menino a todos os que esperavam a redenção de Jerusalém»

Papa Francisco 
Encíclica «Lumen fidei / Luz da Fé», §§50-51 (trad. © Libreria Editrice Vaticana, rev.)


«Deus prepara para eles uma cidade» (cf Heb 11,16): a fé e o bem comum. Ao apresentar a história dos patriarcas e dos justos do Antigo Testamento, a Carta aos Hebreus põe em relevo um aspecto essencial da sua fé; esta não se apresenta apenas como um caminho, mas também como edificação, preparação de um lugar onde os homens possam habitar uns com os outros […]. Se o homem de fé assenta sobre o Deus-Amen, o Deus fiel (cf Is 65,16), tornando-se assim ele mesmo firme, podemos acrescentar que a firmeza da fé se refere também à cidade que Deus está a preparar para o homem. A fé revela quão firmes podem ser os vínculos entre os homens, quando Deus Se torna presente no meio deles. Não evoca apenas uma solidez interior, uma convicção firme do crente; a fé também ilumina as relações entre os homens, porque nasce do amor e segue a dinâmica do amor de Deus. O Deus fiável dá aos homens uma cidade fiável.

Devido precisamente à sua ligação com o amor (cf Gal 5,6), a luz da fé coloca-se ao serviço concreto da justiça, do direito e da paz. A fé nasce do encontro com o amor gerador de Deus que mostra o sentido e a bondade da nossa vida; esta é iluminada na medida em que entra no dinamismo aberto por este amor, isto é, enquanto se torna caminho e exercício para a plenitude do amor. A luz da fé é capaz de valorizar a riqueza das relações humanas, a sua capacidade de perdurarem, serem fiáveis, enriquecerem a vida comum. A fé não afasta do mundo, nem é alheia ao esforço concreto dos nossos contemporâneos.

Sem um amor fiável, nada poderia manter verdadeiramente unidos os homens: a unidade entre eles seria concebível apenas enquanto fundada sobre a utilidade, a conjugação dos interesses, o medo, mas não sobre a beleza de viverem juntos, nem sobre a alegria que a simples presença do outro pode gerar. […] A fé é um bem para todos, um bem comum: a sua luz não ilumina apenas o âmbito da Igreja nem serve somente para construir uma cidade eterna no além, mas também ajuda a construir as nossas sociedades de modo que caminhem para um futuro cheio de esperança.

(Fonte: Evangelho Quotidiano)

O Evangelho do dia 30 de dezembro de 2013

Havia também uma profetisa, chamada Ana, filha de Fanuel, da tribo de Aser. Era de idade muito avançada. Tinha vivido sete anos com o seu marido, após o seu tempo de donzela, e tinha permanecido viúva até aos oitenta e quatro anos, e não se afastava do templo, servindo a Deus noite e dia com jejuns e orações. Ela também, vindo nesta mesma ocasião, louvava a Deus e falava de Jesus a todos os de Jerusalém que esperavam a redenção. Depois que cumpriram tudo, segundo o que mandava a Lei do Senhor, voltaram para a Galileia, para a sua cidade de Nazaré. O Menino crescia e fortificava-Se, cheio de sabedoria, e a graça de Deus estava com Ele.

Lc 2, 36-40